Largados e Pelados: A Viagem Escolar que Terminou em Uma Ilha Deserta (Capítulo 24)

Um conto erótico de Exhib
Categoria: Heterossexual
Contém 4422 palavras
Data: 18/10/2025 17:25:47

— Cara, que diabos foi isso? — Guilherme gritou com Eric. Mesmo diante do escândalo, ele se manteve imóvel e com uma expressão facial calma e pensativa.

— Não era melhor chamá-la para nosso grupo? — Ouvi Andressa sugerir.

— Ela é doida! — Guilherme agora vociferava para ela. Eu concordava. Por mais que não fosse muito próximo de Taywan na escola, não esperava que ela simplesmente nos ameaçaria na floresta daquele jeito. Aquela vagabunda ainda me obrigou a ficar exposto por tanto tempo enquanto, nitidamente, aproveitava para olhar meu corpo. Fora que ela mal parecia se importar que todos nós a estivéssemos vendo nua daquele jeito. Se ela tinha tempo para fazer armas e uma armadilha complexa como aquela, porque não fez algum tipo de roupa para si?

— Taywan já possui o grupo dela. — Eric disse com calma. Ele então foi até as bolsas feitas de folhas que continham os suprimentos que Andressa e eu tínhamos localizado. Guilherme o seguiu, ainda resmungando. Enquanto ouvia toda a reclamação de meu amigo, vi o garoto cortar alguns pedaços do cipó daquela rede enorme estendida no chão.

Andressa levantou. Quando olhei para ela, corei de imediato. Seu corpo ainda guardava as evidências do que tinha ocorrido entre nós. A vi ajeitar as roupas de folhas e cipó no corpo, retomando a decência e desviei o olhar quando ela, acidentalmente, tocou o rosto, sujando as costas das maos com minha porra que ainda melava algumas partes de sua pele. Ela então limpou os dedos em sua saia com naturalidade. Me levantei também, mãos na frente de minha virilha agora que me era permitido cobrir meu pau meia bomba gotejando esperma.

— Entraremos no grupo dela e do Marcos? — Andressa questionou, dúvida que deveria ter sido direcionada a todos nós, mas o fez olhando para Eric. Ficaria bravo se não surpreso com a naturalidade de seu comportamento diante do que acabara de ocorrer entre nós.

Procurei olhando a nossa volta para o escuro chão fracamente iluminado pelas duas tochas que Guilherme e Eric carregavam. Meu coração estava disparado, tanta vergonha que sequer conseguia olhar para meus colegas no rosto. Onde estava aquela tanga de folhas que antes usava?

— Vocês não ouviram? Marcos matou uma pessoa. — Eric lembrou. Engoli o seco em descrença. — Essa rede vai ser bem útil na construção do nosso abrigo. — Ele disse logo em seguida, mudando de imediato o assunto com um meio sorriso estampado na boca. Céus, como ele era frio.

— Acha que ela estava falando sério sobre isso? — Andressa perguntou assustada.

Eu não queria acreditar em algo assim também. Por mais que Marcos não fosse uma pessoa delicada e, sinceramente, não tivesse nada em particular a favor do cara, não queria aceitar que um colega de nossa classe, com o qual convivemos diariamente, tinha mesmo assassinado um de nós do jeito que Eric mencionou.

— Taywan não tem motivos para mentir. — Eric argumentou, ocupado levantando a bolsa de suprimentos do chão e olhando-nos com o rabo de olho.

— Exceto pelo fato dela ser doida. — Retrucou Guilherme. — Cara, não sei o que vocês dois têm um com o outro, mas não vou acreditar em uma maluca que ameaça os próprios colegas de classe no meio do mato assim. — Ele prosseguiu resmungando. Devo admitir, queria acreditar em meu amigo. Achar que Marcos tinha mesmo feito algo assim era tão irreal que sequer conseguia cogitar.

— Entendo seu ceticismo, mas você não está pensando racionalmente. — Eric falou. Guilherme o lançou um olhar mortal. — De qualquer forma, vamos voltar para o acampamento antes de discutir sobre isso. Alguém pode nos ouvir. — Eric disse dando de ombros. Em uníssono, olhamos todos a nossa volta após ouvir suas palavras. Um calafrio me percorreu o corpo.

— Que medo… — Andressa sussurrou. Ela assustava sempre que o vento fazia farfalhar algumas folhas. Devo admitir. Eu também.

— Como assim voltar para o acampamento? — Guilherme questionou indignado. — Não deveriamos ir atrás dela? — Ele então sugeriu, aos berros e apontando para o local na mata onde Taywan tinha adentrado.

— Você é idiota? — Andressa brigou. Ela até soou como Eric por um segundo. — Taywan é chefe do clube de arquearia. Se encontrar você a seguindo no meio da floresta, vai colocar uma flecha bem no meio dos seus olhos! — Disse para meu amigo com o dedo indicador apontando para o próprio rosto, repousado no meio das duas sobrancelhas escuras levantadas. Meu amigo olhou para Eric que assentiu com a cabeça enquanto cuidadosamente dobrava aquela rede e a guardava consigo.

— Qual o seu problema, cara? — Guilherme perguntou a Eric furioso. — Por que a Taywan ta agindo assim? Você tá tão calmo que nem parece que ela acabou de apontar uma arma para nossas cabeças! Não vai atrás dela? Ela não é sua garota? — Guilherme o encheu de questionamentos, parecendo impaciente como nunca.

Eu sequer conseguia falar. Estava tão confuso quanto envergonhado pelo que todos acabaram de testemunhar. Que merda! Cadê minha roupa? Pensei, sondando o ambiente, procurando no meio de tanta vegetação rasteira, a minúscula tanga de cipós e folha. Era como achar uma agulha em um palheiro, ou melhor, uma única palha em um palheiro repleto de outras similares.

— Já disse, no acampamento discutiremos isso. — Eric respondeu. Guilherme cerrou os dentes.

— Você parece saber algo que não sabemos. — Andressa comentou.

— Perfeitamente. E contarei tudo assim que chegarmos à fogueira. — Ele a informou. Seu olhar era indiferente, mas percorria os próprios arredores. Parecia realmente preocupado com a presença de alguém escondido.

Andressa deu de ombros e Guilherme pareceu se resignar também. Ele então segurou uma das bolsas de suprimentos.

— Que seja. Vamos voltar então. — Guilherme disse revirando os olhos. Vi o grupo começar a andar para longe na mesma direção.

— Espera! — Falei finalmente, um pouco mais alto do que gostaria. Senti meu rosto arder quando todos os olhos se voltaram para mim. — É que… Deixei a roupa que Andressa fez para mim cair. Não consigo encontrá-la. — Falei a todos com timidez, ainda cobrindo minhas partes com as mãos.

Vi Andressa me olhar nos olhos e sorrir para mim. Desviei o olhar. Que vergonha… Ela ainda tinha algumas gotículas do fluído que joguei sobre ela espalhados por algumas partes de seu corpo.

— Tudo bem. Deixamos cair também duas de nossas facas por aqui. Não dá pra achar algo pequeno assim nessa escuridão. — Ela disse com indiferença. Eu não queria aquilo! Eles não podiam estar mesmo pensando em deixar a única coisa que tinha para me cobrir minimamente para trás. Eu não ia andar até o acampamento totalmente despido! Meus lábios tremeram de indignação enquanto pensava em algo para dizer diante daquilo tudo.

— Já está ficando tarde. Precisamos voltar e reportar o que ocorreu para Carolina. — Eric comentou com frieza, apressando a todos.

Por mais irritante que ele fosse, suas palavras me atingiram em cheio. Carol estava sozinha no acampamento! Como Guilherme e Eric puderam deixar algo assim acontecer? Ela era indefesa, não conseguia sequer andar e aquela doida da Taywan estava a solta no meio da mata com um arco, apontando flechas para qualquer um que visse por aí. Se me lembro bem, Eric disse a ela o local exato em que ficava nosso acampamento! Foi tudo o que precisei para colocar minhas pernas em movimento, seguindo o grupo que, a passos largos, andava descuidadamente pela mata apenas iluminada pelas duas tochas.

A volta foi permeada por um constante desconforto. Que droga! Praguejei mentalmente. Eu estava cansado de tudo aquilo. Mais uma vez, eu era a única pessoa completamente nua no meio de todos que, reparava, me lançavam alguns olhares curiosos sempre que podiam. Mesmo que Eric fosse a pessoa que menos conhecia dentre os três ali, ainda assim era o que menos me causava vergonha quando se dirigia a mim. Todos, pelo que bem me lembrava, tinham me visto gozar, viram minha expressão de prazer enquanto tinha o orgasmo intenso e viram meu pau duro e melado abandonar a buceta de Andressa para atirar a carga em seu corpo. Eu sequer conseguia pensar sobre Andressa sem que meu rosto esquentasse e sentia vergonha sempre que meus olhos se encontravam com os de Guilherme, em partes pelo que ele acabou de ver e, em partes pelo que lembro de termos feito ontem a noite lá no rio também. Céus, porque essas coisas continuam acontecendo comigo?

As marcas de porra seca na barriga e braços de Andressa eram um lembrete constante do que todos tinham testemunhado, bem como me fazia também me recordar que Guilherme tinha já me alvejado daquela forma do mesmo jeito. No caminho de volta, Eric e Andressa lideravam a frente enquanto Guilherme e eu caminhávamos atrás deles um ao lado do outro. Às vezes o grupo trocava algumas palavras curtas e pontuais e eu ficava me perguntando se todos ali estavam pensando na mesma coisa que eu. Ninguém chegava sequer perto de mencionar o que tinham visto antes de Taywan aparecer, como se fingissem sequer ter ocorrido. Por um lado era bom, mas por outro tornava tudo tão desconfortável.

Refleti muito sobre aquilo durante a trilha, me martirizando por entender as consequências daquele infeliz acidente. É claro, foi gostoso e muito, tanto que durei apenas alguns segundos dentro de Andressa. Todavia, não era assim que esperava perder minha virgindade. Em ocasiões passadas, já tive a oportunidade de transar com outras garotas, mas, por opção própria, recusei educadamente. Achei que algo assim aconteceria com alguém pelo qual era apaixonado e que, certamente, me amasse de volta. Se pudesse escolher, Carol era quem imaginava na cena que envolvia, ao menos, um vínculo de namoro e, é claro, uma cama confortavel e quente, não uma rede improvisada no meio da floresta escura e fria. Guilherme me acharia um idiota por pensar daquela forma. Ele, pelo que sabia, começou sua vida sexual bem cedo, não se importando com tais cerimônias e frescuras.

Eu sabia que Carol era como eu nesse aspecto. É claro, nunca ouvi sobre ela ser virgem, mas suas atitudes e jeito meigo denunciavam que, ao menos, era uma moça tradicional tal qual esperava que fosse. Talvez ela fosse ainda mais “das antigas” que eu e exigiria, para que deflorássemos um ao outro, um anel em nossos dedos que firmasse o compromisso diante dos céus e da terra. Eu estava disposto a esperar se assim fosse de sua vontade. Achava que ela merecia alguém que se entregasse daquela forma para ela. Agora, tal sonho não era mais possível. Eu tinha perdido minha virgindade com uma garota que mal conhecia, que certamente não era pura a muito tempo, por acidente e em uma ocasião tão insalubre. Para Andressa, eu devia ser só mais um e, pela conversa que tivemos, ela agora claramente saberia para sempre que era aquela que tinha me feito homem. Mesmo que voltássemos para casa, para nossas vidas normais, nada mudaria tais fatos. Eu não era mais virgem como Carol devia ainda ser e, para piorar, minha primeira vez ocorreu com sua melhor amiga, tudo isso na frente de Guilherme, Eric e Taywan. Andressa certamente deixaria a amiga saber daquilo. Minhas pernas tremiam quando pensava em ter de olhar Carol nos olhos depois que ela soubesse o que aconteceu.

Quando chegamos finalmente ao acampamento, notei algumas diferenças no local. Sobre uma árvore grossa, Eric e Guilherme tinham montado uma plataforma de madeira enorme com três paredes completas. Parecia uma casa na árvore em processo de construção. Ali no chão, a tenda que Carol usava para se abrigar do sol também parecia maior. Agora era uma oca triangular, sustentada por toras de madeira e cobertura rudimentar de palha no teto. Era impressionante como Guilherme e Eric fizeram tanto em apenas uma tarde, o que também explicava porque demoraram tanto para buscar a mim e Andressa naquela rede que Eric dobrou e trouxe para o acampamento.

Encolhi de vergonha ao ver o sorriso de Carol e seus olhos que me escanearam de cima a baixo. Eu não tirava as mãos da frente da minha virilha ao me aproximar dela. Quando, curiosa, Carolina me perguntou se tinha perdido minhas vestes, respondi que sim timidamente, expliquei sobre a armadilha, mas omiti todo o resto que envolvia sua amiga. Não conseguimos conversar por muito tempo pois Eric chamou o grupo para perto da fogueira. Como todos estavam curiosos para saber o que ele falaria, respondemos ao seu chamado.

Eu não conseguia achar nada próximo que me cobrisse com muita dignidade. Haviam folhas pequenas por toda a parte, mas aquelas grandes que, na noite anterior, utilizamos para dormir, não se encontravam em lugar algum. Sentei de frente para a fogueira com Guilherme a minha direita e Andressa a minha esquerda, sem nada no meu colo além das mãos tremendo com o frio que fazia antes da lenha seca ser atirada ao fogo e esquentar o ambiente.

Eric contou para Carol tudo o que tinha ocorrido quando Taywan apareceu no meio da floresta e nos assustou. Graças a deus ele, ao explicar sobre a armadilha, não mencionou o que viu aconteceu entre mim e Andressa. Eu sabia que cedo ou tarde Carol descobriria sobre aquilo e, definitivamente, não estava preparado para vê-la ouvir sobre tal coisa agora, ainda mais na frente de todos. Andressa ainda possuia algumas manchas de porra seca no corpo. Olhar me fazia corar. Em certo momento, ela perguntou a Eric que horas eram e ele lhe disse que não era possível saber com exatidão, já que não havia Sol mais no céu, mas a alertou que já passara das 22h. Era tarde e muito frio para tomar banho. Ela dormiria assim.

Carol escutou toda a história atenta, olhos bem abertos em surpresa com tanta coisa que ocorreu em sua ausência, isso enquanto, mais uma vez, esfomeados, comíamos aquelas ostras assadas em volta da fogueira. Me mantive autoconsciente o tempo todo, calado, pernas bem fechadas e cobrindo minhas vergonhas o máximo que podia. Em meio a explicação, Guilherme interrompeu Eric:

— Cara, fala logo porque você nos fez vir até aqui para falar sobre isso.

Era a dúvida que pairava sobre todos nós, que olhamos atentos e curiosos para o garoto cuja voz eu já estava cansado de ouvir. Eric deu de ombros.

— Bem, caso não tenha ficado claro ainda, Taywan estava sendo vigiada. — Ele respondeu.

— Então aquela história sobre alguém poder nos ouvir não era só para nos assustar. — Andressa comentou com naturalidade. — Você viu alguém no meio da mata? — Ela perguntou em seguida. Eu achava difícil acreditar que apenas Eric tinha notado alguma presença ali. Ele podia ser inteligente, mas certamente não tinha nenhum tipo de sexto sentido ou algo assim.

— Eu não vi. Taywan me contou. — Ele disse calmamente. — Lembram quando conversamos em outro idioma? — Ele nos recordou.

— Achei que só estavam se cumprimentando. — Guilherme disse. — Cara, que língua é aquela? — Meu amigo perguntou curioso.

— Era Parãdiyahóe — Eric respondeu. Eu nunca tinha ouvido falar de algo assim. — É a primeira língua de Taywan, um dialeto indigena raro falado pelo povo amazônico de onde ela veio. Eu a perguntei se ela estava acompanhada e Taywan respondeu que sim. — Explicou. Ficamos em silêncio, avaliando se o que ele falava fazia sentido.

— É realmente estranho se parar para pensar que ela estava nua lá na mata. — Andressa comentou. Eric assentiu com a cabeça.

— Ela não parecia com vergonha. — Guilherme disse com desdém.

— Você não entende nada sobre as mulheres, né? — Andressa reclamou. — Eu vi o rosto dela. Estava todo vermelho. A Taywan que conhecemos é uma garota reservada. Não acho que ela se mostraria na frente de três garotos desse jeito, a menos que estivesse sendo obrigada a fazer aquilo por alguém. — Ela explicou impaciente. Sua observação sobre a nudez e vergonha de Taywan me atravessou como uma onda de embaraço, especialmente pelo fato de eu ainda ser o único entre nós que ainda estava pelado. Fiquei com vergonha de perguntar onde estavam aquelas folhas grandes, percebendo que todos ali pareciam ignorar completamente meu estado, provavelmente pois estavam distraídos com os acontecimentos mais sérios a serem tratados.

— Eu estava sentado ao lado dela no avião quando os sequestradores a fizeram se despir. Realmente não é de seu feitio algo assim. — Eric revelou. Andressa concordou com a cabeça de volta também. Meu rosto esquentou. Ficar pelado na frente de todo mundo não era de meu feitio também, droga! Por que ninguém percebia o quão envergonhado eu estava e me dava algo para me cobrir?

— Você não estava ao lado de Maria? — Carol disse. Minha memória começou a clarear sobre aquele assunto. Lembrei que, quando os lugares da viagem foram sorteados, fiquei feliz por ter sido alocado ao lado de Carol. Era verdade também que Eric foi alocado para ficar ao lado de Maria. Ela não gostou, embora todos dissessem que Eric era sortudo por aquilo. Maria era uma garota alta, loira e de corpo espetacular. Ela era cobiçada por muitos em nossa escola. Diziam os boatos que ela e Marcos tinham um rolo.

— Não. Eric trocou de lugar e foi lá para trás. — Guilherme lembrou, o que me trouxe, automaticamente, a memória daquele acontecimento. Lembrava agora que até tinha comentado sobre isso com Carol no momento em que aconteceu.

— Quem se sentou ao lado de Maria então depois que Eric trocou de lugar? — Andressa perguntou.

— Rivel. — Eric respondeu. — Ele estava na poltrona ao lado de Taywan, mas troquei de lugar com ele. — Ele disse em seguida.

— Que romântico. — Guilherme zoou. Eric não reagiu para além de revirar os olhos.

— A propósito, já aceitaram o fato de que Rivel está morto ou ainda em negação? — Questionou Eric, tão insensível quanto insuportável.

— Rivel morreu? — Carol gritou assustada. — Como? — Perguntou olhando para todos atônita. Um silêncio se formou entre nós. Eu não lembrava de Taywan dizer que Rivel tinha morrido.

— Marcos o matou. — Eric cortou o silêncio com suas duras palavras.

— Cara, tem certeza disso? — Andressa perguntou com um olhar triste. Eric sequer se deu ao trabalho de responder. — A Taywan nem falou quem o Marcos matou. — Ela mencionou confusa. Ainda era chocante ouvir aquelas palavras. Andressa parecia acreditar mesmo que aquilo era verdade.

Eu não sabia se Rivel estava vivo ou não. Não tinhamos feito contato com ele ainda, se é que o franzino rapaz sobreviveu ao acidente de avião. Ele era um pouco mais alto que Eric, ligeiramente mais magro e, todos sabiam, um dos melhores alunos de nossa sala. Rivel era um nerd e, sinceramente, nunca entendi o porquê de Eric e ele não se darem bem, uma vez que eram igualmente estranhos. Na real, Eric era até mais antissocial que ele. Nunca fui muito próximo do cara que não compartilhava dos mesmos interesses que eu. Evitado pelas garotas e até alguns rapazes que o achavam chato e presunçoso, aquele cdf era alvo de algumas zoações na escola. Rivel parecia gostar de videogames e quadrinhos, ou algo do tipo. Ele se destacava em aparência por usar aparelhos nos dentes e óculos de armação grossa e, eventualmente se juntava aos outros caras para falar de garotas e pornografia. Nunca gostei dele, devo admitir, mas também não queria que estivesse morto.

— Ela não disse, mas, por eliminação, deduzo ser a opção mais lógica. — Eric comentou com frieza.

Me perguntei o porquê de Marcos ter alguma coisa contra Rivel que fizesse Eric pular para tal conclusão, mas antes que pudesse adivinhar, Andressa mencionou:

— Ouvi um boato sobre você, Rivel e o presidente.

Entendi! Concluí atônito. Eu também tinha ouvido algo assim pelos corredores. As pessoas faziam todo tipo de especulação sobre a última eleição presidencial. Em uma das versões mais populares da conspiração, os nerds da escola, como Eric e Rivel tinham manipulado seu resultado. Nunca levei tais coisas a sério. Para mim, eram apenas fofocas, agora, já não sabia mais no que acreditar.

— Me disseram que você e Thais que vazaram aquilo sobre Marcos. — Guilherme disse olhando para Andressa, se referindo aos prints que tomaram a presidência do grêmio estudantil do cara mais popular do colégio na semana de votação. Eu conhecia aquela versão do boato também e olhei para Andressa de imediato, curioso para saber se ela teve algum envolvimento naquilo.

— Eu nunca gostei do cara. As pessoas inventam qualquer coisa para defender um machista escroto. — Ela comentou com indiferença. Parecia desdenhar de tais fofocas legitimamente, embora, se tratando de Andressa, não tivesse como ter certeza de nada. Lembrei do que ela me disse lá na rede, aquela baboseira sobre arte e ela gostar de mexer com as pessoas. Seu relato certamente não era confiável.

Notei que Eric estava silencioso demais diante daquele assunto. Pensei em questioná-lo também, mas concluí rapidamente, teria como acreditar nele se negasse? Tudo aquilo era confuso e nebuloso, talvez, nem valesse a pena perder tempo discutindo sobre especulações sob as quais ninguém tem provas.

— Só porque vocês nerds e loucos por arte não gostam dele, não quer dizer que Marcos matou alguém. — Guilherme retrucou e era verdade. Andressa parecia acreditar em Eric e Taywan. Certamente sua antipatia por Marcos devia motivá-la.

— Para mim qualquer inimigo do Marcos é meu amigo. — Andressa comentou com desdém. — Ele é um garoto mimado que, só porque é maior, se acha no direito de implicar com as pessoas. Já fez bullying com alguns alunos do clube de teatro, inclusive eu e Carol o vimos correndo atrás de Eric no corredor outro dia. — Ela prosseguiu. Olhamos todos para Eric no mesmo instante. As sobrancelhas arqueadas demonstraram que ele estava surpreso por Andressa saber daquilo.

— É verdade. — Carol confirmou a história. — Andressa e eu estávamos fazendo um pic-nic no gramado do campus. Até nos assustamos quando vimos Eric escapar pela janela do bloco L23. — Ela contou. Não queria duvidar dela, mas aquilo parecia extremamente inverossimil.

— Sem chance! Essa janela fica no 4º andar. — Guilherme interveio, como também pensei em fazer. Se aquilo era verdade ou não, ao menos o fato de tanto Eric quanto Andressa nutrirem alguma antipatia por Marcos devia provar que só achavam que o cara era um assassino por se ressentir dele.

— O que acreditamos não importa. O fato é que Marcos matou Rivel. Temos de lidar com isso. — Eric disse em meio a discussão. Guilherme olhou para ele, com raiva e incrédulo.

— Ta bom cara, se Marcos é mesmo um assassino louco, como vocês nerds devem achar que é, então não estamos em perigo também? — Guilherme questionou. — Se Taywan está sob custódia de alguém do grupo dele, quando chegarem ao acampamento, revelarão onde estamos. — Ele prosseguiu. Devo admitir. Sua lógica era boa, o que assustou as garotas e a mim.

— Precisamente. — Eric respondeu para nossa surpresa. Era impressionante como ele não aparentava esboçar nenhuma preocupação.

— Essa não… — Carol disse em um suspiro abafado. Andressa acariciou seu ombro, tentando tranquilizar a amiga. Tanto eu quanto Guilherme engolimos o seco.

— Eu ainda não sei quem está restringindo os movimentos de Taywan, mas deve ser alguém forte para conseguir algo assim e próximo de Marcos, talvez Leonardo ou Isaac. — Eric divagou. Ele só podia estar louco por cogitar algo assim. Eu conhecia aqueles dois. Embora não muito próximo, não acreditava que nossos colegas fossem capazes de fazer algo daquele tipo. Não entendia o porquê de Eric ter apontado os caras grandes de nossa sala como suspeitos. Taywan era uma garota, afinal, qualquer cara da nossa classe deveria ser capaz de dominá-la. Aquilo só podia ser devido ao seu ressentimento por ser menor e não ter aptidões físicas para esportes. Em especial, também não compreendi porque ele deixou Óliver, por exemplo, fora de cogitação. Ele também era bastante próximo de Marcos.

— Segundo sua lógica, então o que faremos quando o outro grupo vir nos visitar? — Guilherme perguntou revirando os olhos, tão incrédulo sobre aquela história maluca quanto eu.

— Estaríamos em perigo se Taywan e seu vigia voltassem para o grupo de Marcos, mas isso não vai acontecer. — Eric comentou com calma e depois mordeu uma ostra.

— Como tem tanta certeza? — O questionei, quebrando meu silêncio finalmente. Meu rosto esquentou quando todos me olharam de volta.

— Eu perguntei para Taywan se ela queria mesmo saber a localização de nosso acampamento e ela respondeu positivamente. Ela me fez revelar onde estávamos assentados mesmo sendo vigiada por alguém, logo não faz diferença essa pessoa saber dessa informação. — Eric explicou. Agora, ele esfregava as folhas de citronela nos braços, preparando-se para ir deitar.

— É só isso que você tem como garantia? Apenas essa dedução? — Andressa perguntou indignada. Eric balançou a cabeça em afirmativo, se levantou calmamente e rumou até sua cama improvisada. Ali estavam as malditas folhas grandes! Reparei quando o vi pegar um dos cobertores verdes atrás de uma pedra.

— Cara, isso é loucura. Não tem como saber se Taywan está do nosso lado e, mesmo se estiver, de que vai conseguir se aliar com alguém que a está fazendo andar nua na floresta daquele jeito! — Guilherme disse em desespero. Pelo que notava agora, ele parecia acreditar na história de Eric, embora tentasse fingir que não.

— Eu nunca falei sobre alianças — Eric disse ao se deitar. Não entendi sobre o que ele estava falando, muito menos porque estava ainda tão calmo. Ele ia mesmo dormir, mesmo estando todos nós expostos ao suposto risco de uma invasão noturna por um grupo com mais do dobro do nosso pessoal?

Parecia que sim. Ele se cobriu e não o ouvimos mais.

Não entendia mais nada do que estava acontecendo. Eu sequer sabia se acreditava que nossos colegas de classe, pessoas com as quais convivemos diariamente, tinham mesmo se tornado tão hostis quanto aquela conversa doida dava a entender. Se não, como explicar o comportamento de Taywan?

Peguei uma das folhas que usávamos de cobertor. Agora, ao menos tinha como me cobrir dos olhares de Carol, Andressa e Guilherme. Um silêncio pairou entre nós. Era difícil apenas ir dormir como Eric tinha acabado de fazer depois de tudo o que aconteceu, mas algo em mim dizia ser necessário. Já estava bem tarde e, sentia, no dia seguinte, tínhamos de nos preparar para o que viesse.

*****

- Não se esqueça de comentar e avaliar o capítulo :) -

Olá leitores(as). Obrigado pelos comentários e avaliações no último capítulo. Como combinado, estou lançando as partes da história o mais rápido possível. Se querem mais agilidade, comentem aí. A escrita tem andado muito bem e já estou quase terminando de editar o capítulo 25 e 26. Quem sabe não posto os dois no mesmo dia?

Espero que gostem de matar a saudade do nosso núcleo principal da história (Daniel, Guilherme, Eric, Carol e Andressa). Já preparando vocês, estou prestes a lançar alguns capítulos bastante longos e com bastantes acontecimentos. Então não vai faltar leitura para quem está curtindo acompanhar a história.

Um abraço!

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Comentários

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Esse conto é incrível! fico cada dia mais curioso com os próximos capítulos. Obs: tenho que parabenizar pois os capítulos tem sido divulgados com um intervalo curto de duração e sei que não deve estar sendo fácil

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A única parte ruim dessa saga é a demora na publicação dos capítulos, de resto, tudo fantástico!

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