Com vinte e sete anos, Paloma tinha uma carreira promissora. Formou-se com as melhores notas na faculdade e, em todas as empresas em que trabalhou, desempenhava suas tarefas com eficiência. Não durava muito tempo em uma empresa, pois logo uma maior a contatava. Era uma engenheira de produção dedicada que, por muito esforço, subiu os degraus da carreira rapidamente até chegar a uma empresa multinacional. Seu conhecimento do mercado, por rodar várias empresas, agradou muito os novos empregadores e seu desempenho rendeu um fruto inédito de assumir uma fábrica pequena, que o grupo havia comprado. Mais do que apenas uma nova responsabilidade, bem remunerada, Paloma se empolgou pelo fato de já ter trabalhado naquela fábrica quando ainda era estagiária. Era uma oportunidade de ouro mostrar um bom serviço em um espaço onde ela já dominava. A empresa foi comprada e havia uma cláusula onde os antigos donos continuariam trabalhando, respondendo a Paloma, que seria a chefe de todos. O cenário não podia ser melhor.
No dia de assumir a fábrica, foi até o lugar de carro, um sedan de luxo, que comprou após alguns anos fazendo economias. Ver os portões da fábrica de longe fez seu coração acelerar. Ao guiar o veículo por entre os galpões, sentiu-se voltando no tempo, para uma época em que era jovem, inconsequente e sem preocupações com o futuro. As reflexões sobre onde ela já esteve e onde ela chegaria a emocionaram.
Paloma desceu do carro e respirou fundo, como se quisesse absorver tudo daquele ambiente mais uma vez. Podia ouvir o maquinário da moagem de barro, as vozes de trabalhadores cantando enquanto faziam seu serviço. Olhava para os detalhes e se impressionava com o quanto tudo estava igual à época em que estagiou ali. Os cabelos castanhos, longos, ficavam presos em um coque. Seus olhos pretos, profundos, eram expressivos como seus sorrisos. Vestia-se profissionalmente com um terno cinza e uma blusa de seda vermelha, e a saia lápis marcava as curvas sensuais do seu quadril. O salto alto lhe deixava mais elegante, mas parecia inapropriado para caminhar no solo barento. Paloma, porém, conhecia tão bem o lugar que sabia exatamente onde pisar, mesmo que para isso fizesse o caminho mais longo.
Assim, pode olhar mais os galpões e percebeu as primeiras mudanças ao não reconhecer mais os trabalhadores. Se lembrou de que a empresa passava por problemas financeiros quando foi vendida e a troca da mão de obra experiente poderia ser reflexo disso. Paloma abriu um sorriso largo ao ver os ex-chefes em frente à pequena administração. Eduardo era alto, moreno, vestia um terno azul-marinho que, junto aos seus cabelos grisalhos bem cortados, lhe conferia um charme apesar de seus quarenta e oito anos de idade. Antes de reconhecê-la, tinha olhos para o quadril da moça mais nova que estava ali próxima. “Não mudou nada”, pensou. Danilo era um pouco mais baixo, tinha ombros mais largos, um rosto quadrado, um pouco mais jovial do que seu amigo, três anos mais velho. Vestia uma camisa social de mangas curtas, com alguns botões desabotoados. Junto a eles, outra mulher com um olhar um pouco perdido.
— Voltei, gente! — Disse Paloma, ao abraçar Eduardo.
— Fico feliz em te ver e saber que deixaremos nossa fábrica em boas mãos. — disse Eduardo, enquanto sutilmente apertava a cintura de sua ex-estagiária. Ao sentir a pegada firme em sua cintura, envolveu os braços nos ombros dele, em um abraço demorado.
— Não é assim, vocês vão continuar aqui me ajudando — respondeu Paloma, enquanto ia abraçar Danilo.
— Sim, querida, vamos te ajudar até você poder tocar isso tudo sozinha. Aí a gente se aposenta — respondeu Danilo.
A mão larga escorregou sutilmente até a sua bunda, sendo ignorada por Paloma, mas não pela jovem junto aos dois.
— Ai, pai! Que mania é essa? — disse a mulher mais jovem, ao cobrir o rosto com a mão.
Eduardo riu, assim como a própria Paloma. — Tudo bem, eu já conheço o jeito dele. Sei que não é com maldade. — disse Paloma, tentando evitar qualquer clima estranho. — Você é filha dele?
— Sim, eu sou Adriane.
— Muito prazer — disse, ao cumprimentá-la com dois beijinhos. — Você é muito novinha, está na faculdade?
— Sim, faço engenharia de produção.
— Que maravilha, mesma formação que a minha. Se quiser estágio, pode falar comigo.
— Ela não precisa de estágio — cortou Danilo.
— Que saco, pai — retrucou Adriane.
Paloma não quis insistir na polêmica e procurou falar com a mulher que se mantinha calada. — E quem é você ?
— É minha esposa, Marcela — disse Eduardo.
Ao abraçar Marcela, Paloma sentiu seu abraço ser retribuído calorosamente. Era como se aquela mulher simplesmente acordasse imediatamente, assim que fosse notada.
— Achei que você ia mandar meu marido para casa — brincou.
— Preciso dele, mas se quiser, posso te contratar. Aí você fica pertinho dele por mais tempo.
— Pode contratar, viu? Já trabalhei aqui, sabia?
— Jura!?
— Sim, faz muitos anos. Foi antes de eu casar com Eduardo. A empresa dava muito lucro nessa época.
Eduardo e Danilo olharam para os lados, como se estivessem evitando responder. De repente, uma mulher loira saiu de uma das salas e foi até Eduardo. Mostrou a ele alguns papéis e cochichou algo no seu ouvido, ignorando Paloma.
— Essa é nossa secretária, Larissa. — Disse Danilo.
— É ela que faz essa fábrica funcionar. — disse Eduardo.
A brincadeira provocou risos no grupo, com exceção de Marcela. Paloma cumprimentou a secretária e pediu para lhe mostrarem a sua sala. A dupla guiou o grupo até chegarem à antiga sala dos sócios. Um espaço amplo, principalmente após ser esvaziado.
— Nossa, vocês não deviam ter saído daqui. É a sala de vocês.
— É a sala de quem manda — Brincou Danilo, dando um tapa no ombro de Paloma, quase a jogando para frente
— Pai! — protestou Adriane.
— Não se preocupe, já fui estagiária dele. Estou acostumada à delicadeza do seu pai.
Adriane e Marcela riram, deixando Danilo constrangido.
— Onde vocês vão ficar?
— Tem uma sala vaga do outro lado. É menor, mas muitas das coisas que tínhamos aqui não tinham mais uso, nos acomodamos bem por lá.
Adriane e Marcela se despediram e Larissa voltou à secretaria da mesma forma que Eduardo e Danilo voltaram para a nova sala deles. O espaço era tão amplo que ela se sentiu oprimida ao estar lá sozinha. As mesas de madeira maciça dos ex-chefes foram levadas, restando apenas uma mesa de MDF e uma cadeira velha. As janelas permaneciam cobertas por uma persiana e o isolamento acústico da sala a deixava isolada de sons externos. Paloma abriu seu notebook ali e começou a trabalhar. Solicitou à Larissa alguns dados e, após algumas horas, convocou os ex-chefes para sua sala.
Apenas Eduardo, entretanto, apareceu.
— Onde está o Danilo?
— Ele foi para casa?
— A essa hora?
— Não esperávamos que precisasse de nossa ajuda tão cedo.
Paloma franziu o cenho — ele é funcionário agora, vocês não podem mais ficar se revezando na empresa. Precisamos reerguê-la e vocês são fundamentais.
— A gente sabe. Ele deve ter tido uma emergência — respondeu, tirando qualquer peso do questionamento de sua nova chefe. — De qualquer forma, precisa dele? Eu não posso te ajudar sozinho?
— Eu só queria apresentar a vocês o novo sistema de EPR que usamos lá na empresa. Vi que ainda usam aquele da época em que estagiava aqui. É um sistema obsoleto. Hoje temos sistemas mais modernos que nos dão o controle total da empresa.
Eduardo deu a volta na mesa e se colocou de pé, ao lado de Paloma, enquanto ela lhe mostrava o sistema. A nova gerente navegava de tela em tela, explicando didaticamente cada potencialidade daquele programa. Eduardo tinha o rosto apontando para a tela, mas os olhos estavam voltados para o decote daquela jovem. Ele se curvou, fingindo se interessar pelo novo software, para apenas matar a saudade daquele perfume e admirar aquelas formas redondas por perto. Uma das mãos suportava seu peso ao se apoiar na mesa, enquanto a outra passeava pelo ombro e pescoço de sua nova chefe. Ele conhecia aquele corpo como ninguém, sabia exatamente onde fazer pressão com os dedos e arrancar gemidos daquela mulher, independente do quão compenetrada estivesse no seu trabalho.
— Isso é tão bom — disse Paloma, manhosa, ao torcer o pescoço.
— Estava com saudade, não é?
— Não fale assim, Edu. Você é casado.
— Eu também era naquela época e você não achava ruim.
— Era mais nova, inconsequente. Não sou a mesma mulher.
A mão de Eduardo desceu do pescoço, escorregando para o interior do decote, sob o sutiã, até envolver o seio inteiro em sua palma. — Engraçado, sinto que você é a mesma. Não mudou nada.
— Edu, a gente não pode mais fazer essas coisas.
— Por que não?
— Sou sua chefe agora.
Paloma respondia com o tom de voz cada vez mais baixo e sem convicção. Eduardo pressionou o bico do seio com os dedos, fazendo Paloma arquear-se em um gemido. Ela sobrepôs a mão sobre a dele, como se quisesse arrancá-la dali, mas sem sucesso. Eduardo escondia a mão sob todas as camadas de tecido, segurando aquele seio com firmeza e torcendo os bicos com os dedos.
— Você pode ser minha chefe na empresa, mas dentro deste escritório, você vai ser sempre a minha putinha. Lembra das vezes em que eu te comi aqui?
— Lembro…
— Claro que lembra. Lembrou até do meu revezamento com Danilo.
Paloma riu — vocês se revezavam para trabalhar.
— Não. A gente se revezava para te comer. Vai dar uma de sonsa agora?
Paloma virou o rosto para Eduardo, com um sorriso lascivo. Alisou o braço da mão que lhe acariciava o seio. Viu o volume formado sob a calça e o apertou.
— Você o quer?
Com um sorriso lascivo, Paloma balançou a cabeça afirmativamente.
— Então tire a roupa.
— Sim, senhor.
Primeiro, ela tirou o blazer e, após a mão de Eduardo sair de seu peito, ela desabotoou a blusa. O sorriso e a lentidão com a qual desabotoava cada botão demonstravam a sua volta no tempo, para uma época em que ela era não só uma estagiária submissa, mas uma mulher que se divertia em provocar os homens. Sem blusa e sutiã, ela levantou e tirou a saia, fazendo questão de empinar o quadril. Revelou a calcinha vermelho escura, delicadamente rendada, que se escondia em suas nádegas.
— Sabia que a minha putinha estava escondida aí dentro dessa executiva.
Eduardo abraçou Paloma por trás e mergulhou a mão em sua calcinha. Ela gemeu. A outra mão voltou a tocar o seio enquanto a chefe jogava a mão para trás para abrir a calça dele com extrema facilidade e segurar seu pau.
— Deixo você brincar comigo hoje, mas só hoje, tá?
— Por que só hoje?
Uma pressão sutil no clitóris fez Paloma se contorcer, mas sem soltar o pau dele.
— É sério, Edu, a gente não pode ficar fazendo isso. Precisamos de um código de conduta apropriado
— Esse é o nosso código. Trabalhamos muitas horas aqui, sabia? Lembra quando ficava mais disposta após foder nessa sala?
— Sim…
— Então… Continuo aqui na empresa para te motivar. Do jeito que você está molhada, sei que faço isso muito bem.
— Faz muito bem….
Enquanto Eduardo sussurrava palavras em seu ouvido, Paloma respondia aos gemidos. Os dedos dele eram certeiros, precisos, arrancando gemidos manhosos dela. Ela olhava para as persianas e via as sombras das pessoas que transitavam ali. Se lembrava de quão aquilo era arriscado. Pensar na possibilidade de alguém entrar reiteradamente e flagrá-la nua sendo masturbada pelo chefe a excitava ainda mais.
— Então, você não precisa se preocupar com a empresa. Deixa que cuido dela, assim como faço com você.
Sem dizer nada, Paloma respondeu com mais um gemido. Quando Eduardo parou de mexer os dedos, ela começou a balançar o quadril, se esfregando nos dedos dele enquanto o masturbava. Estava totalmente entregue a ele, segurando a mão dele enquanto se esfregava nela. Descontrolada, ela rebolou com mais força até gozar. Largou o pau de Eduardo e segurou o braço dele com as duas mãos, pressionando a mão dele com as coxas enquanto gemia alto. Paloma desabou, apoiando-se com as duas mãos na mesa, olhou para Eduardo com um sorriso lascivo, de quem acabara de ser lembrada de como aquele homem lhe provocava orgasmos intensos.
— Tinha me esquecido do quanto isso era bom.
— Vai ficar melhor. Tire a calcinha.
Com as mãos nas laterais, Paloma abaixou a última peça de roupa que vestia. Estava orgulhosa do próprio corpo, cobiçado por aquele homem. Apoiou-se na mesa com os cotovelos, afastando as pernas. Balançou sutilmente o quadril de um lado a outro até sentir o calor do corpo dele junto ao seu quadril. Mordeu os lábios ao se sentir penetrada e voltou a gemer com o lento vai e vem. O pau deslizava suave, arrancando gemidos sutis enquanto as mãos quentes alisavam suas costas, lhe provocando arrepios.
— Você lembra do seu velho vício?
— Eu era viciada no seu pau.
— Era?
Paloma sentiu Eduardo parar de se mexer, tendo apenas a cabeça do pau dentro de si. A resposta à pergunta não foi dita em palavras, mas sim em um rebolado que fazia aquela rola entrar e sair.
— Isso te responde?
— Boa garota! Continue assim.
O rebolado continuou mesmo quando Eduardo voltou a se mexer. O movimento dele sincronizava com o dela. — Goza para mim, Edu! — implorava, entre gemidos. A voz manhosa, combinada ao rebolado, teve efeito, provocando Eduardo a gozar. A mão dele bateu firme na mesa quando se apoiou. Debruçado sobre Paloma, ele respirava pesado enquanto seu corpo tremia. Paloma continuava seu rebolado, se esfregando no corpo do ex-chefe.
Enquanto recuperava o ritmo normal de sua respiração, Eduardo vestia a calça. Paloma se sentou em sua cadeira, ainda nua, pensando no que havia acabado de fazer.
— Eduardo, é sério, isso foi ótimo, mas não pode acontecer de novo.
— Sim, claro. Foi só para matar a saudade.
Paloma sorriu — Foi bom relembrar também. — Sobre o ERP, você pode falar com o Danilo.
Eduardo olhou para Paloma, com o cenho franzido, por alguns segundos até se lembrar do que se tratava. — Ah, sim… o sistema. Falo com o Danilo, mas você vai precisar apresentar para ele também.
Ao ver Eduardo se dirigir à porta, ela lembrou-o de abri-la com cuidado, pois ainda estava nua. Seu pedido foi ignorado quando ele abriu a porta inteira ao sair. Cobriu os seios com as mãos e tentou se esconder atrás da minúscula tela do notebook até a porta se fechar. Levantou-se imediatamente até a porta e a trancou para que ninguém a abrisse enquanto se vestia. Colocar as roupas após o sexo com o chefe sempre teve uma emoção diferente. O orgasmo já havia passado, mas a sensação de transgressão parecia sustentar o prazer por mais tempo. Naquele dia, ela não teve esse sentimento. A transa com Eduardo foi ótima como nos velhos tempos, mas não havia o sentimento de transgressão e sim o de estar renunciando a alguma coisa.