ADRIANO 27
— Oi amor — eu quero desviar de seu beijo, mas sou fraco e me permito sentir sua boca doce na minha de novo.
— Minhã mãe quase não me deixou sair hoje, mas consegui escapar dela e ganhar umas horinhas para gente — queria saber se ele realmente está gostando de mim ou só está me fazendo de trouxa, por mais que eu me esforce não consigo entender o que ele quer de mim.
— Sim, você está com fome? Tem comida ainda.
— Não, eu já comi, só tava com saudades, a gente nunca tinha ficado tanto tempo sem se ver.
Nathan me puxa para um abraço, que acaba virando um beijo. Vamos para o meu quarto e lá voltamos a nos beijar, ele parece tão apaixonado, entregue, como isso tudo pode ser mentira? Não faz sentido na minha cabeça, e por que estou beijando a boca dele? Eu sei que deveria está quebrando o pau com ele agora, mas acontece que seus beijos e a saudades que eu tava dele. Porra sou muito trouxa mesmo.
Ele tira minha camisa, depois minha bermuda junto da minha cueca. Estou duro como sempre, ele me excita para caramba, meu coração bate forte quando a boca dele encosta na minha pele, é incrível a visão dele de joelhos me chupando, seus olhinhos inocentes e submissos, não, isso não tem como não ser real. Minhas pernas ficam fracas quando ele me engole por inteiro, sento na cama ainda com ele entre minhas.
Sua boca me engoli com vontade e desejo, Nathan não faz ideia de que eu conheço seu segredo. Devia ter contato antes? Deveria né, mas não consegui, não consigo diminuir o desejo e a paixão que sinto por ele. Meu príncipe delicado, gentil, amoroso e quente, tudo em uma proporção perfeita que me satisfaz por inteiro, porém, esse mesmo príncipe, mentiu, para mim e para o noivo dele — é muito estranho pensar nele como filho da puta do meu ex chefe.
Meu namorado não é só meu, na real nunca foi, já que o amante sempre fui eu. Nathan me chupa com tanta devoção, mas agora só o que eu consigo pensar é se ele chupa o marido dele da mesma forma, será que o pau dele é maior que o meu, ou melhor? Se o Nathan se excita com ele mais do que comigo, e se eu for melhor é por isso que ele está comigo, porque o marido dele não transa com ele da mesma forma que eu? Que o outro não realiza as fantasias dele e por isso que me procura, para ter comigo o que não tem em casa.
Todos esses pensamentos me fazem perder o tesão, nunca tinha broxado, não dessa forma pelo menos, me sinto mal, me sinto traído e mesmo assim me sinto incapaz de mandar ele embora? Caio me chama de emocionado, acho que ele tem razão, nem estamos juntos a tanto tempo assim, como posso amar tanto uma pessoa que mentiu para mim e que ainda está mentindo, não sei o que fazer e isso é muito frustrante.
— O que foi amor? — Ele pergunta quando percebe que não estou mantendo uma ereção e não gozei como das outras vezes.
— Eu sei Nathan.
— Sabe de que? — Encaro seus olhos.
Levanto e visto minha roupa, Nathan senta na minha cama e continua esperando que eu fale — como pode alguém mentir dessa forma? Ter esse sangue frio de não demonstrar nenhum remorso ou preocupação, isso é bizarro, pior é que mesmo sabendo e vendo sua reação não ajuda em nada a fazer o que eu sei que preciso fazer, isso é uma merda velho, não merecia isso, acho que no fim o amor só não é para mim mesmo.
— Eu sei de tudo.
— Não sei o que te contaram Adriano, mas eu posso explicar — finalmente.
— Meio tarde para me dizer que você mentiu para mim — começo a me vestir.
— Não menti, Adriano, você e eu somos de verdade.
— E com seu outro relacionamento, não é de verdade? — O que está me matando é que vejo nos olhos dele que tem algo de verdade, mesmo dentro dessa mentira toda.
— Até quero acreditar em você, mas não sei se consigo, agora só quero que você vá embora, por favor — saio do quarto indo em direção a porta e ele vem atrás, mas não parece disposto a sair daqui sem tentar me convencer.
— Adriano me escuta, por favor.
— Escutar o que Nathan? Você mentiu para mim — preciso me esforçar muito para não chorar.
— Nunca planejei mentir para você, o que aconteceu com a gente foi e é real, eu te amo Adriano!
— Me ama! — Acabo me exaltando — Eu estou entendendo errado?
— Eu te amo Adriano e vou deixar tudo para trás para ficar com você, você é minha verdadeira conexão, por você eu largo tudo — meu coração acelera, mas antes que eu possa dizer qualquer coisa vejo Ykaro com um semblante confuso parado no corredor.
— Ykaro!
— Tá tudo bem aqui?
— Tá sim, desculpa, não queria te acordar — tinha esquecido que ele estava em casa.
— Sem problemas, eu vou dar privacidade a vocês — Ykaro notou de cara o clima ruim entre nós.
— Eu já estou indo — Nathan diz com uma voz de choro que me corta o peito — por favor promete que vai pensar no que eu te falei.
— Tá bom, mas agora é melhor você ir — não sei se ainda confio nele, mas não vou negar que ver o Nathan tão arrasado assim me fere ainda mais.
***
Nove dias depois. Ainda não consegui falar com Nathan, na real não tenho falado muito com ninguém. Almoço com Luan e saio com Caio, mas não toco no assunto Nathan, essa é uma pauta banida. Mas não é só minha dor de cotovelo que está mudando minha rotina, resolvi que não adianta tentar fazer Luan e Caio virarem amigos, então eles tiveram que entrar — forçadamente — em uma guarda compartilhada, hoje por exemplo é quarta, às quartas rosa é o dia do Caio dormir aqui.
— Como está sendo meus primeiros dias como supervisor? — Caio pergunta, mas sei que ele está falando de trabalho, na intenção de descobrir algo sobre o Nathan.
— Está sendo bem puxado, mas até agora tudo certo — estou dobrando minha roupa e fingindo que não estou me ligando no que ele quer saber.
— Tá Madrinha, não vou ficar fingindo aqui — Caio senta na cama e pega uma blusa para me ajudar a dobrar — você tem visto o Nathan?
— Não.
— Então mulher! Vamos sair, vamos beber, tenho umas amigas que são sedentas na senhora.
— Eu não quero transar com ninguém Caio — estou cansado de repetir isso para ele.
— Então me conta o que aconteceu para que você deixasse o príncipe encantado?
— Você já sabe — nem me iludo achando que ninguém contou a ele ainda, eu amo o Breno, mas não boto a mão no fogo, Caio é muito bom de conseguir informações.
— Eu sei, mas eu quero ouvir de você!
— Ele mentiu para mim tá legal, tá satisfeito? — Ando um pouco estressado esses dias.
— Madrinha, mulher, claro que não estou satisfeito, não queria que você tivesse passando por isso.
— Engraçado dizer isso né Madrinha, a senhora cismou com o Nathan desde o começo.
— Ele é mentiroso e a culpa é minha por ter faro com essas coisas? E nem vem pois o alecrim crente também não tinha engolido o discurso de santo dele.
— Viu por isso que vocês dois estão dividindo a guarda.
— Não muda de assunto não Adriano — Caio puxa a peça de roupa das minhas mãos e me encara com seriedade — você tem que parar de lamentar esse término Adriano e reagir mulher!
— Não quero reagir, não preciso disso.
— E vai virar freira agora? — Ele está mais irritado do que eu.
— Não é uma má ideia.
— Agora você quer fazer piada — Caio fica engraçado quando cruza os braços.
— Eu sempre quis viver um romance Caio, você sabe disso, só que agora eu vejo a verdade.
— Que verdade Madrinha?
— Que o amor não é para mim — ele revira os olhos com tanta força que parece até possuído — tô falando sério.
— Pior é que tá, meu Cher amada, mulher escuta — ele toma outra peça de roupa da minha mão — pega qualquer um, pega o Breno, ele vive atrás de você agora até dormir aqui mais do que eu e o Alecrim.
— O Breno é meu amigo e não é de mim que ele gosta, ele gosta de você — Caio respira fundo.
— Madrinha — Caio vai falar algo, mas é interrompido pela a voz do Luan e Ykaro que estão discutindo na sala.
Luan sabe que nas quartas ele não vem para cá por causa do Caio, mas pode ser que ele tenha vindo falar com Ykaro, eles ficaram muito amigos desde o trabalho que fizemos juntos na confra do trabalho do Luan, mas pelo ânimo da conversa não parece está sendo muito amistosa. Ykaro chegou mais cedo também, estranho. Caio é muito fofoqueiro então já correu para sala para saber o que está rolando, sendo assim não tem o que fazer vou junto.
— Ykaro, esse trabalho é melhor e o cara ainda está segurando sua vaga, porque você insiste em trabalhar em um lugar que não paga tão bem assim e que você trabalha feito um louco?
— Porque ele não quer se afastar da Stella — Caio se mete e quase que simultâneo Ykaro e Luan fuzilam ele com os olhos.
— Caio fica na sua — Luan diz tentando manter o tom educado.
— Eu só não entendo qual o misteiro ai, você terminou com a Stella não foi? — Caio insisti — agora o caminho está livre para o Ykaro de novo, não é nada de mais.
—Ele não está com ela! — Agora Luan já fala mais exaltado.
Não vou mentir, não entendi muito bem o por que Luan e Stella terminam, só sei que ela está muito puta com ele, mas acho pouco provável que Ykaro ficasse com ela sabendo que só a menção desse assunto já deixa meu amigo com ciúmes da ex.
— Caio por favor, não se mete — peço e ele finalmente escuta, mas antes de voltar para o quarto ele faz questão de soltar mais um pouco de veneno.
— Puta do jeito que ela tá, duvido que não esteja correndo atrás do Ykaro só para te provocar.
— Ela pode tentar o quanto quiser, eu não estou disponível — Ykaro finalmente abre a boca — eu não quero sair do meu trabalho porque eu gosto do meu serviço só isso.
— Não faz sentido Ykaro é só vantagem, por favor deixa de ser teimoso e aceita logo esse trabalho — é estranho ver o Luan se preocupando assim com outra pessoa, tipo ele é muito zeloso pelos amigos, mas acho que desde que ele se aproximou do Ykaro tenho ficado um pouco enciumado.
— Depois a gente conversa sobre isso tá bom — Ykaro diz tentando fugir da discussão.
— Cansei Ykaro, você vai aceitar esse trabalho ou vai me dar uma justificativa real, você escolhe — Luan lhe lança seu ultimato.
— Luan?
— Não Ykaro, já falei o que eu tinha para falar, agora é com você.
Não sei porque ainda estou parado vendo os dois discutindo, eu só fiquei, mas o mais louco é que vendo assim os dois até parecem um casal, se não fosse pelo fato do Luan e o Ykaro serem héteros poderia jurar que é uma briga de casal, o Ykaro está namorando uma mulher secreta também então tem esse impeditivo e embora o Luan negue, eu sei que ele está apaixonado por alguém e não acho que seja pela sua ex Stella.
— Eu vou pensar, tá legal — Ykaro diz com a voz cansada.
— Já ouvi isso antes, tô indo.
— Luan, espera cara — digo, não quero que eles briguem, até porque concordo com Luan, mas por experiência própria às vezes é difícil de fazer nossos amigos entenderem as coisas.
— Não, hoje é quarta, nem devia está aqui — ele ainda deve tá chateado comigo por conta da planilha de revezamento que fiz com ele e o Caio, mas não consigo mais ver meus melhores amigos se machucando o tempo todo, então é um sacrifício que preciso fazer.
Ykaro foi pro quarto sem dizer mais nada. Queria saber quando essa nuvem tempestuosa que se instalou aqui vai embora, parece que todas as relações dessa casa estão virando do avesso. A única constância que tenho tido na minha vida nesses dias é o Breno, com hoje ele só não dormiu aqui em casa quatro dos nove dias. Ele dormi comigo na cama, até quando o Luan dorme aqui — depois que ele dormiu de rede na sala não quis mais saber de dormir no quarto e agora que ele também é amigo do Ykaro às vezes eles ficam conversando até umas horas no quarto.
Volto para o quarto onde encontro Caio deitado na rede mexendo no celular, eu amo ele, amo mesmo, mas tenho que dizer que entendo Luan implicar com ele às vezes. Sua necessidade de está certo o tempo todo é muito chata, mas admito aqui minha culpa também, nunca tive uma conversa com Caio sobre isso, como amigo a gente releva muita, coisa, mas isso meio que deu a ele liberdade de dizer sempre o que quer, porém quando ele fala algo com Luan, o entendimento é diferente de quando ele fala algo comigo ou para mim.
— Caio, porque você sempre tem que provocar o Luan?
— Não estava provocando ele, eu super acho que ele está sendo meio trouxa de ter amizade com alguém que provavelmente está pegando sua ex.
— O Ykaro já falou que não tem nada com Stella e até o Breno acredita nele, só você que não.
— Adriano, vai dizer que você não achou nem um pouco estranho que o Luan terminou com a Stella e que agora ele viva com um mau humor, pior até do que antes.
— Ele não vive de mau humor, na verdade estou achando ele até feliz, só que a mãe dele não aceita a vida que ele leva e isso sim está tirando ele do sério, tá vendo você está julgando sem saber e isso machuca as pessoas — me esforço para parecer mais como um conselho e não uma crítica.
— Você é uma santa Madrinha.
— Sou mesmo — digo rindo — ah amiga, o que você ia me falar sobre o Breno?
— Ah isso — mais uma vez somos interrompidos, só que dessa vez pelo próprio Breno que chegou com um lanche da madrugada para gente.
