Eu me chamo Thaís. Tenho 28 anos, silicone pago em 24 vezes, bunda de 200 reais de anabolizante por mês e uma buceta que já ouviu mais “eu te amo” de estranho do que do homem que pagava minha conta de luz. Até um ano atrás eu era a princesa do Diego: engenheiro civil, 31 anos, 1,88 m, salário que dava pra viajar todo feriado, cara que lavava louça cantando Jorge Vercillo e ainda chupava minha buceta por quarenta minutos sem cansar. Vida mansa. Só que as mina não deixavam eu aproveitar.
Jéssica, Mari e Vanessa, o trio do apocalipse sexual, viviam no meu ouvido:
“Fidelidade é prisão patriarcal, Thaís.”
“Corno que sustenta é o futuro da espécie.”
“Mulher que é mulher é do mundo, não fica comendo de colherzinha do mesmo prato todo dia.”
“Tu tá desperdiçando uma buceta novinha, miga. Isso é crime contra o sagrado feminino.”
Eu engoli cada frase como se fosse verdade absoluta. Achava que tava fazendo pós-graduação em liberdade enquanto tomava latão de Brahma quente no boteco da esquina.
A primeira traição de verdade foi em agosto, motel na saída da Anhanguera, suíte 69 (piada pronta). Eu disse pro Diego que ia na “festa de aniversário da Mari” e saí de vestidinho preto justo, sem calcinha, salto agulha que doía pra caralho. O Renan, ex-colega de escola que hoje vende ciclo de dura e trembo no Insta, já tava lá, pau duro só de me ver entrar.
Ele nem falou oi. Me jogou na cama que rangia, abriu minhas pernas como quem abre presente de Natal e meteu a língua tão fundo que eu senti aquela manta de carne na minha alma. Eu gemi alto, segurei o cabelo dele e esfreguei a xota na cara dele como se fosse um skincare premium.
“Puta que pariu, Thaís, tu tá mais vadia que na época do colégio”, ele falou com a boca brilhando.
“É evolução, gato. Aprendi que amor de um homem só é doença.”
Ele me virou de bruços, cuspiu no meu cu e meteu a pica até os ovos. Eu gritei, mordi o travesseiro encardido, senti cada centímetro daquela rola me rasgando. A cabeceira da cama batia na parede no ritmo das bombadas: tum-tum-tum-tum.
“Me chama de puta, Renan, faz eu me sentir viva!”
“Puta de corninho, vadia que trai namoradinho bonzinho, cuck… goza pra mim, vai!”
Eu gozei tremendo, apertando o pau dele com os músculos do cu, sentindo o jato quente enchendo a porra do meu reto. Quando ele saiu, a gala escorreu pelas coxas e eu ainda fiquei de quatro, sorrindo, achando que tinha conquistado o Everest.
Cheguei em casa 4h30 da manhã. Diego tava acordado, olhos vermelhos, esperando no sofá.
“Tudo bem, princesa? Se divertiu?”
“Tudo ótimo, amor, dancei muito, tô acabada.”
Ele me abraçou. Eu ainda sentia o pau do Renan latejando dentro de mim e o cheiro de sexo no cabelo. Tomei banho rápido, deitei no peito dele e dormi como se fosse uma santa.
Depois disso virou rotina. Sexta, sábado e domingo eu mentia descaradamente.
“Vou dormir na casa da Vanessa.”
“É chá de lingerie da prima da Mari.”
Na real eu tava em um motel de 60 reais a hora, num beco, num Fiat Mobi, num banheiro de boteco pé sujo. Teve o dia do Juninho do tráfico que me pegou atrás do ponto de ônibus, me encostou na parede, abaixou a legging e meteu sem camisinha enquanto os ônibus passavam buzinando. Eu sentia o tijolo arranhando minhas costas, o cheiro de mijo dos mendigos que subia do chão, o pau dele latejando dentro de mim.
“Goza logo, sua puta, que eu tenho entrega pra fazer, caralho.”
Eu gozei em menos de dois minutos, apertando ele com força, sentindo cada veia daquela pica latejar dentro da xoxota. Ele gozou dentro, puxou o pau e limpou na minha cara.
“Volta semana que vem, teu corno deve tá com saudade de pagar tuas contas.”
Teve o dia que eu trouxe dois caras pro apê que o Diego pagava. Ele tinha viajado para um congresso em Curitiba. Chamei o Renan e o Bruno, amigo dele que faz tatuagem. Coloquei MC Pipokinha no volume máximo, fumei um fino, fiquei só de calcinha fio-dental vermelha. Eles chegaram já bêbados, pau na mão.
“Hoje a puta aqui vira atriz pornô”, o Renan avisou.
Me jogaram no sofá novo do Diego, aquele de couro cinza que ele escolheu com tanto gosto. Um meteu na buceta, o outro na boca. Trocaram. Depois os dois no cu ao mesmo tempo. Eu gritava, chorava de tesão e de dor, pedia mais rola, mais pirocada.
“Me arromba toda, seus filhos da puta, destrói a puta do corninho!”
Eles riam, filmavam, gozavam dentro, fora, na cara, no cabelo. Quando acabaram eu tava toda melada, o sofá manchado de porra, suor, rastros de merda e lágrimas. Tirei foto e mandei pras mina:
“Olha o sagrado feminino em ação no sofá do macho beta.”
Elas surtaram de rir nos áudios.
E teve o dia do banheiro do Bar do Rasta, o vídeo que acabou comigo.
Eu tava bêbada pra caralho, mistura de cerveja, corote, erva e energético. Juninho, Léo do conserto de celular e um cara que só chamavam de Preto me levaram pro banheiro masculino. O chão tava molhado de sei lá o que, cheirava a ranço de mijo e cigarro. Eu me ajoelhei sem nem pensar.
“Quem quer gozar primeiro na minha boca?”
Juninho foi o primeiro. Pau grosso, cheiro de suor do dia inteiro de trabalho. Engoli até o talo, engasguei, baba escorrendo pelo queixo, olho borrado. Enquanto isso o Léo batia punheta e o Preto filmava.
“Olha pra câmera, sua vagabunda. Fala que ama rola de bandido.”
Tirei o pau da boca por um segundo, fio de saliva esticando:
“Eu amo rola de bandido, amo ser puta enquanto meu corninho paga minhas conta!”
Voltaram a foder minha garganta. Um gozou fundo, outro na cara, o terceiro mandou abrir a boca e gozou em cima da língua. Mostrei pra câmera, engoli, lambi os beiços:
“Obrigada pelo leitinho, meus macho alfa.”
Mandei o vídeo pras mina. Elas piraram:
“RAINHA DO CARALHO!”
“Tu tá fodendo o patriarcado com a garganta, miga!”
“Corno que sustenta é o futuro, continua assim que tu alcança a iluminação.”
Eu acreditava. Postava textão no Close Friends: “Mulher que não trai é mulher que não vive.” Curtidas a milhão.
A bomba caiu numa terça-feira chuvosa de outubro.
Eu tava atendendo uma cliente na loja de lingerie quando o celular começou a explodir. Mensagem da tia, da prima, do tio, da avó do Diego. O vídeo completo do banheiro tava em TODOS os grupos da família Oliveira. Alguém jogou no “Família Oliveira – só coisas boas” com a legenda: “Olha a noiva do sobrinho”.
Corri pro banheiro da loja e vomitei o café da manhã. Liguei pro Diego chorando.
“Amor, deixa eu explicar…”
“Explica pra próxima rola que tu chupar, Thaís.”
Ele desligou.
Cheguei no apê às 19h. As minhas coisas tavam em sacos de lixo na porta do prédio. Até meu secador de cabelo tava lá. Dentro do apartamento, silêncio total. No espelho do banheiro ele escreveu com meu batom preferido: PUTA. Na geladeira, um bilhete:
“Tu queria liberdade? Toma. Se sustenta agora, vadia.”
Liguei pras mina desesperada.
Jéssica: “Nossa, pesado… mas tu sabe que homem é tudo igual, né? Levanta a cabeça, rainha.”
Mari: “Miga, eu tô numa fase… não posso te ajudar agora.”
Vanessa me bloqueou em tudo.
A loja me demitiu no dia seguinte porque o vídeo rodou até no grupo das funcionárias. O dono falou que “a imagem da empresa não comporta esse tipo de conteúdo”.
Hoje eu durmo no sofá da minha mãe, como miojo com ovo todo dia, lavo louça em casa de família pra pagar as contas que o Diego pagava. Minha buceta ainda dói das arregaçadas que levei. Meu nome tá em tudo quanto é grupo de zap da cidade. Os caras que me comeram ainda mandam mensagem: “E aí, rainha, quer mais leitinho?”
Eu choro. Choro porque acreditei que cada gozada na cara era um passo pra iluminação. Choro porque pisei no amor de verdade achando que tava construindo um império feminista.
Corno que sustenta não é evolução. É o nome que a gente dá pro amor que a gente mata enquanto acha que tá decolando.
Eu voei alto, sim. Mas quem voa alto demais quebra a cara com mais força.
E a cara quebrada é a única coisa que sobrou pra mim. Junto com o cheiro de porra no cabelo que nenhum xampu tira e o gosto de arrependimento que nenhuma pinga afoga.
Foda-se o sagrado feminino. Eu só queria o meu corninho de volta.
