Amanda tinha 24 anos, um diploma de Design Gráfico encostado na parede e um TikTok com 187 mil seguidores que viviam pedindo “conteúdo mais ousado”. Foi num sábado de ressaca que ela topou o desafio: uma tatuagem anal.
“Vai ser uma flor de lótus abrindo bem no buraquinho, gente. Renascimento, sabe? Empoderamento.”
Nos comentários: “manda foto depois”, “vai doer pra caralho”, “se ficar ruim vira meme”.
Ela respondeu com um emoji de bunda e marcou horário no “Tinta Tattoo”, estúdio famoso por fazer tribal no saco e nome de crush no períneo.
Chegou lá de saia jeans curta, sem calcinha (pra facilitar, óbvio). O tatuador era o lendário Zé Dedão: 1,90 m de altura, barba de lenhador e mãos que pareciam luvas de boxe.
“Deita de bruços, abre bem as pernas e relaxa o cu, gata. Se contrair as pregas, a flor sai parecendo um repolho.”
Amanda riu nervosa, apoiou a cara no apoio de rosto e sentiu o gel frio escorrendo entre as nádegas.
Zzzzzzzzzzzz. A agulha entrou como faca quente na manteiga, só que a manteiga era o cu dela.
“AI MEU CU, ZÉ, VAI DEVAGAR!”
“Calma, tô só contornando o miolo. Respira fundo e pensa que é um pau bem grosso te arregaçando.”
A frase era pra ajudar, mas só piorou. Dez minutos depois, Zé ergueu o espelho:
“Olha a obra de arte!”
Amanda virou o pescoço e quase teve um treco. O que deveria ser uma lótus parecia um repolho roxo com herpes.
“Zé, isso tá parecendo cu de porco depois de cagar!”
“Relaxa, é o inchaço. Amanhã desincha e fica lindo.”
Ela pagou os 300 reais chorando e saiu mancando, com a sensação de que tinha sentado num ninho de vespas.
No apartamento, banho quente, pomada e selfie no espelho do banheiro.
“Gente, olha isso. Parece que meu cu pariu um porco espinho”
Tentou testar a sensibilidade com o vibrador coelho. Mal encostou na entrada e já gritou:
“PORRA, É QUASE UMA LIXA!”
O orgasmo veio, mas foi aquele gozo de ódio, se debulhando em lágrimas.
Na mesma noite ela abriu o site do Procon e preencheu o formulário:
Objeto da reclamação: tatuagem anal mal executada
Dano moral: sim
Dano estético: sim
Dano sexual: sim, pra caralho
Anexou foto do cu inchado (com borrão na cara, por segurança).
Segunda-feira, 7h30 da manhã, Procon da Sé. Fila quilométrica. Amanda andando como um cowboy depois do rodeio. Quando chegou na mesa da Dona Cida, a mulher nem piscou:
“Bom dia, moça. Qual o problema?”
“Tatuaram meu cu errado e agora dói pra sentar, pra cagar e pra gozar.”
Dona Cida empurrou os óculos no nariz:
“Tem nota fiscal?”
“Tenho.”
“Tem foto do defeito?”
“Tenho, mas é… íntima.”
“Minha filha, já vi cu de tudo quanto é jeito aqui dentro. O último veio reclamar de uma pomada de hemorróida. Mostra isso logo.”
Amanda virou o celular. Dona Cida aproximou a cara da tela:
“Nossa Senhora, parece que o tatuador usou gancho de açougue ao invés de agulha. Isso tá feio mesmo. Vou chamar o fiscal.”
Entra o Júnior, estagiário de Direito, 29 anos, óculos fundo de garrafa e cara de quem nunca viu mulher nua fora do Xvideos.
“Eu… eu preciso avaliar pessoalmente?”
Dona Cida: “Protocolo, Júnior. Leva a moça pra salinha.”
Na salinha, entre caixas de papel A4 e cheiro de café ralo, Amanda desceu a calça até o joelho, debruçou na mesa e abriu as nádegas.
“Tá vendo? Uma porra de uma couve-flor.”
Júnior, vermelho como pimentão, colocou uma luva de látex com a mão tremendo.
“Posso… tocar?”
“Pode, mas se você gozar na calça eu processo você junto.”
Ele cutucou de leve.
“Tá muito inflamado… e o traço tá torto.”
Amanda, já sem paciência:
“Cutuca mais fundo, vai, pra ver o estrago. Quem sabe isso aqui vira exame ginecológico.”
Júnior engasgou, mas obedeceu. O dedo entrou um pouquinho. Amanda deu um gritinho de surpresa e tesão misturado.
“Caralho, Júnior, tu tem dedo de ouro ou é a luva que tá fazendo isso?”
Ele retirou rápido, anotou no formulário “erro de execução grave comprovado” e saiu quase correndo.
Audiência de conciliação marcada para a semana seguinte. Amanda versus Zé Dedão. Sala minúscula, ventilador quebrado, cheiro de suor e ansiedade.
Mediador Seu Valdir, 62 anos, voz de locutor de quermesse:
“Vamos tentar um acordo amigável. Senhor José, o que oferece?”
Zé, de regata e chinelo:
“Eu removo a tatuagem de graça. Mas só se for na minha casa, com meu laser.”
Amanda cruzou os braços:
“Tá, mas eu quero anestésico e tu não enfia mais nada sem pedir licença.”
Seu Valdir bateu o martelo:
“Acordo homologado. Próximo!”
Sexta-feira à noite, porão da casa do Zé na Vila Madalena. Luz vermelha, som de R&B antigo, cheiro de incenso e cigarro mentolado.
“Deita aí, gata. Hoje teu cu vai renascer de verdade.”
Ele passou um gel anestésico que parecia mágico – em dois minutos Amanda não sentia mais nem a respiração.
Zé ligou o laser, mas logo largou o aparelho:
“Sabe de uma coisa? Vou começar a consertar com a língua primeiro. Pra desinchar.”
Amanda, meio grogue da porra do gel maligno:
“Vai fundo, Dedão.”
E ele foi. Dedão mesmo. Língua grossa, barba arranhando a bunda, dedo polegar massageando ao redor da couve-flor. Amanda começou a gemer como se tivesse descoberto um novo chakra.
“Zé… porra… continua que eu retiro a queixa!”
Ele virou ela de costas, baixou a calça do moletom e mostrou que o apelido não era só por causa das mãos.
“Agora vou desenhar uma flor de verdade, mas com outra ferramenta.”
A pirocona entrou devagar, centímetro por centímetro, enquanto Amanda agarrava o sofá velho:
“ISSO, CARALHO, APAGA ESSA PORRA COM O PAU!”
Foram três rounds de rola no cu, duas gozadas dela, uma dele (dentro do reto, óbvio), e no final o rabo dela estava lisinho, sem vestígio de tinta, só com uma leve vermelhidão de sodomia intensa.
Segunda seguinte, Amanda voltou ao Procon só pra assinar o termo de desistência.
Dona Cida perguntou:
“Resolveu, moça?”
Amanda, andando normal pela primeira vez em semanas, sorriu:
“Resolveu. O Zé Dedão refez a tatuagem inteira. Agora é até referência do estúdio dele… e eu tenho até um vídeo de demonstração, se quiserem arquivar como prova.”
Dona Cida riu alto:
“Guarda esse vídeo pra ti, minha filha. Aqui a gente já viu cu demais.”
Amanda saiu do prédio, mandou um áudio pro grupo das amigas:
“Meninas, atualizando: o cu tá zero bala, o Procon é dez, e eu arrumei um tatuador sodomita. Às vezes fazer valer seus direitos dá certo pra caralho.”
FIM.
(E no TikTok ela postou um take bem iluminado da flor de lótus novinha em folha, pétalas perfeitas contornando as pregas ainda rosadas do uso selvagem, com a legenda:
“Agradecimentos especiais ao Procon, ao Zé Dedão e aos 21 cm da borracha que apagou a tatoo anterior. Aceito convites pra fazer publi de pomada pra hemorróida e sodomia com rola grossa. #CuRenascido #ProconMeSalvou #TatuagemAnal5*****”)
