Era meu último dia no trabalho antes de entrar de férias, eu merecia um descanso e tava animado pra sexta-feira, apesar do trânsito incomum na Infante Dom Henrique àquela hora.
Cheguei em cima do horário, fui pra minha sala e passei a manhã finalizando as papeladas que a secretária deixou na mesa, tudo normal até então. O relógio deu 11h30, me preparei pra sair pro almoço e o celular tocou, DDD 11.
- Vish. Deve ser lá da fábrica. Alô? – atendi.
- Gabriel? – a voz feminina soou familiar e causou um arrepio sinistro na base da minha espinha.
- I-Irmã?
- Oi, Gabriel, quanto tempo! Meu Deus! Nem acredito que tô falando contigo, meu irmão.
- Pois é... Nem eu. Como você tá?! Aconteceu alguma coisa?
- Eu tô bem, e você? Ah, aconteceram várias coisas. Tem muito tempo que a gente não se fala, não é verdade? Mais de oito anos.
- Sim, por isso tô assustado. Tudo bem mesmo?
- Tudo indo. Saudades, irmão. Escuta só...
Quase dez anos sem contato com a minha irmã mais velha e sem qualquer notícia dela morando em SP, pois nem nas redes sociais a gente se tinha.
Em dez minutos de papo, ela contou que fez a vida em São Paulo, cresceu na firma onde trabalhava e entrou pra igreja evangélica, isso depois de ter tocado o terror quando éramos mais novos. Maninha casou com o namoradinho e foram felizes pra sempre... Pelo menos até começarem os sumiços dele, as fugidinhas, os perdidos e traições, aí tudo foi desmoronando aos poucos na família tradicional brasileira.
- E o que você fez, mana?
- Perdoei. Perdoei, mas foi a pior decisão que eu tomei, irmão. Porque eu perdoei, mas hoje vivo insegura, entende? Não tenho paz quando ele sai e me deixa sozinha. Já fico desconfiada, acho que tô sendo traída de novo.
- Caramba, que pesado. A ansiedade come solta, né?
- Bem isso, Gabriel. É por isso que eu quero pedir um favor. Quero não, preciso. Ele tá chegando no Rio hoje e eu tô super apreensiva de deixar ele sozinho em hotel. Certeza que o desgraçado vai gastar dinheiro com droga, bebida e puta.
- Eita! Ele tá nesse nível?
- Tá. Ele não vale nada, dá pra ver na cara. Será que tem como o insuportável do meu marido passar esses três, quatro dias na sua casa, meu irmão? É possível?
- Mas por que eu? Você nunca confiou em mim naquela época. – tive que dizer.
- Naquela época, não. Hoje eu sou uma nova pessoa, meu bem. Inclusive, acho que devo desculpa por tudo. Desculpa, tá?
Eu sorri. Ela em São Paulo, eu no Rio sozinho.
- Relaxa, sua boba. Você não me deve nada. – ainda bem que estávamos longe um do outro, porque minha irmã não viu meu ranger de dentes ao lembrar de tudo que passei.
- Posso contar contigo, Gabriel?
- Claro... Que não. Quando você botou na cabeça que queria sair do Rio e viver sua vida em São Paulo, ninguém impediu. Parabéns, cê conseguiu. Sou seu fã. Mas agora eu também fiz minha vida e tô vivendo do jeito que eu quero aqui, tá entendendo? Não é a passagem do tempo que me fez esquecer todas as atrocidades que você fazia comigo. Bom dia e boa sorte aí com o cuzão do teu marido. É o que você merece, acho pouco. – encerrei a chamada e, como eu disse antes, nada abalou meu último dia antes de entrar de férias no serviço.
Segui a rotina como se absolutamente nada tivesse acontecido, apaguei a coitada da mente e fui almoçar super de boa, até encontrei com as meninas do RH e papeamos sobre as viagens que faríamos nas férias. Depois de almoçado, retornei pro serviço, adiantei tudo que podia e esperei ansiosamente pelas 18h, horário que chegou mais rápido do que de costume.
- “Finalmente! Férias!”
Pensei em ir pro bar com a galera da área técnica depois do expediente, afinal de contas tinha que comemorar, mas acabou que peguei o carro e voltei pra casa, na intenção de tomar um bom banho e cair na gandaia. Quem sabe desenrolar um boy na noitada, depois de tanto tempo sem sexo. Eu merecia, né? Nada melhor pra dar start nas férias.
- Boa noite, seu Biel. – o porteiro me cumprimentou no portão.
- Boa, Celso. Sabe se o rapaz deixou as roupas lá em cima?
- Deixou, sim. Ele tá te esperando.
- Me esperando? Como assim? Você deixou ele entrar no apartamento? – tomei um susto.
- Ué, não era pra deixar? O senhor que mandou liberar seu primo.
- Não tenho primo, que primo é esse?! Tá maluco? Meu Deus, Celso, você é o cara mais desatento e desastrado que eu conheço. Fala sério! – entrei com o carro, estacionei às pressas e corri pro elevador, tenso com o vacilo do porteiro.
Abro a porta da sala, chego no sofá e me deparo com duas mochilas de roupas, uma delas aberta e várias peças aleatórias jogadas no chão, tipo bagunça mesmo. Cuecas, meiões de futebol, calções, blusas de time, até chuteira tinha. E detalhe: TUDO vermelho e preto, com o “CRF” rubro-negro do Flamengo estampado em todas as roupas.
- Gerente comercial. Quem diria, hein? Porra, esculachou. – a voz baixinha veio de trás de mim.
Virei, olhei pro canto e fui abduzido pela presença daquele homem alto, forte e peludão parado perto da estante. Ele estava de costas, com o corpo moreno molhado do banho e a toalha úmida ainda enrolada na cintura.
O visual das costas largas, abertas e dividida em músculos me seduziu, pra não falar do tom de voz nostálgico e da onda de calor que ele fez subir no meu corpo com apenas algumas palavras. Foi como se o tempo tivesse parado pra nós, mas ao mesmo tempo passou e nossas vidas aconteceram nesse intervalo de tantos e tantos anos.
- Antigamente, eu achava que tu ia trabalhar na área de jogos, tá ligado? – ele pegou um dos troféus que ganhei no trabalho e o observou bem de perto. – Mas aí tu virou esse gerente pica das galáxias. A vida é louca mesmo, fala tu.
- Quem deixou você entrar? – eu nem percebi que tava segurando uma colher de pau, pronto pra expulsar o invasor do meu apartamento.
Foi então que ele devolveu o troféu de volta à estante, virou de frente pra mim e cruzou os braços, fez a mesma pose que costumava fazer quando assobiava no meu portão.
Minha pele arrepiou e, sendo honesto, não sei qual sentido foi mais atacado e bombardeado pela presença daquele cara na minha sala. Se foi minha audição, escutando sua voz familiar; se foi o paladar, quando senti seu cheiro e o gosto do cheiro; ou se foi o tato, quando ele se aproximou e pegou meu antebraço.
- Qual foi? Tá segurando essa colher pra que, vai me bater? Achei que nós era fechamento, Tino.
- Eu também achava, PC. Nove anos atrás, eu achava. – fechei os olhos e não abri mais.
- Tem tudo isso de tempo que a gente não se vê, filhão? Caralho...
- Acho melhor você ir embora.
- Para de bobeira. Vim te ver. Tomei banho, acabei de sair do chuveiro e é assim que tu me recebe? Tô com saudade, pô.
- Saudade dá e passa, PC. Sério, minha vida tá em ordem. Não quero ficar zonzo da cabeça igual antigamente, não tô brincando. – fui até à porta, mantive meus olhos fechados e o convidei a se retirar. – Se manda. Você não tá com saudade, só veio aqui porque precisa de lugar pra ficar.
Esperei até ele sair, abri os olhos e PC tava parado na minha frente, cara a cara comigo, só de toalha e segurando o riso. O molecão de 22 anos deu lugar a um macho de 31, seu corpo magro e definido virou um físico parrudo e musculoso, forte, e o tom de pele pardo e claro agora se transformou numa espécie de morenão bronzeado que eu nunca vi igual.
O cara que era namorado da Daphne na Gamboa passou por uma metamorfose em São Paulo até chegar naquela forma magnífica que estava diante dos meus olhos.
- Escuta o seguinte, Tino. Quando tu me conheceu, eu era um fudido, lembra? Hoje eu vivo meu sonho, irmão. Sou preparador físico, treino os moleques do sub-20 lá em SP e vim dar consultoria num time da base aqui no Rio. Né querendo parecer arrogante, até porque tu é meu fechamento, mas se liga: o que não falta é lugar pra eu ficar. Inclusive, meus antigos vizinhos lá da Mangueira tão vendo casa pra eu alugar. – ele deu a volta ao meu redor e parou na minha frente de novo. – Se eu tô aqui, é que senti saudade. De verdade. Poderia ter vindo antes? Poderia, mas a correria em SP não para. E tu conhece a irmã que tem, sabe como ela fica quando cisma com alguma parada.
Ele me matou e me ressuscitou em questão de um minuto. O peitoral do PC era um muro, e o mais surpreendente é que ele morou quase uma década em São Paulo e não perdeu qualquer traço de carioca suburbano, pelo contrário, parece até que voltou mais PC do que nunca. Os pelos entraram em erupção no corpo, ele ficou peludaço e fechou um braço em tatuagens, pro terror da Daphne.
- Tudo bem, você pode estar com saudade, mas... Por favor, vai embora. – eu não abri os olhos.
- Tem certeza que é isso que tu quer, Tino?
- É, PC. Talvez não seja o que eu quero, mas é o que eu preciso. – fiz que sim com a cabeça.
1,81m de pura testosterona, o cabelo disfarçado na máquina e os pés veiúdos desenhados do tamanho de pranchas. E as axilas? Hiper cabeludas, assim como o peito, as costas e o verso dos antebraços. Sabe quando o cara tem tanquinho definido, mas ganha barriga e os gominhos crescem, meio que se alargam por causa da gordura? PC estava exatamente assim, numa atraente e magnética mistura de ogro parrudo com macho sarado de academia.
- Já é, eu vou. Mas só se tu pedir olhando na minha cara.
- PC, por favor...
- Abre o olho, Tino.
- Cara, na boa... – abri.
Havia uma trilha de pelos que subia do púbis até o peitoral malhado, onde virava um triângulo peludo que absorveu totalmente minha atenção e eu não consegui olhar pra outro lugar.
Outro detalhe sobre pelos é que PC ficou barbudão, parecia um sultão do Oriente Médio. Mas, por mais que ele falasse e explicasse tudo o que aconteceu, minha ficha custou a cair e eu demorei um tempo processando que aquele trintão parrudo e barbudo ali na minha frente era realmente o garotão que me fez companhia durante as tardes na Gamboa.
- Tá certo. Se tu prefere assim, eu entendo. Tu tem razão, Tino. Vou embora. Ver você já valeu a viagem, amigão. – ele apertou meu ombro e se despediu.
Tudo certo, tudo encaminhado pra acabar na paz, mas eu não quis encará-lo nos olhos, virei pro lado e fiquei de frente pro sofá, com a chuteira do Flamengo suada e largada no canto, e os meiões exalando a mais bruta fragrância que um homem pode emanar de si próprio. Homem não, macho. PC virou um PUTA MACHO e não teve ressentimento, culpa ou revolta que me fizesse negar isso.
Antes de sair, ele esticou o corpo pra se despreguiçar, ergueu os braços e exibiu os sovacões... O prédio tremeu à minha volta.
- Não, pera. – pedi. – Calma.
- Qual foi, Tino? É pra eu ir ou não?
- Não. – meu dedo desceu pro peitoral cabeludo, eu alisei seus pelos sem querer e subiu uma maré gostosa de testosterona, puro cheiro de macho. – Eu só... Reagi com a emoção, só isso.
- Qual foi, tá emocionado de me ver? Hehehe!
- Um pouco. Eu tava puto na última vez que a gente se viu, lembra não?
- Nunca esqueci. Foi mal. Acho que exagerei na zoação.
- Zoação?
- É... – ele coçou a cabeça e desviou o olhar, mas deixou eu pentear os dedos nos pelos do peito. – Eu era um cara zoador pra caralho e acabei te deixando bolado. Mas eu mudei. Tudo mudou, Tino.
- Você continua zoador, pelo visto.
- Um pouco.
Ao mesmo tempo que compartilhamos boas lembranças sendo jovens no passado, agora éramos dois adultos com vidas diferentes no presente, ou seja, duas pessoas em clara dessincronia tentando se encontrar, se harmonizar na mesma nota. Meu cunhado segurou minha mão que alisava seu peitoral, a gente se olhou e ele riu.
- Tá rindo do quê? Mais uma zoação tua, PC?
- Acho engraçado que tu ainda me chama de PC. Lá em São Paulo ninguém me chama assim.
- Não? Os paulistas chamam como?
- Pelo nome. Plínio.
- Plínio... O mesmo vale pra mim, meu nome não é Tino. É Gabriel. Biel pros íntimos.
- Então eu posso chamar de Biel. – o sacana apertou meu braço e roçou a barba na minha pele.
- Vou pensar no seu caso. E presta atenção: aqui não é Gamboa, é Flamengo. Lá era casa do meu pai, aqui é meu apartamento. São minhas regras, não pensa que você vai cantar de galo, não.
- Ah, qual foi? Vai nem botar minha comida, que nem tu fazia antigamente? Heheheh! – ele me abraçou e, como sempre, roçou o sovaco “sem querer” no meu ombro, me rebatizando naquele suor com cheiro de ferro.
- Você é folgado à beça, Plínio.
- Tu não imagina a saudade que eu tava de tu, do Rio, da tua companhia. Vem cá, seu puto! Hehehe! – me agarrou, me mordeu, me xingou, apertou, espremeu.
- Sai fora! Calma aí, cara, é sério! Você vai me deixar marcado e meu namorado vai ver, porra!
- É o quê? – cunhadão me soltou de repente.
- É... Esqueci de contar a novidade.
- Tu tá namorando, viado?
- Tô, por quê?
- Por que? Por nada, ué. Ele... Te trata bem? Cuida de tu do jeito certo? – fez bico.
- Trata, sim. Cuida.
- Que bom. É tudo que eu preciso saber. – aí fechou a cara, saiu de perto, pegou a mochila no sofá e foi se vestir no quarto.
- “Será que eu...? Nah, agora já foi. Melhor deixar como tá.” – pensei.
Ainda na noite de sexta, eu e PC... Digo, Plínio, saímos pra comer num quiosque badalado perto da orla. Tomamos drinks, enchemos a cara e passamos boas horas conversando, rindo, pondo nossas vidas em dia.
Ele contou que viajou pro Rio a trabalho e que tinha que voltar pra São Paulo na segunda-feira, mas tava procurando casa pra alugar, pois não pretendia morar em SP por muito mais tempo, especialmente depois de entrar como consultor e treinador num clube carioca.
- Tô entendendo. Ninguém merece ficar nessa ponte Rio-São Paulo o mês inteiro. Cansa.
- Demais, Biel. E eu sou alto, tá ligado? Vou como, enlatado no avião. Chego com os joelhos pedindo arrego e meu trampo é físico.
- É, tô vendo que é físico mesmo. Por isso que cê tá todo grandão, forte. Hahaha. E vem cá, mata minha curiosidade: até agora você não contou pra qual time tá trabalhando, Plínio.
- Tá zoando? Trabalho pro campeão da América, porra! – ficou de pé, flexionou os braços e fez a pose da vitória que os jogadores do Flamengo tanto amam. – Aqui é Mengão até morrer, viado! Heheheh! Nasci rubro-negro e vou morrer rubro-negro, não adianta.
- É... Sei nem por que perguntei.
Plínio estava trajado nas cores do time dos pés à cabeça. Chinelos slide, meias na altura das canelas cabeludas, short, blusa com os brações de fora, relógio no pulso, cordão de ouro e boné, numa mistura de trintão com garotão que me deixou hipnotizado, caidinho na dele. E o perfume? Fiquei perdido, às vezes era até difícil concentrar no papo.
- E Daphne?
- A relação não tá boa, Gabriel. Já demos um tempo uma vez e tudo tá se encaminhando pra acontecer de novo, mas eu não quero mais. Não aguento mais.
- Você tá planejando... Terminar?
- No futuro, sim. Agora não dá. Preciso ajeitar minha vida aqui no Rio antes de sair de lá.
Nunca tiro da mente a imagem desse flamenguista morenão e barbudo sendo acarinhado pelo vento malandro na beira da praia do Flamengo. Os sovacos de fora, a roupa sacudindo, o copo na mão e um sorrisão gostoso estampado no rosto, parecia o paraíso acenando pra mim. Tinha que ser justamente meu cunhado, não dava pra ser outra pessoa.
- Boa noite, irmão. Fica de olho no Plínio pra mim, por favor. Me conta se ele aparecer com alguma mulher. – encontrei a mensagem da Daphne no meu celular depois que voltamos pro apartamento.
- Não quero falar com você. Para de mandar mensagem. – respondi afiado.
- Já pedi desculpa, Gabriel. O Senhor tem planos pra gente, somos irmãos. Você não conhece o perdão? Me perdoa, por favor. – ela apelou.
- Ah, que engraçado! Esse seu Senhor não tava lá quando você me chamou de verme bastardo e disse que eu era o filho feio do nosso pai. Eu sou ateu, Daphne, não carrego culpa cristã e nem acredito no inferno. Vou repetir: boa sorte com o seu marido. Tchau.
- Poxa, irmão... Assim eu fico triste. Não vai nem me contar o que o Plínio anda aprontando por aí?
- Não sou detetive da polícia civil. Por mim, você pode se morder de ansiedade e arrancar os cabelos. Tô nem aí. Beijão. – bloqueei e apaguei a conversa.
Mas eu não era bobo. Sabia que a relação deles tava desgastada e que Plínio foi infiel com ela, então fiquei atento e em estado de alerta pras saídas dele no final de semana.
Na manhã de sábado, cunhadão se arrumou na roupa de treino, pegou a mochila e se mandou pro clube, onde passou boa parte do dia. Eu fui na rua bater perna e comprar umas coisas pra fazer almoço, voltei pra casa por volta das 14h e inventei de fazer comida, que já tinha muito tempo que não fazia.
Preparei arroz, feijão e salada, fiz farofa, temperei carne, abri uma cervejinha e foi nesse intervalo que o Plínio voltou da rua, acompanhado de um amigo.
- Valeu, irmão. Salvou, tamo junto. – ele entrou com as mochilas, o colega entrou depois dele e me cumprimentou com um aceno de cabeça.
O cara era alto, branco, sem cabelos na cabeça, mas com barba no queixo. Braços fortes, ombros malhados e aliança no dedo, com porte de lutador ou algo assim. Provavelmente era algum amigo do clube que foi ajudar meu cunhado a carregar as bolsas, mas o momento não durou muito. Os dois deixaram as malas no sofá e logo se despediram.
- Brigadão.
- Nada, Plínio. Precisar, é só chamar. Até. – o homem saiu.
- Tava no treino? – puxei assunto.
- Tava mesmo. Depois fui correr com meu parceiro, tinha um tempo que nós não trocava uma ideia. Tu acredita que os viados mexeram com a gente ali no Aterro?
- Como assim? – fiquei curioso. – Deram em cima de vocês?
- Deram, na cara de pau. Falaram da minha mala, pode isso? – ele apertou a linguiça e me provocou.
- E você? Fez nada?
- Qual foi, Biel? Olha pra mim. – Plínio tirou a blusa, mostrou o peitoral peludo todo suado e me encarou. – O que tu acha que eu fiz?
Silêncio. Não respondi.
- Claro que dei condição. Tu não me conhece? Sou brabo, pô.
- Mentira que você traiu a Daphne? – fiquei chocado, mas não surpreso.
- Tô zoando. Hehehe! Querendo ou não, ainda sou marido da tua irmã. Me respeita, cuzão.
- Aff. Você e suas brincadeiras escrotas. Zoador, como sempre.
- Tá vendo como tu não vale o pau que chupa? Já tava achando que eu comi os viados. Heheheh!
- E se comer, também, problema seu. Cada um que sabe da própria vida. Tô nem aí. – fiz pouco caso e voltei pro fogão.
- Iiiih... Tô sacando. Tá com ciúme. Gehehe! Saquei qual é a tua. – ele me seguiu só pra ficar me atazanando enquanto eu preparava o almoço.
- Ciúme, eu? Não viaja, PC.
- Plínio. – o filho da mãe riu. – E tu nem pode ter ciúme de mim, não. Seria injusto.
- Por que injusto?
- Porque teu namorado vai ficar bolado.
- Namo...? Claro. Vai mesmo, e ele é brigão. Ciumento até o talo.
- É? E qual foi, ele não vem te visitar? Tô aqui desde ontem e nada dele. Tá tudo bem entre vocês?
- Tudo, claro. É que ele... Ele mora longe, trabalha mais longe ainda.
- Ah... Tendi... Tipo eu.
- É, é... Mas voltando ao assunto. Você e esse teu amigo aí. Foram só correr mesmo ou saíram pra pegar alguma safada?
- Quem, o Joca? Não, duvido. Hehehe! A gente não precisa disso. Foi só corrida, só. Ele tá passando por uns problemas no casamento e tal.
- Entendi. Parecido contigo?
- Mais ou menos. É complicado. Mas não quero falar dos problemas dos outros, não. Já passei a manhã ouvindo os desabafos dele, agora quero comer. – cunhadão grudou atrás de mim, segurou minha cintura, roçou a barba na minha nuca e sussurrou as palavras no pé do meu ouvido. – Tô na larica, mortão de fome. Cadê, tem lombo aí pra mim, Biel?
- O que você falou? – cheguei a arrepiar de nervoso e tesão.
- Eu disse... Que quero comer o lombo que tu põe no feijão. Tem pra mim? Heheheh!
- Começou. Tá vendo como você continua zoador? Só que agora é o brincalhão do Flamengo, em vez da Gamboa. Chato à beça, não perde essa mania de fazer piada de duplo sentido com tudo.
- Para de caô, viado. Tu que tá surdo e não escuta o que eu falo. Não escutava antes e não escuta hoje. Hehehe! – ainda mexeu a cintura pra roçar o volumão na minha bunda.
Não me controlei e acabei piscando o cuzinho na vara do meu cunhado enquanto ele me abraçava por trás. Comecei a ficar de pau duro, vi que ia me transtornar na ereção e tive que dar um jeito de tirá-lo de mim, caso contrário a coisa ia ficar feia ali na cozinha.
- Aproveita que você chegou agora e tira logo a roupa pra eu botar pra bater. – foi a única ideia que se passou na minha cabeça.
E deu certo, porque o Plínio se afastou e desfez nosso contato físico, que era tudo que eu queria naquele momento. Só que ao mesmo tempo deu errado: recém chegado do treino e da corrida, ele tirou os tênis, removeu a roupa encharcada de suor, embolou tudo nas meias e me deu, ficando só de cueca branca na minha frente. Olhei, tentei não manjar, sofri, suei, e o danado riu da minha aflição.
- Fecha a boca, Biel. Ou pelo menos disfarça.
- Não começa. Até parece que eu tô olhando pra você. – menti. – Tá pensando que tá na Gamboa de novo, né?
- Ah, fica reclamando no meu ouvido não. Quando terminar aí, traz uma cerveja e vem fazer massagem no meu pé. Teu marido tá cansado, hoje o dia foi cheio.
- Tá zoando de novo, Plínio?
- Tô com cara de quem tá zoando? – ele me olhou, bem sério.
Nem perdi tempo. Corri pra pôr as roupas na máquina, me perdi no cheiro de ferro impregnado nelas e quase passei uns minutos farejando as chuteiras, escondido na área. Depois peguei as cervejas, me mandei pro sofá e já cheguei apertando os pés daquele morenão gostoso pra caralho.
- Posso mesmo?
- Deve. Mmmm... Aí mesmo. Tá foda, tô quebrado. Isso, SSSS! Pode apertar, aperta com força. – ele cravou os olhos nos meus, mordeu o beiço e gemeu.
- Tem certeza?
- Aperta, viado. Força. FFFF! Isso, assim tá bom. Ainda tenho que passar a roupa de amanhã.
- Deixa que eu passo.
- Precisa não, tu já tá fazendo muito de deixar eu ficar aqui.
- Que nada. Vou passar a minha, passo a tua também.
- Assim tu me deixa mal acostumado, Biel. Lava e passa pro cunhadão, só falta “cuzinho”.
- Agora eu ouvi bem! Hahaha!
- Falei que só falta tu cozinhar. Por que, tu escutou o quê? – o ordinário fugiu pela tangente e caiu na gargalhada.
- Você é muito cínico! Meu Deus do céu! Não vale um centavo! Hahaha!
- Não falei nada de mais, tu que continua o surdinho de sempre. Heheheh... – e me puxou pro abraço suado, aquele que pincelava o sovaco no meu ombro e me banhava no poderoso cheiro de ferro masculino.
Ah, como é deliciosa a nostalgia... Poderia ser uma simples e pacata tarde de sábado na Zona Sul, mas de repente o Flamengo virou Gamboa. Não. A Gamboa que virou Flamengo.
Não havia somente a memória do passado, era também o presente se desembolando e trazendo à tona as antigas sensações que um dia compartilhamos juntos. Coloquei comida no prato do homem que eu jurava que era meu, sentei perto dele na mesa e o vi comer com a maior satisfação, rindo à toa, garfada atrás de garfada.
Passamos o sábado jogando o novo Call of Duty no tapetão da sala, bebendo cerveja, fazendo piadas e beliscando salgadinhos, um rindo da cara do outro e dando seguimento a tudo que teríamos feito se ele não tivesse ido morar em São Paulo com a Daphne.
Teve uma hora que o Plínio foi no banheiro mijar e, quando voltou, sentou encaixado atrás de mim. Ficou de pernas abertas e eu sentado no meio delas, com meu homem por trás e seus braços cobrindo os meus pra jogar videogame.
- O que você tá fazendo?
- Quero ficar assim contigo. Amanhã já é domingo, segunda eu vou embora e só volto no fim do mês. Quero matar a saudade.
- Já pensou se meu namorado entra por aquela porta agora?
- Qual é o nome dele?
Ele me pegou. Pensei na mentira, mas não por completa.
- Teu namorado nem existe. Teu namorado sou eu, Biel.
- Até parece...
- Qualquer um que chegar na tua vida agora, vai ter que entender que eu cheguei primeiro. Muitos anos atrás. – e me apertou em seu peitoral, me acolheu em seu mundo.
Foi daqueles momentos que não precisam de palavras. Na sala, apenas o ruído digital do videogame emulando o jogo de tiro, as luzes da TV iluminando nosso abraço e os pés do Plínio entrelaçado nos meus, pernas nas pernas.
Do lado de fora, o bairro do Flamengo recebendo uma brisa esvoaçante que entrou pela janela e me confortou nos braços do cara que eu tentei esquecer, lutei pra apagar da mente nos últimos anos. É... Não deu. Perdi a luta. E a guerra. Na portaria, Celso falando sozinho.
- Posso pedir uma coisa? – falei baixinho.
- Pede tudo que tu quiser e eu vou fazer.
- Quer dormir na cama comigo hoje?
- Só se for agarrado, Biel.
Não tenho como descrever a sensação de dormir frente a frente com o peitoral peludo e imponente do meu macho. O cheiro dele, sua quentura física, o calor emanado pela carne, a presença, os braços me protegendo durante o sono, a respiração tranquila e serena...
Se pudesse definir em apenas uma palavra, eu diria PORTO. Num contexto de viagens constantes do RJ pra SP, foi a palavra mais cabível pra tudo que eu senti ali ao adormecer. Triste, mesmo, foi acordar.
- Mmmm! Bom dia. – ele despreguiçou o corpo, se esticou atrás de mim e esbarrou a piroca inchada na minha bunda.
- Bom dia, mas não começa a me provocar, não.
- Foi mal. Heheheh! Sempre acordo assim, faz parte. – o macho não fez questão de esconder a ereção armando a maior barraca no short de dormir. – Já pensou?
Ele chegou a cintura pra frente, deixou a cabeça esfregar no meu rego por alguns instantes e ainda teve a ousadia de pulsar o instrumento, sendo que apenas nossas roupas impediam o sexo anal de acontecer.
- Tá vendo como eu acordo, Biel? Mmmm... – seu nariz caçou meu couro cabeludo e ele grunhiu baixinho. – Uma fisgada e eu tô dentro. Sentiu?
Bastava um empurrãozinho qualquer e o sem vergonha do Plínio me penetraria com extrema facilidade. Seus pés travaram os meus, ele mordeu meu pescoço e novamente inchou o mastro na minha carne, prestes a me fuder logo pela manhã.
- Se você continuar, eu vou brincar contigo também.
- Vai fazer o quê? Me dar o cuzinho? – fez a pergunta e pulsou no meu cu de propósito, eu quase me arreganhei na cama.
- Ssss! Vou apertar teu pau com a bunda, foda-se. – pisquei, prendi a caceta no rabo e ele achou graça.
- UEHUEH! Esse que é o foda de acordar galudo. Posso nem brincar contigo que tu já quer dar a bunda cedo.
- Aff, cara. Para de brincar assim, já falei. Quantas vezes vou ter que repetir? – fiquei meio puto e fui pro banheiro escovar os dentes.
A verdade é que o dia seguinte era segunda-feira, meu cunhado teria que voltar pra SP e, em apenas 48h, eu me acostumei demais com a presença dele ali no Flamengo. Meu flamenguista preferido estava de hora marcada pra ir embora e eu ia ficar triste na despedida, mesmo sabendo que ele voltaria dali a tanto tempo, por isso acordei emburrado no domingo.
- Já vou abrir uma latinha pra iniciar os trabalhos. – ele mal levantou e foi pra sala beber.
- Sem tomar café?
- São meio dia, filhote. Perdeu a hora, foi? Dormiu comigo, acordou gozadinho? Hehehe! – cunhadão abriu a cerveja e passou a lata gelada na minha espinha, querendo me despistar.
- Você continua o mesmo brincalhão de sempre, a diferença é que antes era na Gamboa e agora é no Flamengo. De lá pra cá, nada mudou.
- Tudo mudou. Cai na real, Biel, o mundo girou. Tu que não se ligou... – Plínio alisou meu rosto com a mão inteira e me olhou no fundo dos olhos, lá dentro da alma.
- Chega. – levantei do sofá e me preparei pra sair.
- Ô. Tá pensando que vai aonde? – ele me olhou torto e, pela primeira vez, falou grosso comigo.
- Cansei das suas brincadeiras. Vou pro quarto, quero ficar sozinho.
- Negativo, vai não.
- Claro que vou. Melhor que aturar suas zoeiras bobas.
- Vai nada. Sabe o que tu vai fazer? Vai dar o que eu quero.
- Você quer é me infernizar, isso sim. Sai fora.
- Não se faz de bobo, Biel. Tu sabe bem o que eu quero.
- Já falei que tô sem paciência pras suas zoei... Cara...
O desgraçado abaixou o short, se despiu e ficou completamente nu, parado na minha frente. Diferente de antes, agora ele não riu, estava até bem sério. Foi a visão do paraíso masculino, o suprassumo de tudo que eu considerava e considero másculo.
O cenário espaçoso do apartamento fez jus à virilidade intragável do Plínio, sobretudo quando o sol do Flamengo entrou pelas cortinas esvoaçantes e iluminou a silhueta vigorosa daquele homem. Do meu homem.
- Ajoelha, Gabriel Valentino. – ele deu a ordem uma única vez.
E eu, ateu convicto, me pus de joelhos diante de um deus peludo pisando entre meros homens. Ele deu um passo à frente, parou o púbis pentelhudo na altura do meu nariz e minhas narinas esquentaram com a descarga de testosterona que tomou meu fôlego de assalto.
Deu pra sentir a corrente sanguínea borbulhar com o cheiro da macharia do meu cunhado tostando os neurônios e fervendo meu cérebro, e o melhor de tudo é que ele me olhou, lá de cima, e não desfez as expressões sérias, convictas.
- Tu ainda acha que eu tô brincando? – Plínio arregaçou o picão mole, me deu a glande rosinha pra cheirar e eu pirei no perfume ferroso impregnado nela. – Abre a boca.
Obedeci e terminei com as amídalas ensopadas no suor do pau do marido da Daphne. Ele escondeu o piruzão na minha boca, eu comecei a mamar e levei vários minutos até a ficha cair, pois estava preparado pro safado tirar a rola da minha cara a qualquer momento e dizer que era zoação, mas isso não aconteceu.
- Uma parada que eu nunca errei a teu respeito, Biel... SSSSS!
O caralho engrossou, cresceu, mergulhou na minha goela e o nariz enterrou na raiz do matagal que o Plínio cultivava no púbis parrudo. Mamei sentindo o cheiro da floresta, meus olhos lacrimejaram e ele fez carinho atrás da minha cabeça, misturando a selvageria de me engasgar com a ternura de me afagar.
- É que todo vascaíno é viado. Não adianta argumentar, tá vendo? Hehehe! FFFFF!
- Caralho! Será que nem na hora do boquete você consegue parar de me zoar? Hahaha!
- Ah, tu acha que é zoação? Tá ajoelhado pra mim, cuzão. E digo mais, ó. – eis que ele foi na mochila, pegou a blusa do Flamengo e jogou em mim. – Vai mamar vestindo o manto rubro-negro. Bora, põe essa porra.
- Tá gastando, né?
- Senão não vai ganhar piru. Tu que sabe.
- Né possível, cara! Não acredito. Hahahah! – vesti a blusa vermelha e preta, me posicionei entre as coxas peludas e tratei de alisá-las enquanto mamava a caceta.
- AAARFF! Agora sim, porra! Demorou, mas finalmente aconteceu. Tu não sabe como eu esperei por esse dia... Nem acredito que tô aqui.
- Podia ter rolado naquela época. – não deixei passar.
- Tô ligado, vacilei. Mas eu era novo, tinha outra cabeça. Agora tô aqui, isso que importa. E falando em cabeça, olha onde tá a minha. – prendeu minha nuca, forçou a cintura e me engasgou de propósito, deixou a piroca inteira sumir na minha garganta. – OOORSSS! CARALHO, MANÉ! SSSS!
Seus dedos dos pés torceram no tapete, ele fechou os olhos, abriu a boca e o prazer arrepiou os pelos do corpo. Só eu sei a luxúria que senti ao ver um macho do porte do Plínio arrepiar dos pés à cabeça, tudo causa do sexo oral. Massageei as bolas enquanto chupava, gargarejei com gosto na pica e ele abaixou pra dar a primeira dedada no meu rego.
- Tu tem o que é meu, viado. Muito tempo que eu queria ter feito isso.
- Isso o quê?
- Vem cá. – e me virou de quatro no sofá.
Seu próximo passo foi abrir minhas nádegas, ...
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