No Capítulo anterior:
Débora sugeriu que Sayaka, que eu carinhosamente chamava de Aka, minha melhor programadora na antiga empresa e, nas horas vagas, um hacker de mão cheia, participasse da reunião. Concordei; Sayaka poderia ver coisas que não vi. Ela se tornou uma das melhores especialistas em segurança digital do mercado. Hoje, ela trabalha como consultora autônoma para gigantes do Vale do Silício.
Com a cabeça a mil resolvi dormir. Queria estar bem descansado para enfrentar as desagradáveis informações desenterradas por Débora e sua equipe.
Continuando:
Acordei com o interfone martelando minha cabeça. Olhei a hora no celular, dormi muito, eram duas horas da tarde. Atendi o interfone. Débora e Sayaka tinham chegado. Autorizei a entrada, abri a porta da sala e fui para o banheiro fazer minha higiene.
Me despi e me sentei no vaso para mijar. Sim, eu me sento para mijar, quem já foi casado sabe que esse gesto simples pode evitar discussões desgastantes com o cônjuge. Com o tempo torna-se um hábito, você faz sem pensar. Ou melhor, você pensa nisso apenas na primeira mijada do dia, quando lembra do desconforto de ter que entortar o pau duro pela ereção matinal para viabilizar o ato sem encostar no vaso. Depois dos primeiros jatos, ele amolece um pouco, facilitando o alívio matinal, mas continua meia bomba por um tempo.
Aliviado, segui a rotina. Escovar os dentes, enxaguante bucal, fazer a barba e, o grand finale, uma bela ducha!
Quando estou no chuveiro, esqueço do mundo. Normalmente, meus banhos são longos; durante minha adolescência, tal hábito sempre foi a maior fonte de conflito com meu pai. Quase todo dia, perguntava se eu pensava que ele era sócio da companhia de energia.
Não foi diferente nesse dia. Esqueci completamente que Débora e Sayaka me esperavam.
Débora não aguentou. Entrou no meu quarto e, vendo que a porta do banheiro estava aberta, não pensou duas vezes, invadiu o banheiro pedindo que eu me apressasse.
Ela chegou em um momento delicado do meu banho. Eu estava ensaboando minha rola. Como ela já estava meia bomba antes do banho, foi inevitável uma ereção ao manuseá-la.
Assustado com a intromissão, virei-me para a porta, mostrando para Débora meu amigo de tantas batalhas completamente duro.
Fiquei sem ação. Apesar de já ter tido momentos de maravilhosa intimidade sexual com ela, regredimos ao status de amigos depois que descobri que Ruth a enganou. Toda a dor da descoberta quebrou a leveza que marcou nossas fodas, passamos a trabalhar juntos no caso, procurando deixar de lado nossas intimidades.
Apesar disso, notei que Débora olhou demoradamente para meu pau, mordeu os lábios e seus mamilos acenderam, marcando sua camiseta. Ela claramente estava excitada.
Por instinto eu continuei a ensaboar minha rola simulando uma punheta. Com um sorriso safado ela olhou para meus olhos, virou o rosto e gritou:
— Sayaka, descobri o motivo do chefinho estar demorando no banho, ele está batendo uma punheta. Vem ver que rola bonita, grande e grossa, como você gosta!
— Que safado! Estou indo! — respondeu Sayaka.
Eu não sabia onde enfiar a cara. Me senti um adolescente sendo pego pela mãe. Meu pau murchou em segundos. Quando Sayaka apareceu na porta do banheiro eu já estava enrolado em uma toalha e dizendo cobras e lagartos para Débora. Além da safada chorar de rir, envolvia sua amiga na piada descrevendo minha broxada. Expulsei as duas do banheiro e do quarto e fui me vestir.
Quando cheguei na sala elas continuavam rindo. Acabei entrando no jogo e rindo da situação. Minha broxada acabou por descontrair o ambiente. Apesar da gravidade do assunto começamos a reunião desarmados, com o espírito leve.
Não sei como as duas estavam antes, mas eu estava tenso. Além dos novos elementos, a perspectiva de ter Sayaka na reunião me assustava. Talvez por conta disso, perdi o rebolado ao ouvir Débora a chamar para me ver nu. Afinal, sou um homem bem resolvido com meu corpo e meus desejos; em tese, não haveria nenhum problema em Sayaka me ver de pau duro.
Entretanto, a questão não é tão simples. Nós tínhamos uma história. Não, eu não a comi! Ela foi uma das minhas melhores programadoras, a segunda que contratei quando percebi que meu aplicativo precisava de abordagens diferentes para conquistar mais espaço.
Ela era, e continua sendo, brilhante. Com dezoito anos, sem estudo formal em programação, ela dominava as mais sofisticadas linguagens de programação como poucos. Sinceramente, ela derrubava meus colegas de doutorado sem fazer força. Além disso, percebia que os aplicativos para smartphone eram o futuro, algo que poucos profissionais da área acreditavam.
Nosso primeiro contato foi pela internet. Em 2006, o grande tema nos primeiros blogs sobre aplicativos para telefones celulares eram os boatos sobre a luta da Apple para lançar um telefone que fosse um “computador de bolso”.
É importante entender o momento histórico. A indústria de telefonia celular crescia absurdamente, a demanda por aplicativos só aumentava, mas a tecnologia da época impunha barreiras que limitaram a criatividade dos desenvolvedores. Muitas ideias para aplicativos foram reformuladas para rodarem como programas compatíveis com PCs. Aplicativos eram o futuro, mas não garantiam a sobrevivência dos seus desenvolvedores.
A perspectiva de um salto tecnológico com o novo telefone da Apple era muito mais do que esperávamos. Todos sabíamos que o mercado de programas fez fortunas quando do lançamento do Windows, agora era nossa vez, a vez dos aplicativos.
Mas, quando seria lançado? Os pessimistas apostavam em 2012; os otimistas, como eu, imaginávamos um grande lançamento no Natal de 2008.
Sayaka entrou no grupo de discussão, uma desconhecida que morava em Tóquio, e foi categórica: o lançamento seria no primeiro semestre de 2007, em menos de um ano.
Foi duramente atacada, mas manteve sua aposta explicando que duas empresas que produziam software para os computadores da Apple não apresentaram novas versões de seus produtos e mesmo assim renovaram contrato. Para ela só tinha uma explicação, estavam trabalhando em softwares para o novo telefone, ou seja, os problemas técnicos para sua produção já tinham sido resolvidos.
Eu não a critiquei, muito pelo contrário, escrevi que ela tinha razão. O iPhone foi lançado em 29 de junho de 2007. Sayaka acertou na mosca.
Passamos a trocar mensagens. Enquanto estava desenvolvendo meu aplicativo, trocamos ideias sobre soluções para essa nova fronteira do mundo digital. Ela sempre teve a capacidade de me fazer ver os inevitáveis problemas por um novo ângulo, facilitando a busca pela solução.
Quando idealizei o perfil da equipe que pretendia formar, chamei Sayaka para o processo de seleção. Ela agradeceu, mas não aceitou. Explicou que estava voltando para o Japão.
Alguns meses depois, precisando de mais um programador, marquei novo processo seletivo. Não sabia se ela estava no Brasil, mas, por desencargo de consciência, mandei um e-mail com o dia e horário do processo.
Ela compareceu e, apesar de ser a única a não ter curso superior na área, foi a que resolveu os problemas apresentados com maior rapidez, originalidade e elegância.
Sayaka era genial, mas pensei duas vezes antes de contratá-la. Seu visual assustava. Não sou conservador nem ligo para o estilo dos meus colaboradores, mas o estilo de Sayaka era bastante nonsense.
Sayaka fazia parte de uma subcultura japonesa que valoriza os aspectos adolescentes da mulher. Apesar de ter mais de vinte anos, ela se vestia como as colegiais japonesas. Microssaia, meia três quartos, sapato de verniz, blusa simulando o uniforme escolar, sempre com botões abertos, valorizando o colo do seio e, por fim, longos cabelos negros soltos ou com dois rabos de cavalo. O estilo tenta reproduzir a sensualidade das garotas japonesas nos animes e mangas.
O efeito final era, tenho que confessar, fantástico. Sayaka, com sua pele branquinha, levemente maquiada, grandes olhos negros e uma boca delicada adornada por um batom rosa, era uma pintura. Seus seios grandes para seus 1,50 m de altura, empurrados para cima pela blusa, destacavam seu colo. Sua cintura era fina, contrastando com uma bunda média, mas empinada, e coxas grossas. A saia mais mostrava que escondia, no máximo quatro dedos abaixo da boceta. Mostrar a calcinha fazia parte do quadro. Em síntese, ela parecia bem mais nova e era absurdamente sensual.
Fiquei preocupado, mas optei por valorizar sua competência profissional.
Fiz bem. Ela demonstrou ser uma profissional inigualável, meu aplicativo não teria tido o sucesso que teve sem seu trabalho.
Mas nem tudo foram flores. Quando invadiram meu sistema, por um momento, eu desconfiei dela. Descartei a hipótese rapidinho, tudo levava a crer que a invasão veio do meu laptop - agora tenho certeza -, mas, vergonhosamente, desconfiei da minha funcionária mais competente e com a qual eu tinha mais afinidade.
Logo que ela veio trabalhar comigo, nos tornamos amigos. Falei muito da minha vida e ouvi sobre a sua.
Um dia em que trabalhamos até tarde resolvemos pedir uma pizza antes de ir embora. Ficamos esperando na sala de descanso, conversando amenidades, era proibido falar de trabalho na sala de descanso. Em um determinado momento ela, sentada em um sofá bem de frente para mim, encolheu uma perna, colocando o pé no sofá e manteve o outro no chão. Sua minúscula saia subiu, mostrando sua calcinha. Até aí nada de novo no front, ela se sentava dessa maneira “arreganhada” usualmente. Mostrar sua calcinha era parte do seu look.
Entretanto, nesse dia, sua calcinha estava enterrada na sua buceta, seus lábios maiores estavam expostos e inchados. Acredito que ela deve ter fodido muito na noite anterior, ela estava arregaçada. Para completar, uma penugem negra que eu nunca tinha notado; ela praticamente não depilava a xota, e algumas marcas de chupões na virilha.
Não teve jeito, eu estava de bermudas e, como sempre, com cuecas samba canção, meu pau ficou duro, muito duro. Não tinha como esconder, tentei mantê-lo de lado, mas foi inevitável ela perceber.
Ela também se excitou, seus mamilos intumesceram, marcando a blusa e percebi que sua xoxota começando a brilhar, a luz sendo refletida por seu mel.
Acho que nesse momento ela se tocou que estava exposta, seu cheiro começou a dominar o ambiente.
Levantou o outro pé e colocou no sofá, se arreganhando para mim. Olhou nos meus olhos e falou:
— Pelo que estou vendo, você gosta dela peluda, né?
Eu não sabia o que falar, ela era minha funcionária! Achei melhor seguir com a brincadeira como algo normal entre amigos:
— Adoro, mas pelo jeito não sou só eu que gosto. Sua noite deve ter sido animada!
— Safado! Sacou logo que estou arrombada. Mas não foi ontem, foi hoje na hora do almoço. Encontrei um contatinho e quiquei na rola dentro do carro, sem tirar a calcinha. Por isso que está bagunçada. Mas o chefinho gostou, está de rola dura, né.
— Sayaka, você é um tesão, nunca te chamei para sair por ser minha funcionária. Normalmente eu controlo meu tesão, mas hoje está foda, sua buceta é uma delícia.
— Eu também morro de vontade de dar para você, chefinho. Já tinha ouvido falar do seu dote e estou vendo que não mentiram. Mas eu sei que não podemos transar; afinal, se ficar com colega de trabalho é arriscado, com o chefe nem se fala. Estou adorando nossa conversa; somos amigos e não precisamos esconder nossos desejos. Quem sabe um dia eu não vá mamar essa pica gostosa!
— Eu amo sua objetividade, Sayaka. Contudo, acho que, mais um pouco, eu te comeria, mesmo sabendo que é errado. Mas quem sabe um dia. Vou adorar chupar sua buceta.
— Nossa, estou molhadinha, olha.
Eu olhei, coloquei meu pau para fora da bermuda e devolvi a provocação.
E coloquei meu pau para fora da bermuda.
— Delícia de boceta. Olha como ela me deixa duro.
— Para chefe, eu não vou aguentar. Que cacete tesudo, nunca tinha visto um tão grande e grosso. Estou morrendo de vontade de dar.
Tocou a campainha, a pizza, graças a Deus, chegou. Enquanto fui atender o motoboy, Sayaka foi ao banheiro.
Ao voltar com a pizza ouvi Sayaka gozar no banheiro.
A partir desse dia, trocávamos olhares, mas nunca mais chegamos tão perto da linha do gol.
Quando estava para mudar para os EUA, ela até passou a ser mais atrevida, ia ao banheiro, tirava a calcinha e se sentava em algum lugar que só eu pudesse ver sua xoxota, fazendo cara de menininha. Desejei muito comer Sayaka, mas, mesmo sendo liberal e estando mudando para outro país, sabia que comer uma mulher que você desejou por muito tempo, que tem afinidades e, principalmente, uma relação de amizade, é abrir uma porta perigosa. Mas não nego, todas as orientais que levei para cama eram substitutas; quando fechava os olhos, era Sayaka que eu comia.
Minha broxada foi sinal de que Sayaka ainda habitava meu imaginário erótico. Fantasiei tantas vezes que era inconcebível ela me ver nu fora de um contexto erótico.
Sayaka tinha mudado. Mais velha, usando roupas casuais, com trejeitos de quem se acostumou a comandar. Não era mais a garotinha de mangá. Continuava linda, o corpo mais bem definido pelos exercícios e a pele fresca como uma adolescente. Era visível que ela se cuidava muito.
O brilho nos olhos era o mesmo. A rapidez no raciocínio também. Nossa reunião foi surpreendentemente rápida; ela conduziu os trabalhos sem deixar que eu ou Débora desviássemos dos objetivos, não admitiu sentimentalismo ou explosões de indignação.
Explicou como conseguiu as informações e completou a história que Débora me contou no dia anterior:
— Chefinho, presta atenção no que vou te dizer: você foi o melhor companheiro de trabalho em toda minha vida profissional, nunca encontrei alguém que reunisse metade das suas qualidades profissionais e pessoais. Não é por acaso que todos que trabalharam com você te admiram e atribuem o sucesso no trabalho e na vida pessoal ao convívio contigo.
Nada do que Ruth fez te diminui, muito pelo contrário, mostra a sua grandeza em se entregar ao amor sem restrições.
Ruth é uma filha da puta, mas uma filha da puta esperta. Ela usou suas próprias qualidades para te manipular sem você perceber. Apesar de terem um casamento aberto ela te corneou mais que uma ninfomaníaca casada que se prostitui todo dia sem o marido saber.
Não se engane, ela nunca te amou e tinha prazer em te manipular.
Não estou falando isso para te machucar, estou te dando a real. Débora tem medo de ferir seus sentimentos, mas, como você me ensinou, uma verdade ruim é melhor que uma mentira boa.
— Não é fácil ouvir que fui corno, mas você tem razão, fui traído desde o começo, dourar a pílula não resolve o problema. Continua com a verdade ruim...
— Vamos lá! Vou começar contando da época que surgiu a oportunidade para você transferir a empresa para os Estados Unidos.
Mauro e Ruth estavam envolvidos com sua campanha para deputado estadual.
Eles não gostaram nada da novidade. Além de não querem ficarem distantes sabiam que lá seria muito mais difícil para Ruth desviar seu dinheiro. Pensaram em várias maneiras de te fazer desistir, mas não tinha como, a proposta era irrecusável.
Quando Ruth já tinha se conformado e eles trocavam mensagem com planos mirabolantes para continuar com seus esquemas nos EUA, sua mãe comunica o diagnóstico de câncer.
Era tudo que eles precisavam.
Apesar do câncer estar em fase inicial, com grande chance de cura, Ruth pintou um quadro bem mais grave que o real. Era a desculpa para ficar no Brasil.
Com sua viagem passaram a conviver praticamente como marido e mulher. Mauro, eleito deputado estadual, passou a planejar o próximo passo, se firmar como liderança evangélica para ser indicado como candidato à Câmara Federal nas próximas eleições.
Para tanto, montou um escritório que teria como função levar seu nome a outras pequenas denominações evangélicas.
Tenho que reconhecer, ele sabia fazer o jogo. O escritório fazia lobby na Assembleia Legislativa pelos interesses das igrejas do estado além de financiar o cachê de grandes cantores gospel para se apresentarem em igrejas no interior do estado.
Igrejas que nem sonhavam em ter nos seus tempos estrelas nacionais da música gospel eram fisgadas pelo “pastor/deputado”, prometendo apoiá-lo nas próximas eleições. Ruth passou a ser seu braço direito nessa modalidade de marketing político. Por conta disso mudou de emprego, foi para uma gravadora gospel.
Para facilitar seu trabalho adotou o visual crente chic, saias abaixo do joelho, blusas que não destacassem sua sensualidade e cabelos cada vez mais compridos.
Mas eles tinham um grande problema. O número de igrejas aumentou muito naquele período, a concorrência entre elas era brutal.
A estratégia dessas igrejas já não era a mesma. Quando as missões evangélicas chegaram no Brasil no fim do século XIX e início do século XX, o foco era converter católicos. Eles distribuíam Bíblias e contavam suas histórias para quem não sabia ler. Como a maioria da população era católica, acostumada a ouvir os padres rezarem a Missa em latim, ouvir em português as histórias de Cristo e seus apóstolos era uma experiência quase mágica. Muitos se converteram aos valores evangélicos propagados pelos missionários.
Agora era diferente, além de tentar converter os católicos as igrejas estavam “pescando no aquário”, tentavam a todo custo atrair fiéis de outras igrejas evangélicas.
Mauro não tinha o capital das grandes denominações pentecostais para concorrer com seu marketing agressivo, muito menos para capilarizar sua igreja implementando filiais. A perda de fiéis e consequente perda de lucratividade foi inevitável.
Suas ambições políticas passaram a ser fundamentais para preservar sua igreja. Ser deputado federal lhe garantiria um lugar na Bancada da Bíblia e o apoio das principais lideranças pentecostais do Brasil.
Para tanto, eles precisavam de dinheiro. Ruth ajudou. Espremeu tudo que podia, até o condomínio deixou de pagar, mas o acesso ao seu dinheiro era limitado, não era o suficiente.
Para não interromper o financiamento dos shows Mauro usou de sua reserva pessoal e apertou grupos empresariais que tinham interesses em influenciar seus votos na Assembleia Legislativa estadual.
Por um tempo, o problema parecia estar sob controle, mas ele não era o único pastor de olho no Congresso.
Percebeu que, se quisesse garantir a vitória eleitoral, precisaria de muito, mas de muito mais dinheiro.
Por muito tempo pensou em como levantar o capital necessário. Todas suas ideias esbarravam na sua urgência. No médio e longo prazo ele tinha como conseguir o dinheiro com certa facilidade, principalmente se fosse eleito, mas no curto prazo ele não encontrava saída.
— Espera um pouco, Sayaka. Tem algo que não estou entendendo. Ele não se casou com uma mulher rica? Por que não pediu para ela, como quando estava montando a primeira igreja?
— Muito bom, chefinho! Como nos velhos tempos, você não deixa escapar nada! Eu também não compreendia por que ele não cogitava a opção de utilizar o dinheiro da esposa. Não encontrei explicações que justificassem essa escolha. A detetive Débora solucionou o enigma alguns dias atrás, deixarei que ela conte.
— Eu, detetive? Você só pode estar brincando! Eu dei sorte, descobri que a antiga empregada do casal era uma irmã da minha antiga igreja. Fingi um encontro casual e engatamos uma conversa. Ressentida pela demissão, ela não demorou para contar o que sabia e muitas fofocas. A maior parte do que ela disse não tem relevância, mas algumas informações foram úteis. Mauro e sua esposa estavam na época à beira de uma separação, ela descobriu o galinha que tinha em casa, estava indignada com sua infidelidade, especialmente seu caso com Ruth. Já tinha até contratado um advogado para o divórcio, mas seu irmão, que tinha negócios com Mauro, a convenceu a esperar as eleições. Na prática, o casamento já tinha acabado, dormiam em quartos separados e raramente conversavam. Ela nunca emprestaria dinheiro para ele.
— Entendeu, chefinho? – perguntou Sayaka.
— Entendi. Obrigado pelo esclarecimento, Detetive Débora... Continua Sayaka.
— Sem ter de onde tirar o dinheiro, Mauro teve uma ideia brilhante: já que o esquema de Ruth foi prejudicado com sua viagem, o divórcio seria a melhor solução. Com certeza, ela receberia uma bolada, provavelmente mais que o necessário para pagar a campanha.
O problema seria Ruth comprar a ideia, afinal, sua situação era confortável. Como convencê-la a renunciar a um casamento com um homem rico que lhe dava liberdade para trepar com quem quisesse?
De fato, pelas trocas de mensagens, fica claro que ela não gostou da ideia, mas Mauro não desistiu. Evitava confrontos, mas sempre voltava ao assunto.
Ele argumentou que, como o divórcio estava fora de questão, a única possibilidade era reconquistar a confiança da esposa para ter acesso ao seu dinheiro. Para tanto, eles precisavam se afastar.
Ela não gostou, mas, surpreendentemente, concordou. O que ela não imaginava é que seu corpo ia reagir mal a esse afastamento.
Como já te disse, desde que você viajou, Mauro tornou-se habitué do seu apartamento. Eles eram cuidadosos; ele entrava no turno de um porteiro e saía no de outro, raramente passava a noite lá, mas não havia um dia que não se refestelasse nas carnes de Ruth. Nunca treparam tanto quanto no primeiro mês após sua viagem.
Claro que a distância facilitou os encontros, mas não era só isso. Envolvidos no projeto de eleger Mauro deputado federal eles precisavam cuidar da imagem. Os dois abandonaram os encontros casuais e, praticamente, se tornaram monogâmicos!
— Ruth monogâmica? Não acredito! O fogo que aquela mulher tinha na boceta era fora do comum. Duvido que ela não tenha arrumado um esquema para abrir as pernas para outros.
— Até onde eu sei ela sossegou a periquita. Você pode não gostar, sentir-se diminuído em sua masculinidade, mas vou ser franca, Mauro era, e ainda deve ser, o único homem que conseguiu sistematicamente apagar o fogo daquela piranha. Deixa-me terminar o relato...
— Tudo bem, não vou interromper, mas nada a ver esse papo de eu me sentir diminuído em minha masculinidade...
— Sei... Bom, deixa eu continuar.
Com o afastamento passaram a se encontrar no máximo uma vez por semana. Ele não ia ao apartamento, se encontravam em uma sala comercial em um edifício com mais de quinhentas salas, escritórios e consultórios, com grande fluxo de pessoas. No mesmo andar da sala onde se encontravam ficava o consultório do dentista de Mauro, amigo antigo de inúmeras putarias, ele dava cobertura. Se alguém ligasse, ele confirmaria a “consulta”. Obviamente, não chegavam nem saíam juntos.
Por um lado, o esquema funcionou. O detetive contratado pela esposa passou a relatar que os casos extraconjugais acabaram. Que a relação de Mauro com Ruth passou a ser estritamente profissional. No entanto, por outro lado, o esquema não produziu efeitos. A esposa continuava intransigente com os pedidos de empréstimo do marido.
Sem resolver o problema financeiro e fodendo pouco Mauro estava com os nervos à flor da pele. Ruth também estava desequilibrada, como você disse, o fogo era grande, eles não aguentavam mais. A chance de dar merda era grande e, obviamente, deu! Primeiro Mauro meteu os pés pelas mãos, depois Ruth. Dois fatos distintos que alavancaram o fim do seu casamento.
Primeiro, vou ler a transcrição dos áudios que ele trocou com a Ruth. Fica mais fácil de entender o tamanho da encrenca em que ele se meteu.
Áudio Mauro 15:37 – “Saudades da minha putinha. Estou de pau duro desde a hora que acordo até a hora que vou dormir, não aguento mais ficar sem te foder. Precisamos bolar um plano diferente, não aguento mais, estou com dor no saco”.
Áudio Ruth 15:39 – “Delícia! Queria poder usar essa rola para aplacar meu tesão. Também não aguento mais esse esquema que você bolou, estou irritada, subindo pelas paredes. Não consigo ficar tanto tempo sem pica!”
Áudio Mauro 16:09 – “Vamos pensar em algo. Cheguei em casa. Advinha quem veio visitar minha mulher? A vagabunda da esposa do filho da puta do meu cunhado. Encontrei as duas vestindo maiôs de velha, daqueles que faziam sucesso nos anos cinquenta, bebendo vinho na piscina.”
Áudio Ruth 16:22 – “Elas são ridículas! Toma cuidado, seu cunhado está nos vigiando. Ele pode usar a mulher para tentar descobrir algo. Fica esperto.”
Áudio Mauro 16:43 – “Calma mulher, eu sei me cuidar, não sou otário. Só estou sendo simpático e conversando amenidades. Puta que pariu, a bruaca da minha mulher não sabe beber, já está chapada.”
Áudio Ruth 16:59 – “Não sei como você aguenta, aliás você merece! Casamento sem noção!”
Áudio Mauro 17:22 – “A bruaca foi dormir, estou fazendo sala para cunhada. Sei não, acho que ela tá dando mole.”
Áudio Ruth 17:23 – “Fica esperto, não pensa com a cabeça de baixo. Ela está ao seu lado? Cuidado com o celular!!”
Áudio Mauro 17:28 – “Não, ela foi ao banheiro. Fica tranquila, estou com tesão, mas prefiro uma punheta a encrenca que seria comer a cunhadinha.”
Áudio Ruth 17:35 – “Quem não te conhece que te compre! Não joga todo nosso sacrifício fora por uma foda. Sei que está difícil, mas se aguenta!”
Áudio Mauro 18:21 – “Fiz merda Ruth, comi a cunhada, não aguentei o tesão acumulado. Para piorar ela quis tomar no cu, disse que o corno não gosta. Perdi a cabeça e arregacei o cu da vadia, sangrou muito. Tive que levá-la para o hospital.”
Áudio Ruth 18:24 – “Idiota! Eu te avisei, mas não adianta. Você continua no hospital, A família já sabe?
Áudio Mauro 18:25 – “Não entrei no hospital, deixei ela na porta do pronto socorro. Ela me mandou uma mensagem falando que está esperando o médico para suturar, parece que rasgou. Ela não contou para ninguém, a família não sabe e nem pode saber.”
Áudio Ruth 18:27 – “Manda uma mensagem para ela dar a enfermaria o meu número como contato com a família, ela não deve ter informado e eles podem pesquisar pelo convênio e informar o marido. Depois de costurarem o cu da frouxa, explique que se ela contar vai perder o marido e os filhos. Me confirma se tudo deu certo.”
Áudio Mauro 18:31 – “OK”
Áudio Mauro 20:17 – “Tudo resolvido, ela concordou em não falar nada, está morrendo de medo do marido descobrir.”
Áudio Ruth 20:36 – “Menos mal! Mas precisamos resolver esse problema. Ficar sem sexo não nos faz bem, vamos acabar metendo os pés pelas mãos.”
— Realmente, Ruth não é burra! Pensou rápido. O cunhado descobriu?
— Demorou um tempo, mas descobriu. O plano de saúde deles era com coparticipação, veio na fatura a cobrança pelo procedimento. Ele pressionou a mulher e ela acabou entregando que deu para o Mauro e ele arregaçou seu cu.
— E a mulher do Mauro? Ficou sabendo?
— Sim. Ela queria o divórcio, mas Mauro estava dificultando. Ele sabia que ela não podia usar o adultério da cunhada no processo para não expor o irmão. Queria o apartamento que compraram depois de casados para facilitar o divórcio. Como foi ela quem pagou, não aceitava seus termos. Tudo caminhava para uma separação litigiosa quando Ruth fez uma cagada homérica. Sem saída Mauro aceitou o divórcio nós termos que a esposa queria.
— o que a puta fez? fiquei curioso...
— Não fala assim, ela era viciada em sexo, tinha problemas, mas, apesar de tudo que fizeram, não tenho como não reconhecer que tanto Mauro como ela agiram de forma inteligente, ou melhor, como dizem os cariocas eles foram “espertos”. Se você não estivesse envolvido no mínimo acharia engraçadas as peripécias do casal de malandros.
— Tudo bem, você tem razão. Envolvido até o pescoço, não há como manter um distanciamento analítico; não consigo ver a sofisticação do plano, apenas percebo um casal de filhos da puta manipulando todas as pessoas por quem diziam ter afeto.
— Não podia ser diferente, Rodolfo. Um dos motivos que fizeram você me recrutar foi justamente minha capacidade de conseguir ver o quadro geral sem os óculos da revolta que você sente.
— Okay, siga com a novela. Qual a cagada homérica de Ruth?
— Vocês com certeza já ouviram aquele ditado popular que diz que o homem não consegue manter suas duas cabeças funcionando ao mesmo tempo. Quando a cabeça de baixo se manifesta, a de cima para de funcionar. O ditado também vale para mulheres, pelo menos para algumas. Aquelas que, como Ruth, não conseguem ficar sem sexo. Ela estava transando pouco, seu esquema com Mauro quase foi descoberto pelo detetive contratado pelo marido da cunhada. Sabendo que estava sendo seguida, não tinha condições de arrumar uma foda eventual para aliviar o estresse sem colocar em risco a imagem de “mulher honesta” que seu cargo na campanha de Mauro exigia. Ela estava desesperada.
— Credo, eu sei que não é fácil ficar sem sexo, mas isso é doentio. Do jeito que você descreve, minha irmã parece um bicho dominado pelo instinto e não um ser humano.
— Desculpe, Débora, mas é quase isso. Já deu para perceber que, por mais inteligente que seja, em alguns momentos abandona toda racionalidade e se entrega aos seus instintos mais primitivos sem pensar nas consequências para seus próprios planos. Foi o que aconteceu na “Marcha com Jesus”, um evento promovido por várias denominações evangélicas com uma multidão de fiéis e animada pelos principais cantores e cantoras gospel.
— Não acredito. Ela trepou no meio de um dos maiores eventos evangélicos do país!
Continua.
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