Esse texto será diferente dos outros.
Vou colocar aqui a lembrança de um caso que foi um romance onde o sexo irá demorar, então acredito que haverá um público bem diminuto, pois irei colocar os detalhes que minha memória alcançam nessas linhas.
Eu trabalhava no escritório de uma empresa, tinha 26 anos na época, era um dia qualquer no trabalho até que o diretor entra na sala e nos apresenta a nova funcionária responsável pela parte fiscal. Ela era de estatura média, clara com os lábios carnudos, olhos castanhos atrás de um óculos de armação grossa, cabelos castanhos e lisos abaixo dos ombros de um corpo voluptuoso de seios médios e cintura fina apesar de não ser propriamente magra como as mulheres se julgam, era o que muitos chamariam de "cavala", com uma cintura que se abria em quadris largos e uma bunda incrível e um capo que denunciava uma buceta que deixaria qualquer homem louco. Mas um porém, ela me levou direto para lembranças da oitava série, para uma garota que havia estudado comigo e os traços dela despertaram na minha memória instantaneamente.
Perdido nesses pensamentos nem me lembro do que o diretor falou, eu só me perguntava o que teria acontecido a essa garota com quem eu havia estudado? Nunca mais tinha a visto, e seu nome também não voltava a minha memória, seria possível ser ela que estava bem ali na minha frente?
Perdido nesses pensamentos eu olhava para ela e vi que ela me olhava por trás dos óculos e quando finalmente percebi que ela me olhava sua boca abriu em um sorriso tímido.
Vou chama-la aqui de Adriele. Toda vez que Adriele passava por mim haviam olhares tímidos se procurando, de minha parte, imaginando se era ela a garota que havia estudado comigo, até que um dia ela se debruçou sobre minha mesa e disse quase eu um sussurro
- Só pra tirar sua dúvida, sou eu mesma! Adriele que estudou com você! - sorri quando ela disse isso e logo respondi
- Até que ficou uma mulher bonita!
- E você? Menos arrogante?
- Não ter te perguntado se era você já deveria ter te dado alguma pista!
- Deve continuar o insuportável que eu sempre gostei! - ela respondeu com uma risada divertida entre os lábios
- Pra você ter vindo aqui me confirmar que é você mesma, aposto que gostava e sentiu falta! - Respondi devolvendo uma risada, um sorriso torto que sempre tive. Levantei e nos abraçamos.
Aquele dia na hora do almoço ela se sentou comigo e quis conversar um pouco, acreditando que reencontraria o amigo de adolescência, mas o que ela encontrou foi um homem muito mais frio, sarcástico, com o humor muito mais ácido do que ela poderia se lembrar, mas ainda assim me ofereci para lavar o prato dela como uma forma de gentileza, que ela agradeceu e logo eu respondi
- Obrigado nada, amanhã meu prato é por sua conta
- Cretino! Cadê o cavalheirismo? - olhando para ela sorri e respondi
- Culpa do feminismo.... Direitos iguais....
Esse foi o amigo que ela encontrou, alguém não tão doce como ela esperava, um cínico com um certo encanto conturbado. Ainda assim talvez presa por memórias afetivas, no dia seguinte lá estava ela conversando comigo na entrada do trabalho e na hora do almoço, tão logo comemos ela pega meu pato e diz
-Hoje a louça é minha! - Se levanta e sai para lavar nossos pratos, e depois me chama para ficar conversando com ela.
Dias transcorreram dessa forma, muitas conversas nos deixaram a par da vida um do outro.
Ela havia se mudado para outro estado, se casado e feito faculdade, mas o marido foi morto por engano, o que acabou com as expectativas dela e fez ela rumar pelo mundo até voltar para a sua terra natal. Eu por minha vez contei um pouco da minha vida para ela, sobre meu casamento que tinha terminado e um pouco das coisas que vivi, principalmente no âmbito profissional, muitas coisas da minha vida eram uma cortinada que eu não abria, ela percebia isso, mas ao invés de tentar vislumbrar um pouco mais ela respeitava esse meu espaço fechado ao redor de mim mesmo.
Algum tempo se passou e passei a ser um amigo para ela, com o porém de ser impenetrável e em muito rude, grosso e mau humorado. Nossos apelidos pessoais passaram a ser chato, insuportável, coisinha e coisas desse tipo, mas havia um respeito e admiração velado entre nossos modos, os meus é claro muito mais grossos e menos amáveis. Passei a busca-la e leva-la embora do trabalho nos dias em que eu fazia meu horário normal. Por mais de uma vez (quase sempre) ela implicava comigo pelo meu estilo de vida de beber e curtir a vida de forma desregrada.
Em um desses dias ao voltar do trabalho em um inverno rigoroso, no carro eu vejo ela sem cinto e chamo a atenção dela
- Quer que eu leve multa, porra?
- Cala a boca e não me enche! - Tal tipo de grosseria era normal vindo de mim, e não dela, e tão logo a olhei com certa indagação e logo ela se justificou - Desculpa, to com muita cólica hoje e o cinto vai me apertar... não quis te responder assim... - Nesse dia ela usava uma calça social mais solta e eu sem nem ao menos parecer ter tido tempo de pensar coloquei minha mão por dentro do elástico da calça dela seguindo até o baixo ventre e ela que se assustou com tal intrusão e tentou pestanejar, mas logo foi interrompida pela minha voz seca
- Calma gatona, não tô interessado no seu bigmec cheio de ketchup! - Na mesma hora ela se calou e eu prossegui - Tenho a temperatura corporal alta, aproveita minha mão como uma compressa quente até chegar em casa para se sentir um pouco mais confortável, a cólica vai diminuir assim!
Ela me olhou com a boca entreaberta por um momento e logo depois disse
- Nossa! As vezes você é tão grosso e arrogante que eu me esqueço que você já foi casado e sabe cuidar de uma mulher!
- Só quando a mulher vale a pena ter certos cuidados - Nessa hora ela enrubesceu e eu completei - Sou grosso, mas gosto de você!
- Obrigada! Não é todo dia que ouço isso de você
- Não se acostume!
E assim acabamos por rir e seguimos até a casa dela.
No caminho eu olhei para ela e deixei de vê-la como uma amiga dos tempos de escola e enxerguei nela uma mulher sozinha, que havia sofrido sua parcela de dor no mundo e que no turbilhão de hormônios desse período merecia algo mais do que passar dor sozinha. Ela tinha meu respeito e minha consideração acima da média das outras pessoas e após deixá-la em casa tomei uma decisão.
Rumei direto para um mercado, comprei coisas para fazer uma canja, chocolates, pipoca, amendoins, filme de comédia e na farmácia remédios para dores de cólicas menstruais e uma bolsa térmica e voltei para a casa dela. Estacionei e chamei por ela que abriu a porta com uma carinha de dor e confusão por eu ter voltado, e logo eu disse abrindo o portão
- Vai para dentro, ta frio aqui, não pegue friagem - E fui entrando na casa dela, pela primeira vez de forma intrusiva e ela me olhando com curiosidade - Você! tome isso - Disse entregando para ela o remédio que tirou um breve sorriso dela - E vá tomar um banho quentinho, vou preparar a compressa pra você e fazer uma canja pra comida não cair pesada demais e te esquentar!
- É sério isso? - Ela falou entre uma risada vacilando entre o engraçado e a incredulidade
- É muito sério, faz o que estou pedindo, por favor!
- Por favor? Meu Deus! quem está aí? kkkkkkkkk - Nessa hora me aproximei e fiz um carinho no rosto dela
- Não dê risada senão eu paro!
- Não, não, não.... tudo bem! estou indo.... - e assim ela saiu rindo me deixando responsável por descobrir onde estavam todas as coisas que eu precisaria na casa dela
Logo ela saiu do banho
- Não vai dar risada... é meu pijama quente! - Ela vestia um pijama de inverno cheio de bichinhos que me fez rir
- Você está na sua casa, use o que te deixar mais confortável - e entreguei a bolsa de água quente que ela colocou por dentro da roupa e com um sorriso tímido me agradeceu de novo enquanto eu pedia para ela se deitar no sofá, onde eu já havia deixado um edredom para ela se cobrir e ficar onde pudêssemos conversar enquanto eu preparava a canja para o jantar.
Assistimos filme aquele dia e depois jantamos. Certo de que ela estava confortável me despedi dela para ir embora
- Por que você vai embora? Dorme aqui, amanhã a gente vai trabalhar!
- Não Adriele, não quero seus vizinhos especulando sua vida! Fiz minha parte, deixei seu pior dia um pouco melhor! amanhã venho te buscar
- Você foi incrível, isso sim... Único na verdade, obrigada - Ela falou com a voz ligeiramente mais baixa
- Não agradeça... gosto de você como eu mesmo disse
- Hoje você ta diferente
- Hoje você merece que eu deixe minha arrogância um pouco de lado! - e com um beijo no rosto dela me despedi.
Fui para casa satisfeito pelo tempo que passei junto de Adriele aquela noite, sabia que não estava apaixonado por ela, mas também sabia do carinho enorme e respeito que sentia por ela, e soube que aquele dia deixei ela vislumbrar um pouco de um lado oculto da pessoa que eu era.
Como eu disse, esse é um romance e o erotismo talvez demore um pouco. Essa primeira parte pode ser um tanto massante para a maioria dos leitores aqui do site mas se alguém se interessar e quiser comentar ou conversar meu e-mail é aldair.lemes@bol.com.br