Sedução em Chamas 01

Um conto erótico de J Filho
Categoria: Heterossexual
Contém 1471 palavras
Data: 08/11/2025 14:14:52

sol caía a pique sobre a cidade, pintando o céu de tons alaranjados quando ele chegou em casa. O calor ainda persistia, grudento, como se o asfalto tivesse guardado todo o fogo do dia para devolver aos poucos. Ao entrar pela porta da frente, o cheiro de café fresco o recebeu, misturado ao aroma doce do bolo de fubá que Helenir costumava fazer às sextas-feiras. Mas algo estava diferente. Uma quietude estranha pairava no ar, como se a casa estivesse prendendo a respiração.

Ele seguiu o som da água correndo vindo da área de serviço, onde a pequena piscina de plástico das crianças ainda estava montada, meio vazia, e a mangueira jogava jatos descontrolados no cimento úmido. Foi então que a viu. Helenir estava parada junto à porta de tela que dava acesso ao quintal, imóvel, como se tivesse sido pega em flagrante. Seu corpo, usualmente envolto em vestidos longos e discretos, agora se destacava em um short jeans justíssimo e uma blusa branca, fina demais, que colava na pele escura pelos seios cheios. Os cabelos negros, sempre presos em um coque severo, caíam soltos sobre os ombros, levemente ondulados pela umidade do ar.

Mas não foi ela que chamou sua atenção primeiro. Foi ele. Jaime, o pedreiro que havia contratado para reformar o banheiro dos fundos, estava de costas, enxaguando o torso nu sob o chuveirinho improvisado com a mangueira. A água escorria por suas costas largas, marcando cada músculo definido pelo trabalho braçal—ombros que pareciam talhados em pedra, costas que se estreitavam até a cintura, onde a calça jeans, molhada e colada, deixava pouco à imaginação. As gotas deslizavam pela pele morena, quase negra pelo sol, e desapareciam na cintura da calça, baixíssima, revelando o início daquilo que o tecido não conseguia esconder: o volume grosso entre as pernas, pressionado contra o zíper.

Helenir não se moveu quando ele se aproximou por trás, mas seu corpo tenso, a maneira como os dedos se cravaram na madeira da porta, traíram seu nervosismo. Ele poderia jurar que ouviu a respiração dela acelerar, quase um suspiro abafado, quando Jaime se virou levemente, passando a mão pelos cabelos curtos e encaracolados, sacudindo a água como um animal que se livra do excesso. O pedreiro não os havia visto. Ou fingia não ver. Os olhos dele, porém, deslizaram por um segundo sobre o corpo de Helenir, demorando-se nos seios, no quadril largo, antes de voltarem ao trabalho com uma indiferença calculada.

— Você está bem? — ele sussurrou no ouvido dela, sentindo o calor que emanava de seu corpo, o cheiro do sabonete barato que ela usava, misturado a algo novo—um perfume doce, quase proibido.

Helenir se sobressaltou, como se tivesse sido arrancada de um transe. Seu rosto, quando se virou, estava corado, os lábios entreabertos.

— Eu... eu só estava vendo se ele tinha terminado o reboco — mentiu, a voz trêmula. Mas seus olhos, brilhantes demais, não mentiam. Havia algo ali, uma fome que ele nunca tinha visto antes nela. Não por ele. Não assim.

Ele não disse nada. Não precisava. O silêncio entre eles era elétrico, carregado de algo que não tinham nomeado ainda. Em vez disso, passou os dedos levemente pela cintura dela, sentindo-a estremecer, e depois se afastou, como se nada tivesse acontecido. Mas tudo havia mudado.

Nos dias que se seguiram, ele observou. E Helenir, como se tivesse sido despertada de um sono longo, começou a se exibir.

Primeiro foram as blusas. Aquelas que antes cobriam seu pescoço até o pulso agora tinham decotes que caíam justos sobre os seios, realçando a fenda profunda entre eles, a pele escura contrastando com o tecido claro. Depois, os shorts. Mais curtos. Mais justos. Aquelas coxas grossas, que ele sempre amara, agora ficavam à mostra, a pele macia quase pedindo para ser tocada. E os sapatos—antes, sempre rasteirinhas ou sandálias ortopédicas—agora eram sapatilhas com um salto baixo, mas suficiente para fazer seu quadril balançar de uma maneira que deixava qualquer homem de queixo caído.

Ele notou. E gostou.

Uma noite, enquanto ela se vestia para dormir, ele se aproximou por trás, as mãos deslizando por sua cintura, puxando-a contra seu corpo. Seu pau, já duro, pressionou-se contra as nádegas dela, e ele sentiu o arrepio que percorreu sua pele.

— Você está diferente — murmurou, os lábios roçando a orelha dela. — Gosto de ver você assim. Tão... descoberta.

Helenir não se afastou. Em vez disso, arqueou as costas, pressionando-se mais contra ele, um gemido baixo escapando de seus lábios.

— Você não acha que é pecado? — provocou, a voz rouca. — Um homem olhando para o que não é dele?

A pergunta era uma armadilha. Uma confissão. Ele saboreou o veneno doce daquelas palavras, sentindo o sangue ferver.

— Pecado é não aproveitar o que Deus deu — respondeu, mordiscando seu pescoço. — E você, minha querida, foi muito bem presenteada.

Ela riu, um som baixo, quase um ronronar, e se virou, os olhos escuros brilhando com uma malícia que o deixou tonto.

— E se eu quiser que ele veja? — sussurrou, os dedos descendo até o botão de sua calça, brincando com a ideia. — E se eu quiser que ele sinta o que você sente?

O coração dele disparou. Não era ciúme. Ou, se era, era um ciúme doentio, misturado com uma excitação que o deixava duro só de imaginar. A ideia de outro homem olhando para sua mulher, desejando-a, enquanto ele assistia... Era errado. Era perfeito.

— Faça-o olhar, então — desafiou, a voz grossa de desejo. — E me deixe ver.

Na manhã seguinte, o sol já queimava quando Helenir desceu as escadas vestindo um biquíni que ele jurava nunca ter visto antes.

Não era daqueles recatados, com saias ou shorts por cima. Não. Era um conjunto preto, minúsculo, que abraçava seu corpo como uma segunda pele. O top, um triângulo que mal cobria os mamilos escuros, pressionados contra o tecido, ameaçando escapar a qualquer momento. A calcinha, uma fio-dental, deixava as nádegas arredondadas quase nuas, o tecido afundando entre as bochechas, revelando o início da fenda úmida entre elas. Seus cabelos estavam soltos, molhados, colados nas costas, e ela carregava uma toalha que, no momento, servia apenas para enfeite.

Ele a observou da janela da sala, o café esquecido na mesa, enquanto ela se dirigia à piscina. Não a grande, de azulejos, que ficava na área social. Não. Ela foi direto para a pequena, de plástico, nos fundos, onde Jaime trabalhava no acabamento do chuveiro externo.

O pedreiro estava agachado, martelando algo no chão, a camisa pendurada em um prego próximo. Seu torso nu brilhava de suor, os músculos das costas se movendo sob a pele enquanto ele trabalhava. Quando Helenir passou por ele, a poucos metros de distância, Jaime levantou os olhos. Por um segundo, apenas um, seus movimentos paralisaram.

Ela não olhava para ele. Ou fingia não olhar. Deitou-se na espreguiçadeira, virando-se de bruços, as pernas levemente abertas, os pés balançando no ar. O biquíni, molhado agora, colava-se ainda mais em seu corpo, os seios esmagados contra o plástico da cadeira, o bumbum arredondado apontando para o céu, como um convite.

Jaime engoliu em seco. A ferramenta escorregou de suas mãos, caindo com um estalo no chão. Ele a pegou rapidamente, mas seus olhos—ah, seus olhos—não conseguiram se desgrudar. Deslizaram pelas costas de Helenir, pela curva de sua cintura, pelas nádegas que o tecido preto mal cobria. Quando ela se virou levemente, ajustando a posição, o pedreiro teve uma visão clara do perfil de seus seios, do mamilo escuro pressionado contra o lycra, quase transparecendo.

Helenir sorriu. Não para Jaime. Não diretamente. Mas um sorriso pequeno, quase imperceptível, que se dirigia a ele, lá na janela, observando tudo. Um sorriso que dizia: Você está vendo? Você está sentindo o mesmo que eu?

Ele estava. E era uma tortura deliciosa.

Jaime se levantou, passando a mão pelo rosto suado, como se tentasse se recompor. Mas quando Helenir se levantou, esticando os braços para o céu, arqueando as costas de uma maneira que fazia seus seios saltarem para frente, o pedreiro não resistiu. Seus olhos desceram, devagar, como se estivessem sendo puxados por um ímã, até o ponto onde o tecido do biquíni desaparecia entre suas coxas.

Ela notou. Claro que notou. E, em vez de se cobrir, ela se virou completamente, enfrentando-o, os braços cruzados sob os seios, empurrando-os para cima, fazendo com que o decote se abrisse ainda mais. Jaime congelou. A respiração dele estava visivelmente acelerada, o peito subindo e descendo com força. Por um segundo, seus olhos encontraram os dela.

E então, como se tivesse sido queimado, ele se virou, pegando a camisa com mãos trêmulas.

Helenir riu baixinho, um som que ecoou até ele, lá na janela, e sentiu o próprio pau latejar, dolorido, dentro da calça.

O jogo havia começado. E Deus, ele não sabia se conseguiria resistir ao final.

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