A primeira coisa que me acorda agora não é o despertador, nem o sol entrando pela janela do nosso apartamento em Pinheiros, nem mesmo o cheiro do café que Clara costuma preparar. É essa pressão insistente entre as minhas pernas, como se alguém tivesse amarrado um balão de água quente ali durante a noite e ele estivesse prestes a estourar. Desde que aquele bendito desequilíbrio hormonal resolveu dar as caras – o médico chamou de "queda abrupta de testosterona seguida de pico compensatório", eu chamo de "praga maldita" – meu corpo virou um relógio desregulado. Cinco da manhã, e já estou ali, sob o lençol de algodão, o coração acelerado como depois de uma corrida, a mão deslizando por baixo da cueca boxer antes mesmo de eu abrir os olhos direito. O toque na pele já arrepiada é como ligar um disjuntor: tudo dentro de mim acende de uma vez, intenso, urgente, uma corrente elétrica que desce do peito direto para o ventre. É involuntário, quase violento na sua necessidade. Fechei os olhos, mergulhando na escuridão úmida do nosso quarto, o único som sendo a respiração tranquila e profunda de Clara ao meu lado.
Apertei o punho ao redor de mim mesmo, a pele já conhecendo o caminho, quente e sedosa. Um gemido baixo escapou dos meus lábios – mais um suspiro rouco sufocado pelo travesseiro. Cada movimento era um mergulho mais fundo numa névoa espessa, onde só existia o calor crescente, a tensão absurda nos músculos da coxa, e o bater acelerado do meu sangue nos ouvidos. *Deus, que inferno bom* , pensei, perdendo o ritmo por um segundo, o corpo arqueando sozinho. Era como se cada fibra estivesse sendo esticada até o ponto de ruptura, prometendo uma explosão libertadora que teimava em ficar logo ali, quase alcançável. A imagem de Clara, ainda dormindo profundamente com um fio de cabelo castanho escuro sobre o rosto, cruzou minha mente num flash rápido, misturando culpa com uma ponta perversa de excitação. Ela não fazia ideia. Como explicar que precisava disso três, quatro vezes ao dia só para conseguir pensar direito?
"Tu tá bem, amor?" A voz dela, rouca de sono, cortou o ar como uma faca. Quase saltei da cama. Abri os olhos de repente, encontrando os dela, meio fechados mas curiosos, fixos em mim sob a luz fraca que começava a invadir o quarto. Meu coração parou, depois disparou feito louco. A mão, ainda escondida sob o lençol, congelou no lugar. *Merda. Merda, merda, merda.*
"Tá... tá tudo bem, Clarinha," minha voz saiu estrangulada, um tom mais agudo que o normal. "Só... só tava me espreguiçando forte. Dor nas costas, sabe? Essa cama..." Mentira patética. Fingi um bocejo exagerado, tentando disfarçar o tremor que tomava minhas mãos e o rubor que sentia subir pelo pescoço.
Ela virou de lado, apoiando a cabeça na mão, o roupão de seda escorregando levemente do ombro. Aquele olhar dela, sempre tão perspicaz, percorreu meu rosto, depois desceu vagarosamente pelo meu corpo, parando onde o lençol formava uma pequena elevação suspeita sobre o meu quadril. Um silêncio espesso desceu sobre o quarto, carregado de algo que não era apenas sono. Os cantos dos lábios dela se curvaram quase imperceptivelmente, não num sorriso franco, mas numa coisa mais lenta, mais... calculada. "Dor nas costas?" ela repetiu, a voz ainda rouca, mas agora com uma nuance diferente, mais profunda. "É... parece que tá bem tenso mesmo." Seu dedo indicador traçou um caminho lento, quase despretensioso, pela borda do lençol, raspando de leve o tecido sobre a minha coxa. Cada célula da minha pele parecia vibrar, concentrada naquele ponto de quase-contato. A ereção, já monumental antes, pulsou com uma força quase dolorosa contra a cueca, e eu prendi a respiração, sentindo o suor frio brotar nas têmporas enquanto meu coração batia como um tambor desesperado dentro do peito.
"Clara…", saiu num suspiro rouco, uma mistura de súplica e alerta. Mas ela já estava movendo a mão, não para levantar o lençol, mas para deslizar a palma dela sob ele com uma naturalidade devastadora. Seus dedos encontraram a minha barriga tensa primeiro, quentes e firmes, e depois continuaram o caminho descendente, inevitável. Quando sua mão finalmente fechou sobre o volume através do tecido fino da cueca, um choque elétrico percorreu minha espinha. "Nossa", ela murmurou, baixinho, quase para si mesma, enquanto os dedos dela exploravam o contorno rígido, pressionando levemente. "Está fervendo." O ar escapou dos meus pulmões num gemido rouco e involuntário. Ela observava meu rosto com uma intensidade hipnótica, os olhos escuros fixos nos meus, enquanto sua mão continuava essa exploração lenta, deliberada, esmagadora. Cada movimento dela – um aperto calculado ali na cabeça, um deslizar do polegar sobre a ponta inchada – fazia o sangue rugir nos meus ouvidos e uma onda de calor sufocante subir do meu ventre.
"Quantas vezes hoje já foi isso, amor?" A pergunta veio suave, mas carregada de uma curiosidade densa, quase científica. Seu polegar agora circulava a cabeça através do tecido úmido, criando uma fricção torturante que me feu arquear as costas e cravar os calcanhares no colchão. "Duas... ou três?", ela insistiu, inclinando-se um pouco mais para frente, o perfume dela – jasmim e pele quente – envolvendo-me como um véu. A verdade escapou num sussurro entrecortado, enquanto minha mão agarrava o lençol com força: "Quatro... agora." Um som baixo, quase um rosnado, escapou dela. "Quatro", ela repetiu, e pela primeira vez, um brilho inconfundível, predatório, acendeu no seu olhar. "E cada vez mais forte... mais rápido?" Sua mão finalmente deslizou *para dentro* da cueca, os dedos encontrando a pele escaldante diretamente. O contato foi como um raio. Meu quadril sacudiu involuntariamente. As pontas dos seus dedos eram frescas contra o meu calor absurdo, mas quando ela envolveu o meu membro pulsante completamente com aquela palma macia e decidida, fechando sobre ele com possessão, foi como se todo o oxigênio do mundo desaparecesse.
"Não pare", gemeu a minha voz, uma ordem rouca e sem controle. Ela não precisava ser pedida duas vezes. Seu pulso girou num ritmo preciso, ancestral, tirando uma resposta visceral do meu corpo que nenhuma das minhas sessões solitárias havia conseguido. Cada movimento dela era uma afirmação silenciosa: ela *sabia*, havia observado tudo. O ar escapava dos meus lábios em pequenos gritos abafados, enquanto o calor se concentrava numa bola incandescente na base do meu ventre, irradiando para cada músculo tenso. "Me mostra", ela ordenou, não com ternura, mas com uma autoridade que me deixou ainda mais vulnerável. "Como é que você faz... quando está sozinho." Era meu corpo reagindo ao conhecimento íntimo dela, ao voyeurismo revelado mas nunca admitido até aquele instante. Cada bombeamento do seu punho sincronizava-se com as batidas furiosas do meu coração contra as costelas. A sensação era de ser desmontado peça por peça, observado através de um microscópio por alguém que conhecia cada segredo do meu próprio corpo melhor do que eu.
O som que saiu então foi um misto de gemido e gargalhada desesperada. "Você... você via?", eu perguntei, a voz estrangulada pela intensidade crescente. Ela apenas sorriu com os olhos – um sorriso estreito, íntimo – enquanto o polegar dela encontrava um ponto específico sob a glande, uma área supersensível que só eu conhecia. "A janela do escritório... reflete", ela murmurou, quase casual, enquanto acelerava o movimento. "Especialmente quando você acha que está escondido." O choque da descoberta se misturou à excruciante onda de prazer que subia como uma maré implacável. Cada músculo abdominal contraía-se espasmódicamente, tentando segurar o inevitável. Sua outra mão subiu e agarrou meu quadril com força, prendendo-me no lugar enquanto ela mantinha o ritmo implacável, observando cada contração do meu rosto, cada tremor que percorria minhas pernas.
Foi então que aconteceu. Sem aviso, sem o lento crescendo habitual, uma corrente branca e quente jorrou violentamente, atingindo minha própria barriga com força. Não foi uma libertação, foi uma explosão. Um rugido surdo escapou da minha garganta enquanto meu corpo se convulsionava sob o seu controle absoluto. Ela não parou. Continuou bombeando, extraindo cada gota residual, cada espasmo final, com uma determinação quase cruel. "Clara!", gritei, o nome saindo como um arquejo de agonia e êxtase. Quando finalmente ela soltou, meu corpo desabou na cama como um trapo molhado, tremendo incontrolavelmente. Ela levantou lentamente a mão, coberta de sêmen ainda pulsante, e examinou-a sob a luz fraca do amanhecer com um fascínio absoluto, primordial. Sem quebrar o contato visual, ela levou os dedos aos lábios e lambeu-os, devagar, deliberadamente. O sabor dela naquele instante estava escrito nos seus olhos: era poder puro, mais doce que qualquer confissão. "Cinco", ela disse, a voz um murmúrio rouco que prometia muito mais do que revelava.