Naquela noite, tive um sonho perturbador.
Eu estava vestindo um terno completamente preto, caminhando por um jardim deslumbrante. Árvores imensas, pássaros cantando em harmonia, grama aparada com precisão milimétrica, canteiros de rosas espalhados estrategicamente. Conforme avançava pelo terreno, visualizei ao longe uma estrutura montada como se fosse para um grande casamento. Tudo minimalista, mas incrivelmente elegante.
À medida que me aproximava, comecei a reconhecer os convidados: tios, primos, amigos, colegas, ex-colegas, alguns ex-casos... Vários parentes e amigos de Rafaela também estavam presentes.
Quando finalmente alcancei o meio das cadeiras, meu pai se aproximou e uma música começou a tocar.
Meu coração disparou.
Eu não queria casar. Nunca quis. Meu combinado com Rafaela sempre foi viver sem rótulos. Acabamos assumindo o título de "namorados" apenas pela família dela, mas nem isso estava nos planos originais. A possibilidade de casamento me desesperou completamente.
Não que eu acredite naquela baboseira de "casado é castrado". Sei que casamentos podem ser abertos e felizes. Mas a questão era: eu não amava Rafaela dessa forma. Amo muito, sempre amei, mas é um amor de amigo, de cumplicidade, de confiança absoluta. Sou capaz
de tudo por ela, mas não quero casar.
Minha visão de casamento é alguém que eu deseje ter ao meu lado vinte e quatro horas por dia. Não me importando se estamos conversando ou em silêncio, namorando ou assistindo Netflix, fazendo sexo intenso ou um amor tranquilo. Não me sinto assim com Rafaela.
A partir desse momento, perdi completamente o controle dos meus movimentos e da minha voz.
Comecei a andar em direção ao altar improvisado. A cada passo, olhava para os lados e via ex-casos meus chorando ou balançando a cabeça, visivelmente tristes. Tentava falar que casamento não seria o fim, que ainda ficaria com todos eles, mas minha voz não obedecia. A única coisa que conseguia repetir era:
— Obrigado por ter vindo!
Posicionei-me no altar, de frente para os convidados, e vi muitos choros se intensificarem. Os padrinhos começaram a entrar e me cumprimentar. Muitos padrinhos — pessoas que já tinham ficado comigo e com Rafaela. Todos falavam variações do mesmo tema:
— Vocês não vão dar certo juntos!
— Esse casamento não dura um mês!
— Vocês não nasceram para ser monogâmicos.
— Você me roubou a Rafa, mas não vai ser feliz com ela.
Ouvia aqueles absurdos e queria responder que nada mudaria, que eu continuaria sendo sexualmente disponível para todos, assim como Rafaela. Mas o que saía da minha boca era:
— Todo mundo precisa mudar um dia! Eu e Rafa nos amamos! Vamos ser felizes só nós dois...
Fiquei surpreso quando vi Clara entrar como madrinha. Ela se aproximou e falou com uma frieza que nunca tinha visto nela:
— Estou na vida de vocês desde que minha mãe foi trabalhar para seu pai. Faz mais de vinte anos. Crescemos juntos, vivemos muita coisa juntos. Eu já te amei profundamente. Mas aí conheci melhor a Rafaela e me apaixonei por ela. Você não merece viver ao lado da mulher incrível que ela é. Desejo que esse casamento não dê certo, mas não vou ficar esperando vocês terminarem. Vou sumir da vida de vocês.
Clara falava com um ódio na voz que nunca tinha presenciado, nem nos piores momentos. E mais uma vez, não consegui responder.
Meu coração literalmente parou por alguns milésimos de segundos quando vi Salomão entrar.
Como todos os outros, Salomão entrou sorrindo para a multidão. Chegou perto do meu ouvido e sussurrou:
— Pensei que teríamos nosso momento de prazer, mas você fez uma escolha diferente.
Quis gritar. Quis falar com ele. Quis explicar. Mas não consegui controlar absolutamente nada.
Acordei completamente assustado, encharcado de suor.
Aquele era, sem dúvidas, meu pior pesadelo. Ser obrigado a me prender a uma pessoa que não amo completamente e ainda ser impedido de ficar com outras pessoas.
Jamais.
Olhei no relógio: seis da manhã. Não pretendia ir à faculdade naquele dia, mas já que estava acordado e não conseguiria dormir novamente, não havia motivo para faltar.
Mandei mensagem de bom dia para meu pai — em áudio, como sempre. Ele pede áudio para testar o tom da minha voz. Estranhou eu já estar acordado depois de uma noite de festa. Sim, meu pai sabe de tudo sobre minha vida. Quando não conto, Clara conta, e eu sei
disso, mas não me importo. Conheço bem o poder de persuasão do senhor Jorge.
Falei rapidamente que tive um pesadelo e que conversaríamos depois.
Também mandei mensagem para Rafaela. Ela é outra que precisa ler um "eu te amo" todos os dias.
Tomei banho, escovei os dentes e ia saindo do quarto completamente pelado — do jeito que gosto de andar pela minha casa. Por um momento esqueci que ainda tinha convidados. Mas Clara foi mais rápida e entrou no quarto antes que eu saísse.
— Bom dia, Clarita! Isso tudo é saudade de mim? — falei animado. — Minha colega não fez um bom trabalho ontem à noite e você precisa sentir prazer de verdade? — Balancei meu membro ainda flácido na frente dela. — Olha, se for isso, vai ter que ser rapidinho porque
decidi ir para a faculdade hoje.
Clara me olhou dos pés à cabeça e riu.
— Davi, só entrei para lembrar que você está pelado e ainda tem alguns colegas seus aqui. — Pegou uma roupa e me entregou. — Vista antes de ir para a cozinha.
Clara estava saindo quando a puxei pela mão. Falei no tom mais sério e dramático que consegui:
— Promete que nunca vai me abandonar?
— Que loucura é essa, Davi? É esse emprego que paga minha casa própria e a parcela do meu carro. — Clara sorriu. — Você precisa beber um café bem forte para curar essa ressaca. — Parou por alguns segundos. — Eu também te amo e essa porra toda!
— Tô falando sério, caralho. Sonhei que você disse que ia sumir da minha vida porque eu estava casando com a Rafa!
Clara arregalou os olhos ao máximo.
— Vocês vão casar? Já têm planos? — Estava visivelmente aflita.
— Não temos planos. Você nos conhece. Mas, pela sua reação, meu sonho é um recado.
Comecei a me vestir. Clara ficou alguns segundos parada na minha frente antes de falar:
— Você não é burro. Sabe o que eu sinto pela Rafa. Ela também sabe. Mas eu nunca me afastaria de vocês depois do casamento. — Sorriu. — Era capaz de ir junto na lua de mel e comer vocês dois.
— Assim que se fala! — Coloquei a calça e puxei Clara para um beijo quente. — Não temos previsão de casar, mas mesmo depois de casados, você continua tendo seu papel na nossa vida. — Olhei sério para ela. — E se um dia esse papel não te agradar mais, não fuja sem nos avisar, por favor. Acima de qualquer coisa, você é nossa amiga de infância. No dia que parar de trabalhar para mim, vou ficar perdido para resolver tanta coisa dessa casa.
— Eu sei que você não vive sem mim. — Sorriu e continuou confessando. — E eu também tenho uma dependência emocional severa e deliciosa de vocês dois. — Ia saindo, mas lembrou de algo. — Falando em dependência: seu colega dormiu no sofá e está querendo te trazer café na cama. Precisei ser ignorante com ele e falar que você odeia surpresas. Posso deixar o coitado entrar?
— Não. Aquele ali eu nem deveria ter transado novamente. É muito grudento. Parece que nunca viu um pau.
— Eu diria que você faz gostoso e tem um pauzão, mas você já se acha demais, então não vou dizer. — Falou sorrindo e ficou séria novamente. — Davi, ele não me transmite boa vibração. Sei que é seu colega e vai ser difícil manter distância. Ele parece insistente. Mas o melhor é manter distância.
Clara saiu do quarto.
Não respondi. Já tinha percebido que Thiago era intenso e grudento.
Saí do quarto ainda sem camisa, exibindo minha barriga definida e músculos.
Ainda havia uns sete colegas em casa, fora Thiago, todos tomando café da manhã.
Thiago começou a falar, visivelmente ressentido:
— Preparei uma bandeja de café da manhã para você, mas sua empregada não deixou eu entregar.
— Café na cama só com minha namorada — respondi seco.
— Você namora, Davi? — perguntou uma colega.
— Sim. Relacionamento totalmente aberto.
Continuaram falando e perguntando, mas não dei muita atenção. Comi quase em silêncio, respondendo apenas o básico. Odeio falar enquanto como. Vi Clara justificar meu comportamento dizendo que eu tinha esse humor antes das refeições.
Alguns colegas pediram carona e não vi mal em dar dessa vez. Assim poderíamos ir no meu carro. Thiago queria ir na frente, mas não deixei.
No carro, tive um diálogo interessante:
— Preciso dizer que fiquei surpreso com vocês ontem. Ninguém quis embarcar em nada mais forte que bebida.
— Opa, eu queria, mas não estava com dinheiro — falou um colega.
— Rapaz, mas nem para um cigarrinho?
— Davi, eu não tinha dez reais para pegar uma moto até a faculdade hoje. Se não fosse sua carona, iria a pé.
— Eu também queria um para relaxar. Mas tudo na mão daquele cara é muito caro. Conheço o malandro faz tempo — falou a loirinha.
— Pronto. Nossa próxima festa vai ser sexta-feira. Vou patrocinar o cigarrinho também. Tudo por minha conta e vamos virar a noite. Sem desculpa de ter que acordar cedo.
Chegando na faculdade, o assunto foi a festa. Os doze que foram estavam empolgadíssimos falando sobre tudo: a variedade de bebidas — de água de coco a drinks sofisticados —, a piscina, os quartos de hóspedes, até o café da manhã. A professora mal conseguia dar aula.
A festa de sexta-feira já estava garantida. E dessa vez quase todos iriam. Minha casa ficaria pequena para tanta bagunça.
Do jeito que eu gosto.
A professora Maria Lúcia — de Climatologia — passou um trabalho em dupla. Chamei Salomão na mesma hora.
Teríamos que explicar sobre Massas de Ar. Marcamos de fazer na minha casa, depois da aula do dia seguinte.
Eu já estava explodindo de ansiedade e tesão.
Seria meu momento de tentar aplicar o bote.
Já passava das 10:00 horas quando recebi uma mensagem de Clara que dizia o seguinte:
"Um dos teus colegas roubou um relógio de ouro teu, te mandei a imagem que as câmeras filmaram."
Quando vi a filmagem, a imagem era bem nítida: mostrava meu colega Paulo Henrique pegando um relógio meu que estava em cima da mesa e colocando no bolso.
Clara deu falta do relógio e foi olhar nas câmeras, a sorte é que ele roubou agora pela manhã.
Na hora eu pensei em levar vantagem daquilo. Clamei Paulo Henrique para fora da sala e mostrei a gravação.
Ele era branco, alto, gordinho, usava óculos e estava quase calvo. Paulo ficou gelado, paralisado e sem cor.
- Então Paulo, o que me diz?
- Cara, por favor. Não me denuncia. Não conta pra ninguém, por favor. Eu faço o que você quiser. Qualquer coisa. - Ele estava desesperado.
- Se acalme. Eu não quero te prejudicar, pode até ficar com o relógio se quiser. Mas você me deu uma boa ideia. - Fiz uma pausa dramática e continuei. - Quero comer seu cu em um banheiro aqui da faculdade. Agora.
Ele me olhou sério e depois riu.
- Isso só pode ser brincadeira. Eu sou macho, porra. Ontem eu comi aquela gostosa na piscina. Não posso ter essa fama.
Olhei sério pra ele e falei:
- Você que sabe. Eu não vou te denunciar, nem espalhar seu segredinho pra sala. Mas você vai ficar proibido de ir pra minha casa e as pessoas lá da nossa sala vão querer saber o motivo... Vão começar a especular coisas ... Sabendo que sou pansexual... Podem inventar que transamos e brigamos. Sabe como é o ser humano!?
- Pior que você tem razão. E tanta gente que dá o cu e gosta. Quem sabe eu não gostei também! Nunca desejei homem, mas vai que o prazer entre dois machos realmente existe.
- Exatamente! Vai que você vire freguês da minha rola.
- Para de graça e vamos logo para o banheiro do prédio do mestrado, lá é vazio porque não tem aula todo dia.
Devo dizer que não se fazem mais héteros como antigamente, foi muito fácil convencer aquele macho. Se eu não tivesse visto ele comer uma colega com vontade, diria que era gay, mas como eu vi, digo que talvez ele seja bissexual.
Fomos para o banheiro do prédio do mestrado. Realmente não tinha ninguém passando quando chegamos e as salas de aula estavam vazias.
Paulo Henrique foi logo entrando em uma cabine, tirando a roupa e ficando de costas pra mim.
- Vai logo, Davi. Mete com cuidado. Lembra que sou virgem daí de trás.
- Tá com pressa? Primeiro preciso trabalhar nesse cu, um bom beijo grego pra te animar também.
- Eu lá vou ficar animado com outro homem??!!!?
Fingi que não ouvi, ajoelhei no chão mesmo e comecei a chupar o cu daquele macho com muita vontade. Meu colega começou soltar pequenos gemidos controlados e apertar o próprio pau, que babava no chão.
Comecei a enfiar os dedos, um de cada vez, até ter três dedos dentro dele, abrindo caminho. Fiquei revesando entre meus dedos e minha língua. Vi que Paulo estava gostando muito daquela sensação, mas não dava pra demorar ali. Eu precisava meter logo.
Então peguei uma camisinha na carteira, encapei meu pau e comecei a meter em meu colega. Mal a cabeça entrou e ele já pediu pra parar de meter e tentou fugir, mas eu era mais forte que ele e o segurei pela cintura.
- Deixa eu sair, por favor. Essa porra dói demais. Eu vou sair daqui todo arrombado.
- Fala baixo. Você quer que alguém nos ouça?
- Davi, tô falando sério. Caralho. Tira essa porra senão eu vou te matar.
- Tu já comeu algum cu na vida?
- Claro que já. Mas nunca dei. Tira isso daí, porra. Eu tô avisando.
Paulo Henrique falava alto e irritado, mas não se mexia.
- Se tu já comeu um cu, sabe que pra entrar dói pra caralho mesmo. Ainda mais na primeira vez. Mas depois fica muito gostoso. Nunca ouviu isso, não?
- Verdade! Mas a dor é grande demais.
- Relaxa um pouco. Vou ficar aqui parado. A cabeça é a pior parte e já entrou toda. Quando tu relaxar eu continuo.
Fiquei uns segundos parado, esperando algum sinal dele. Não demorou e senti ele rebolar e vir de encontro ao meu pau. Deixei ele conduzir até que o cu dele engoliu meu pau por completo e eu comecei a entrar e sair devagar.
Paulo Henrique voltou a gemer e agora estava dando socos na parede do banheiro e se masturbando de leve.
Acelerei os movimentos e peguei no pau dele, masturbando ele no ritmo das minhas metidas. Gozamos juntos, os dois gemendo alto, sem se importar com nada além do prazer.
Tirei a camisinha, limpei meu pau na pia do banheiro. Paulo Henrique também limpou o pau dele e a gente já ia saindo quando Paulo Henrique falou:
- Aí, não é justo só eu ter dado quando quem gosta dessas coisas é tu. Que tal um troca-troca? Tu já me comeu, agora é minha vez.
- Beleza. Mas tem que ser rápido. A gente já ficou muito tempo longe da sala.
- Eu só quero meter.
- Pode meter sem pena. Meu cu ainda tá aberto de ontem.
Voltamos para cabine e meu colega enfiou o pau em mim de uma vez só. Não era um pau muito grande, nem tão grosso, mas era gostoso de sentir.
Mal ele começou a meter e ouvimos uma voz:
- Posso participar?
Tomamos um choque. O cara nos olhava por cima da cabine. Paulo Henrique quase infartou do coração e começou a se vestir rápido.
- O que você quer? - Eu perguntei enquanto Paulo Henrique estava tentando se vestir apavorado.
- Dar meu cu também.
Olhei direito pro cara. Era um negro retinto, magrinho, usando óculos e com uma camisa do curso de História.
Abri a cabine e deixei o cara entrar. O cara era um viado profissional. Já entrou me chupando e uma chupada muito bem feita.
Paulo Henrique ficou mais calmo e também deu o pau pro cara chupar.
O estudante de história ficou revezando entre meu pau e o pau do meu colega até Paulo Henrique decidir voltar a me comer. Ele pegou outra camisinha, já que tinha tirado a outra no susto, e voltou a meter em mim, sem pena.
Estava muito gostoso, até que o cara também quis ser comido. Vesti outra camisinha e meti nele aos poucos, tentando controlar meus movimentos, mesmo com meu colega socando forte no meu cu.
Mas parece que o outro também gostava da pressão. Primeiro que meu pau não teve dificuldade para entrar nele e depois que ele ficou pedindo mais ao invés de pedir pra parar.
Então comecei a controlar os movimentos daquele trenzinho, metendo em um e dando pro outro. Estava tão gostoso que o estudante de História logo gozou, mas continuou recebendo meu pau. Paulo Henrique gozou logo depois e saiu de dentro de mim.
Eu acelerei as metidas, dei umas mordidas no passivo e também gozei.
Paulo Henrique foi o primeiro a sair do banheiro, sem nem olhar para nossa cara. Eu ainda pedi o contato do outra cara antes de sair. Descobri que o nome do cara era Rodolfo e ele não era aluno. Era professor do Mestrado de História. Pela aparência eu não diria nunca. A pele do cara não tinha uma linha de expressão, ele também não tinha barba e era muito magro, mas ele já tinha 45 anos.
Quando olhei no relógio já era 11:40. Nem voltei para sala. Peguei meu carro e fui para casa.
Em casa tinham algumas pessoas limpando e fazendo a comida. Isso era coisa de Clara. Ela sempre contratava uma equipe de limpeza após as festas pra poder descansar.
Dito e feito. A bonita estava deitada na minha cama. Dormindo. Com certeza exausta da festa de ontem. Imagino que deve ser cansativo organizar tudo e ainda curtir a festa. Deixei ela descansando e fui almoçar.
Depois do almoço, fui para um quarto de hóspedes que já estava limpo e liguei para meu pai. Expliquei tudo sobre o meu pesadelo. Ele disse que não era pra eu me preocupar porque ele tinha certeza que eu iria casar com um homem e não com Rafaela. Meu pai tinha essas conversas as vezes, como se soubesse meu destino.
Falando em Rafaela, ela me ligou de chamada de vídeo e fizemos um sexo virtual falando muita putaria.
A noite eu fui para o aniversário de uma colega do curso de Direito, mas voltei cedo. Não queria estar de ressaca na primeira oportunidade que eu teria de atacar Salomão na minha casa. Aquele trabalho em dupla tinha que render.
Fui dormir cheio de expectativas.
A quarta-feira foi bem tranquila. Eu estava exausto de tanto acordar cedo, mas acordei empolgado porque veria Salomão. Cheguei a estranhar minha empolgação, mas joguei na conta do desafio que eu teria pela frente.
Comuniquei para Clara que Salomão iria almoçar comigo em casa. Clara falou que era a folga dela, mas ela mandaria outra pessoa da confiança dela para fazer o almoço.
A aula foi insuportável. Primeiro um professor chato pra caralho, velho, que quase não conseguia falar, pra ensinar sobre Sociologia na Geografia, algum caralho desse que não prestei atenção. Meus colegas já conheciam ele, foi a aula que faltei no dia anterior para transar no banheiro da faculdade.
Depois uma professora que falava muito baixo e sem variar o tom, pra ensinar História da Geografia. Outra aula insuportável, sem graça, sem dinâmica. Só a professora falava e ela não deixava ninguém interromper.
Quando finalmente terminou essas duas aulas super chatas, chamei Salomão pra ir comigo pra minha casa.
É óbvio que fui de moto para faculdade. Eu queria sentir aquele cheiro de macho bem perto de mim. Sem falar no calor do corpo dele e na voz dele bem perto do meu ouvido.
Puta que pariu! Aquilo me excitou demais.
Fui o caminho inteiro bem devagar e puxando conversa sobre as aulas.
Chegamos na minha casa e percebi os olhares de Salomão em cada cômodo. A primeira coisa que ele me falou foi:
- Davi, você é rico! Olha pra essa casa. Minha casa inteira cabe na sua sala. Essa sua cozinha é o sonho da minha mulher.
Fiquei surpreso com a empolgação dele. Mas achei fofo, parecia um menino deslumbrado com as coisas. Ao mesmo tempo, pensei que isso poderia ser útil algum dia. Se o deslumbramento dele fosse maior que a sexualidade, eu poderia seduzir oferecendo coisas. Mas isso era só em segundo plano.
- Fica a vontade pra conhecer a casa inteira. Você é meu filho, o que é meu, é seu também.
- Essa piada sua nunca foi tão convidativa pra mim.
Davi saiu olhando a casa toda e eu fui atrás. Ele abriu todos os quartos, foi na área da piscina, abriu o escritório, conheceu cada canto da minha casa. No final ele me perguntou:
- Pra que você tem tantos quartos mobiliados? Mora com alguém?
- Não. Eu moro sozinho. Os quartos são para receber as visitas.
- Você é traficante ou faz algo ilegal?
Salomão perguntou muito sério e eu tive que ri um pouco antes de responder.
- Não. Meu tataravô ganhou muitas terras de Portugal, meu bisavô aumentou a fortuna. Meu avô não quis a maior parte das terras quando soube a origem, mas ficou com algumas empresas. Meu pai herdou algumas empresas já quase falidas, mas o suficiente para ele ser considerado rico e me sustentar.
- Você não se envergonha de ter dinheiro a custas de tudo o que Portugal fez com o Brasil?
- Meu avô distribuiu algumas terras para pessoas pobres e devolveu terras que eram consideradas território indígena. E eu não tenho o sangue deles. Eu sou adotado e venho de uma família bem pobre. Então me sustentar é uma forma de reparação histórica.
Falei rindo e percebi que Salomão fechou a cara.
- É brincadeira, filho. Já esqueceu que eu sou piadista? Não posso perder uma piada. Vamos almoçar.
Almoçamos. Vi que Salomão comia igual um ogro, sem um pingo de etiqueta a mesa. Mas isso me deu ainda mais tesão.
Estávamos almoçando ainda e Clara chegou. Fui com ela até a área da piscina e perguntei:
- Está fazendo o que aqui?
- Rafa que pediu pra eu fiscalizar e tirar minha folga amanhã.
- Fiscalizar o que? Rafaela agora ficou com ciúmes de uma possível conquista minha?
Fiquei puto com aquela atitude de minha namorada. E ainda mais puto por Clara ter obedecido.
- Davi, você sabe como funciona: Rafa manda e eu obedeço sem contestar.
Resolvi ligar para Rafaela na mesma hora. Ela demorou para atender. Quando atendeu, ela nem me deixou falar.
- Pedi para Clara acompanhar vocês porque senti algo diferente na sua voz quando você estava falando desse cara.
- E desde quando você tem ciúmes de um carinha qualquer que eu quero pegar?
- Davi, meu amor. Só pelo seu nervoso já deu para perceber que fiz a coisa certa.
- Rafa, meu bem. Ele é só mais um que eu quero ficar e o desafio é grande demais. Você sabe como desafios me deixam excitados.
- Amor, eu sei que eu te conheço melhor do que você mesmo. E não vou te perder para um cara casado.
Eu desliguei e tentei me acalmar. Será mesmo que Salomão significava algo a mais pra mim?!!!? Não. Nem pensar! Salomão era só mais uma conquista difícil.
Fui até a cozinha, Salomão já tinha terminado de almoçar e estava no celular.
Eu queria me livrar da presença de Clara e pedi pra ela comprar um violão pra mim. Ela foi mais esperta e encomendou, só pra não ter que sair de casa.
- Pra que você vai comprar um violão? - Salomão me perguntou.
- Pra você me ensinar a tocar.
- Eu não tenho tempo...
- Eu pago e pago bem por aulas particulares.
- Tudo bem então. Vamos começar o trabalho? Você tem algum notebook aí pra gente pesquisar?
- Tenho o notebook sim, mas pra que tanta pressa? Vamos descansar o almoço. Que tal ver alguma série só pra relaxar e deixar a comida assentar?
- Pode ser.
Ligamos a televisão e decidimos assistir Dark, não era nada romântico, mas já era um gosto em comum e algo que teríamos para conversar depois.
Teria sido perfeito se Clara não tivesse sentado com a gente e se metido em cada comentário que a gente fazia. Eu tava muito irritado com aquilo.
Depois do primeiro capítulo, resolvemos começar a fazer o trabalho. Era muita informação sobre Massas de ar, teríamos que resumir muito. Depois de algum tempo, eu dei a seguinte ideia:
- Acho que primeiro a gente apresenta uma definição, depois tipos de massas de ar, depois como elas se formam, o que acontece quando elas interagem, a importância delas e por último uma paródia cantada por você.
- Olha só. No começo eu achei que faria tudo sozinho. Gostei da sua divisão. Só não sei se a paródia vai ficar legal.
- Você me disse que toca violão e eu acho sua voz muito sex, com todo respeito.
- Sem problema. Já me falaram isso da minha voz.
A tarde seguiu assim: com muito estudo. Depois de definir as partes, fizemos um slide e Salomão criou a paródia em menos de 10 minutos. Eu estava hipnotizado pela voz dele. Aquela rouquidão na voz era muito mais sex cantando.
- Salomão, foda-se se você vai me achar atirado. Sua voz é sex demais. Eu tô todo arrepiado, de pau duro aqui. Desculpa te falar isso assim, sei que você é casado, mas eu não poderia guardar essa informação pra mim.
Eu falei tudo muito rápido, as palavras simplesmente viam e eu falava. Clara me olhou surpresa, mas eu não liguei. Só me interessava a reação de Salomão. Talvez eu tivesse ido rápido demais, ainda mais na frente de Clara, não tinha clima suficiente para uma declaração desse nível, mas agora era tarde.
Quando ele ia falar, o celular dele tocou. Era a esposa. Ele atendeu ali mesmo, na nossa frente:
- Fala ... E tu quer que eu faça o que? ... Eu tô te avisando desde ontem ... Eu sou pai ... Trás ela para o médico. Corre. ... Eu dou um jeito. ... Vou ver se consigo ir te buscar e te aviso.
O tom de voz dele era muito ignorante. Quando ele olhou pra gente, percebeu nossa cara de interrogação e falou:
- Minha filha já está doente faz três dias e eu fico irritado porque eu já falei pra minha mulher trazer ela para o hospital e ela não queria trazer. Agora a menina piorou e a culpa é dela.
- Nossa! É muito sério? - Perguntei.
- A gente ainda não sabe. Ela teve febre esses dias e está muito mole. Com diarréia e vômito também. Eu falei pra trazer para o hospital e a mãe queria tratar só com oração e chá.
- Complicado.
- Davi, eu vim só com o dinheiro de voltar. Preciso de alguns favores teu. Se você poder.
- Claro. Tudo que é meu está a sua disposição.
- Você tem carro, né? Poderia me emprestar para ir buscar ela? Eu juro que cuido bem do teu carro.
- Oxe, nem precisa se preocupar. É só pegar a chave.
- Mais uma coisa, se poder. Se você não for fazer festa aqui hoje. Pode nos deixar passar essa noite aqui? Provavelmente ela vai sair do hospital bem tarde, sabe como é hospital público. Não tem transporte para nossa cidade depois da cinco da tarde.
- Clara vai ficar feliz em preparar o quarto pra vocês. Se quiser trazer seus outros filhos para aproveitar a piscina enquanto a irmã deles vai ao médico, fique a vontade. A casa é sua, meu filho.
E foi assim que uma possível investida se transformou em um ato de caridade. Mas a cada dia eu tinha mais certeza que aquele homem tinha que ser meu.
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Para quem está realmente lendo e gostando:
Estou sem tempo para escrever e analisar as correções do escritor ContosdoLucas. Esse capitulo mesmo, só consegui incorporar metade das revisões dele, era isso ou eu só teria tempo para postar no final de semana.
Outra coisa: no cap anterior teve poucos comentários e pouca gente realmente interessada na história. Estou pensando em encurtar a história, mas isso talvez deixe muitas pontas soltas nas histórias secundárias. Eu tinha planos para todos os personagens que Davi está pegando na faculdade, mas talvez alguns fiquem sem enredo.
Dito isto, comentem muito e especulem sobre a história. Eu só escrevo porque tenho leitores.
Obrigado aos que estão acompanhando. Até a próxima segunda-feira.