Eu não dormi de terça para quarta.
O Ricardo roncava ao meu lado, no conforto com ar-condicionado do nosso quarto. Ele não tinha ideia de que, na sala ao lado, o ar estava viciado, não pelo calor, mas pela minha antecipação.
Eu passei a noite inteira pensando naquilo.
Blink. Blink. Blink.
A luzinha verde. A faixa preta de plástico. A tornozeleira eletrônica.
Não era o poder do Cadu, o rei. Não era a brutalidade do Damião, o peão. Era algo mais sujo. Mais... quebrado.
Era um homem que o sistema tinha pegado, mastigado e cuspido de volta. Um animal enjaulado. Um homem que tinha atravessado a linha. E agora, ele estava aqui, no meu mundo. A "Dona Luana", a patroa de luxo, e o ex-presidiário.
Eu estava com um tesão que me fazia tremer. Era o tabu absoluto. Era o perigo real. Eu não estava só fodendo com um homem do morro; eu estava fodendo com um homem do sistema. E ele estava, literalmente, acorrentado.
Na quarta-feira de manhã, eu preparei o cenário.
Ricardo saiu para o trabalho, me dando seu beijo de bom dia. Gisele, minha cúmplice e sacerdotisa, estava de folga. A casa era minha. O palco era meu.
Eu não vesti lingerie. Isso era para a Gisele, para a sua adoração. Eu não vesti um vestido rasgado, como o Cadu gostava. Eu vesti o meu poder.
Eu vesti um robe.
Um robe branco, de seda pura, pesado, que ia até os meus tornozelos. Um robe que custava o salário de um mês do Jonas. Um robe que parecia o de uma santa.
E por baixo... absolutamente nada.
Eu estava descalça, o cabelo solto, uma xícara de café na mão, parecendo a patroa entediada. E eu estava nua. Pronta.
Às nove em ponto, a campainha da área de serviço tocou.
Meu coração não acelerou. Ele deu uma batida surda, funda. TUM. Como o tantã do Cadu, mas anunciando outra foda.
Eu abri a porta.
Ele estava lá. Jonas. O uniforme cinza e azul, limpo. A maleta de ferramentas na mão. Ele não me olhou nos olhos.
"Bom dia, senhora. Eu trouxe a placa nova."
"Bom dia, Jonas," eu disse, com a voz suave como a seda do meu robe. "Que bom que você veio. Entre."
Eu me virei e fui andando para a sala. Eu sabia que ele estava me olhando. Eu sabia que ele via o contorno da minha bunda nua sob a seda. Eu o estava provocando com a minha própria classe.
Eu não me sentei no sofá. Eu fiquei em pé, perto da janela, de costas para a luz, como uma silhueta.
"Pode... começar," eu disse.
Ele assentiu, nervoso. Ele abriu a maleta. Pegou a escada de alumínio. O clack-clack-clack dela abrindo no meu tapete persa foi o som mais alto da sala.
Ele subiu. E ele começou a trabalhar.
Ele tentou. Eu tenho que admitir. Ele tentou ser profissional. Ele abriu a carcaça do ar, os braços longos e fortes se flexionando, o suor começando a brilhar na sua pele escura.
E lá estava ela. Blink. Blink.
A tornozeleira. A barra da calça dele estava um pouco mais alta hoje. Eu via perfeitamente.
Eu fiquei ali, em silêncio, por cinco minutos. Apenas o som da chave de fenda dele. Tic. Tic.
"Está quente, Jonas," eu disse.
Ele parou. "Sim, senhora. Muito."
"Aquela... coisa," eu disse, e dei um passo em direção à escada. "Na sua perna. Deve esquentar. Mais ainda."
Ele congelou. A chave de fenda parou de girar. Ele olhou para baixo, do alto da escada. Os olhos dele eram fundos, assustados.
"Não... não incomoda, senhora."
"Incomoda," eu disse, e minha voz era um sussurro. Eu estava agora na base da escada. Eu podia cheirar o suor dele. Um cheiro de homem, de trabalho, e algo mais... metálico. "Eu vi como você escondeu, ontem. Você tem vergonha."
"É o meu passado, senhora," ele disse, com a voz tensa. "Eu só quero fazer meu serviço."
"E qual foi?" eu perguntei.
Ele me olhou, chocado. "O quê?"
"O seu passado, Jonas," eu disse, e coloquei minha mão no metal frio da escada. "O que você fez? Foi assalto? Você... machucou alguém?"
"Dona Luana, por favor..." ele estava pálido por baixo da pele escura. Ele estava suando frio. "Eu não posso falar disso. Eu posso perder meu emprego..."
"Eu não vou contar a ninguém," eu disse, e minha voz era pura seda. Eu subi o primeiro degrau. Agora, meu rosto estava na altura da coxa dele. "Eu não sou polícia. Eu não sou juíza."
Eu olhei para cima, nos olhos dele. "Eu não vou te julgar, Jonas. Na verdade..."
Eu subi mais um degrau.
"... eu acho... excitante."
O mundo parou. A chave de fenda caiu da mão dele. Ela bateu no chão de madeira com um barulho alto. CLANG.
Ele me olhava como se eu fosse uma aparição. A boca dele estava aberta.
"Ex... citante?" ele repetiu.
"Sim," eu disse. Eu estendi minha mão, a mão da "Dona Luana", com as unhas vermelhas e perfeitas. E eu não toquei nele. Eu toquei... nela. Na tornozeleira.
Blink. Blink.
Eu senti o plástico quente, a vibração leve. Eu tracei o contorno da caixinha.
"Um homem... que foi enjaulado," eu sussurrei. "Um animal perigoso. Que o sistema teve que prender."
Eu senti o músculo da perna dele contrair sob o brim. Ele estava tremendo.
"E agora," eu continuei, "esse mesmo homem... tá aqui. Na minha sala. Na minha casa. Aos meus pés."
"Patroa..." ele disse. A voz dele estava quebrada.
"Você tá brincando comigo," ele disse, mas era uma súplica.
"Eu pareço estar brincando, Jonas?"
E, ali, no segundo degrau da escada, eu soltei o cinto do meu robe.
O seda branco se abriu. Devagar.
Eu estava completamente nua.
O ar saiu dos pulmões dele num silvo. Os olhos dele se arregalaram. Ele viu meus seios, minha barriga, a minha buceta aparada, na altura dos olhos dele.
Ele não estava mais assustado. O animal enjaulado tinha acordado.
Ele desceu da escada. Ele não veio devagar. Ele tropeçou nos últimos degraus. Ele estava na minha frente. O gigante prisioneiro.
"Você não sabe o que você tá fazendo," ele falou, a voz irreconhecível.
"Eu sei exatamente," eu disse. "E você vai me dar o que eu quero."
Eu não esperei ele me beijar. Eu caí de joelhos.
Eu, a Dona Luana, a patroa, nua, no meu tapete persa, de joelhos na frente do ex-presidiário uniformizado.
Ele soltou um som, um gemido de dor e prazer.
E eu não chupei o pau dele. Não ainda.
Eu agarrei o tornozelo dele. Eu puxei a barra da calça dele para cima, expondo a tornozeleira. E eu a beijei. Eu lambi o plástico. Eu chupei a caixinha que piscava.
"PUTA QUE PARIU!" ele gritou.
Ele agarrou meu cabelo. Com força. Não a posse do Cadu. Era... desespero. Era a foda de um homem faminto que não comia há anos.
"Levanta! LEVANTA, SUA PUTA RICA!"
Ele me puxou para cima. Ele me beijou. E foi o beijo mais nojento e delicioso da minha vida. Gosto de suor, de poeira de gesso, de metal e de... falta. De anos de desejo reprimido.
Ele rasgou meu robe. O robe de seda caro. Ele o rasgou, me puxando para fora dele.
Ele não tinha tempo. Ele me virou e me jogou sobre o braço do meu sofá de designer. "Empina essa bunda! Empina pra mim!"
Eu obedeci, me dobrando sobre o sofá, oferecendo minha bunda nua para ele.
Eu ouvi o zíper. O som do cinto dele sendo arrancado.
Ele não usou cuspe. Ele não pediu. Ele me agarrou pelos quadris, e ele me penetrou.
"AAAAHHHHHHHHHH!"
Eu gritei contra a almofada de linho. Ele era enorme. Grosso. E estava... descontrolado.
Ele não era um mestre da batida. Ele não era um profissional. Ele era um animal faminto.
Ele me fodeu. Ele me martelou. Era uma foda rápida, brutal, sem ritmo, sem técnica. Era pura, absoluta, necessidade. Ele estava descontando em mim anos de humilhação, de desejo, de prisão.
"TOMA! É ISSO QUE A PATROA QUERIA? A ROLA DO PRISIONEIRO? TOMA, SUA VADIA!"
O sofá batia no chão. THUD! THUD! THUD!
Ele me fodia como se quisesse me quebrar.
"GOSTA, PUTA? GOSTA DO PAU DO BANDIDO?"
"SIM! ME FODE, JONAS! ME FODE, SEU PRISIONEIRO! ME ARROMBA!" eu gritava, minha voz abafada.
Ele estava perto. Eu o senti tremer. E ele parou. Ele saiu de mim.
Eu gemi, uma cadela. "Não... não para..."
Ele me virou. O rosto dele era uma máscara de suor e luxúria. Os olhos, vermelhos.
"Eu quero ver a tua cara," ele disse.
Ele me jogou de costas no sofá. Ele abriu minhas pernas com uma violência que me fez gemer. E ele me penetrou de novo, me olhando nos olhos.
"OLHA PRA MIM, PUTA!"
Eu olhei. E eu vi. A perna dele. A tornozeleira. Roçando na minha coxa.
Blink. Blink.
Eu estendi a mão. E eu toquei. Eu agarrei a tornozeleira dele, o símbolo da sua vergonha, enquanto ele estava dentro de mim.
"TOCA NESSA PORRA!" eu gritei. "MOSTRA QUEM VOCÊ É!"
Aquilo o quebrou.
Ele rugiu. Um som que não era humano. Ele perdeu o controle. Ele me fodeu com uma fúria cega. E eu gozei. Um orgasmo que foi um choque elétrico, que me fez levantar as costas e arranhar o couro do sofá.
"EU VOU GOZAR!" ele gritou.
Ele tentou puxar para fora. "Não! NÃO GOZA DENTRO!" ele parecia apavorado.
"GOZA! GOZA DENTRO, SEU FILHO DA PUTA! ME ENCHE!"
Eu travei as pernas em volta da cintura dele, Meu grito foi uma ordem. E ele obedeceu. Ele rugiu e explodiu dentro de mim. Um jato... um jorro quente, desesperado, de um homem que tinha sido liberado.
Ele desabou. Não em cima de mim. Ele caiu de joelhos no chão, ao lado do sofá. Arfando. Tremendo.
O silêncio voltou. Apenas o som da respiração dele. E o blink... blink... blink da tornozeleira.
Eu me sentei. Eu estava coberta de suor. Minha buceta estava latejando, cheia dele. O sofá... estava uma bagunça.
Ele estava no chão, de cabeça baixa. O animal tinha ido embora. O prisioneiro assustado estava de volta.
"Meu Deus... Meu Deus... Eu perdi meu emprego... eu vou voltar pra jaula... Dona Luana, eu... me desculpa..."
Eu me levantei. Nua. E eu fiquei de pé, na frente dele. A patroa.
"Calma, Jonas," eu disse. A minha voz. Fria. Controlada.
Ele olhou para cima.
"Você não vai perder seu emprego. E você não vai voltar pra jaula," eu disse.
Eu fui até a cozinha. Peguei um pano de prato. E joguei nele. "Limpa... o sofá."
Ele me olhou, incrédulo.
"Eu limpo a minha casa, Jonas," eu disse, imitando minha própria deusa, Gisele. "Mas você... você sujou o meu sofá. Agora limpa."
Ele pegou o pano, as mãos tremendo.
"E," eu disse, indo em direção ao meu quarto para tomar um banho. "O ar... ainda não tá gelando. Você vai ter que voltar. Amanhã."
Ele me olhou do chão, de joelhos, o pano na mão, meu gozo no sofá dele. Ele estava quebrado.
Eu sorri. "Acho que o motor... tá com defeito. E eu quero que você cheque... com muito cuidado.”