Conheci Magnólia através do Airbnb. Buscava um lugar tranquilo para ficar numa cidade turística do interior do Rio de Janeiro, durante um fim de semana prolongado – de quinta a domingo. Magnólia oferecia um quarto numa casa de uma pequena chácara, em que morava sozinha, nos arredores da cidade, mas não longe do centro. O valor em conta – refeições inclusas –, o verde que dominava a paisagem e o capricho do local me convenceram, apesar de irem por água abaixo meus planos de nudismo. Paciência: não se pode ter tudo, afinal.
Magnólia: nome de pessoa jeitosa, caprichosa, simpática. Recebeu-me desmanchando-se em gentileza. Magnólia era uma senhora de seus 50+, loira retocada, rosto com resquícios de uma beleza no passado, corpo superando o que se espera convencionalmente de alguém dessa idade; é que Magnólia era solteira, nunca tivera filhos e sempre gostou de se exercitar. Sempre morara naquele pequeno paraíso, com os pais – filha única; depois que eles faleceram, não quis sair dali. Agora, era professora recém-aposentada, e estava tentando se habituar à nova rotina sem horários e sem alunos. Blusa “composta”, saia tipo “indiana” e sandálias finas – era seu traje.
Gamei na minha anfitriã. Falava bonito, tinha gostos simples, mas refinados, curtia MPB, adorava ler. Amava conversar, sempre se desculpando pela “tagarelice” e reforçando que eu podia cortar quando achasse que ela estava exagerando. Mas era muito bom trocar figurinhas com ela. Gostos bem parecidos, os nossos. Conversamos praticamente toda a manhã da quinta-feira – tanto que pedimos almoço pelo IFood, porque simplesmente ela não teve tempo de preparar a refeição. Cozido com pirão, à moda nordestina, numa homenagem ao hóspede.
No “descanso” do almoço, entre uma dose e outra de licor de jabuticaba, a conversa deu algumas voltas até chegar no Naturismo. Empolguei-me: falei da minha experiência de muitos anos, e que, como morava sozinho, não usava roupa em casa. Ela ouvia com bastante atenção meus relatos; em seguida falou de quanto admirava essa filosofia de vida, de quanto sempre tivera vontade de experimentar, mas de quanto fora tímida e envergonhada em relação ao seu corpo. Por isso nunca tentara.
Falei entusiasticamente da naturalidade com que devemos tratar nosso corpo, enveredei pelos meus argumentos de como a igreja, ao longo dos séculos, criou monstros psicológicos na sexualidade das pessoas... Ela me escutava, entre séria, serena e interessada, bebendo cada palavra. A certa altura da conversa, ela falou:
– Cláudio, se você quiser praticar o nudismo aqui, pode ficar à vontade. Eu estou de boa. Se não for constrangedor para você coabitar nu com alguém vestido, por mim não há qualquer problema.
O complemento foi decisivo:
– Quem sabe se, presenciando e convivendo com um nudista, eu não consiga destravar...
Fiquei feliz demais. Não somente por me livrar da roupa, mas pela possibilidade de poder ajudar minha mais nova amiga. E vá: eu queria muito ver o corpo de Magnólia, e se minha cabeça de cima estava consciente da pureza daquela amizade nascente, a de baixo dava sinais de outros interesses.
Como um menino que recebera autorização de brincar na chuva, coloquei meu mais sincero sorriso no rosto, e, com gestos rápidos e precisos, livrei-me da camiseta e da bermuda. Ela me olhou de relance o corpo nu em sua frente e sorriu. Dissemos uma ou duas frases para preencher o silêncio e o assunto logo enveredou por outros caminhos.
Claro que, no início, fiquei meio embaraçado pela situação, mas a simpatia de Magnólia em instantes apontou-me o caminho da naturalidade. De forma que, em pouco tempo, lavávamos os pratos do almoço – quer dizer, ela lavava e eu enxugava –, nem eu nem ela demonstrando qualquer constrangimento pela minha nudez.
Magnólia reclamou um tempo de sesta, eu também fui tirar minha soneca. Dormi pouco, que os hormônios fervilhavam, com tanta novidade boa rolando. Dei um giro pela casa e arredores e fui para a varanda de trás, apreciar a bela paisagem serrana que se descortinava pelo vale.
– Cenário extraordinário, não é? – sua voz suave, atrás de mim, surpreendeu-me, sem me assustar. Era como se sentisse que ela se aproximava.
Concordei monossilabicamente, deitando meu olhar sobre aquela cercania verde. Ela chegou-se ao meu lado e também se debruçou sobre a grade. Somente então notei que trocara de blusa. Agora estava com uma regata de largas mangas, que ofereciam a visão da base dos seios alvos, livres de soutien. Nitidamente ela estava se testando. Mas, sabemos, nudez insinuada é muito mais excitante do que explícita: senti o característico movimento da minha rola. Procurei disfarçar o mais que pude, para não assustar o passarinho que dava seus primeiros pulos fora do ninho – mas sabia que precisava naturalizar o tesão também.
Assim, encontrei um jeito de falar em quão natural pode ser a excitação entre pessoas nuas, e o fato de uma rola ereta ou uma buceta molhada (eu avançava com cuidado, testando os termos) era algo normal, e que não significava necessariamente envolvimento sexual – embora essa possibilidade não seja condenável... Eu pisava em ovos, para que ela não me visse como mais um macho de pau duro querendo “derrubar” uma fêmea. Subestimei-a. Ela era de uma maturidade evidente e de uma mente aberta. Seu discurso sereno, incisivo e sem subterfúgios me demonstrou sobejamente isso.
À noite, Magnólia me levou para conhecer um “point” tranquilo da cidade, apropriado a nossa idade. Conversamos, comemos, bebemos, rimos... Verdadeiros amigos de infância. Claro que a insinuação dos seios na regata da tarde não me saía das cabeças, mas eu queria mesmo curtir aquela relação asséptica que acontecia entre nós, deixar rolar naturalmente. Se tivesse que acontecer algo, aconteceria sem forçação de barra; se não rolasse, tudo bem também.
Ao voltarmos para o apartamento, como era meu hábito, já fui me livrando das roupas. Percebi-a mais tranquila em relação a ter um homem nu como hóspede. Continuou conversando e rindo, sem maiores incidentes. Eu também me deixei levar pela leveza do momento; tomamos uma taça de vinho, conversamos um bom tanto, ela me beijou no rosto e fomos dormir.
Os bucólicos sons do final da madrugada me despertaram de mastro em riste, como quase todas as manhãs, mas desta vez com uma motivação definida: uma flor de pessoa, que deveria estar acordando também, do outro lado da parede. Aproximei-me da janela para apreciar a natureza acordando e a lufada de ar puro que recebi no peito me encheu de uma energia boa. Sem qualquer pressa, conferi e-mails e mensagens, folheei algumas revistas dispostas na estante e fui tomar meu banho.
Com o corpo fresco, dirigi-me à cozinha. Antes de chegar, ouvi ruídos de louça e senti cheiro bom de café sendo passado. Magnólia já estava em plena atividade doméstica. Ao adentrar no ambiente, meu coração disparou: Magnólia estava sem blusa, apenas de saia. Os seios redondos, balançando-se ao sabor dos movimentos de sua dona. O rabo de cavalo dava-lhe um ar jovial.
Eu precisava agir naturalmente, a mente dizia o tempo todo. A borboleta Magnólia estava abrindo as asas, e qualquer atitude brusca ou mal pensada poderia estragar todo o processo. Assim, entrei alegre e despretensiosamente, saudando em alarido o cheiro delicioso do café, fui até ela, toquei seu corpo, num meio-abraço de bom dia e depositei um beijo em sua face. (Cacete, ela estava um tesão!) Ela entortou o corpo e, sem largar o que fazia, retribuiu-me o beijo, no meio de um sorriso.
– Está vendo, Cláudio? Estou aos poucos me desnudando... Você é um excelente mentor! Obrigada, querido!
Devo ter enrubescido, mas sorri, feliz. Tomamos nosso desjejum na varanda, apreciando a natureza incisiva ao nosso redor. Quando a discrição me permitia, eu colhia rápidas olhadelas dos seios de Magnólia, seus mamilos róseos e parece que rígidos – e minha rola endurecia, sob a toalha quadriculada da mesa.
Depois do café, fomos caminhar um pouco pelo terreiro frontal da casa, comentando um ou outro detalhe que descobríamos pelo caminho. O vento fresco da manhã acariciava minha bunda e eu sentia um leve arrepio no corpo.
Em determinado momento, Magnólia parou e me encarou, séria:
– Cláudio, quero te agradecer muito pelo incentivo na aceitação do meu corpo com a naturalidade que estou experimentando. Eu jamais conseguiria isso sozinha, pois sequer me permitia pensar sobre o assunto, e você está me ensinando o quanto isso é bom e puro.
E veio até mim, rodeou os braços em meu pescoço, esmagando seus seios contra meu peito, num abraço de corpo inteiro. Seu perfume suave enveredou pelas minhas narinas. Tenho certeza de que ela sentiu o batuque acelerado do meu coração, e mais certeza ainda de que sentiu minha pica endurecer ao contato com o tecido de sua saia; mas ela parecia estar em outra “vibe”: demorou no amplexo e me sussurrou ao ouvido:
– Muito obrigada, meu amigo! Muito grata!
Apesar do “clima” que pintara, eu precisava estar consciente do significado daquelas palavras – ela estava abraçando e agradecendo efusivamente a um “amigo”. Fechei os olhos e procurei arrumar minimamente os confusos pensamentos.
Depois nos soltamos – menos as mãos – e assim fomos caminhando mais, apreciando cada detalhe daquela natureza que nos carinhava e fazia com que nos sentíssemos seres unos, a ela mesclados. Sorríamos feito bobos.
