A sexta-feira se foi, e minha cabeça girava. Eu me sentia fora de dimensão, como se o tempo tivesse perdido o ritmo e tudo ao meu redor acontecesse em câmera lenta,
Aquilo me consumiu durante todo o final de semana. Eu tentava fingir normalidade, mas a cabeça não desligava um segundo sequer; cada silêncio virava ameaça, cada notificação no celular me fazia estremecer. Dormi mal, acordei pior, revivendo a cena inúmeras vezes, imaginando consequências, tentando achar uma saída que não existia. Entre culpa, medo e indignação, eu me perguntava como uma decisão do passado podia agora definir meu futuro inteiro. A segunda-feira parecia distante demais e, ao mesmo tempo, próxima demais — como uma contagem regressiva cruel da qual eu não conseguia escapar.
Meu casamento sempre foi tranquilo. Breno, 35 anos, branco, alto, de postura serena e sorriso fácil, é um homem bom, trabalhador, daqueles que passam segurança só de estar por perto. Empresário, dono de uma hamburgueria em Contagem, construiu tudo com esforço próprio, algo que sempre foi motivo de orgulho para mim. Estamos juntos há sete anos; nos conhecemos em um show em Pedro Leopoldo e, desde aquela noite, simplesmente não nos desgrudamos mais. Há três anos casados, criamos uma rotina sólida, de parceria e cumplicidade, com poucas brigas — raras, mas intensas, como acontece quando duas pessoas que se importam de verdade batem de frente. Ainda assim, sempre voltávamos ao equilíbrio, acreditando que estávamos do mesmo lado.
Na cama, ele sempre me satisfaz. É um homem animado, com seus 17 cm, um pau grande em comparação com a maioria das pessoas, além de grosso. Nosso sexo é um papai e mamãe, uma cavalgada bem gostosa. E agora esses tarados querem me fazer de puta. Passei o sábado com ele, almoçamos juntos, mas eu ainda estava angustiada. No domingo, saímos para o interior, onde eu repousei, aproveitei, mas, a cada hora que passava, a segunda-feira chegava — e eu estava fudida.
Após chegar em casa, Breno, feliz e radiante, foi direto para o banho. Logo depois, entrei também. Junto com a água corrente, chorei, tomada pelo medo do que tudo aquilo poderia significar para a minha vida. Saí do banho decidida, peguei o tablet do meu marido e pesquisei sobre chantagem envolvendo professora e vídeo adulto em ambiente escolar. Pensei em denunciar — afinal, tenho um ex-namorado que é delegado —, mas logo percebi que eu seria a maior prejudicada.
A segunda-feira chegou e eu acordei mais cedo do que o normal, com o corpo cansado e a mente acelerada. Me arrumei quase no automático, escolhendo um look sóbrio e profissional — calça de alfaiataria escura, blusa clara de mangas longas e cabelo preso, como se a formalidade pudesse me proteger de alguma coisa. Beijei Breno antes de sair, tentando parecer normal, e segui para a escola com o sol estralando no céu, o ar pesado demais para aquela hora. Ao entrar na rua da escola, diminui a velocidade sem perceber; por um instante, cheguei a parar o carro, com o pé no freio e o coração disparado, tomada por um medo difícil de explicar. Respirei fundo e segui. Nos corredores, o barulho de sempre parecia mais alto, mais próximo, e quando um aluno me cumprimentou com um “bom dia”, respondi seca, quase ríspida, sem querer conversa — não por ele, mas porque eu simplesmente não tinha forças para sustentar nenhuma normalidade naquele dia.
A primeira aula do dia foi para o primeiro ano do ensino médio e correu tranquilamente, sem nenhum imprevisto. Até aquele momento, não havia visto nenhum dos três alunos problemáticos, o que me deixou um misto de alívio e preocupação. Quando chegou a hora de lecionar no 3º B, notei que a sala era a mesma de sempre, mas os três continuavam ausentes, e isso só aumentava minha apreensão. A aula passou tão rápido que mal percebi o tempo, até que, ao final, uma das alunas se aproximou discretamente e me entregou um envelope, cujo conteúdo ainda desconhecia.
Com apreensão, abri o envelope. Era um trabalho sobre equação que eu havia passado na semana anterior, feito em grupo. Não entendi por que tinham me enviado aquilo, até que um bilhete caiu de dentro. O papel trazia uma mensagem curta, escrita por eles, que dizia:
Chegou a hora da resposta. Se for sim, me encontra na minha casa. Se vira pra descobrir.
Peguei o endereço de José Victor na secretaria e parti com meu Peugeot em direção ao local. Dei de cara com um barraco, com janelas quebradas; alguns drogados me olhavam de cima a baixo enquanto eu caminhava até a porta. O ambiente era pesado, hostil. Respirei fundo e bati na porta de madeira.
Assim que bati à porta, José Victor a abriu. O barraco onde ele morava era simples, limpo, meio rústico, com poucos cômodos, mas arrumado de forma que não parecia abandonado. Ele me conduziu até o único quarto que tinha porta, onde havia uma cama grande, um computador e pôsteres de mulheres nuas espalhados pelas paredes, junto com alguns outros objetos que denunciavam seus gostos pessoais. O ambiente era pequeno, mas de certa forma intimidante, e o ar pesado indicava que aquele espaço tinha sido cuidadosamente preparado para nos receber.
Ele me mandou sentar na cama e me fitou intensamente, perguntando em tom provocativo: “Decidiu, sua professora safada?” Mantendo a postura firme, olhei nos olhos dele e disse que sim. Nesse instante, William e Thales trocaram olhares e comentaram em voz baixa: “Que bom, sua loira gostosa.” Mantive meu controle e expliquei que havia minhas condições, mas José Victor, com o olhar desafiador, retrucou: “Sua safada, você não tem esse direito.” Mantive-me firme e reafirmei que entregaria apenas o que estipulei. Ele então sorriu de lado e disse que faria uma reunião para decidir se aceitariam ou não minhas condições, acrescentando de forma autoritária que não gostava de graça e que ninguém morreria devendo a ele.
Os três então me pedem para ficar fora do quarto por alguns minutos. Depois disso, dizem que tudo vai depender da condição. Respondo que apenas quero poder escolher o motel, para não ser reconhecida. Eles se olham entre si, até que José Victor diz:
— Sim, escolha e nos avise.
Saí dali meio aérea, ainda processando tudo, e entrei no carro. Liguei o celular e comecei a pesquisar no Google por motéis afastados da região onde moro, até encontrar um “motel só love” discreto e reservado. Sem perder tempo, mandei uma mensagem para eles, explicando a situação, e recebi respostas rápidas de todos confirmando. José Victor respondeu de maneira direta e segura: “Quarta-feira a gente se vê”, e aquele simples recado fez meu coração disparar, misturando receio e curiosidade.