AVISO DE GATILHO
Esse conto trabalha com uma visão realista de problemas mentais, além de tratar de assuntos sensíveis, como a infantilização de pessoas com deficiência mental usada pelos pais, tirando sua autonomia e segurança.
======== …PASSADO… ========
Dona Luiza e sua Herdeira, era assim que todos me viam, a mulher que criou minha mãe e outros quatro, Vó Luiza nunca pôde ter filhos, por isso todos os filhos criados, são de criação, entretanto, eu não era a única neta, mas era a primeira da filha mais nova e a sua escolhida.
Ao contrário dos outros netos, minha avó praticamente se tomou da minha mãe, me levou para a casa dela, onde eu morei durante toda a minha infância, sendo criada e treinada por ela, que se tornou minha tutora, minha protetora o meu exemplo materno, permitindo que minha mãe se dedicasse a salões de beleza e diversão até se casar e vir meu irmão.
Ela fez questão que eu tivesse aulas de etiqueta, como me comportar, sentar, andar, respeitar os mais velhos, ser orgulhosa de quem sou, cobrava notas na escola, cobrava postura de mocinha, me ensinou a me portar na mesa, também me ensinou a tratar funcionários com respeito, “Sem eles, a coisa não anda filha.”.
Ela cuidou de mim, que tinha uma saúde frágil. Me ensinou o valor da empatia.
Eu era novinha quando ela disse pela primeira vez, “Sabrina, tudo isso aqui um dia será seu. Eu coloquei tudo no seu nome quando você nasceu, você é a minha herdeira.”, palavras que iam me acompanhar a vida toda..
Eu estava lá quando enterraram ela, um AVC. Eu, ainda novinha, perdi minha protetora, tendo que morar com mãe e padrasto, eu tive minha primeira crise de pânico, chorei tanto, que precisaram me dar um remédio para acalmar perdi um pedaço do velório dormindo por causa disso.
Eu estava lá quando o testamento foi lido, o ódio dos meus tios, pela escolha da Vó Luiza, o olhar da minha mãe, o olhar do meu padrasto dá mais pura inveja, “Por não ter herdeiros legítimos, Dna Luiza deixa uma pensão para todos os filhos, o acesso a cargos pré-estabelecidos na empresa, para Sabrina Pimenta, deixou todos os seus outros bens e propriedades.”, foi assim que surgiram inimigos dentro da minha própria família.
Onde Vó Luiza me dava liberdade, agora eu tinha o dever de obedecer, onde eu tinha direitos, agora eu não tinha nem um, onde eu dizia o que queria, agora eu aprendi a me calar ou apanhar, onde eu tinha tudo, agora eu aprendi a implorar, Com o tempo e acúmulo de traumas, outra garota foi moldada.
Uma mais interessante, para os interesses dos meus pais.
======== …PRESENTE… ========
Eu ainda estava processando os problemas, causados pela minha pequena explosão com o André, enquanto caminhávamos para casa, as perguntas vinham como enxurradas, como aconteceu eu e o Rafa, como minha mãe deixava alguém como eu sozinha na praia, se não tinha medo de sequestros e etc…
Eu não estava com cabeça para explicar, meu relacionamento com meus pais é no mínimo complicado, para meu padrasto eu sou uma vagabunda sem conserto, alguém que não têm condições para nada, para meu irmão e sua avó, alguém inferior, que ouve que é uma mera bastarda de uma gravidez na adolescência da mãe, desde que veio morar com eles.
Para minha mãe eu sou o troféu, a chave para todo o império da Vó Luiza, a única herdeira do império é a filha dela, alguém que ela considera ter totalmente sob seu controle, principalmente, porque é a única pessoa que quando deseja, consegue me proteger da fúria do meu padrasto.
Mas como explicar isso???
Rafael tentava explicar como nos conhecemos através do Carlos que nos apresentou…
======== …UM ANO ATRÁS… ========
Eu tinha acabado de fazer 18 anos, quis literalmente fazer meu primeiro porre oficial em uma casa de danças, não uma bebida escondida dos adultos, dessa vez ia ser minha estréia oficial e merecida no mundo da diversão adulta.
Mais ou menos um mês antes tinha sido meu aniversário, festa chata pra caralho, nem dos meus amigos podia ir, eu não tinha amigos oficialmente, só os que fiz na escola, minha mãe queria que eu me desse bem com filhos de investidores, de empresários e eu não me encaixava.
Além disso, para todos a empresa é dos meus pais, meu padrasto chega a ficar violento, se desmentido quanto a isso, é da família, nossa família, inclusive aí meu irmão, filho dele e da minha mãe, além de me tratarem como uma cabecinha de vento incapaz de decisões.
Mas minha mãe dizia ser melhor assim também, por causa da “Sua cabecinha doente Sabrina.”, eu ouvia isso já há algum tempo, mas outro dia conto essa história.
Carlos, Nanda e Lúcio, três amigos inseparáveis da escola, já transei com os três, namorei sério o Lúcio e a Nanda mas, na época, foi namoro de adolescente, sem compromisso real, só diversão. Foi o Carlos quem trouxe o Rafa para meu aniversário naquele dia, Rafa tinha saído de um relacionamento e levado um chifraço.
Ele parecia um cachorrinho chorão, mas logo foi se soltando ao ver a bagunça que a gente fazia em um bar, de lá fomos dançar é claro, eu não iria passar por algo assim sem dançar e é claro, foi a primeira experiência do Rafa me ver dançando, eu percebi pelos olhos dele o fascínio que se formou.
Eu estava toda livre e solta e solteira, então não tinha por que Nanda e Lúcio pegarem no meu pé, eles sabiam que eu não iria me arrepender do que eu fizesse, mas tão pouco esperavam o que aconteceu.
Eu acabei ficando com os quatro, beijei os quatro na pista, rodei nas mãos dos três me tocando, seduzi e correspondi os três dançando com cada um deles, eu Nanda e Lúcio acabamos até em um beijo triplo como fazia tempos que não fazíamos, algo que me deixou arrepiada da ponta dos pés aos fios dos cabelos.
No dia seguinte Nanda já odiava o Rafa, disse ela que viu ele fazer “Comentários machistas com o Carlos sobre nossa postura.”, eu na hora nem dei tanta bola, devia ter prestado mais atenção, talvez…
Mas depois ele me adicionou em redes sociais, ficava dizendo coisas como, “Nunca vou esquecer seus olhos”, “Acho que você também sabe que temos uma conexão.”, “Talvez nunca cure da depressão, mas com você…”, eu estava caindo, estava fascinada, ao mesmo tempo tentando ajudar e deixando seduzir.
Nanda achava tudo papo de cama… Ele se dizia estagiário de uma importante empresa, com muita confiança da sua gerente, dizia que tinha um bom relacionamento profissional, insistia que cuidaria de mim e que eu não ia sentir falta de nada.
Nanda, detestava determinadas posturas machistas dele, além de achar ele muito mentiroso, ela dizia que ele obviamente estava aumentando sua contribuição na empresa, só para me impressionar, principalmente quando ele dizia que os chefes acima da chefe, sempre perguntavam coisas para ele, por ser amigo do dono, que o via como filho.
Aos poucos Rafa também começou a implicar com meus amigos, principalmente Nanda e Lúcio, Nanda porque ele não aguentava os papos dela, “De mulher que não sabe seu lugar.”, e o Lúcio por ser meu ex. é claro que eu bati de frente e disse que não faria, mesmo que tivesse que aguentar o mau humor dele, cada vez que eu via um dos dois.
Foi no nosso aniversário de namoro que preparei uma surpresa para ele, nos encontramos na Paulista, eu fui de blusinha soltinha, de alcinha e folgadinha sem sutiã, uma minissaia estilo colegial com botinhas de cano curto e os cabelos presos, ele ficou fascinado.
Mas o Rafa não fazia nada feio do lado da namorada alta magra com pernas longas de sainha. Um homem atlético, com uma camiseta que não chega a ser justa, mas deixava claro o porte, uma calça justa e tênis, seus cabelos castanhos bem arrumados e um olhar que me desnudava.
Caminhamos pelo parque Trianon, Casa das Rosas, um longo passeio pela Av. Paulista, era sábado e tínhamos o dia inteiro antes que eu precisasse voltar para casa, era nosso aniversário de seis meses de namoro e eu tinha uma ideia real do que ia fazer com ele.
Nossos beijos eram cheios de luxúria e tesão, os dois queriam muito transar, não que já não tivéssemos transado e era sempre maravilhoso e explosivo, mas eu queria fazer uma surpresa, fazer com que ele nunca mais esquecesse aquela tarde.
Almoçamos no shopping e eu resolvi agir, arrastei ele para a escada de incêndio e diante dos seus olhos descrentes, tirei minha calcinha por baixo da minissaia, “Aqui, cuida para mim.”, com um sorrisinho sapeca entreguei nas mãos dele.
Andando pelo shopping vendo lojas, olhando por cima de corrimões, eu sempre dava um jeito de dar uma abaixadinha, quase mostrando, sempre deixando ele com a sensação que uma hora, veria minha bocetinha sem calcinha de baixo da saia.
Aquilo estava mantendo o fogo dos dois e após pouco tempo, talvez, umas duas horas, ele me arrastou para um motel. Minha primeira reação dentro do motel, foi ficar completamente fascinada, olhando cada detalhe, sentindo cada textura, das paredes, lençois, toalhas, eu tinha feito 18 anos a seis meses, era minha primeira vez em um motel.
Nos beijamos e quase saiu faísca, suas mãos passeavam por meu corpo, levantavam minha saia, eu me entreguei inteira, suspirando de prazer, gemendo toda arrepiada, começo a tirar minhas roupas, com pressa, ele faz o mesmo e nos deitamos na cama, abraçados e aos beijos.
Ele desce beijando meu corpo, eu acaricio seus cabelos enquanto ele explora minha intimidade com fome, deixando meu corpo todo trêmulo, eu acaricio seus cabelos agarro os lençois me entregando inteira aos seus desejo, até gozar desesperada, rebolando na sua boca, apertei tão forte a cabeça dele com as minhas coxas que fiquei com medo de ter machucado.
Ele não perde tempo e já sobe sobre mim, me fodendo com força, me arrancando gritos, enquanto eu arranho ele, agarrei os lençois me entregando ao tesão do momento, até ele gozar em mim socando com força, me fazendo gozar também, com um gritinho.
Após essa foi minha vez de subir sobre ele, chupando, beijando, provocando, até meu objeto de desejo, estar bem duro entre meus lábios, subi sobre ele sorrisinho sapeca e começo a me mover rápido, profundo, tremendo inteira, me exibindo aos olhos dele, deixando ele ver meu corpo.
Tocando meus seios, meus cabelos, me entregando em gemidos altos, quicando no pau até mais um gozo explosivo, me contorcendo toda, exibida, com um sorriso de prazer e satisfação sobre ele.
Mas como eu disse, eu queria que fosse inesquecível, então só isso não era nada ainda…
Completamente fora de controle, eu exijo todo o resto, nós continuamos transando, eu gozando diversas vezes, às vezes inclusive, dois, três orgamos em sequência, de quatro na cama, com a bunda bem empinada e o rosto no travesseiro.
Mal isso acaba e já estou com as pernas no ombro dele em franguinho assado, tempinho de respiração e água, vamos comigo debruçada sobre a cama, uma perna levantada e ele por trás, uma pequena preparação e lá vamos nós comigo no colo dele na hidromassagem, eu já mal me continha aos gritos, segurando nos cabelos dele, olhos nos olhos, gritando, “Goza filho da putaaaaaa….”, até ele me encher por dentro de novo.
Após oito horas de sexo constante, acabamos com os três pacotes de camisinha, 18 foram usadas, fora, os orais, olhando para ele com um sorrisinho satisfeita, enquanto ele dorme completamente drenado de energia, eu me sentindo leve, pela primeira vez na minha vida, minha cabeça está em silêncio total, satisfeita de estar aqui.
Após um cochilo aconchegante ele me levou para casa, dormimos como dois anjinhos e os olhos dele, quando acordamos, era um olhar diferente de antes, ele definitivamente ganhou uma lembrança para sempre.
No dia seguinte era o almoço com meus pais.
======== …PRESENTE… ========
Os quatro casais caminhando para casa, tinha dançado, tinha feito uma revelação que não deveria, as coisas estavam confusas, mas uma coisa não era confusão o tesão que eu sentia, Rafael, alisava as costas da minha mão com o dedão, um toque suave e quase um não toque.
A sutileza do detalhe é exatamente o que me faz não tirar o André da cabeça, como ele sabia, meu corpo todo é sensível, mas o toque certo é a diferença entre me roubar o controle ou me permitir uma reação, Rafa sabe disso, seus círculos lançam arrepios pelo meu corpo todo, ele percebe os arrepios.
Olho para ele e sorrio, ele também sorri de volta, vai ser uma noite gostosa, ele continua provocando, os círculos me causando calafrios de desejo e prazer, me contendo para não dar bandeira, o que parece uma tortura.
======== …SEIS MESES ATRÁS… ========
O almoço com meus pais tinha sido estranho, mas ao mesmo tempo compensador, Rafael pode ser um idiota, mas ele têm seu ‘Código de Honra’ vamos colocar assim, ele convenceu meu pai e meu irmão de pararem de pegar no meu pé, ele se deu muito bem com os dois, falando de futebol, de ‘coisas de homem’.
Mas o que ficou na minha cabeça aquele dia, foi que minha mãe reconheceu ele, “Rafael?”, “Dona Rosângela. Como assim? Você?”, por fim, tudo ficou explicado, Rafael trabalhava como estagiário para a minha mãe, ele ficou muito perdido, quase pedindo perdão pela sua existência.
Eu entendo que namorar a filha da chefe é algo que deve ser bastante estressante sem dúvidas, então tentei manter as coisas, sendo a mais educada possível, mantive uma pose perfeita de filhinha perfeita, enquanto minha mãe e meu pai bancavam os pais perfeitos, querendo saber as intenções do Rafael sobre a filha deles.
Mas naquela noite, quando o Rafael, após muita insistência da minha mãe, ganhou o direito de dormir na sala, que as coisas foram esquisitas…
Andando pela casa, apenas as vozes da minha cabeça, uma infinita discussão que nunca cessa, “Será que você merece?”, pergunta uma, “Ele me escolheu...”, eu respondo, só para outra voz, me vir com a próxima, “Eventualmente você vai afastá-lo...”...
A questão é que ninguém é mais cruel comigo que minha própria cabeça, por isso preciso de tantos remédios…
Então eu ouço…
“Como assim ela não sabe se cuidar sozinha.”, “Condição médica.”, as perguntas e respostas, se seguem eu sabia que era sobre mim, “Ninfomaníaca com comportamento autodestrutivo, autopunitivo.”, um silêncio segue, “Rosângela, você têm uma mina de ouro. Se eu me casar com ela, você terá tudo e podemos colocar ela em uma instituição top para cuidar dela e garantir que viva bem….”, ouço o riso da minha mãe, “Jorge nunca vai permitir safado.”, “Ele é um otário sem direito real, o poder dele é sobre você e ela, não sobre o 'seu' império.”...
Entro na sala e os dois estão nus, ela em cima dele, eu fico olhando por alguns segundos, meu corpo todo se arrepia de raiva, minha mente, confusa com o que acabou de ouvir, olhando os dois no chão, sem roupa… “MÃE.”, ambos se levantam às pressas mas é minha mãe quem controla tudo.
“Fala baixo Sabrina vai acordar seu padrasto…”, eu estremeço e me calo, se ele acordar, ele sem dúvida bateria em nós duas, principalmente por essa cena… “Você tomou seu remédio bebê…”, eu fico olhando para ela ainda mais confusa, mas confirmo com a cabeça.
“Então amanhã a gente conversa, vem comigo.”, os dois me levam de volta para a cama, onde ficam comigo no quarto, dizendo que amanhã explicariam tudo, quando acordo, não estou sozinha, estou com o Rafa em seus braços, ele olhando para mim com um sorriso.
“Acordou princesa?”, eu fico brava imediatamente, “Você, minha mãe, como pôde.”, começo a chorar, “Sabrina foi um pesadelo, você acordou chamando sua mãe e eu vim cuidar de você, nós dois viemos, sua mãe ficou com medo de você acordar seu pai.”, eu fico olhando para ele, não acreditando, mas logo vêm as mesmas frases que me desarmam.
“Porque sua mãe faria isso?”, “Sua cabecinha é confusa, você sabe que seu cérebro cria coisas.”, “A gente só quer seu bem Sabrina, esse tipo de acusação vai deixar a gente magoados.”, em algum tempo estou desarmada, chorando nos braços dele, aceitando que foi tudo um pesadelo.
======== …PRESENTE… ========
Estou deitada com o Rafa na cama, nos seus braços, encaixada de conchinha, pensando no que acabei de lembrar, entre tantas lembranças enterradas, escondidas, esquecidas, essa minha mente resolveu lembrar, um pesadelo?, “Não, uma traição.”, responde a voz na minha cabeça.
“Você não sabe se é real.”, eu tento argumentar, “Você sabe que é.”, eu sinto meus olhos se encherem de lágrimas, “Não quero saber, dói.”, sussurrando com as vozes da minha cabeça, “Eles sempre cuidam de mim.”, risadas dentro da minha cabeça, “Nanda te avisou Sabrina, eles te enganaram.”, limpo as lágrimas dos meus olhos, “Eu não sei o que fazer, quero morrer, desaparecer.”...
“Não pode desaparecer, deve se vingar…”, as vozes finalmente respondem, “Você não precisa ter dó e sabe disso.”, “Eu sei.”, começando a me acalmar, “Então espere o momento certo, eles vão te dar o momento certo.”... Adormeço…
“Vingança…”, o último sussurro que sai dos meus lábios.
======== FIM ========
É isso povo, espero que gostem desse capítulo, ele foi mais para amarrar as pontas e mostrar o que ninguém viu.
As bombas caindo, mas também a série se guiando para seu final.
Votem comentem e me digam o que acham, as coisas ainda vão piorar muito antes de melhorar, mas… Uma vez alguém me disse, “Não Pode chover o tempo todo.” e quando essa exata pessoa foi embora, eu pude ver um lindo nascer do Sol.