Me chamo Higor, sou de Natal/RN e estudo em tempo integral no Instituto Federal do Rio Grande do Norte desde o 1º ano do Ensino Médio. Faço o curso técnico integrado em Geologia, área pela qual tenho grande afinidade. Sempre me identifiquei com esse campo e acreditava que poderia seguir os passos da minha família — especialmente por parte de pai — ao ingressar no mercado de trabalho.
Nunca fui uma pessoa de muitas amizades. Não gosto muito de conversar nem de iniciar as coisas; sempre preciso de alguém que me puxe. Acabei perdendo muitas oportunidades por causa disso, mas sigo em frente. Graças a Deus, conheci Emilie ainda no 1º ano. Ela praticamente me adotou quando entrei, pois eu estava naquele puta nervoso diante de todo aquele campus: tantas pessoas, idades, gostos e grupos diferentes. E, como um verdadeiro ser angelical, ela puxou conversa comigo com um simples “e aí” no meu primeiro dia. Vocês têm ideia do que isso significa para alguém extremamente tímido, prestes a passar todo o Ensino Médio enfiado em uma toca?
Desde então, tornamo-nos inseparáveis. Ela é muito gente boa, e nossas conversas seguem o clássico estilo da Geração Z (cheias de alfinetadas, xingamentos e patadas), mas nunca deixamos de ser ótimos amigos. A partir daí, tudo se desenrolou: me inscrevi no curso técnico em que fiz o Ensino Médio todo, nunca tive problemas com notas (muito pelo contrário, o que causava certa inveja em alguns colegas), ganhei medalhas na OBG e acabei me tornando cada vez mais dependente da Emilie.
No 2º ano, após quase agredir o reitor para manter eu e Emilie na mesma turma, conheci Matheus. Que menino bonito… Ele é pardo, tem cabelos castanhos que caem abaixo das orelhas, quase nos ombros — o que mais me chamava a atenção — é magro, com alguns músculos definidos, e tem a minha altura. Sentia algo por ele, mas escondia.
Meu pai é do tipo “ok” para gays, aquele que tanto faz como tanto fez. Meu irmão, que é mais velho que eu, é totalmente tranquilo. Ele definitivamente é hetero, pois já namorava uma garota, e tenho certeza de sua tranquilidade nesse assunto porque ele tem amigos bem afeminados e sempre encarou isso numa boa. Já minha mãe… “Credo, que nojo.”, “Ai, ai…”, “Nunca seja gay, filho.” Comentários como esses moldaram minha opinião e me fizeram ter certeza de que não poderia sair falando o que realmente sinto.
Mais tarde, descobri seu passado triste com um grande amigo gay que ela teve e perdeu devido ao próprio preconceito — originado de uma família tradicional, clássica, do tipo: o homem é o provedor e a mulher, responsável pela casa e pelos filhos. Não entendi completamente a história desse amigo, pois soube dela por meio da tia “louca” da família (sim, todos temos uma tia assim — solteira, fumante, sem filhos, liberal ao extremo e com emprego autônomo que a faz ser chamada de “rica”). Ela também não sabia muitos detalhes, e eu não seria insano de tocar nesse assunto com minha mãe.
Diante de tudo isso, mantive distância de Matheus. Não conversava com ele, sentava longe, não fazíamos trabalhos juntos, mas tudo isso de forma natural, como pessoas que simplesmente não se aproximam. E, como piada do destino, na volta às aulas do 3º ano — após o reitor, novamente, separar eu e Emilie de turma (o que não me assustava tanto, pois sabia que conseguiríamos nos unir novamente, mas não naquele momento) —, a professora Fernanda, de Química II, uniu meu destino ao de Matheus ao nos colocar juntos em um trabalho diagnóstico.
Senti calafrios. Fui pego de surpresa. Eu saberia me conter, claro, mas não me sentia bem perto de gente bonita — principalmente do meu crush imaginário. Ainda assim, precisei me controlar.
— E aí, qual tema tu curte? — disse Matheus, juntando sua mesa à minha.
— Ah, ciclo do ca-carbono parece b-bom. — falei, soando frio.
Por que CARALHOS eu estava gaguejando?
— É, dá pra ser. — respondeu ele, sem se importar com minhas travadas.
Sem mais nenhuma palavra, peguei meu caderno, coloquei-o sobre a mesa e fiz a cruz FOFA ou SWOT. Matheus observava curioso. Terminando de escrever em cada campo, ele me perguntou:
— O que é isso?
— É um método pra tomarmos decisões — respondi, rindo levemente no final.
— E como funciona?
— É simples. Tu analisa ca-cada fator da tua possível decisão e anota. Ele po-possibilita ter uma visão geral de tudo.
— Que legal. Como você vai usar isso? — disse ele, aproximando-se de mim para ver melhor o caderno. Senti seu perfume cítrico, levemente amadeirado, com notas de cedro.
— O-olhe. — meus dedos dos pés se contorciam dentro do tênis.
Comecei a anotar e discutir com ele sobre o tema. Quando terminamos, tínhamos o método perfeito de como abordar o assunto. Ele me olhava fascinado, com as sobrancelhas levemente levantadas.
— Que loco! — respondeu, rindo.
— É...
— Por isso você é tão centrado. Sabe o que fazer.
Era um elogio? Recebi um elogio do cara que eu mais admirava?
— Você acha? — lutei para não gaguejar.
— Claro! Desde o ano passado você é assim: sabe resolver as coisas, é gente boa. Legal termos essa oportunidade de nos conhecermos melhor.
Senti um formigamento percorrer meu corpo, do peito até a barriga. Era incrível. Matheus era muito mais do que eu imaginava. Ele não ligava para o meu nervosismo — que, mesmo eu tentando esconder, estava evidente —, me elogiava, e percebi que ele também me notava quando eu o “ignorava” no ano passado.
— Valeu, Matheus. Digo o mesmo. Que bom estarmos nos conhecendo. — Toda aquela trava agora tinha ido embora; acho que era medo de rejeição.
— Enfim, vamos lá pra casa fazer esse trabalho no final de semana?
— Sim, claro. Pega meu número.
[...]
Chegando em casa já à noite, estava eufórico. Eu conversei com Matheus! Ele conversou comigo! Ele me elogiou! Eu elogiei ele! Ele me notava no ano passado! Eu iria à casa dele em dois dias! Que sentimento. Subi ao meu quarto, deixei a mochila e logo desci. Devia estar com um sorriso de orelha a orelha, levando meu pai a comentar à mesa:
— Conheceu uma gatinha hoje, Higor?
— Benício! — minha mãe interveio.
— Ué, tá todo sorridente — disse meu pai, rindo levemente antes de voltar ao prato.
— Que nada, só gostei da turma em que caí — respondi, mentindo, para que não descobrissem que toda aquela felicidade era por causa de um garoto.
— Que bom, filho. A Emilie vai conseguir ir pra sua sala? — perguntou minha mãe. Ela gostava de Emilie.
— Ainda não fomos atrás disso, mas provavelmente sim.
— Avisa se precisar furar os pneus do Josué. — (Josué era o reitor), disse meu irmão.
— Marcus... Marcus... — respondeu minha mãe, entendendo a brincadeira de meu irmão nunca se concretizaria.
E assim foi nosso jantar: conversas sobre o dia e sobre a comida. Ao terminar, lavei meus pratos, dei boa noite a todos e subi ao meu quarto. Ainda estava de uniforme. Tirei a blusa e me encarei no espelho: havia ganhado alguns músculos — a academia estava fazendo efeito. Tirei a calça, guardei o uniforme no armário e vesti uma roupa mais leve para dormir. Ao me deitar, minha cabeça não parava de girar. Lembrava de seu perfume, de sua voz, de sua respiração… Estava completamente encantado por ele.
Peguei meu celular e fui ao Instagram, procurei pelo seu nome, não achei. Procurei entre os seguidores do perfil do IFRN, não achei. Quase desistindo, encontrei seu perfil entre os seguidores da inspetora Luzia, a melhor inspetora daquele campus. Entrei no seu perfil; sua foto mostrava seu rosto num fundo marrom, usando óculos, a foto estava escura, meio sexy. Descendo no perfil, aí... Vi A foto dele... Ele estava deitado sobre uma espreguiçadeira numa praia, seus cabelos extremamente sedosos, ele estava sem camisa, definido, sua mão direita passava pelos cabelos enquanto a esquerda fazia um sinal de "2". Ele usava uma bermuda (POR QUE NÃO UMA SUNGA?), suas pernas tinham pelos castanhos, normais para a idade de XVII.
Ao ver, senti novamente aquela sensação... Um pulso de formigamento, do meu peito até a barriga que, dessa vez, se estendeu até o meu pau. Ele endureceu muito rápido. Fui trancar minha porta e voltei a me deitar; foi no automático, passei meu celular para a mão esquerda e comecei a me masturbar por baixo da bermuda. Imaginei estar com ele, ao lado dele, beijando-o, lambendo seu abdômen até chegar em seu pau. Não resisti, me cobri por completo e tirei minha piroca da cueca e da bermuda; ela estava extremamente dura, fiquei a encarando, tinha por volta de uns 16 centímetros, não tenho fimose.
Embaixo daquele cobertor, masturbava-me lentamente, imaginando eu penetrando seu cu, fazendo-o sentir todo o prazer do mundo. Mordi minha camiseta quando comecei a acelerar, estava olhando sua foto, seus lábios, aqueles cabelos, aquele abdômen... Acelerei e... num gemido abafado, puxei meu pau o máximo que pude, deixando a cabeça bem exposta, e, no tesão, gozei. Gozei muito, papo de 6 jatos, nunca tinha gozado tanto, pegou no meu pescoço, minha camisa ficou toda melada, minha mão massageava minha glande (sempre senti tesão nisso).
Fiquei naquela situação por volta de 5 minutos, só aí me toquei do que tinha feito. Senti culpa, como eu poderia me masturbar por alguém tão próximo? E se ele não fosse gay? E se ele não quisesse nada comigo?
Só pensava: "Que merda, o que eu fiz?"
Fui ao banheiro do meu quarto, tirei minhas roupas e tomei banho, tentando me limpar de toda aquela sujeira, tanto física quanto mental. Terminando, coloquei roupas novas e finalmente pude dormir em paz.
Acordei no dia seguinte atordoado; não sonhei com nada, apenas apaguei. Fiz minha rotina matinal em casa e caminhei até o terminal de ônibus para ir à escola. Mal sabia eu que, naquele dia, mais uma vez, seria posto à prova ao lado de Matheus...