Cinco horas da manhã, finalizei uma reunião com a minha equipe de coordenação, agradeci e me despedi de todo o pessoal. Eles foram verdadeiros guerreiros naquele plantão conturbado e, em vinte e quatro horas, tudo estava, não resolvido, mas controlado e bem amarradinho.
No caminho para casa pensei: Júlia, Kaique e Milena ainda estão dormindo, então, se eu der uma corridinha agora, chego em casa num horário em que poderei dar um beijinho neles antes de descansar... E assim fiz.
Quando finalizei o percurso e já voltava para onde o carro estava estacionado, pensei em comprar uma água de coco. Havia um ambulante na frente de um bar e fui me aproximando; quando cheguei, os planos mudaram.
Eu estava há mais de 24h sem medicação, o que me dava certa liberdade. Olhei para meu relógio e ele marcava seis em ponto. Isso me deixou um pouco receosa, mas foda-se... Eu merecia. Entrei no bar e pedi uma gelada!
Apesar do olhar de julgamento do garçom, recebi uma risada de compreensão de um senhor mais velho, que, pelo que percebi, era o gerente ou dono do estabelecimento, e foi ele quem me serviu.
— Dia difícil? — O querido perguntou.
— Dia difícil vencido! — completei, rindo.
Ao sair de lá, comprei a água de coco e finalmente fui para casa. Assim que cheguei, tomei uma ducha gelada e os primeiros que encontrei foram Kaká e Mih, que estavam em aula. Tenho certeza de que eles não prestaram atenção em nada do que a professora dizia, porque ficamos muito tempo agarradinhos conversando.
Quando subi, Juh ainda estava dormindo... E eu tive uma belíssima visão: ela estava com um travesseiro entre as pernas. Usava um lindo, curto, na medida certa e extremamente sexy baby doll rendado na cor marrom.
Sinceramente? Eu a engoliria sem mastigar naquele momento!
Assim que deitei, ela se virou para o meu lado, deixando o travesseiro de lado e tomou meu corpo em um abraço.
— Que bom que você chegou, amor — ela disse, bem rouca, e depositou alguns beijos em meu rosto com os olhinhos ainda fechados.
— Que saudade de você e desse abraço apertado — falei, puxando-a para mais perto.
Dentro dos carinhos e sentindo o cheirinho gostoso da minha esposa bem próximo do meu nariz, eu dormi.
Acordei com a gatinha exalando elegância em um look mais sério. Ela escrevia um bilhetinho, sem perceber que era observada, e ao meu lado havia uma bandeja de café da manhã. Nos pequenos detalhes dá para perceber o jeito preocupado de Juh com tudo. O meu café estava numa caneca térmica para não esfriar, e todo o restante embalado em plástico filme.
— Quem vai tirar essa gostosa logo agora que eu voltei para casa? — perguntei, fazendo-a me notar.
Juh riu e, deixando a caneta de lado, me beijou.
— Parece que as aulas vão voltar em setembro. Marcaram uma reunião de emergência e me ligaram. Alguns funcionários provavelmente voltam em agosto — ela me explicou.
— Huuuum, então eu não vou ter um sexo gostosinho para levantar disposta? — perguntei, apertando sua bunda.
— Se você soubesse como eu tive vontade de te acordar hoje, nem mencionava a palavra sexo — ela disse, rindo timidamente.
— Deveria ter me acordado, eu adoraria... — falei, sugando seu lábio inferior com força.
— Você precisava descansar... — Júlia disse.
— Eu faria questão de gastar um pouco mais de energia — brinquei e dei um tapa em seu bumbum.
— Não quero dirigir, Victor disse que me leva e me busca — Juh mudou de assunto, rindo de mim.
— Deixa que eu te pego, amor, só me diz o horário — pedi.
— Kaique e Milena têm uma consulta hoje à tarde, 13h, e eu saio 15h. Acho que dá tempo você me pegar — ela disse.
— Anotado, minha gatinha, 15h eu te pego e, se Deus quiser, a noite inteira também — confirmei e a beijei por mais uns segundos, enquanto ela ria das minhas gracinhas.
Minha amada foi trabalhar, eu tomei o cafezinho delicioso que ela preparou para mim e dormi novamente.
Meu dia anterior foi extremamente desgastante, tanto psicologicamente como fisicamente. Meu corpo estava cansado e aquele soninho se estendeu por mais tempo do que deveria.
Perdi o horário do médico de Milena e Kaique e acordei um pouco depois do horário combinado com Juh. Havia umas mensagens e duas chamadas perdidas dela.
Levantei maluca, corri desesperadamente para o carro e Mih e Kaká me acompanharam quase na mesma velocidade, querendo saber o que havia acontecido.
— Mãe, o que houve??? — Kaique perguntou.
— Aconteceu alguma coisa com a mamãe? — Milena perguntou.
— Perdi o horário de ir buscá-la e esqueci da consulta de vocês... Vou correr para encontrá-la no colégio, se comportem — falei, e eles pareceram mais aliviados.
— Boa sorte — Kaique brincou e eu ri.
Mandei mensagem dizendo que já estava chegando e que peguei um pequeno trânsito no percurso. Quando finalizei, passou um ambulante vendendo tulipas naturais; tentei buscar na memória e não me recordava de já ter dado tulipas para o meu amôzinho.
Pedi que ele fizesse um pequeno buquê com flores nas cores vermelho e branco. Ficou lindo e eu coloquei no banco de trás.
Cheguei na frente do colégio e ela estava com um bico imenso, claramente chateada com a situação.
— Desculpa, amor... Dormi demais... — tentei.
— Eu ia chamar um Uber, não precisava vir — ela respondeu, séria.
— Gatinha, desculpa... Eu vacilei em não colocar um despertador... — comecei dizendo.
— Chega, Lorena, depois a gente conversa — Júlia falou, enfaticamente.
— Amor, eu estava cansada... Eu sei que vacilei, mas pensa um pouquinho no meu lado — pedi, tentando amenizar.
— Você não precisava vir, eu já tinha falado com Victor. Era só para você levar nossos filhos ao médico, mas não, você quis resolver tudo do seu jeito, como sempre — Juh falou, começando a chorar.
— Não precisa falar assim também, eu só queria ajudar — tentei, mais séria, ainda com a mão na coxa dela, fazendo uma espécie de carinho.
— Como foi a consulta? — Juh perguntou, enxugando as lágrimas.
Foi aí que percebi que Júlia achava que eu tinha dormido depois de levar Kaká e Mih ao médico, e não que eu perdi também esse compromisso.
— Então... Você vai precisar me desculpar por isso também, porém fique tranquila que eu resolvo. Vou remarcar e os levo, seja qual for o dia, afinal não são urgentes — falei, sentindo meu coração acelerar a cada palavra que saia da minha boca.
— Eu não acredito nisso, Lore... De verdade, primeiro você some por causa do trabalho, depois esquece os compromissos... Assim não dá! — ela disparou, tentando se controlar para não voltar a chorar.
Foram palavras que inicialmente me chatearam, mas isso não durou muito porque tenho certeza que a mulher compreensiva com quem casei não é assim. Pelo contrário, quando há esse tipo de emergência, é ela quem cuida de mim. Me envia mensagens perguntando sobre minha alimentação, me lembra de me hidratar, aparece do nada para me dar um beijinho com um lanche que fez achando que me faria bem. Que me enche de carinho até eu dormir e faz questão de me contar cada detalhe do que fez com nossos filhos enquanto eu estava fora, o tanto que sentiram minha falta e os planos que fizeram para quando eu chegasse.
Juh estava alterada pela medicação, com seus nervos aflorados. Eu tinha certeza disso!
Como houve uma quebra na nossa rotina no dia anterior e, de certa forma, também naquele dia, era provável que aquilo a estivesse sufocando. Na minha visão, ela precisava do meu contato, contudo, como fazer isso se ela estava revoltada comigo?
Eu não sabia...
— Amor... Se acalma um pouquinho, já estamos chegando e eu vou resolver essa pendência dos meninos... — pedi, aumentando a intensidade do carinho.
Nesse momento, ela tirou minha mão de sua coxa e cruzou os braços.
— Eu devia terminar contigo! — Juh exclamou com raiva.
Eu fiquei em silêncio, ela ficou muda e parecia perplexa com as palavras que proferiu.
Júlia se desesperou completamente, em um choro incontrolável.
— Desculpa, desculpa... Eu não sei o que aconteceu, eu nunca quero me separar de você, Lore... Você é o amor da minha vida... Eu realmente não sei por que me irritei com isso, mas estou com muita raiva — ela disse, com as mãos no rosto, morrendo de vergonha.
Tínhamos acabado de chegar, então estacionei o carro na garagem para termos mais privacidade.
— Está tudo bem, meu amor... Vem cá, colinho — falei, ajeitando o banco.
— Eu não devia ter dito isso, me perdoa... Por favor!!!! — Juh suplicava.
— Sabia que eu adoro recaída? Aaaaai, que saudade da minha ex!!! — brinquei e entreguei o buquê de tulipas.
E aí a mulher se derreteu de vez, veio para o meu colo e chorou por alguns bons minutos agarrada no meu pescoço, enquanto eu fazia carinho com as pontas dos dedos desde seu cabelo até suas costas.
— Eu te amo, meu amor, entendo que esse tanto de hormônio no seu corpo não deve ser fácil de aguentar, mas eu estou aqui com você sempre e nós nunca vamos nos separar... Tenho certeza de que foram esses hormônios falando por você. Eu sinto o seu amor em cada ato de afeto, nos seus silêncios, nos seus cuidados, no seu jeito de ser. Você me ama não só com palavras, mas com atitudes, e isso é o que importa para mim! — declarei.
— Você atrasou para comprar um buquê e eu agindo como uma ignorante com você... Eu sou uma imprestável, tóxica, mimada e incompreensiva... Eu não te mereço, Lore. Tudo que meus tios diziam ou dizem sobre mim é verdade... — Juh falou, com dificuldade e respiração alterada.
Aquilo partiu meu coração. Júlia é totalmente o oposto de tudo isso; ela é a personificação do que há de melhor neste mundo em que vivemos. É uma mulher preocupada, prestativa, cuidadosa nos mínimos detalhes, com um jeitinho doce natural, perceptível a cada um que interage com ela.
— Não, não, não... Por favor, gatinha, nunca mais repita isso na sua vida. Você é o contrário de tudo isso. Quem te conhece e não enxerga seus valores é quem tem problemas. Eu sou sortuda demais de ter você comigo. Sem você, minha vida seria incompleta. Quando estou atarefada, pensar na gente, nos nossos filhos, é a única coisa que me acalma. Quando não consigo evitar uma crise de ansiedade, você é a única que me ajuda a voltar ao controle. Você dá sentido a tudo e é a mulher da minha vida... Não aceito que você nem ninguém direcione qualquer adjetivo negativo a quem você realmente é. Isso vai passar. Vamos manter a calma e retornar à rotina que preparamos. Venceremos juntas mais essa etapa, tá bom? — finalizei, perguntando.
Juh nada disse, apenas acenou positivamente com a cabeça e voltou a me abraçar. Passamos mais de uma hora assim e, quando percebi que já estava tudo bem, comecei a dar uns beijinhos no topo de sua cabeça.
— Eu te amo, e não é só você quem tem sorte, eu tenho muito mais de ter te encontrado. Obrigada por tudo, amor... — minha gatinha disse baixinho.
— Eu também te amo, meu amor — falei, e Juh levantou o corpo para me beijar.
O beijo começou calmo, mas logo mudou de ritmo. Nossos corpos pareciam queimar mais que qualquer chama, um fogo visceral de desejo. Juh segurou minha cintura com firmeza, como se quisesse me fundir a si, enquanto meus braços envolviam seu corpo com a mesma urgência. Nossos lábios se moviam intensamente, explorando cada cantinho; eu me sentia desesperada por contato. A respiração faltava entre gemidos abafados, a pele dela arrepiava aos meus toques. Seus dedos passearam pelo meu pescoço, deslizando para meus cabelos, enquanto eu deslizei minhas mãos para sua nuca, puxando-a mais perto, intensificando a necessidade crua de sermos uma só. Foi um beijo carregado de necessidade, um momento eletrizante. Meu corpo estava agitado, querendo mais da minha esposa e ali mesmo.
— Vamos subir? — ela me convidou.
— Não, vou te dar a primeira dose do que você precisa aqui, para liberar essa tensão, essa raiva e todas essas emoções. Está te faltando um sexo intenso e é isso que você vai receber, gostosa do caralho! — exclamei, dando um tapa e segurando a bunda dela com firmeza.
Juh gemeu e sorriu maliciosamente, tomando meus lábios mais uma vez. Enquanto ela tirava minha blusa e se divertia sugando meus seios, minhas mãos invadiram suas pernas por baixo da saia, arrastei a calcinha para o lado e enfiei meus dedos dentro de sua pepeca.
— Ain, ain — ela gemia, sentando deliciosamente.
Suas expressões estavam me deixando doida. Juh parecia estar ansiando exatamente por aquilo.
Aumentei o ritmo e tomei sua boca em um novo beijo, nossos lábios se encontrando com ainda mais pressa e voracidade. Nossos corpos colados e a respiração pesada se misturavam em suspiros e gemidos contidos, marcando o ritmo frenético daquele instante. A gente explodia em cada toque, em cada mordida suave, e nos suspiros abafados pelo beijo. Juh segurava meu rosto com força, puxando-me para mais perto, enquanto eu me deliciava aumentando cada vez mais a velocidade dos meus dedos, que agora a penetravam com mais rapidez. Sua pepeca contraía em resposta ao ápice da entrega; um gemido profundo escapou de sua boca, deixando seu melzinho escorrer por meus dedos.
Eu estava em ponto de bala; ver a maneira como minha esposa ficou foi eletrizante. Não existe nada que me excite mais do que isso; observar o prazer que proporciono é um dos estímulos que mais gosto.
Juh ficou num estado indescritível, totalmente entregue e com vontade. Ela realmente precisava liberar tudo aquilo de alguma forma e eu decidi que faria daquela tarde um verdadeiro dia do sexo.
Levei meus dedos à boca, sentindo e saboreando seu gostinho. Em nenhum segundo deixei de olhá-la nos olhos; eu queria que Júlia enxergasse todo meu desejo e satisfação em proporcionar a ela o primeiro orgasmo daquele dia.
Segurei seu queixo e a beijei com voracidade por um curto período.
— Vamos entrar, quero acabar com você hoje, gatinha — disse-lhe.
Entramos, Milena e Kaique vieram preocupados, querendo saber como a mamãe havia reagido, e Juh deu uma breve explicação, toda desconcertada que estava tudo bem; a gente ia tomar banho para conversar. Também os liberou para jogar porque, no colégio, receberam muitos elogios dos professores em relação a eles.
Assim que trancamos a porta do quarto, fomos tirando a roupa. Eu a empurrei na cama e ajoelhei-me para chupar sua pepeca. Minha língua deslizou lenta e firme, explorando cada parte, provocando gemidos deliciosos. Eu a chupava com vontade e precisão, ora circulava minha língua por seu clitóris, ora afundava com lentidão até onde conseguia. Sentia o arrepio percorrer seu corpo; os suspiros abafados por um travesseiro se transformaram em gemidos cada vez mais urgentes e sem controle. Ao mesmo tempo em que minha boca trabalhava com dedicação em sua pepeca, minhas mãos percorriam suas coxas, subindo até a curva dos quadris, segurando firme. O descontrole tomava conta dela: as pernas tentavam se fechar, as mãos puxavam meus cabelos como se quisessem me prender ali para sempre, sua respiração acelerava, os gemidos saíam sem freio, como se toda a tensão guardada viesse a se libertar naquele momento. Ela começou a tremer, seu corpo arqueou e, pela segunda vez, o orgasmo dela me deixou maluca.
Enquanto seu corpo estava ali inerte, eu fiquei contemplando com um sorriso no rosto. Juh parecia exausta, porém satisfeita.
Voltei a beijá-la e fomos nos posicionando melhor na cama. Devorei seus seios e suas mãos procuraram minha intimidade. Segurei firme sua nuca e subi com meu corpo para chupar seu pescoço. Ela pareceu perder qualquer resquício de força que havia sobrado.
— A-amor... Ain, isso está muito gostoso — Júlia balbuciou.
Nada respondi; prossegui com meus carinhos, me dedicando ao seu pescoço enquanto nossos corpos inevitavelmente roçavam. Agora ela gemia baixinho no meu pé de ouvido, dizendo que não ia aguentar muito tempo e que eu estava acabando com ela. Os suspiros contra minha pele eram completamente desgovernados, os ruídos da sua boca eram incompreensíveis às vezes, e suas expressões faciais eram um bálsamo para mim. Coloquei dois dedos nela e não os movimentei; eu a olhava de pertinho, contemplando sua face que se desmanchava de prazer.
Eu senti meu corpo todo enrijecer e uma forte corrente elétrica tomar conta de mim. Minha pepeca estava ensopada e eu sabia que iria gozar. Tomei seus lábios em um beijo animalesco e curvei meus dedos dentro dela, tocando onde precisava. Nós duas explodimos em um orgasmo devastador.
— Você me faz gozar das melhores maneiras possíveis, Júlia! — falei, soltando ainda mais meu corpo por cima do dela.
Quando senti que estávamos recuperadas, levantei e peguei a cinta que ela mais simpatiza e coloquei.
— Fica de quatro para sua esposa, fica — pedi, sorrindo maliciosamente.
Juh retribuiu com um riso safado, obedecendo devagar à minha solicitação, sensualizando em cada movimento que fazia.
Me posicionei atrás dela e comecei a estimular seu clitóris, que não demorou a corresponder. Coloquei o parker em sua intimidade e fui fazendo um vai e vem aos poucos, colocando cada vez mais centímetros dentro dela.
Minha gatinha gemia fraquinho, como se já estivesse esgotada.
— Rebola gostoso, safada — falei, dando um tapa em sua bunda.
Deliciosamente, de maneira lenta, Juh foi obedecendo. Segurei firme sua cintura e aumentei a velocidade, e alguns segundos depois o corpo dela caiu sem forças. Continuei no ritmo dos seus gemidos até que ela desaguou mais uma vez.
Deitei ao seu lado, completamente sem fôlego; Júlia juntou seu corpo ao meu. A beijei inteira, feliz da vida.
— Se sente mais tranquila, mô? — perguntei, rindo.
— Hoje foi intenso e muito... necessário... — Juh me respondeu, um pouco tímida.
Ela começou a fazer carinho no meu rosto e eu deitei sobre seu peito.
— Eu te amo, amor — ela me disse e eu a abracei.
— Eu também te amo muito, minha gatinha — respondi, beijando sua pele.
— Me desculpa mesmo por tudo... Juntou a saudade de você com a irritação no trabalho, o atraso, a consulta dos meninos e esses malditos hormônios... Quero que você me perdoe por tudo isso, você se matou de trabalhar, veio aqui em casa só para aplicar a medicação em mim e dar um beijo na sua família, comprou flores no caminho e eu não levei nada disso em consideração... Mas quero que você confie em mim e acredite que eu nunca, nunca mesmo colocaria um fim no nosso relacionamento. Eu te conheço e sei que você nunca vai agir sabendo que vai me machucar de alguma maneira. Foi um erro terrível e que eu nunca sequer cogitei, porque você é o que tenho de mais precioso na minha vida, e eu não troco a nossa família e o que conquistamos por nada nesse mundo — Júlia disse, deixando algumas lágrimas escaparem.
— Se é para aliviar sua mente, está perdoada, meu amor... Claro que foi desagradável ouvir tudo aquilo, contudo sabemos nos resolver... Olha a gente aqui, bem, conversando e esclarecendo os fatos! Inicialmente eu me chateei, mas logo lembrei que a gente tinha estabelecido uma rotina e que, pelas emergências dos nossos trabalhos, ela foi quebrada, então momentaneamente perdemos um pouco do controle da situação, o que é completamente normal desde que saibamos como contornar. Seus hormônios estão no talo, eu sou a pessoa que mais te conhece e sei que tudo que aconteceu foi por causa deles e das intercorrências na programação que fizemos para esses dez dias. Está tudo bem, tudo vai ficar bem e daqui a pouco, com fé em Deus, teremos um bebezinho crescendo bem aqui — falei e beijei sua barriga.
Nos beijamos e permanecemos abraçadas por um bom tempo, até que fomos tomar banho.
Enquanto Juh trocava os forros de cama, eu ia ajeitando o restante do quarto.
— Não consigo continuar — ela me disse, rindo, abraçada com os novos lençóis e fronhas.
— Seu mal era sexo, agora que ganhou, não consegue nem forrar a cama? Significa que fiz meu trabalho bem feito — brinquei e fui ajudá-la.
Trocamos tudo, almoçamos (ou jantamos, porque já passava das 17h) e deitamos para assistir a uma série, mas o sono nos venceu e acabamos dormindo um pouquinho.
Levantei e vi Milena e Kaique na piscina, brincando de vôlei.
— Boooora que amanhã não quero ninguém espirrando — falei, para que saíssem.
Consegui reagendar a consulta deles e avisei que sairíamos à tarde.
Após o banho, eles foram dar boa noite à mamãe, que seguia apagada pelo chá que tomou.
— A gente está com saudade, por favor, mãe... Deixa... — Mih pediu, com os olhinhos brilhando.
— Deixa a gente dormir aqui, eu fico quietinho — Kaká prometeu, mostrando os dedos.
— Duas condições — propus.
— A mamãe é minha e o café da manhã é com vocês — disse-lhes.
E silenciosamente eles comemoraram.
Milena se agarrou a mim, ficando no cantinho da cama, e Kaique deitou literalmente em cima de mim. Acredito que a intenção dele era ficar ali até terminarmos de conversar baixinho, porém ele acabou dormindo.
Mih e eu o reposicionamos entre nós duas, e ela o abraçou.
— Ele é muito neném, não é, mãe? — minha filha perguntou, rindo.
Eu concordei, rindo também, e dei um beijinho nos dois para que dormissem bem.
Cheguei para o lado e vi minha muié em sono profundo; a abracei e também peguei no sono. Na manhã do dia seguinte, acordei com uma foto nossa no status do WhatsApp de Júlia.
"Acordar assim não tem preço..." era a legenda.
Dei um beijinho de bom dia nela e, quando íamos levantar, nossos mordomos preferidos chegaram com o nosso cafezinho.
