Eu tentei sair, mas Rafael colocou um joelho entre minhas pernas, me impedindo. Eu tentei o empurrar, mas o movimento só aproximou nossos corpos. O calor entre nós subiu alguns graus, carregado, vibrando com a tensão que sempre pairara ali, nunca antes chamada pelo nome certo.
Eu senti o corpo reagir antes da cabeça, não por submissão, mas por escolha. Aquela inquietação, aquele risco, aquele jogo de poder… tudo fazia sentido dentro de mim. Sempre fizera.
– Sai daqui, Rafael – eu disse, sem convicção.
– Não quero.
A resposta veio seca, imediata. Rafael desceu a mão, agarrou o meu pulso e me prensou contra o encosto do sofá. O gesto era firme, mas não violento o bastante para me assustar de vez; era apenas o suficiente para que eu sentisse o sangue bater mais forte no peito.
– Você insiste em me provocar – prosseguiu Rafael, os olhos se fixando nos meus.
– Eu? Você que ficou me encarando, desde que entrou aqui hoje! Você que insiste em aparecer aqui em casa, sozinho, mesmo sem eu te convidar!
Eu tentei soltar o braço, mas falhei, Rafael era muito mais forte que eu. Senti o toque dos dedos de Rafael percorrendo meu antebraço, subindo, deslizando por baixa da minha camiseta até a curva do meu ombro. Nossa respiração estava mais curta, mais pesada.
– Você tá doido – sussurrei, mas não afastei o corpo.
Rafael se inclinou mais, a testa quase tocando a minha. O contato de peles surgiu em pequenas centelhas: o roçar do meu braço contra o seu peito, o calor que se irradiava do corpo de um ao outro.
– Diz que não quer – desafiou Rafael.
Eu abri a boca, mas nenhum som saiu. O olhar de Rafael queimava. Em vez de resposta, eu virei o rosto, lhe oferecendo o canto da minha boca. Foi o suficiente. A minha respiração falhou quando o polegar de Rafael deslizou sobre o meu lábio inferior. A tensão entre nós era palpável, uma mistura de frustração e desejo.
– Rafael, isso é loucura...
A discussão se aproximou, palavra por palavra, até perder completamente o sentido. O que restou foi o impulso: mãos que se encontraram, bocas que se calaram juntas, um beijo carregado não de romance, mas de desafio.
Os lábios de Rafael se chocaram contra o meus, me silenciando. O beijo aconteceu rápido demais, quase brusco, como uma interrupção da briga. Rafael me agarrou pela nuca, me beijou com fome, me invadindo com a língua antes que eu pudesse protestar.
O beijo era intenso, faminto, e eu não consegui evitar e corresponder, minhas mãos agarrando os ombros fortes de Rafael. O beijo se aprofundou, linhas se entrelaçando, nossos corpos se pressionando cada vez mais. Quando nos separamos, nós dois respirávamos pesado.
— Isso é uma péssima ideia – eu disse, baixinho.
— Você nunca foi bom em evitar péssimas ideias – Rafael me encarou de novo, dessa vez, sem defesas.
— Se a gente atravessar essa linha… – eu comecei.
— …não tem volta – Rafael completou.
Eu não respondi. Apenas me aproximei mais uma vez. Não houve delicadeza. Houve entrega consciente. O resto aconteceu sem palavras, mas com gestos incontidos, uma intimidade que nasceu do confronto, não do carinho.
Eu gemi durante o beijo, o som escapando como um lamento contido, abafado pela boca de Rafael, suas mãos percorrendo o meu corpo, explorando cada centímetro da minha pele. Eu senti o corpo dele sobre o meu, me pressionando contra o sofá, pernas entrelaçadas, mãos viajando por baixo das peças de roupa. O beijo era desordenado, carregado de semanas de provocações que nenhum de nós admitia.
Quando Rafael puxou a minha camiseta por cima da minha cabeça, eu ergui os braços, cooperando sem querer. O tecido caiu no chão, seguido da própria regata de Rafael, que voou para longe.
Entre toques, respirações contidas e gestos que dispensavam explicação, eu percebi algo essencial: ali, com Rafael, eu não era conduzido, era confrontado. E isso me excitava de uma forma diferente, mais crua, mais perigosa.
Nossa pele nua encontrou-se com urgência. Rafael deslizou uma coxa entre as minhas pernas, aumentando a pressão no meu quadril. Eu senti o sangue afogar o meu raciocínio; cada ponto onde Rafael tocava pulsava. Me dei conta de que estava muito duro, o volume no short incomodando. E que Rafael também, o membro dele me roçando a barriga.
– É sempre essa briga – murmurou Rafael na curva do meu pescoço, a boca me percorrendo a clavícula, mordiscando – Hoje chega.
Eu agarrei os cabelos pretos de Rafael, o puxando de volta aos meus lábios, querendo mais. Os beijos tornaram-se desesperados, trocados de encontro ao sofá, até que Rafael decidiu me arrastar, me fazendo deslizar para o chão. O peso do corpo dele era firme sobre o meu, me segurando no piso frio, meus quadris se movendo contra os de Rafael.
A tensão explodiu em uma paixão ardente, em um turbilhão de mãos desesperadas. A boca de Rafael deslizou pelo meu pescoço, mordendo e chupando. Eu ofegava, minha cabeça caindo para trás, dando a ele melhor acesso ao meu corpo.
– Porra, Rafael...
Rafael deu uma risada sombria.
– Esse é o plano, Mateus: vou te foder até você perder a consciência.
Meu pau pulsou com a promessa, meu corpo ansiando por mais. As mãos dele estavam por toda parte, tocando, provocando, me enlouquecendo. A boca de Rafael encontrou meus mamilos, os mordendo, me fazendo soltar um gemido.
Foi então que as mãos dele desceram com força pelo meu corpo, arrancando o meu short, o puxando para baixo. O tecido cedeu e as minhas pernas arquearam quando senti o contato frio da cerâmica sobre a minha pele quente. Rafael se sentou entre as minhas pernas, puxando a minha cueca boxer até meus joelhos. Meu cacete saltou livre, já latejando, a cabeça brilhando de líquido claro.
– Tá querendo há tempo – constatou Rafael, olhando de cima para baixo. Ele segurou a base do meu pau, espremeu levemente, me fazendo gemer – Sabe o que vou fazer?
Eu balancei a cabeça negativamente, sem fôlego. A mão de Rafael envolveu o meu pau, me acariciando lentamente.
– Você gosta disso, não é? Você gosta quando eu te toco.
Eu apenas assenti, meu corpo tremendo de desejo. A mão de Rafael se moveu mais rápido, seu polegar deslizando sobre a glande do meu pau, espalhando o líquido pré-gozo. Eu suspendia os quadris, buscando o prazer.
Rafael se inclinou, a língua percorrendo a veia inferior do meu pau, lambendo do saco até a ponta do meu cacete, num percurso lento que me fez dar um grito agudo. Ele levantou a cabeça, me encarando, e abriu a boca, envolvendo a cabeça da minha pica num calor úmido. Eu senti as pernas tremerem. A cabeça de Rafael descia contra a minha virilha, abocanhando quase tudo, a boca apertando, a língua perseguindo cada centímetro do meu pau.
O prazer era denso, sufocante. Eu me apoiei nos cotovelos, assistindo ao rosto moreno de Rafael subindo e descendo, sentindo a garganta dele se contrair quando insistia em ir até o fundo. O calor aumentou, minhas bolas se contraíram, o orgasmo ameaçou me tomar sem demora. Eu puxei o cabelo dele, sinalizando. Rafael parou, sorrindo maliciosamente, a boca brilhando.
– Ainda não.
Ele se levantou. Tirou a própria bermuda e a cueca preta em um único movimento. O membro dele saltou ereto, grosso, a pele morena, a ponta úmida. Eu não consegui desviar o olhar; a curiosidade era quase dolorosa.
Rafael se ajoelhou novamente, inclinando-se sobre mim. Voltamos a nos beijar, agora pele contra pele, nossas cinturas roçando uma contra a outra, num sarro delicioso. Rafael movia o quadril, se esfregando em mim, deixando escapar um rosnado contido.
Em silêncio, sem deixar de se punhetar, Rafael se desviou, vasculhando o bolso da bermuda, voltando com um saquinho de plástico contendo um lubrificante turvo e um preservativo. Rasgou o invólucro da camisinha com os dentes, vestiu o próprio pau, os olhos escuros de luxúria fixos nos meus.
– Vira. Quero ver se é assim que você gosta.
Eu senti um calafrio de medo misturado com excitação. Sabia o que viria. Eu devia protestar. Mas minha voz falhou quando virei o corpo, me deitando de bruços sobre o chão duro e frio. A cerâmica lisa roçou o meu peito nu. Rafael puxou o meu quadril para trás, me expondo para ele, meu coração batendo tão rápido que parecia uma única batida contínua, sem parar.
Rafael despejou o gel frio na minha cavidade, espalhou com dois dedos, massageando bem o meu anelzinho. Eu arfava, em ponto de bala. Senti um dedo me penetrar, depois outro, me abrindo devagar. O toque de Rafael era firme, insistente, misturando ardor e prazer. Quando Rafael afastou os dedos, eu tremia de antecipação. Ele se deitou sobre mim, a ponta do pau roçando o meu orifício.
– Responde – a voz de Rafael soava rouca, mal contida – Heitor já te comeu assim?
Eu baixei o rosto, queimando de vergonha. Fechei os olhos, assentindo.
A resposta pareceu soltar um grito de fúria dentro de Rafael. Ele cravou seu pau de uma vez, até as bolas, o corpo inteiro vibrando com o tesão da posse. Eu soltei um grito abafado, a mistura de dor e êxtase explodindo dentro do meu peito, meu corpo se contorcendo desesperado para acomodar urgente o cacete de Rafael duro e inteiro dentro de mim (o pau de Rafael tinha uns 16cm, mas era mais grosso que o pau de Heitor, que era mais fino e comprido).
Rafael puxou a minha cintura, começando um ritmo profundo, duro, nossos quadris se chocando. Cada estocada soava como um lampejo de fogo nas minhas entranhas, que atingiam todos os pontos certos, me acelerando por dentro, o peso do seu corpo me empurrando contra o chão.
O prazer subia rapidamente, a sensação era que eu iria rasgar em dois, mas eu queria mais, meu corpo se movendo em sincronia com o de Rafael. O prazer era cru e intenso, aumentando a cada estocada. Rafael se curvou sobre mim, a boca no meu ouvido, mordiscando a minha orelha.
– Então vai sentir a diferença, entre o Heitor e eu – e aumentou ainda mais o ímpeto, sua virilha batendo na minha bunda, sons úmidos e obscenos ressoando na sala.
Eu só conseguia gemer em resposta, o corpo em chamas. As estocadas de Rafael ficaram mais rápidas e fortes, mantendo o ritmo. O prazer aumentou, cada vez mais, até que não aguentei mais e me masturbei, desesperado para gozar.
O gozo chegou em ondas, eu não conseguia segurar: eu arfava, meu corpo convulsionou de prazer, jatos de porra espirrando contra o piso. Eu gozei com um grito, meu pau pulsando. Meu músculo interno se contraiu em volta do pau de Rafael, que soltou um urro abafado, me fodendo até o fim, tremendo ao atingir o clímax. Eu o senti latejar dentro de mim, o calor do orgasmo dele me inundando por dentro.
A foda se consumou longe de qualquer ternura, mas cheia de intensidade, de descobertas rápidas, de corpos que se reconheciam no conflito. Não tinha paixão. Era somente tesão.
Permanecemos assim, colados, transpirando, ofegantes. Quando Rafael recuou, eu me senti vazio, o ar frio substituindo a presença quente. Ambos caímos no chão, nos deitando de costas, os corpos ainda se tocando pelos ombros e braços. O silêncio reinou, quebrado apenas pelas respirações pesadas e pelo som leve das peles suadas aderindo e soltando na cerâmica.
A luz do fim de tarde tingia tudo de dourado intenso, se refletindo no suor que nos percorria o peito. Eu olhava para o teto, ouvindo os batimentos do meu coração se acalmando lentamente. Ao meu lado, Rafael fechou os olhos, o peito subindo e descendo num ritmo quase hipnótico. Nenhum de nós falou nada. Não era preciso. A tensão entre nós parecia ter sido sugada, deixando apenas o calor e o cheiro de dois corpos que, finalmente, haviam parado de fugir um do outro.
Quando tudo terminou, o silêncio voltou a ocupar a casa. Rafael se levantou, vestindo a roupa, e me olhou por um segundo a mais.
— Agora você sabe — disse — Eu não vou ficar só de espectador nessa parada.
Eu assenti, ainda deitado no chão, todo gozado, suado e babado, sentindo o peso daquela verdade se acomodar dentro de mim. Eu sabia. E sabia também que, a partir dali, nada mais ficaria contido.
Porque o maior erro de todos eles foi acreditar que eu era apenas o prêmio do jogo. Na verdade, era eu quem estava movendo as peças.
