Tudo começou em um domingo na casa da vó quando nós todos nos reunimos para um almoço em família.
- Um, dois, três… - Bia começou.
Corremos pela casa aos tropeções pelas pernas dos adultos. Entrei no quarto de tia Júlia, e me joguei no chão rolando para debaixo da cama.
Fui me acomodando no chão frio atrás da mala de viagem de tia Júlia sentindo cheiro doce do perfume dela em toda a parte do quarto.
Meu coração batia aos solavancos, e ao parar percebi um cheiro diferente perto de mim. Tentei virar mas acertei o alto da cabeça na grade de madeira da cama.
- Chiii… - ele fez para mim.
João era filho do meu tio que meus avós adotaram ainda quando era um bebê mas quase nunca tocávamos naquela história.
Ouvimos passos dentro do quarto. Eu e João nos deitamos de barriga para baixo, e encostamos o queixo no chão, olhando pela fresta abaixo da barra da colcha que cobria a cama.
- É a tia Julia… - sussurrei.
João tapou a minha boca com a mão dele e cortou os próprios lábios com o indicador mandando eu fazer silêncio.
As vozes de tia Júlia e tio Carlos eram sussurradas e percebemos que ele a empurrava contra a porta do quarto.
- Você é louco… - ela disse. - Se nós pegam aqui…
Ele descia as mãos pelas coxas dela dizendo:
- Olha como você me deixa… - e sorriram.
Meus olhos ardiam de tanto que eu os pressionava a continuarem abertos e o tanto de tempo sem piscar.
Meu coração parecia uma bateria cavando o chão do quarto.
João sorria com a cara toda até os olhos. Tio Carlos era casado com a tia Marta mãe de Bia nossa prima que estava pela casa nós procurando no pique esconde.
- A gente precisa voltar… - Julia disse.
Não conseguíamos ver nada além das pernas deles. As panturrilhas peludas dele e as lisas dela roçando.
Eles ficavam fazendo barulhos que não dava para ver o que era mas eu imaginava que fossem beijos.
Quando saíram do quarto, eu deslizei para fora mas o João continuou debaixo da cama sem querer sair.
- Depois eu vou… - ele disse se recusando a sair.
- Mas… o que é isso no seu short?
O cheiro forte que vinha de debaixo da cama e molhava o tecido do short dele me confundiram um pouco.
- Não é da sua conta!
- Você mijou nas calças? - Eu disse sorrindo.
João sempre foi terrivelmente sensível a qualquer sinal de gozação com a cara dele e ao me ver rindo da sua situação saiu e baixou o short na minha frente.
Ele já tinha pelos lá embaixo e mostrou o que era a marca do short.
A única reação que conseguir ter foi fazer um “O” enorme com a boca sem entender direito o que aquele líquido viscoso com cheiro de clara de ovo ou shampoo neutro significava, por que estava gotejando de dentro do pinto dele?
A cena de tia Julia traindo a irmã com o marido de tia Marta, desapareceu completamente da minha cabeça.
- A Bia vem vindo aí… - João gritou e se jogou para debaixo da cama.
Sem saber direito o que fazer, fiz a mesma coisa.
