Eu nunca pensei que isso aconteceria comigo. Eu sou a garota certinha, sabe? Aquela que namorou o mesmo cara por quatro anos na faculdade, que adora comédia romântica com o príncipe encantado e que sempre se achou 100% hétero. Meu nome é Ana, tenho 28 anos, trabalho como designer gráfica numa agência pequena aqui em São Paulo, e minha vida sexual era... previsível. Sexo bom com o namorado de vez em quando, mas nada que me deixasse louca de desejo. Até ela aparecer.
Chama-se Laura. Ela entrou na equipe há uns seis meses, como coordenadora de projetos. Alta, com cabelo curto e bagunçado que cai nos olhos castanhos de um jeito que parece desafiador, e um sorriso que ilumina a sala inteira. Ela é lésbica, todo mundo sabe – ela usa um anel de compromisso no dedo anelar da mão esquerda, e uma vez ouvi ela falando no banheiro sobre a namorada, uma advogada que viaja muito. No começo, eu só admirava. Tipo, "nossa, que mulher incrível". Ela é confiante, ri alto, usa aquelas blusas soltas que mostram os braços tatuados e jeans justos que marcam as curvas. Eu me pegava olhando mais do que devia nas reuniões, notando como a pele dela brilha sob a luz fluorescente, ou como o perfume dela – algo amadeirado e fresco – ficava no ar depois que ela saía da minha mesa.
Foi numa sexta-feira à noite, depois de um happy hour forçado pela equipe, que tudo desmoronou. Eu cheguei em casa bêbada o suficiente para não pensar direito, tirei a roupa e me joguei na cama. Meu corpo estava quente, e em vez de ligar o vibrador pensando no meu namorado (que, aliás, viajou pro interior no fim de semana), minha mente foi direto pra ela. Imaginei Laura me encostando na parede do banheiro da agência, as mãos dela subindo pela minha saia, os lábios roçando meu pescoço enquanto sussurrava algo sujo no meu ouvido. Eu me toquei devagar no começo, só testando, mas logo estava gemendo alto, os dedos escorregando entre as pernas, imaginando a língua dela me explorando, os seios dela pressionados contra os meus. Gozei tão forte que chorei depois, envergonhada, limpando tudo com papel higiênico como se fosse um crime.
No dia seguinte, acordei com a calcinha úmida de novo. "Foi só o álcool", pensei. Mas não foi. Na segunda, no trabalho, eu mal conseguia me concentrar. Toda vez que ela passava pela minha mesa pra pedir um feedback no layout, meu coração acelerava, e eu sentia um formigamento entre as pernas. À noite, em casa, era pior. Eu me masturbava duas, três vezes por dia agora, sempre com ela na cabeça. Às vezes, fantasiava cenas bobas: nós duas presas no elevador, ela me beijando pra me acalmar; ou num churrasco da equipe, eu a arrastando pro quintal escuro e deixando ela me foder com os dedos enquanto os outros riam lá dentro. Outras vezes, era mais cru: ela me amarrando na cama dela, com a namorada assistindo, me fazendo implorar. Eu odiava o quanto isso me excitava. Eu era hétero, caramba! Tinha um namorado que me amava. Mas meu corpo traía tudo – meus mamilos endureciam só de ver o nome dela na lista de e-mails, e eu tinha que ir pro banheiro do trabalho pra me tocar rapidinho, mordendo o lábio pra não gemer.
Os dias viraram semanas, e o que começou como uma curiosidade virou obsessão. Eu me apaixonei, eu acho. Não era só tesão; era uma saudade doentia dela quando ela faltava, um ciúme bobo quando via ela no celular rindo de mensagens da namorada. Eu pesquisava fóruns à noite, lendo confissões de mulheres como eu – hétero no papel, mas derretendo por uma lésbica. "É normal?", elas perguntavam. "Vai passar?", eu me perguntava, enquanto gozava pela enésima vez imaginando Laura me comendo no sofá da sala de reuniões, as luzes apagadas, só o som da nossa respiração pesada.
Um sábado chuvoso, sozinha em casa – namorado no futebol com os amigos –, eu quebrei. Estava pelada na cama, o ar-condicionado gelado arrepiando minha pele, os dedos já circulando o clitóris devagar. Peguei o celular e disquei o número dela. Por quê? Não sei. Talvez pra ouvir a voz, pra fingir que era trabalho. Ela atendeu no terceiro toque, a voz rouca de quem acordou da soneca: "Alô? Ana? Tudo bem?" Meu Deus, aquela voz. Grave, com um sotaque leve de interior que eu nem sabia que ela tinha. Eu gemi baixinho sem querer, e ela pausou: "Ana? Você aí?" Eu disse que sim, que era só uma dúvida rápida sobre um projeto, mas enquanto falava besteira sobre cores de paleta, minha mão acelerava. Imaginei aquela voz mandando em mim, dizendo "toca mais forte, Ana, goza pra mim". Meu corpo inteiro tremeu, e eu gozei ali, no telefone, um orgasmo que me deixou sem fôlego, as coxas encharcadas. "Desculpa, Laura, eu... te ligo depois", murmurei, desligando antes que ela percebesse o ofegar. Mas ela riu, leve: "Sem problema, se cuida."
Depois disso, virou rotina. Toda sexta à noite, eu ligava. "Só pra bater papo", mentia pra mim mesma. Falávamos de tudo – séries, viagens, besteiras do trabalho – e eu me masturbava em silêncio, gozando no instante em que ela ria ou dizia meu nome. Era viciante, como um segredo sujo que me fazia sentir viva pela primeira vez. Meu namorado notava que eu estava distante, mas eu culpava o estresse do trampo. No fundo, eu sabia que estava afundando.
No trabalho, piorou. Eu comecei a me tocar perto dela. Numa reunião longa, com ela sentada do meu lado, eu cruzei as pernas e pressionei a coxa contra a mesa, roçando devagar enquanto ela explicava o cronograma. Meu short jeans estava úmido, e eu mordia o interior da bochecha pra não soltar um som. Outra vez, no coffee break, encostei na pia do banheiro feminino logo depois que ela saiu, inalando o rastro do perfume dela, e me toquei ali mesmo, os olhos fechados, imaginando ela me pegando no flagra e me punindo com a boca. Ela começou a notar coisas pequenas: "Você tá bem, Ana? Parece distraída ultimamente". Eu sorria, ruborizada, e balbuciava um "tô ótima". Mas ontem, durante uma call em dupla pra revisar um cliente, eu gozei de novo – só de ver o rosto dela na tela, o cabelo caindo no olho enquanto ela gesticulava. Meu microfone estava mutado, mas ela franziu a testa: "Ana? Você tá corada. Calor aí?" Eu ri nervosa, desligando a câmera rápido.
Eu não aguento mais. Isso tá me consumindo. Eu amo meu namorado, ou pelo menos acho que amo, mas todo pensamento leva pra ela. Toda masturbação é pra ela. Eu me sinto suja, mas ao mesmo tempo tão... desejada. Como se meu corpo soubesse algo que minha cabeça nega. E se ela descobrir? E se a namorada dela souber? Eu arrisco tudo por um toque que nunca vai acontecer. Alguém, por favor, me ajuda. Como eu paro isso? Como eu explico pra mim mesma que uma hétero pode se apaixonar assim, se masturbar compulsivamente por uma mulher comprometida que nem sabe o furacão que causou? Eu preciso de um jeito de apagar esse fogo, antes que ele me queime inteira. Me contem, nas confissões de vocês: isso passa? Ou eu tô perdida pra sempre nesse dilema molhado?