O WhatsApp vibrou na mesa de cabeceira, cortando o silêncio da noite. Duas mensagens curtas, secas, sem rodeios:
Ela: “Tá livre hoje à noite?”
Ele: “Quarto 27?”
Sim. Quarto 27. O mesmo de sempre, com paredes descascadas, cortinas puídas e um cheiro persistente de nicotina. O mesmo onde, anos atrás, eles se encontravam como amantes clandestinos, com a adrenalina de quem sabia que estavam errados, mas não conseguia parar. O mesmo onde ela deixava a calcinha dobrada no criado-mudo e ele escondia a aliança no bolso da calça, como se isso apagasse a traição.
O casamento deles havia desmoronado. Não de uma vez, mas aos poucos, em camadas de mentiras, brigas que ecoavam pela casa, silêncios que cortavam como faca e traições que nem se davam mais ao trabalho de disfarçar. Restava só uma coisa: o sexo. Não o sexo de amor, mas o sexo sujo, amargo, visceral, que os mantinha presos um ao outro como um vício que nenhum dos dois conseguia largar. Era por isso que estavam ali, uma última vez, antes de assinarem os papéis do divórcio na manhã seguinte.
Ela chegou primeiro. Vestia um vestido preto, justo, que abraçava as curvas dos quadris e terminava acima dos joelhos. Sem sutiã, os mamilos marcavam o tecido fino, como se já antecipassem o que estava por vir. Sem maquiagem, o rosto pálido denunciava noites mal dormidas, o olhar cansado carregava o peso de meses de mágoa. Sentou na beirada da cama, tirando os sapatos com calma, como quem adia o inevitável.
Ele chegou dez minutos atrasado, como sempre. O cheiro de cerveja e derrota o precedia. A barba por fazer, a camisa amarrotada, os olhos fundos de quem não dormia direito há semanas. Não houve cumprimentos. Nem um “oi”. Apenas o clique da porta se fechando atrás dele e o peso de dois olhares que se cruzaram, carregados de história, raiva e uma faísca de desejo que nenhum dos dois queria admitir.
— Ainda me odeia? — ela perguntou com a voz rouca, jogando os sapatos no canto do quarto.
— Só quando você goza primeiro — ele respondeu, com um meio sorriso, quase cruel.
Ela riu. Aquela risada antiga, que costumava escapulir entre gemidos e mordidas, quando o sexo ainda tinha um quê de paixão. Agora, era só sarcasmo, uma lembrança do que já foi.
Ele a puxou pela cintura com força, sem romantismo, como se quisesse machucá-la e ao mesmo tempo possuí-la. As bocas se colaram em um beijo que era mais briga do que afeto, línguas se enroscando com fúria. A dele tinha gosto de cigarro e rancor; a dela, de vinho tinto de garrafão e uma mágoa que ainda queimava. As mãos dele já sabiam o caminho, deslizando por baixo do vestido, agarrando as coxas dela com força o suficiente para deixar marcas. Ela gemeu, mas não era prazer — era raiva, pura e bruta, escapando entre os dentes.
— Você ainda goza pensando em mim? — ele sussurrou no ouvido dela, a voz grave, enquanto mordia o lóbulo com uma mistura de desejo e violência.
— Eu gozo pra esquecer você — ela cuspiu, empurrando-o contra a parede com uma força que surpreendeu até a ela mesma.
Ele arrancou a camisa, jogando-a com violência chão, e a prensou contra a parede, o corpo quente colado ao dela. As mãos dele abriram o vestido com um puxão, rasgando levemente o tecido fino na pressa. Os seios dela ficaram expostos, os mamilos duros, apontando para ele como uma provocação. Ela subiu na cama, deitando de costas, as pernas arreganhadas, o vestido agora apenas um pano amassado em volta da cintura.
— Então vem — ela desafiou, a voz tremendo de ódio e tesão. — Mostra que esse pau ainda serve pra alguma coisa.
Ele não hesitou. Desabotoou a calça, deixando-a cair no chão, e se posicionou entre as pernas dela. Sem preliminares, sem camisinha, como sempre fizeram, mesmo sabendo que era imprudente. Ele a penetrou com uma estocada brutal, e ela gritou — não de dor, mas de uma fúria que parecia rasgar o peito. Ele segurou os pulsos dela contra o colchão, prendendo-a com força, enquanto ela cravava as unhas nas costas dele, deixando sulcos vermelhos que ardiam na pele suada.
— Você sempre foi ruim de cama — ela mentiu, os olhos brilhando com veneno enquanto o corpo traía suas palavras, arqueando-se contra ele, com o pau entrando e saindo da buceta dela com fúria, com estocadas firmes e violentas.
— E você sempre fingiu bem — ele retrucou, arregaçando ainda mais fundo na xoxota ensopada de tesão, cada movimento um misto de castigo e necessidade.
A cama rangia alto, o som misturando-se aos gemidos e insultos. O espelho no teto, embaçado pelo calor dos corpos, refletia a cena: dois estranhos que já foram tudo um para o outro, agora reduzidos a carnalidade, suor e raiva. Cada socada de pica era como um tapa; cada gemido, uma acusação. Ele puxava o cabelo dela, expondo o pescoço para morder com força, estapeava sua cara deixando marcas roxas que ela carregaria como um último troféu. Ela respondia arranhando o peito dele, os dedos quase fincando na pele.
— Mais forte, me arrombe, porra! — ela ordenou, a voz entrecortada, os olhos fixos nos dele, desafiando-o a machucá-la mais, a preenchê-la de pica até que doesse.
Ele obedeceu, os quadris batendo contra os dela com uma violência que fazia o colchão tremer e os ossos se chocarem. O som úmido dos corpos se açoitando enchia o quarto, misturado ao cheiro de putaria bruta e sudorese. Ela cravou os calcanhares nas costas dele, puxando-o ainda mais para dentro, como se quisesse que ele a partisse ao meio. Ele grunhiu, os dentes cerrados, o rosto contorcido entre prazer e ódio, acelerando as estocadas a um nível desumano.
— Você nunca mereceu comer essa buceta, seu perdedor — ela sibilou, entre um gemido e outro, as unhas agora marcando os ombros dele.
— E você nunca soube parar de querer minha pica dentro de você, sua puta — ele respondeu, uma mão deslizando até o pescoço dela, apertando de leve, apenas o suficiente para sentir o pulso acelerado sob os dedos enquanto ele mamava os peitos dela com fúria.
Por um momento, o ritmo ficou mais lento, quase íntimo. As mãos dele encontraram as dela, os dedos se entrelaçando como se, por um segundo, lembrassem de como era amar de verdade. Mas o momento passou, e eles voltaram à brutalidade, como se quisessem apagar qualquer traço de ternura. Ele a virou de bruços desejando esfolar o cu dela uma última vez. Encostou a glande no meio das pregas com delicadeza com as mãos abrindo a bunda ao máximo, mas depois que a cabeça entrou ele enterrou a vara inteira de uma vez fazendo-a revirar os olhos e soltar um grito de dor e lascívia. Por cinco minutos ele arregaçou aquele rabo tão conhecido com maestria, enterrava a pica até as bolas naquele reto e trazia o pau de volta. De vez em quando tirava de dentro só para ver o buraco do cu todo arrombado piscando para então meter de volta com brutalidade. Ela gozou primeiro, o corpo tremendo e ainda empurrando a bunda na direção dele, os olhos fechados, o rosto virado para o lado, como se não quisesse que ele visse sua expressão de satisfação. Não houve palavras, apenas um gemido baixo, quase um soluço, enquanto o orgasmo a atravessava como uma onda de alívio e dor.
Ele continuou socando no rabo dela, tentando gozar, mas o corpo não obedecia. Frustrado, ele se afastou, deitando ao lado dela, a mão trabalhando rápido no próprio membro enquanto a observava resfolegar. Ela abriu os olhos, o olhar vazio, e o encarou enquanto ele se masturbava perto do seu rosto, a respiração pesada, até que o clímax veio, quente e desajeitado, esporrando na cara dela como um último desaforo que ele não levaria daquela relação.
— Isso… — ele murmurou, ofegante, a porra ainda quente ao redor do rosto dela — … é tudo o que sobrou de mim em você.
Ela pegou um lenço de papel do criado-mudo, limpando o rosto com movimentos lentos, quase ritualísticos. Não olhou para ele.
— Amanhã você assina os papéis? — ela perguntou com a voz fria, como se estivesse falando de um contrato qualquer.
— Amanhã assino — ele confirmou, já vestindo a calça, sem levantar o olhar.
O silêncio caiu sobre o quarto como uma cortina pesada. Ele pegou a camisa do chão, vestiu-a sem abotoar e caminhou até a porta. Não olhou para trás. A porta bateu com um som seco.
Ela ficou ali, sozinha, sentada na cama. Acendeu um cigarro, a chama do isqueiro tremendo em suas mãos. Deu uma tragada longa, o gosto do esperma misturando-se ao vazio que crescia dentro dela. O quarto 27 não cheirava mais a sexo. Só a encerramento.
