VAGINAL PARK

Um conto erótico de Rico Belmontã
Categoria: Heterossexual
Contém 736 palavras
Data: 30/11/2025 12:55:57

Era uma segunda-feira qualquer quando Clítor Manoel, um ex-vendedor de enciclopédias que se tornara operador de brinquedo sexual temático, entrou pela centésima vez na vulva mecânica que dava acesso ao Vaginal Park. Os lábios de silicone vibraram suavemente com um estalo molhado, dando boas-vindas como uma madrinha pervertida.

— Bom dia, Clítor — disse a porta, em voz feminina, grave e erotizada. — Preparado para mais um turno de imoralidade integral?

— Como sempre, minha querida xoxota robótica — respondeu ele, com um suspiro de cafajeste cansado.

Clítor vestia seu uniforme de operador: um colete de couro preto, sem camisa, com as iniciais "V.P." brilhando em neon lilás sobre o peito depilado. Nas calças, apenas uma tanga de vinil. As botas eram antiderrapantes, único item de segurança real exigido ali. No Vaginal Park, o chão era constantemente coberto por secreções de variadas naturezas.

Ele atravessou a Esplanada dos Orgasmos Súbitos, onde casais, travestis, trisais e criaturas andrógenas performavam cenas de sexo público enquanto turistas ovacionavam e registravam em suas câmeras penianas.

Ao chegar às estruturas centrais, Clítor viu o que esperava: o Carrossel da Penetração Dupla estava travado, de novo, por superaquecimento nos eixos penetrantes. Um casal de idosos alemães estava preso de ponta-cabeça, com pênis e plugs vibratórios colados aos seus corpos flácidos, em um orgasmo congelado no tempo.

Com um suspiro profissional, Clítor apertou o botão de reinicialização do circuito lúbrico e puxou a alavanca do choque térmico. Os brinquedos reiniciaram com um estalo húmido e os velhinhos suspiraram em alemão.

— Arbeit macht geil (Trabalho maneiro) — disse o homem, e sorriu.

Mas o Clítor estava inquieto. Havia algo diferente no ar. Um aroma de couro molhado e cereja fermentada. Um arrepio de poder. Ele a sentiu antes de vê-la.

Ela.

Domina Vulvatrix.

Vestida com um espartilho de látex que mais parecia uma segunda pele alienígena, ela caminhava como quem flutua, conduzindo um escravo nu por uma coleira de espinhos maleáveis. Seu chicote vibrava. Seu olhar rasgava a alma com fogo cósmico.

Clítor travou. Os olhos dela cravaram nele. Ninguém nunca o olhara assim desde que perdera a virginidade num bacanal de despedida do ensino médio.

Ela se aproximou. A multidão se abriu, como os grandes lábios de uma vagina prestes a ser penetrada.

— Você opera o Carrossel? — ela perguntou, a voz gotejando poder.

— Sim. E o Tobogã. E a Montanha-Russa.

— Excelente. Preciso de você. Hoje, à meia-noite, no Castelo das Mil Posições. Venha nu. Traga lágrimas de tesão.

Clítor não soube responder. Mas ela já havia sumido.

O Castelo das Mil Posições era o coração pulsante do parque. Erguido com paredes de veludo, teto em forma de mamilos gotejantes e janelas que piscavam como órgãos vivos, ali viviam as entidades mais perversas, os mestres do prazer e da dor, os líderes da ordem erótica universal. Nenhum visitante comum podia entrar. Era reservado apenas para iniciados.

Clítor, suando e nu como nascera, chegou à entrada. A porta vaginal se abriu. Gotas escorriam pelas paredes. Uma música tribal ecoava.

Domina Vulvatrix estava no trono. Ao seu redor, três homens penetravam uns aos outros como uma centopéia bizarra e uma mulher soprava bolhas de esperma no ar como quem faz arte com sabão.

— Venha, Clítor. Não tema o amor absoluto.

E ele foi.

As horas seguintes perderam sentido. Ele foi algemado com cordas feitas de cabelo pubiano de ninfas silvestres. Teve o corpo lambido por dezessete línguas, enquanto uma fêmea com pênis duplo se auto fodia no canto da sala. Domina Vulvatrix o penetrou com palavras antes de usar um cinturão de cristal alienígena que ejaculava jatos de poesia suja.

Ele chorou. Gozou. Chorou de novo. Gozou mais ainda.

Quando o sol nasceu sobre o parque, Clítor estava exausto e renascido. Seus joelhos doíam, seu cu latejava, mas seu coração pulsava com algo novo.

Amor.

Domina Vulvatrix o olhou com uma ternura brutal.

— Não existe amor sem dor. Não existe prazer sem entrega. Aceita ficar aqui comigo, meu escravo, meu amante, meu Clítor?

E ele disse:

— Sim. E quero que você me foda até a alma.

Desde aquele dia, Clítor Manoel nunca mais saiu do parque. Tornou-se o primeiro operador-residente do Castelo das Mil Posições. Turistas sussurram sobre ele. Uns dizem que virou lenda. Outros juram que o viram levitando enquanto ejaculava esperma iridescente.

Mas a verdade é uma só:

No Vaginal Park, o amor é um cu metafísico sem fundo. E Clítor Manoel mergulhou fundo demais nesse reto para voltar.

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