A manhã na pousada começou com uma temperatura amena, mas o clima na mesa do café da manhã era gélido. Quando cheguei ao salão, Mariana já estava lá, sentada a uma mesa pequena, mexendo nervosamente em um pedaço de bolo. Assim que me viu, seus olhos brilharam por um segundo — um misto de cumplicidade e o brilho de quem ainda sentia os resquícios da noite anterior no próprio corpo.
— Bom dia, Renato — disse ela, a voz um pouco mais baixa que o normal.
— Bom dia, Mari. Dormiu bem? — perguntei, sentando-me à frente dela.
Antes que ela pudesse responder, o som de saltos batendo contra o piso de madeira anunciou a chegada de Camila. Ela não estava com o semblante de quem havia descansado. Seus olhos estavam levemente inchados, e a postura era de uma rigidez militar.
— Bom dia — disse ela, curta e grossa, sem olhar diretamente para mim.
— Bom dia, Camila. A enxaqueca passou? — tentei ser gentil.
Ela puxou a cadeira com uma força desnecessária. — Passou, Renato. Mas o que não passou foi a minha surpresa ao acordar às três da manhã, procurar pela minha estagiária para pedir um remédio e perceber que a cama dela estava intacta. E mais surpresa ainda fiquei quando, ao abrir a porta do corredor para ir à recepção, vi a Mariana saindo do seu quarto com o cabelo todo desgrenhado.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Mariana ficou instantaneamente da cor de um pimentão, baixando a cabeça e focando intensamente na sua xícara de café. Eu senti o sangue gelar, mas mantive o rosto impassível.
— A Mariana estava sem sono e subiu para terminarmos de alinhar os relatórios da rede — menti, com a maior naturalidade que consegui reunir. — Acabamos perdendo a hora conversando sobre o treinamento de hoje.
Camila soltou uma risada seca, desdenhosa. — Relatórios. Sei. Engraçado que o treinamento de hoje é responsabilidade minha, e ela não me mencionou nada sobre essas dúvidas.
O restante do café foi um exercício de tortura. Camila não tocou na comida. Apenas tomou um café preto, forte como o seu humor, e manteve o olhar fixo no horizonte. Mariana estava visivelmente constrangida, sem entender por que a supervisora, que sempre fora tão profissional, estava agindo como uma namorada traída. Afinal, para Mariana, Camila era apenas uma colega de trabalho casada. Ela não sabia do que havia acontecido entre nós naquele motel semanas atrás.
O Dia de Trabalho: Cordas Esticadas
O dia na filial foi um teste de paciência. Como técnico de TI, eu precisava transitar entre os setores, e inevitavelmente cruzava com as duas. Mariana estava agindo como se pisasse em ovos. Sempre que Camila se aproximava, a menina se encolhia.
— Mariana, eu pedi esses arquivos há dez minutos! — ouvi Camila esbravejar na sala de reuniões. — Se você estivesse mais focada no trabalho e menos em "relatórios noturnos", já teria terminado.
Eu entrei na sala para ajustar o projetor e o clima pesou instantaneamente. Camila me ignorou completamente, focando na tela do notebook, mas suas mãos tremiam levemente. Mariana me lançou um olhar de socorro. Eu queria confortá-la, mas sabia que qualquer gesto em sua direção seria como jogar gasolina no fogo de Camila.
Na hora do almoço, Camila se recusou a ir conosco. Disse que tinha muito o que organizar e que não estava com fome. Comi com Mariana em um restaurante próximo.
— Renato, eu fiz algo errado? — Mariana perguntou, genuinamente preocupada. — Ela nunca falou assim comigo. Parece que ela me odeia agora.
— Não é você, Mari — respondi, tentando acalmá-la. — O trabalho está estressante, e a viagem cansa. Deixa que eu falo com ela mais tarde.
A tarde seguiu o mesmo ritmo. Camila distribuía ordens secas e evitava qualquer contato visual comigo. Porém, sempre que eu passava por ela, sentia seu olhar queimando minhas costas. Era o ciúme em sua forma mais pura e irracional, alimentado pela incerteza e pelo sentimento de posse que ela não deveria ter, mas claramente nutria.
O Confronto Noturno
Voltamos para a pousada no final da tarde. Mariana, sentindo a hostilidade, disse que ia pedir algo no quarto e dormir cedo. Eu sabia que precisava resolver aquilo. Esperei uma hora e fui até o quarto delas. Bati suavemente.
Quem abriu foi Camila. Ela já estava sem o blazer, apenas com uma blusa de seda branca que marcava levemente os ombros, e os cabelos soltos.
— O que você quer, Renato? — perguntou, bloqueando a porta.
— Precisamos conversar. Onde está a Mariana?
— Tomando banho. E não, você não vai entrar.
— Então vamos para o meu quarto. Agora.
Ela hesitou, mas a curiosidade e a raiva falaram mais alto. Ela me seguiu pelo corredor em silêncio. Assim que entramos no meu quarto e eu fechei a porta, o vulcão entrou em erupção.
— Você não tem vergonha? — ela começou, a voz trêmula de fúria contida. — Uma menina, Renato! Uma estagiária! Você não consegue se controlar?
— Camila, do que você está falando? Nós dois somos adultos, nós...
— Nós tivemos algo! — ela interrompeu, aproximando-se e apontando o dedo para o meu peito. — No motel, você disse que... você agiu como se eu fosse especial. E agora, na primeira viagem que fazemos, você coloca a menina para dentro do quarto? Eu passei a noite em claro ouvindo o silêncio do corredor, imaginando o que você estava fazendo com ela na mesma cama onde, talvez, pudéssemos estar juntos.
Aproximei-me, diminuindo o espaço entre nós até que eu pudesse sentir o calor que emanava de seu corpo. — Você está com ciúmes, Camila? É isso? Uma mulher casada, que diz que o que aconteceu foi "apenas uma vez", está tendo uma crise de ciúmes por causa de uma estagiária?
— Estou! — ela gritou, e logo em seguida cobriu a boca, percebendo o que tinha admitido. Seus olhos se encheram de lágrimas. — Eu me senti trocada, Renato. Senti que eu era apenas mais uma na sua lista de conquistas de escritório. E ver ela saindo daqui... doeu mais do que eu esperava.
A Sedução da Reconciliação
O ódio nos olhos dela começou a se transformar em outra coisa. A raiva é um combustível muito próximo do desejo. Eu segurei seus pulsos gentilmente e a encostei na parede.
— Você não foi trocada — sussurrei perto do seu ouvido, sentindo-a estremecer. — A Mariana foi um acaso. Mas o que eu sinto quando olho para você... o jeito que você me desafia, essa sua autoridade que eu morro de vontade de quebrar... isso ela não tem.
— Você é um canalha — ela murmurou, mas sua cabeça se inclinou para o lado, expondo o pescoço.
— Talvez — respondi, roçando meus lábios na pele macia de sua nuca. — Mas sou o canalha que você não conseguiu esquecer desde aquele dia.
Passei minhas mãos pela cintura dela, subindo lentamente pela seda da blusa. Camila soltou um suspiro pesado, a resistência derretendo. Ela soltou os pulsos do meu aperto e envolveu meu pescoço, puxando-me para um beijo urgente, faminto. Não era um beijo delicado; era um beijo de posse, de quem queria apagar qualquer rastro de outra mulher da minha memória.
Nossas línguas se encontraram em uma dança frenética. Eu a suspendi, e ela instintivamente entrelaçou as pernas na minha cintura. Caminhei com ela até a cama, deitando-a com cuidado, mas sem interromper o contato.
— Eu odiei cada segundo do dia de hoje — ela confessou entre beijos, enquanto eu abria os botões de sua blusa. — Eu queria gritar com você, queria te bater... e queria que você me calasse desse jeito.
Quando a blusa se abriu, revelou um sutiã de renda preta que contrastava lindamente com sua pele clara. Camila era uma mulher feita, com curvas que exalavam maturidade. Seus seios, mais fartos que os de Mariana, subiam e desciam com a respiração ofegante.
O Ápice
Eu a despi com uma reverência quase ritualística. Cada peça de roupa que caía parecia remover uma camada de sua máscara profissional. Ali, sob a luz suave do abajur, ela não era a supervisora estressada; era apenas Camila, entregue ao desejo e pela primeira vez em minhas mãos.
Comecei a beijar seu corpo, descendo pelo ventre, sentindo-a arquear as costas. O perfume dela, uma mistura de baunilha com o suor leve da tensão do dia, era embriagante. Quando cheguei à sua intimidade, percebi que ela já estava completamente pronta para mim e diferente do dia no motel, totalmente depilada, como se já estivesse me esperando. O ciúme a havia deixado em um estado de excitação latente o dia todo.
— Por favor, Renato... agora — ela implorou, as mãos perdidas no meu cabelo.
Eu me posicionei. O contraste era nítido na minha mente: se com Mariana havia sido algo novo e quase experimental, com Camila era uma guerra de forças, uma conexão profunda de quem já conhecia os atalhos do prazer do outro, embora fosse nossa primeira vez.
Entrei nela com força, preenchendo-a totalmente. Camila deu um grito abafado contra o travesseiro, suas unhas cravando-se nos meus ombros. O ritmo era intenso, quase selvagem. Cada estocada era uma resposta às provocações do dia, uma forma de dissipar toda a raiva e o mau humor.
Puta que pariu
— Você é minha, Camila — eu disse, olhando fixamente nos olhos dela, que brilhavam com a luxúria. — No escritório, na viagem, em qualquer lugar. Entendeu?
— Sim... — ela arquejou, o rosto corado. — Só sua.
O som dos nossos corpos se encontrando era o único barulho no quarto. O suor fazia nossas peles grudarem, criando uma sinfonia de prazer. Eu sentia as contrações dela começando, um sinal de que o ápice estava próximo. Aumentei a velocidade, sentindo o calor apertar cada vez mais.
Camila atingiu o orgasmo primeiro, o corpo tremendo violentamente enquanto ela sussurrava meu nome como um mantra. Ver a entrega dela foi o gatilho final. Eu me deixei ir logo em seguida, sentindo uma descarga de adrenalina e prazer que parecia purificar toda a tensão acumulada.
O Pós-Tempestade
Minutos depois, estávamos abraçados, cobertos apenas por um lençol fino. O silêncio agora era confortável.
— Amanhã você vai ser legal com a Mariana? — perguntei, acariciando o braço dela.
Camila deu um sorrisinho cansado, a feição finalmente relaxada. — Vou. Vou tentar não ser a "bruxa" do escritório. Mas não espere que eu vire a melhor amiga dela.
— Justo.
— Renato? — ela me chamou, a voz sonolenta.
— Oi?
— Se eu descobrir que ela entrou aqui de novo... eu não respondo por mim.
Ri baixo e a puxei para mais perto. A viagem ainda não tinha acabado, e eu sabia que manter o equilíbrio entre aquelas duas mulheres seria o meu maior desafio técnico até agora.