Um conto de mistério

Um conto erótico de Ghost Rider
Categoria: Heterossexual
Contém 530 palavras
Data: 04/11/2025 02:27:56

A tela do notebook lançava um brilho azulado e doentio na kitnet mal iluminada. Wesley Reis deu um gole no resto de café frio da xícara, o gosto amargo combinando com o número vermelho que via no extrato bancário.

R$ 143,12

O aluguel venceria em três dias. A comissão que ele jurava que ia fechar naquele mês tinha evaporado; o cliente preferiu fechar com Ricardo, o engomadinho com sorriso de predador da imobiliária concorrente.

Wesley tinha 32 anos e se sentia com 60. Ele não queria apenas pagar o aluguel. Ele queria um duplex. Queria o relógio que Ricardo usava. Queria o respeito que vinha quando você não precisava olhar o preço no cardápio. Ele era ambicioso, mas o mundo parecia determinado a mantê-lo desesperado.

Um som o tirou de sua miséria autoimposta. Um shhhht suave, vindo da porta.

Ele franziu a testa. Ninguém bateria àquela hora. Ele caminhou até a porta e olhou pelo olho mágico. O corredor estava vazio, iluminado pela lâmpada fluorescente que zumbia.

Ele abriu a porta.

Não havia ninguém. Mas no capacho puído, havia um envelope.

Não era uma conta. Contas não vinham em envelopes cor de vinho-tinto, tão grossos que pareciam feitos de couro. O envelope era pesado, e seu nome estava escrito em uma caligrafia dourada e impecável que o fez se sentir um impostor:

Sr. Wesley Reis

Seu coração acelerou. Seria uma intimação? Mas a textura... era luxuosa. Ele fechou a porta, trancou-a e levou o envelope para a luz fraca da cozinha.

Não havia remetente.

Ele abriu o selo de cera. Dentro, havia um único cartão, ainda mais pesado que o envelope. A borda tinha um relevo dourado de um símbolo estranho: uma serpente devorando a própria cauda.

A mensagem era curta, impressa na mesma tinta dourada:

Temos o prazer de convidá-lo para a Gala de Colheita Anual.

Na Vila Ocaso.

Esta noite, ao cair da lua.

Traje: O seu melhor

Abaixo, um endereço vago. Um local nas colinas fora da cidade, que ele mal conhecia.

"Gala de Colheita?", ele murmurou.

A primeira reação foi ceticismo. Era um trote. Tinha que ser. Provavelmente coisa do Ricardo, uma piada cruel para rir dele na segunda-feira.

Mas... e se não fosse?

Aquele cartão. Ele podia sentir a qualidade. Aquilo custava dinheiro. Mais dinheiro do que Wesley tinha na conta.

"Vila Ocaso." Ele digitou no celular. Nenhum resultado claro. Apenas algumas menções em blogs de arquitetura sobre "propriedades reclusas" da elite.

A ambição começou a roer a borda do seu medo.

Uma "gala". Pessoas ricas. Pessoas importantes. O tipo de pessoa que poderia mudar sua vida com um aperto de mão, com um contrato assinado em um guardanapo. Eles o convidaram. A ele. Wesley Reis.

A parte desesperada dele assumiu o controle. Ele não podia não ir. A chance de ser humilhado era um risco pequeno comparado à chance, por menor que fosse, de finalmente chegar lá.

Ele olhou para o extrato bancário. R$ 143,12.

Depois, olhou para o convite pesado em sua mão.

"Esta noite", dizia.

Wesley foi até o armário e puxou seu único terno bom, aquele que ele usara nas últimas três entrevistas de emprego fracassadas. Teria que servir

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