NECROFILIA NO TANATÓRIO LUXOR

Um conto erótico de Rico Belmontã
Categoria: Heterossexual
Contém 1002 palavras
Data: 20/11/2025 13:24:08

Marbella, 3:07 da madrugada.

O ar condicionado do Tanatório Luxor sopra um vento gelado que cheira a rosas mortas e desinfetante industrial. Laura desce a escada privativa de mármore negro, salto agulha ecoando como tiros abafados. Vestido preto justo, sem nada por baixo, só uma aliança de ouro branco manchada de sangue seco do próprio dedo (ela apertou tanto nos últimos dias que cortou a carne).

Don Rafael a espera na porta da Sala Âmbar com um tablet nas mãos.

“Víctor está perfeito. Acabamos a maquiagem há duas horas. Temperatura interna 5,8 °C. Rigidez total em seis horas, mas injetamos 12 ml de solução especial no corpo cavernoso. Vai aguentar o que a senhora quiser fazer com ele.”

Ele entrega a maleta de couro preto e a chave magnética.

“Noventa minutos a partir de… agora.”

A porta blindada se fecha com um clique suave. Tranca automática. Câmeras 8K em quatro ângulos, áudio direcional, infravermelho. Tudo já rodando.

Laura respira fundo.

O caixão está no centro, iluminado por cima como uma joia. Víctor parece estar dormindo um sono pesado com ressaca de champanhe. Cabelo penteado para trás, barba feita, terno Armani azul-marinho que ela mesma escolheu para o enterro. As mãos cruzadas sobre o abdômen, dedos entrelaçados. Ela se aproxima devagar, como se ele pudesse acordar assustado.

Primeiro toque: os lábios nos lábios dele. Frios, mas ainda macios. Ela enfia a língua, sente o gosto de bálsamo cereja e formol. Abre a boca dele com os polegares, introduz a língua até o fundo, lambe o céu da boca rígido. Desce beijando o queixo, pescoço, abre o primeiro botão da camisa, o segundo, até expor o peito liso, sem pêlos, ligeiramente arroxeado na região esternal.

Ajoelha-se.

Desce o zíper da calça devagar, o som metálico ecoando na sala. O pau aparece rígido, roxo-azulado, veias saltadas. Ela o segura com as duas mãos como se fosse algo sagrado, aproxima o nariz, inala o cheiro de morte inodora. Abre a boca e o engole inteiro, sente a glande fria bater na garganta. Chupa com força, tentando sugar uma vida que não existe mais. Cospe, lambe os ovos duros como mármore, enfia a língua no prepúcio que não retrai mais.

Levanta-se, puxa o vestido até a cintura, sobe no caixão com um joelho de cada lado do quadril dele. Segura o membro agora duro pela injeção e desce de uma vez. A buceta quente engole o pau morto até o talo. Ela começa a rebolar devagar, depois quica mais rápido, mais forte, mais firme. A cada descida sente os ossos da bacia dele cederem um milímetro, um estalo seco, quase inaudível. Goza a primeira vez ali mesmo, apertando os próprios mamilos até doer, gemendo alto o nome dele como se ele pudesse ouvir.

Não era suficiente.

Pega a maleta, abre, tira o bisturi número 22. A lâmina brilha sob a luz fria. Com a calma de quem já ensaiou aquilo mil vezes na cabeça, faz uma incisão perfeita do esterno até dois dedos acima do púbis. A pele se separa como seda molhada. O cheiro de formol e vísceras conservadas invade o ambiente. Ela afasta as bordas com as mãos, mete os braços até os cotovelos. Sente o coração parado, grande, pesado. Acaricia. Desce até o fígado, ainda morno do conservante. Arranca um pedaço do tamanho de um punho, leva à boca, morde. O gosto é metálico, químico, divino. Mastiga olhando direto nos olhos vidrados de Víctor, pupilas dilatadas para sempre.

Com a barriga aberta, ela sobe de novo em cima dele, agora sentada diretamente sobre as entranhas expostas. O intestino delgado desliza para os lados como serpentes rosadas. Ela rebola, esfregando o clitóris nas costelas quebradas, metendo três dedos no próprio cu enquanto a outra mão ainda segura o pedaço de fígado meio mastigado. Goza uma segunda vez com uma das costelas dele penetrando a xoxota, mais violento, esguichando fluido quente que escorre e se mistura com o líquido rosa do embalsamamento.

Para o ato final ela se deita de costas sobre o corpo dele, peito com peito, boca com boca. Puxa o pau morto para dentro da buceta outra vez, agora com a cavidade abdominal dele aberta contra as costas dela. Empurra para trás com força até ouvir a coluna vertebral estalar como gravetos secos. Enfia a mão direita inteira na cavidade torácica, agarra o coração parado e aperta, aperta, como se pudesse espremer um último batimento, um último jorro de sangue que nunca virá. Goza pela terceira vez, o corpo convulsionando, gritando o nome dele, que ele a fodesse, até a voz falhar.

Quando o alarme discreto toca (cinco minutos para o fim), ela ainda está em cima dele, o coração dele sendo esfregado na vulva. Levanta devagar. O cadáver parece ter sido devorado por dentro. Laura limpa as mãos ensanguentadas no paletó Armani, ajeita o vestido, recompõe o cabelo. Beija a testa fria uma última vez.

“Te vejo amanhã no enterro, amor. Vou sentar na primeira fila e gozar de novo em casa só de lembrar.”

A porta se abre. Don Rafael entra com uma equipe de tanatopraxia de emergência: agulha, linha grossa, maquiagem industrial. Em quarenta minutos Víctor estará impecável de novo, costurado, cheirando a rosas. Ninguém na família vai notar nada além de um leve inchaço abdominal que será explicado como “gases post-mortem”.

Don Rafael verifica o cartão de memória da câmera.

“Close-ups perfeitos do fígado, áudio cristalino dos ossos quebrando. Vou colocar a 350 mil euros no leilão privado. Título: ‘Viúva devora marido em 8K – Edição sem cortes’.”

Laura sai do tanatório às 4h52, salto alto clicando no mármore. O céu de Marbella começa a clarear. Ela acende um cigarro, inspira fundo, sente o gosto de morte e sangue na boca.

Amanhã será o enterro.

E ela já reservou outra “visita íntima” para depois da cerimônia, dentro do próprio cemitério, no jazigo da família. Mais 10 mil euros para Don Rafael.

Porque amor de verdade não acaba com a morte.

Só fica mais frio. Mais duro. Mais perfeito.

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