DISCERE 2 - TEMPO DE AMAR - CAPÍTULO 16: VAMOS FICAR BEM?

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Gay
Contém 3074 palavras
Data: 19/10/2025 04:59:20

A foto estourou nas páginas dos principais sites de fofoca naquela noite: o grupo inteiro, congelado em plena fuga pelo jardim do Hotel Sky Vision, as roupas manchadas de vermelho e os cabelos desgrenhados, como se acabassem de sair de um filme de terror barato. A manchete insinuava mais do que contava, e os comentários online só aumentavam a confusão.

Segundo as matérias, Arthur Aguiar — filho do empresário Frederico Aguiar — teria boicotado a festa de Halloween do hotel. As fontes diziam que César Ermírio de Moraes, dono do Sky Vision, sabotara os planos do Grand Hotel, propriedade da família Aguiar, roubando inclusive a atração principal: a cantora Larissa. O resultado foi um espetáculo de intrigas, correria e, aparentemente, tinta vermelha espalhada para todos os lados.

Reunidos na varanda de uma rede de fast-food, os amigos ainda riam nervosos, tentando se livrar dos últimos respingos na pele.

— Tomara que não seja sangue de verdade. — disse Breno, esfregando o braço com um guardanapo úmido. — É tinta, gente. Tinta!

— Você devia ver como tá o meu cabelo — Valentim comentou, passando a mão pelas mechas endurecidas. — Parece que mergulhei num balde de suco artificial.

Karla, por sua vez, não conseguiu disfarçar o cansaço. Largou o copo de refrigerante sobre a mesa, apoiou o rosto nas mãos e suspirou.

— Essa foi, sem sombra de dúvida, a pior festa da minha vida. — Ela fechou os olhos por um instante, respirando fundo. — Mas agora precisamos focar. Novembro tá logo aí, e o vestibular não vai se resolver sozinho.

A menção ao exame trouxe um silêncio breve, como se cada um, por um momento, pensasse no próprio caminho. Valentim foi o primeiro a quebrá-lo, com um meio sorriso.

— Ainda bem que eu tô fora dessa. — Ele ajeitou a camiseta manchado, confiante. — Dublin já me espera.

João Paulo riu baixo.

— Você tem sorte, Val. Eu vou fazer só pra testar meus conhecimentos... mas o que eu quero mesmo é programação. O mercado tá bombando, e eu tô doido pra mergulhar nessa área.

— Eu vou de audiovisual. — acrescentou Narciso, animado. — Quero expandir meu olhar, aprender a contar histórias de outros jeitos.

— Economia pra mim. — disse Karla, voltando a se endireitar na cadeira, apesar do olhar ainda cansado. — Não vejo a hora de entrar de cabeça nisso e assumir os negócios da família.

Breno, que ainda tentava tirar manchas do corpo, ergueu os olhos.

— Design gráfico. Quero trabalhar com imagens, cores... criar coisas legais, sabe?

Todos se viraram para Noah, que observava o movimento da rua além do parapeito. Ele deu de ombros, um sorriso tímido surgindo no canto da boca.

— Sinceramente? Não tenho a menor ideia.

— E política? — Valentim provocou, arqueando uma sobrancelha.

Noah riu, mas havia algo de hesitação em seu olhar.

— Esse é o sonho do meu pai, não o meu. — Ele fez uma pausa, se lembrando do Clube Arco-íris que havia fundado na escola, projeto que só ganhou forma depois que o pai revisou seu texto de defesa e fez pequenas alterações. — Às vezes penso que poderia funcionar... mas, por enquanto, quero descobrir quem eu sou antes de decidir quem eu vou ser.

O grupo ficou ali por mais alguns minutos, cercado pelo cheiro de café fresco e pelo burburinho suave do lugar. Apesar do caos da noite anterior — ou talvez por causa dele —, havia entre eles um laço silencioso, algo que nem tinta vermelha, nem manchetes sensacionalistas podiam apagar.

***

Novembro começou chuvoso na capital paulistana. A garoa fina caía sem trégua, tornando o fim de semana preguiçoso. Noah permanecia afundado no sofá, o celular nas mãos, rolando a tela sem muito entusiasmo. Observava, através das redes sociais, o que os amigos faziam.

A poucos dias da avaliação do Enem, ele sequer havia se inscrito para a prova. A omissão, antes apenas um detalhe, começava a pesar. Então, um stories atravessou sua calma aparente e partiu seu coração. Era Valentim, radiante, mostrando uma peça de tricô que havia acabado de confeccionar. Na legenda, ele perguntava: "Essa boina combina com Dublin?". Noventa por cento dos seguidores haviam respondido que não, mas nada disso importava — a alegria no rosto de Valentim saltava da tela.

Noah sentiu algo se mover dentro de si, um turbilhão confuso. Orgulho e tristeza disputavam espaço em seu peito. Estava feliz por Valentim; o rapaz havia amadurecido tanto no último ano. Mas, ao mesmo tempo, aquela boina — símbolo de um novo capítulo — parecia sinalizar que Valentim não precisava mais dele. Podia tomar decisões sozinho, e essas decisões já não o incluíam.

As lágrimas começaram a escorrer, silenciosas, pelo seu rosto. Ele sequer notou até ouvir a voz suave da mãe.

— Filho, o que houve? — perguntou Gabrielle, se aproximando com cuidado.

— Nada, mãe. — Noah respondeu rápido, enxugando os olhos com a manga da blusa.

— Meu filho, você está chorando. É claro que não é nada. — Ela sentou ao lado dele, pegou nas mãos do jovem e apertou com carinho. — Sabe, Noah, eu sinto que você esconde muito de mim. Mas, além de sua mãe, eu sou uma amiga. Quero o seu bem. Por favor, não esconda o que sente. Não me prive de participar da sua vida.

Noah respirou fundo, as palavras saindo em soluços.

— O Valentim vai se mudar para Dublin. — Ele engoliu em seco. — Não quero ser o namorado ciumento ou tóxico, então finjo estar alegre... mas a partida dele me causa tudo, mãe, menos alegria.

— Oh, meu filho. — Gabrielle o abraçou com ternura, envolvendo-o num calor que a chuva lá fora não podia oferecer. — O que ele vai fazer na Irlanda?

— Estudar. Existe um programa para jovens empreendedores. É uma oportunidade única. — Noah explicou, limpando o rosto com a ponta dos dedos. — Sabe, mãe, o Valentim evoluiu muito nos últimos meses. Quando o conheci, ele era avoado, disperso, até um pouco arrogante. Mas agora, vendo o quanto mudou...

Gabrielle passou a mão pelos cabelos dele, sorrindo de leve.

— Isso se chama crescer, Noah. Mas o Valentim não é o único que evoluiu. Olha só as coisas que você conquistou filho. — Seus olhos estavam cheios de compreensão.

— Mas eu estou tão confuso. Não sei nem o que quero fazer na graduação.

— Sei que você ainda tem dúvidas sobre a universidade, mas, seja qual for sua decisão, seu pai e eu vamos estar ao seu lado. Sempre.

Ela o abraçou mais uma vez, e, por um instante, Noah se permitiu apenas ficar ali, sentindo que, apesar das mudanças, ainda havia um lugar seguro para repousar.

***

O Enem agitara todo o Instituto Discere. Os corredores estavam repletos de conversas ansiosas, professores reforçavam dicas de última hora, e até os muros da escola pareciam vibrar com a expectativa das provas. Os alunos do terceiro ano exibiam com orgulho uma camiseta especial com a logomarca do colégio — um símbolo da reta final antes da formatura.

Valentim, percebendo a tensão de Noah, decidiu que a melhor forma de aliviar o namorado era levá-lo para o litoral. Queria que ele respirasse outros ares, longe das pressões que todos sentiam. Assim, em um sábado nublado, mas acolhedor, os dois pegaram a estrada rumo a Santos.

A viagem fluiu sem qualquer contratempo. Pararam em um restaurante de beira de estrada para tomar café: pães quentinhos, suco de laranja fresco e um café forte que aquecia a manhã. Noah, aos poucos, deixava para trás a sombra do Enem, se permitindo rir das histórias de Valentim.

Já em Santos, estacionaram o carro no hotel e partiram para explorar a cidade. Caminharam pelo calçadão, onde o cheiro de maresia misturava-se ao aroma de milho assado e sorvete. No aquário municipal, Valentim não se cansava de observar a expressão de Noah diante dos pinguins e dos enormes peixes coloridos. Tiraram fotos juntos diante de pontos turísticos: o bondinho do Monte Serrat, o jardim da orla, o Porto. Valentim amava o som ritmado das ondas quebrando na praia; era como se aquele cenário o lembrasse de que a vida podia ser simples e plena.

No fim da tarde, sentaram na areia para ver o pôr do sol. O céu, pintado de tons alaranjados e rosados, refletia nos olhos azuis de Noah, os deixando ainda mais vivos. Valentim gravou um vídeo curto, registrando o sorriso sereno do namorado. Guardaria aquele instante para sempre — um pedaço de eternidade antes das mudanças que viriam. Havia um presente preparado para Noah, mas Karla o ajudava nos detalhes de uma surpresa maior.

Foram duas semanas intensas, com Valentim dedicando todo o seu esforço para arrancar Noah das preocupações. Além da praia, eles embarcaram em um bate-volta ao Rio de Janeiro para assistir a um show do Coldplay, a banda favorita de Noah. Sob as luzes coloridas, quando "Fix You" ecoou pelo estádio, trocaram juras de amor, abraçados, sentindo que o tempo havia parado. Para Valentim, aquele era o momento perfeito — um tesouro para se lembrar quando estivesse longe, mergulhado nos estudos e nos negócios da família.

Com o fim da maratona do Enem, Karla propôs um encontro na piscina de sua casa. O calor, finalmente generoso, colaborou para a festa. Risadas, música alta e conversas animadas tomaram conta do quintal. O assunto principal, claro, eram as questões mais complicadas da prova. Karla, Breno e João Paulo foram os únicos do grupo que a haviam feito. João Paulo surpreendeu a todos: mais de oitocentos pontos na redação. Narciso o parabenizou com um abraço desajeitado, arrancando risos gerais.

Aquele encontro parecia um último suspiro antes de um novo ciclo. Era a chance de os seis ficarem juntos mais uma vez, antes que o tempo e os planos os separassem. Valentim partiria em breve para Dublin; Noah, Breno e Karla estavam prestes a deixar a escola; João Paulo e Narciso, por sua vez, permaneceriam, encarando os corredores do Discere sem a presença constante dos amigos.

Naquela tarde dourada, entre mergulhos e histórias, todos tentaram esquecer o futuro que se aproximava rápido demais.

***

Valentim sentiu o peso da última prova de matemática como quem encara o cano frio de uma arma apontada para a própria testa. Cada equação parecia zombar dele, cada fração o lembrava de que poucos pontos o separavam da média. A sala, silenciosa, parecia encolher em torno de si, mas ele respirou fundo, manteve o lápis firme e, pela primeira vez, atravessou todo o teste com calma. Quando entregou a folha, sabia — sem precisar de confirmação — que tinha vencido aquele obstáculo. Não haveria tristeza ao ver o quadro de aprovados no final do semestre.

Era mais do que uma nota: era um passo no caminho que traçara para si. Valentim queria ser um homem de sucesso, mas o motor desse desejo tinha nome e sorriso — Noah. Ele se via em um apartamento espaçoso, partilhando a rotina com o namorado, cercados por crianças, adotadas ou não. Uma certeza apenas permanecia inabalável: Noah era parte indispensável do seu futuro.

Com o fim das aulas se aproximando, as tensões dos estudos deram lugar a um plano diferente. Com a ajuda de Karla, Breno e Narciso, Valentim organizou uma surpresa para o namorado. O cenário escolhido foi ousado: a biblioteca do Instituto Discere. Graças à ausência de Gabriel no comando do grêmio estudantil, eles conseguiram autorização para usar o espaço. Karla, sempre talentosa, transformou o ambiente.

Quando Noah chegasse, encontraria um salão transformado em refúgio romântico. No centro, uma mesa coberta por um caminho branco, salpicado de corações vermelhos de feltro. Sobre ela, velas de vários tamanhos espalhavam uma luz cálida, refletida no vidro de um vaso simples com rosas vermelhas recém-cortadas. Um porta-retrato exibia uma foto do casal, cercado por pétalas e pequenas luzes douradas que serpenteavam pelo tampo. Pratos brancos repousavam sobre jogos americanos em formato de coração, talheres alinhados com cuidado, guardanapos atados por fitas vermelhas. Ao fundo, uma cômoda improvisada exibia mais corações recortados e uma luminária suave, completando a atmosfera intimista. A lasanha bolonhesa — favorita de Noah — descansava, ainda quente, ao lado de uma garrafa de champanhe sem álcool.

Noah, porém, nada sabia disso. Recebeu uma ligação aflita de Valentim, que dizia ter entrado na escola para tentar "roubar as respostas da prova" e acabado torcendo o pé. A voz trêmula do namorado o fez largar tudo, vestir a primeira roupa que encontrou e correr até o Instituto.

Ao chegar, reparou no portão entreaberto. Nenhum segurança vigiava a entrada. Uma sensação estranha lhe percorreu a espinha. Avançou pelos corredores silenciosos, as luzes reduzidas a pontos amarelos espaçados. As portas fechadas, as vitrines do corredor refletindo seu rosto preocupado, tudo parecia saída de um filme de terror adolescente. Cada passo ecoava mais alto do que deveria, enquanto ele se perguntava onde Valentim poderia estar — e por que aquela noite, antes tão comum, agora parecia esconder um segredo.

Ao entrar na biblioteca, Noah parou por um instante, surpreso com o que viu. Valentim estava ali, encostado em uma das estantes, um sorriso nervoso brincando nos lábios. Vestia uma camisa jeans clara, de mangas dobradas até os cotovelos, perfeitamente alinhada dentro de uma calça bege que caía de maneira impecável sobre os sapatos escuros. Um cinto marrom marcava a cintura, e no pescoço, um laço azul-marinho em forma de gravata-borboleta dava um toque ousado ao conjunto.

Valentim segurava um violão clássico, nervoso, e, antes que Noah pudesse dizer qualquer coisa, começou a dedilhar as primeiras notas de "Hoje", do Jota Quest. O problema era que o talento musical dele beirava o zero. As cordas soavam tortas, quase um lamento, mas o brilho determinado nos olhos dele compensava cada nota desafinada.

Noah arqueou as sobrancelhas, descrente. Tinha ido até ali acreditando que precisava resgatar Valentim de algum drama secreto, mas, ao que tudo indicava, ganharia algo completamente diferente: uma declaração de amor.

Aproximou-se e deu um soco leve no ombro dele.

— Valentim Cardoso de Almeida, que história é essa? Como está o seu pé? — perguntou, baixando o olhar.

— Em primeiro lugar, ai. — Valentim largou o violão, esfregando o ombro com uma careta divertida. — Doeu. Em segundo lugar, surpresa! — disse, abrindo os braços e indicando a sala ao redor.

— O que é isso?

— São nossos últimos dias no Discere, Noah. E, se não fosse essa escola, eu nunca teria te conhecido. — respondeu, tocando com delicadeza o rosto do namorado.

— Não faz isso. — Noah fechou os olhos, tentando conter a emoção que já se denunciava no tremor de sua voz.

— Não fazer o quê? Declarar o meu amor por você? Eu faço isso todos os dias que puder. Você não entende, Noah Salles Trajano, eu estou perdidamente apaixonado. — Valentim se ajoelhou, retirando uma pequena caixa do bolso. — Eu sei que vou passar o próximo ano em Dublin, mas eu quero você. Não sei como a gente vai fazer, mas precisamos fazer essa relação funcionar. Me ajuda? — abriu a caixa, revelando um anel simples, que deslizou com cuidado no dedo do namorado.

— Eu aceito! — Noah exclamou, rindo entre lágrimas. — Eu aceito. — Se abaixou e o beijou, um gesto carregado de alívio, amor e promessa. — Eu te amo tanto. Obrigado por insistir, obrigado por me amar.

— Isso é tão lindo! — Karla irrompeu, filmando a cena com o celular, um sorriso largo no rosto.

— Muito orgulho de você, Valentim. — Narciso acrescentou, ajustando a câmera para captar o melhor ângulo.

— O que vocês estão fazendo aqui? — Valentim piscou, surpreso.

— A gente? Nada. Vamos, Narciso. — disse Karla, puxando o amigo para fora.

A biblioteca estava silenciosa naquela noite, iluminado apenas pelas luzes amareladas que caíam suavemente sobre a mesa que Karla havia enfeitado. Diante deles, o cheiro irresistível da lasanha recém-saída do forno pairava no ar. Noah ajeitou-se na cadeira, um sorriso leve nos lábios, enquanto Valentim servia uma porção generosa em seu prato.

— Sabe... — começou Valentim, apoiando o cotovelo na mesa, os olhos brilhando de entusiasmo — eu queria te contar uma coisa antes que outra oportunidade passe.

Noah ergueu o olhar, curioso.

— Eu já comprei as passagens para Dublin — disse Valentim, quase num sussurro cúmplice. — Se você quiser, pode passar as férias comigo lá. Tudo pago, por minha conta.

Noah piscou algumas vezes, surpreso, antes que um riso surdo escapasse de seus lábios.

— Sério? Valentim, isso é... incrível! Eu adorei a ideia. — Ele se inclinou um pouco para frente, mas logo respirou fundo. — Eu vou pensar com carinho. No próximo ano eu não tenho tantos planos, então... pode ser perfeito.

Valentim assentiu, satisfeito com a reação dele. Depois, com a expressão mais serena, tomou a mão de Noah por cima da mesa.

— Eu sei que às vezes você duvida do que é capaz, mas, Noah, você tem tanto potencial. Talvez seu destino seja a política.

Noah arqueou uma sobrancelha, divertido, mas deixou que Valentim continuasse.

— Lembra quando você chegou aqui? — começou Valentim, o olhar cheio de lembranças. — Deu trabalho na Gincana das Quatro Estações, colocou todo mundo pra se unir pela vitória. Depois foi mediador entre os colegas nas brigas mais bobas... e ainda criou o Clube Arco-Íris, mesmo com o Gabriel tentando te derrubar o tempo todo.

Valentim sorriu, um sorriso cheio de orgulho.

— Talvez a política esteja no seu sangue mais do que você imagina.

Noah soltou uma risadinha nervosa e olhou para o prato.

— Você acha? Sei lá... com tudo o que aconteceu com o meu pai no ano passado... não sei se tenho coragem.

— Noah — disse Valentim, firme, mas com doçura. — Você é o cara mais sensível e atento que eu conheço. Não deixa de fazer o que você quer por medo.

Noah respirou fundo, deixando as palavras penetrarem devagar. Ele experimentou a lasanha, fechando os olhos por um instante para sentir o sabor, enquanto um silêncio confortável se instalava entre eles. Logo, começaram a trocar lembranças engraçadas — como o lado competitivo de Noah durante a gincana, ou quando o carro de Valentim desceu o morro e caiu em um lago.

Riram juntos, o riso ecoando suave pelo ambiente. Entre uma garfada e outra, comentaram sobre Dublin: os pubs antigos, os parques verdes, as livrarias onde poderiam se perder por horas. Noah começou a imaginar as ruas estreitas e frias da cidade, com Valentim ao seu lado.

— Valentim... — disse Noah de repente, num tom mais baixo.

— Oi? — Valentim ergueu o olhar, atento.

— A gente vai ficar bem, né? — perguntou Noah, quase num sussurro.

Valentim se inclinou para mais perto, os olhos cheios de certeza.

— Eu não tenho dúvidas disso.

Noah sorriu, sentindo o coração aquecer. Ele se aproximou devagar, tocou o rosto de Valentim e o beijou com delicadeza. Ali, no lugar favorito deles na escola, nada mais importava. O futuro estava aberto, e enquanto estivessem juntos, todo o resto parecia simples.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Escrevo Amor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários