A água escorria pelo meu corpo, levando consigo a espuma do sabonete e uma névoa de cansaço que parecia entranhada nos meus ossos. Lavei a minha buceta e as minhas mamas cuidadosamente e fiquei alguns segundos a mais sob o jato quente, deixando a água bater nos ombros tensos. Quando desliguei o chuveiro, o silêncio úmido do banheiro pareceu ecoar.
Saí, ainda pingando, e peguei a toalha limpa sobre o banquinho. Envolvi os meus cabelos, torcendo-os com movimentos automáticos — as minhas mamas balançavam —, e passei a outra pelo meu corpo sem pressa, enxuguei a buceta, em seguida enxuguei uma mama, depois a outra. A pele ficou avermelhada pelo atrito. Deixei a toalha dos cabelos em torno dos ombros e abri a porta, a luz do quarto invadindo o vapor.
O ar mais frio do quarto arrepiou a minha pele nua. O bebê dormia profundamente no berço ao lado da cama grande, a sua respiração um sopro ritmado e pacífico. Parei ao lado do móvel, olhando para o rostinho sereno do meu filho, e até esqueci que estava pelada — um ponto de absoluta inocência no centro daquele turbilhão silencioso que eu carregava. Com a ponta da toalha, sequei vagarosamente as pontas do cabelo — os meus seios balançavam suavemente —, os meus pensamentos distantes, navegando entre a lista do supermercado e a textura áspera do tecido contra o meu pescoço.
Não ouvi os passos. Só percebi a presença quando as mãos dele, grandes e decididas, fecharam-se em torno dos meus quadris. Um grito engasgado morreu na minha garganta. Fernando não disse uma palavra. Com um movimento brusco, jogou-me de bruços na cama, o colchão cedendo com um baque abafado. O ar foi expulso dos meus pulmões.
Tentei me apoiar, virar, mas ele já estava em cima de mim. Ouvi o barulho do zíper sendo aberto com força, a calça dele. Senti a cabeça do pau dele, dura e insistente, procurando minha entrada, pressionando contra mim que estava seca, despreparada. Ele me puxou pelo quadril, me empinou e empurrou para dentro.
Uma dor seca e aguda rasgou minha buceta. Apertei os dentes, enfiei o rosto no travesseiro que cheirava a amaciante. Meus olhos arregalados ficaram olhando para a parede, vazios.
Ele começou a meter. Não tinha ritmo, nem carinho. Era só paulada, frenético, brutal, como se quisesse me partir ao meio. A cama rangia, um gemido de ferro que se misturava com os grunhidos de esforço dele e a respiração ofegante. Não gemei. Não me mexi. Permaneci ali, imóvel, sentindo um arranhado de dor na buceta. Meus peitos, soltos, esmagavam-se no lençol a cada metida. A toalha caiu do cabelo, ao lado do meu rosto.
Era como se o meu espírito tivesse se desalojado e estivesse pairando perto do teto, observando aquela cena absurda: um homem possuindo o corpo vazio de uma mulher, ao lado de um berço onde dormia o fruto de um amor que parecia ter se esvaziado também.
Os meus pensamentos não vagavam mais. Estavam cristalinos, cortantes. Pensei na roupa que precisava tirar do varal antes da chuva. Pensei na reunião de amanhã, na apresentação de slides que ainda não estava pronta. Pensei no olhar do meu pai, fixo no meu seio. Cada metida era como um soco que me reconectava, por um instante de dor, àquele corpo que já não sentia como meu. Era como se eu fosse uma refeição, uma marmita. Era um ritual executado com violência.
Cada enfiada era como um soco me lembrando que ele ainda estava dentro de mim.
A fome dele acabou com uma última enfiada funda, um gemido rouco que ele abafou no braço. Senti o pulso quente e úmido dentro de mim, um derramamento que me encheu de um fluido estranho e indesejado.
Ele ficou ofegante em cima de mim uns segundos, depois se levantou. Ouvi o barulho da calça sendo puxada, do zíper fechando. Nada de carinho, nada de palavra. Só os passos dele indo embora para a sala.
Fiquei deitada um tempão, sentindo a porra dele começar a escorrer pelas minhas coxas, grudenta e repugnante. Devagar, me empurrei para cima. Minhas pernas tremiam, mas me aguentaram. Não olhei para o berço. Não olhei para a cama bagunçada.
Desci da cama e andei em direção ao banheiro, os pés descalços fazendo um som suave no piso e os meus seios movendo-se suavemente. O rastro úmido e esbranquiçado na minha pele interna era uma marca que precisava sumir. Entrei no box ainda sujo do vapor do meu banho anterior e abri a torneira. A água jorrou, fria primeiro, depois quente.
Fiquei debaixo do jato, deixei bater direto na buceta, lavando, esfregando com a mão, com uma urgência quieta e teimosa. Limpei a minha buceta, lavei a minha buceta, esfreguei a minha buceta, como se pudesse apagar não só a porra, mas a sensação da invasão, a violência daquela foda, a frieza daquele macho me comendo. A água levava a porra embora pelo ralo, mas a sensação de ter sido invadida, da pica entrando na buceta, de terem entrado dentro de você assim...
Fiquei ali até a pele ficar vermelha e dolorida. Até sentir, não limpeza, mas um cansaço tão absoluto que anulava tudo, até a repulsa. Então, desliguei a água. No silêncio que se seguiu, ouvi apenas a minha própria respiração e, distante, o leve ronco vindo do quarto.
