O domingo amanheceu sob um sol pálido e uma umidade que parecia grudar na alma. Eu não havia dormido bem. As imagens daquela viagem — a pele negra de Mariana contrastando com os lençóis brancos e a intensidade autoritária de Camila — formavam um caleidoscópio de luxúria que me isolava do mundo real. No entanto, havia uma missão pragmática e urgente antes que o dia avançasse: a pílula.
Marília, minha esposa, preparava o café com a serenidade de quem vive em um mundo de certezas. Ela me sorriu, um sorriso que um dia foi meu porto seguro, mas que agora parecia uma acusação silenciosa de tudo o que eu escondia.
— Vou precisar dar um pulo na empresa, amor. Aquele servidor de backup da filial deu erro na sincronização noturna — menti. A mentira fluiu com uma precisão técnica, sem gaguejos, sem hesitação. Eu estava ficando perigosamente bom nisso.
O Encontro no Domingo: Entre o Medo e o Deleite
Combinei de encontrar Mariana em um posto de combustíveis desativado na saída da cidade, um lugar onde o asfalto rachado e o mato alto serviam de moldura para a clandestinidade. Quando estacionei à sombra de uma mangueira antiga, vi o vulto dela. Mariana usava um vestido de malha amarela, curto e justo, que ressaltava cada curva do seu corpo moldado pela musculação. Seus cabelos cacheados estavam presos para o alto, expondo o pescoço longo e a pele negra que parecia absorver toda a luz ao redor.
Ela entrou no carro rapidamente, o rosto carregado de uma seriedade que não combinava com seus vinte anos.
— Você trouxe? — a voz dela era um fio, carregada de uma ansiedade que a fazia tremer levemente.
Entreguei a pequena caixa. Ela abriu a embalagem com dedos nervosos, pegou a garrafa de água e engoliu o comprimido como se estivesse selando um pacto. O alívio que se seguiu foi quase físico. Ela soltou o ar dos pulmões, fechou os olhos por um segundo e, quando os abriu, a Mariana moleca e provocadora estava de volta.
— Sabe, Renato... eu passei o sábado inteiro sem saber se você ia aparecer ou se ia me bloquear e fingir que eu nunca existi — disse ela, voltando a inclinar o banco do carona. — Mas agora que o susto passou, eu percebi que o meu corpo não esqueceu o que você fez. Eu ainda sinto você em mim.
Ela não esperou resposta. Com um movimento ágil, Mariana subiu no meu colo. O vestido subiu até a cintura, e a visão daquela nudez sob a luz do dia, protegida apenas pelo insulfilm escuro, foi o suficiente para apagar qualquer resquício de culpa. Ela não usava calcinha, uma provocação clara ao nosso encontro anterior.
— Mariana, aqui não... — tentei dizer, mas minha mão já apertava a carne firme de sua coxa.
— Cala a boca e me come, Renato. Eu quero sentir a diferença entre o medo e o prazer — sussurrou ela no meu ouvido, mordendo o lóbulo com força.
A transa dentro do carro foi rápida, ruidosa e selvagem. O espaço apertado forçava um contato bruto, pele contra pele, o suor de Mariana misturando-se ao meu enquanto ela cavalgava com uma energia que misturava a inocência da descoberta com a audácia de quem acabara de quebrar um tabu. Quando finalmente descarreguei dentro dela e novamente sem proteção—Mariana soltou um riso vitorioso, deu-me um beijo molhado e saiu do carro, deixando para trás o cheiro de sua juventude e suas pernas escorrendo o nosso prazer.
Duas Semanas de Distância e o Cerco de Camila
As duas semanas que se seguiram foram um exercício de tortura mental. Mariana entrou em período de provas finais na faculdade e o estágio ficou em segundo plano. Mal nos víamos, e as poucas mensagens eram rápidas e burocráticas. Eu sentia falta daquela energia vibrante, mas o silêncio de Camila era o que mais me perturbava.
Camila passou a ser um fantasma no escritório. Ela não apenas me ignorava; ela me evitava fisicamente. Se eu entrava no elevador, ela saía. Se eu chegava ao café, ela abandonava a xícara pela metade. Essa distância, porém, não era de indiferença. Era a tensão de uma corda prestes a arrebentar.
Finalmente, eu a encurralei no estacionamento subterrâneo ao final de uma quinta-feira chuvosa. Ela estava encostada em seu carro, com o semblante desgastado, longe da imagem de "mulher de ferro" que costumava projetar.
— Camila, chega. O que está acontecendo? Esse silêncio está me matando — eu disse, parando a poucos centímetros dela.
Ela levantou os olhos, e vi neles uma mistura de luxúria e uma crueldade que eu ainda não conhecia.
— Você estragou a minha vida, Renato — disse ela, a voz baixa e cortante. — O que você fez naquela viagem... o jeito que você me possuiu, a força do seu corpo, a sua dimensão... você subiu o sarrafo a um nível que eu não sabia que existia. Eu voltei para casa e não consegui mais olhar para o Maurício.
Ela respirou fundo, e o que se seguiu foi uma confissão que me deixou gélido.
— Eu comecei a cobrá-lo. Comecei a exigir que ele fosse pelo menos uma sombra do que você foi. Que ele tivesse o seu vigor, a sua pegada. Ele tentou, coitado, mas ele é um homem comum, Renato. Ele não tem a sua fome. Eu explodi. Eu contei tudo para ele. Contei que te conheci, contei o que fizemos no hotel, contei os detalhes do anal... contei como você me preenche de um jeito que ele nunca chegou perto.
— Você enlouqueceu? Por que contou isso a ele? — eu perguntei, chocado.
O Lado Sádico e a Proposta Indecente
Camila soltou uma risada seca, quase sádica.
— Porque eu queria que ele sentisse o que eu sinto: insuficiência. Eu pedi a separação, mas o Maurício... ele é um fraco. Ele chorou aos meus pés. Disse que me ama mais do que o próprio orgulho. Ele disse que, se ele não consegue me satisfazer, ele aceita que eu tenha você. Ele aceita dividir o meu corpo para não me perder.
Mas ainda estou em dúvida, não sei se é o certo a se fazer, com todos os nossos problemas, ainda amo o Mauricio, e não sei se ele aguenta o que me propôs. Ela se aproximou, e eu senti o calor de sua respiração, mas eu fico molhada só de pensar nele nos assistindo. O sadismo em seu olhar era palpável. Ela sentia um prazer doentio em saber que está destruído a masculinidade do marido e que ele, em sua submissão, havia se tornará um espectador da própria traição.
— Mas, como disse, ainda duvido que ele aceite — continuou Camila, deslizando a mão pelo meu peito. — Eu acho que ele está ganhando tempo para me segurar. Então, acabei de ter uma ideia. Eu quero que você vá à minha casa. Sim, na nossa casa, na nossa cama. Eu quero que você me tome lá, de todos os jeitos, com toda a sua força, inclusive com o anal que você gosta. Eu quero que ele ouça. Quero que ele sinta o peso real da escolha que fez. Quero ver se o amor dele resiste ao som do meu prazer com outro homem.
Fiquei mudo. A proposta era de uma perversidade extrema. Camila queria usar o meu corpo como uma arma de tortura psicológica contra o marido. Mas, enquanto meu cérebro processava a crueldade da situação, meu corpo respondia àquela perversão. O pensamento de possuir Camila na cama que ela dividia com o marido, com ele ciente de tudo, era um combustível afrodisíaco potente demais para ser ignorado.
— Você quer que eu seja o seu instrumento de tortura? — perguntei, a voz rouca.
— Eu quero que você seja o homem que ele nunca será. Ele vai marcar o dia. Ele mesmo vai ter que abrir a porta para você — disse ela, com um sorriso que não tinha nada de doce — se der certo, terei o melhor dos dois mundos.
O Fantasma da Culpa e o Caminho Sem Volta
Naquela noite, entrei em casa e encontrei Marília lendo um livro na sala. Ela se levantou e me deu um beijo suave, um beijo que carregava a história de dez anos de companheirismo.
— Você parece cansado, Renato. O trabalho está te consumindo — disse ela, acariciando meu rosto com uma ternura que quase me fez querer chorar.
Eu jantei em silêncio, cada garfada pesando como chumbo. Olhava para Marília e via a pureza de uma vida que eu estava prestes a implodir. Eu estava dividido entre dois mundos: o lar calmo e amoroso com a mulher que eu jurara proteger, e o abismo de perversão e adrenalina que Camila e Mariana me ofereciam, mas acredito hoje, que no fundo, tinha alguma coisa errada na servidão de Marilia,
pela primeira vez, a ideia de separação não foi um susto, mas uma conclusão lógica. Como eu poderia continuar ali, fingindo ser o marido perfeito, enquanto planejava invadir a casa de outro homem para possuir sua esposa de forma sádica? Eu estava me transformando em algo que não reconhecia mais no espelho, não era tão canalha assim.
Eu era um viciado na nova sensação de poder que essas mulheres me davam. Mariana me dava a juventude e a descoberta; Camila me dava o domínio e a quebra de todas as regras. E Marília... Marília me dava a verdade que eu já não suportava encarar.
O jogo estava armado. O convite para a casa de Camila era o ponto de não retorno. E eu, escravo do meu próprio desejo, sabia que atenderia ao chamado.