Abstinência

Um conto erótico de Deco Moreira
Categoria: Gay
Contém 612 palavras
Data: 10/11/2025 10:26:29

Meu apartamento exala uma frieza elegante. Um lugar onde a luz incide com dureza nos objetos. Henrique era o único borrão permitido naquela rigidez.

Baixo, 1,70m de altura e fibra, a barba negra e esculpida, o cashmere cinza. Eu, Bruno, sou mais alto, magro, minha pele morena-clara contra a sua brancura nítida. Estávamos jogados no sofá de couro. O ar, pesado. A fumaça do baseado na mesinha de centro se dissolvia lentamente. O cheiro cítrico do perfume dele me alcançava em ondas.

Ele falava. Sobre uma mulher, um nome que não importava, sobre a indiferença de um sexo sem urgência. A boca dele desenhava a pretensão da normalidade na minha frente. Eu olhava a sua mão, parada, a centímetros da minha coxa. Senti o gosto da espera, o sal na língua. Minha respiração era rasa, um defeito na acústica perfeita da sala. Olhei para o meu próprio membro sob o jeans e senti a promessa de inchaço que a proximidade dele me causava.

Ele parou de falar. A voz, esgotada. O silêncio que se seguiu era um peso físico. Um músculo contraído no centro da sala.

Henrique se inclinou. O movimento foi lento, calculado. Não era um avanço, mas a negação da fuga. O cotovelo no braço do sofá. O corpo avançando até que o cheiro dele fosse a minha única visão. Eu podia sentir o calor seco da sua pele no meu rosto, e a textura do cashmere que roçava a minha camisa de linho.

Eu não disse nada. Não houve necessidade de som. A única coisa que se moveu foi o meu olhar, preso no seu.

Sua mão pousou no meu ombro. O peso ficou. Não era afeto. Era massa, fibra, posse. O músculo sob o tecido. O toque era um erro inevitável na equação dos nossos dias. Deixei a cabeça pender, expondo a nuca. O calor do seu hálito.

A mão desceu. Envolveu minha virilha, por cima do jeans. A firmeza era violenta, mas sem agressão. Meu pênis saltou, a resposta não era minha. Senti a pressão dos seus dedos se tornando a única âncora no corpo.

Ele rasgou o jeans com a mão. O som seco do rasgo.

Meu membro estava livre. O toque dele era estudo, lento. A pele branca dele em contraste com a minha; a cabeça do meu pênis, úmida, sendo explorada pela boca. Senti o sal do meu suor. O puxei pela nuca, sentindo a densidade do seu cabelo. Menta e testosterona. O cheiro era o território. A possessividade.

Ele me virou no tapete. Sem suavidade. O carpete frio no meu peito era um alívio contra a febre. Senti a lubrificação, pesada, vinda de sua própria boca. A ponta do pênis dele, massa sólida, quente, tateou a entrada.

O contato foi um rompimento. Uma dor que não era de sofrimento. Cravei os dentes na carne do seu braço. A dor vibrava. Ele não parou. Pressionou, e o choque virou dilatação.

Ele parou. O pênis dele respirava dentro de mim. O calor. Senti o roçar da barba na minha nuca. A respiração dele grossa no meu ouvido. Senti a rugosidade na base do seu pênis deslizar. A estrutura óssea do seu quadril contra o meu.

Ele recomeçou. Profundo. Circular. Lento. Era a execução de um plano. Eu senti o peso da definição no meu corpo. Músculos contraindo. O som molhado, constante. A fricção interna era grossa, um movimento que fazia meu estômago afundar. A ponta dele encontrava algo profundo, um ponto de tensão e de soltura que eu nunca soubera existir.

Ele gemeu. Seu corpo vibrou, fibras cedendo. A onda de calor denso me preencheu. Caímos, suados. Silenciados. Apenas o cheiro cru daquele ato.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Deco Moreira a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários