Era fim de tarde, e o calor ainda grudava na pele. Eu tava na cozinha, terminando de guardar a louça, quando ouvi minha mãe me chamar do quarto.
Mãe (da porta):
— Filho… vem aqui um minutinho?
Fui até lá. Ela tava em frente ao espelho, com uma blusa de botão meio aberta, tentando fechar o último botão na altura do peito. Ela segurava o cabelo com uma mão e puxava o tecido com a outra, tentando encaixar o botão que insistia em escapar. A cada tentativa, a blusa abria um pouco mais, revelando o sutiã por baixo. Ela suspirou, frustrada.
Mãe (murmurando):
— Seu pai dizia que essa blusa era linda… antes. Agora, com esse corpo, fica cheia demais.
Ela virou de costas, segurando o cabelo, e me estendeu a mão com o botão solto.
Mãe:
— Vê se consegue fechar pra mim. Se não der, eu troco.
Me aproximei. O tecido tava quente do corpo dela. Tentei puxar com cuidado, mas o botão não encaixava. Fiz um pouco mais de força — e ele arrebentou.
Ela soltou um suspiro, meio rindo, meio se depreciando.
Mãe:
— Tá vendo? Nem a roupa me aguenta mais.
Ela cruzou os braços, tentando cobrir o que a blusa deixava à mostra.
Eu (calmo):
— Mãe… não é a roupa. É você. Seus seios estão maiores. E isso não é ruim.
Ela me olhou, surpresa.
Eu (continuando):
— Tem menina por aí fazendo cirurgia pra ter o que você tem. Seios grandes, firmes, bonitos. Você só precisa se olhar.
Ela ficou quieta. Respirou fundo. O olhar dela ficava entre dúvida e vontade de acreditar. Voltou-se pro espelho, devagar. Soltou os braços. Observou o próprio reflexo com mais atenção. Passou a mão pelo tecido da blusa, como se testasse o que eu tinha dito.
Então, sem dizer nada, desabotoou o resto da blusa e a tirou com calma, deixando-a cair sobre a cama. Ficou ali, de frente pro espelho, só de sutiã, olhando pra si mesma com um olhar que misturava estranhamento e redescoberta. Depois, com um gesto lento, afastou as alças e deixou o sutiã escorregar pelos braços. Não havia vergonha — só silêncio. Só ela, diante dela mesma.
Instintivamente, desviei o olhar. Mas algo me puxou de volta. Quando olhei de novo, não era mais sobre o corpo dela. O que antes eu vi símbolo de cuidado e nutrição, agora se revelava como beleza não mais necessidade, mas presença. E mesmo, sem entender porque aquilo me atraía tanto e pensando que era errado, não conseguia desviar os olhos e ela parecia que estava gostando de eu a enxergar daquele jeito.
Eu (baixo, perto do ouvido dela):
— Ele não sabia o que tinha em casa.
Ela virou o rosto de leve, me olhando por cima do ombro. Os olhos dela estavam úmidos, mas ela sorriu.
Mãe:
— Você fala como se eu ainda tivesse alguma coisa pra mostrar.
Eu (encarando):
— O que eu disse sobre os seios não é mentira. E não é só isso. Você tem muito mais. Só precisa se olhar.
Ela ficou me olhando por um tempo. Depois voltou os olhos pro espelho. Tocou de leve o próprio ombro, ajeitou o cabelo, e sorriu de novo — um sorriso pequeno, mas verdadeiro. Como se, pela primeira vez em muito tempo, tivesse se sentido bonita de novo e eu fiquei feliz em ver isso.
Desde aquele dia, ela passou a escolher roupas diferentes. Não eram blusas justas ou apertadas, mas peças mais largas, leves, que deixavam os seios mais à mostra, não por provocação, mas por liberdade. Era como se ela tivesse parado de esconder o próprio corpo de si mesma. Durante o dia, quando estávamos juntos, ela se permitia esse respiro. Era o tempo em que parecia mais à vontade, mais inteira. À noite, porém, voltava a vestir roupas que cobriam tudo com firmeza,tecidos pesados, costuras rígidas, marcas que às vezes chegavam a machucar, a marcar os seios. Como se aceitasse a minha visão, mas ainda temesse a do meu pai.
