Amor em Rendas e Vinho.

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 1575 palavras
Data: 02/10/2025 19:11:37

A casa de Antônia e Geraldo não era mais a mesma. O ar, outrora pesado pela rotina, agora vibrava com uma eletricidade contida. Geraldo, transformado, tratava Antônia não como uma posse, mas como uma divindade caprichosa que ele tivera a sorte de redescobrir. Os jantares eram acompanhados de vinho, olhares longos e risadas que ecoavam pelos cômodos como nos primeiros anos. Na cama, a paixão tinha a urgência dos amantes e a cumplicidade dos velhos companheiros.

Antônia florescia sob esse novo sol. A culpa que a consumira inicialmente derreteu-se como gelo ao fogo da atenção do marido. Ela se sentia bela, poderosa, a protagonista de um romance proibido que, paradoxalmente, salvara seu casamento. No entanto, uma nova semente de inquietação brotava em seu peito: a fascinação de Geraldo não era apenas por ela, mas pela situação. Ele amava a mulher que tinha um amante.

Enquanto isso, Camilo, o amante, começava a sentir o peso de seu papel. O que começara como um reencontro ardente de almas gêmeas transformara-se em algo mais complexo. Ele recebia Antônia com a mesma paixão, mas notava nela um novo brilho, uma serenidade que não vinha dele. Num dos encontros, após o amor, Antônia, em um acesso de candura intoxicante, contou-lhe sobre a estranha e maravilhosa transformação de Geraldo.

Camilo ficou em silêncio. Esperava ciúmes, drama, um clímax. Não aquela aceitação serena, quase... gratidão. E, para sua própria surpresa, a reação dele não foi de raiva, mas de uma curiosidade profunda e perversa. Quem era esse homem que se excitava com a sua própria humilhação? O desejo por Antônia agora se misturava a uma fascinação mórbida e irresistível pelo marido traído. Ele queria ver de perto aquele fenômeno.

Foi Geraldo, com uma coragem que lhe parecia cômica e sublime, quem deu o próximo passo. Numa noite, após fazer amor com Antônia, ele a segurou nos braços e disse, com a voz um pouco embargada:

— Antônia, não me leve a mal o que vou dizer... mas eu não consigo parar de pensar no Camilo. Não com raiva. É... uma coisa estranha. Quase uma gratidão. Ele me devolveu você. Sinto como se... como se nós três estivéssemos ligados por um segredo muito íntimo.

Antônia ficou pasma. Ele prosseguiu, cauteloso:

— O que você acharia... se nós o convidássemos para jantar? Aqui, em casa. Um jantar civilizado. Gostaria de conhecer o homem que... bem, que nos reacendeu.

O coração de Antônia acelerou. Era um absurdo, uma loucura. Mas era também a confirmação final da nova realidade que viviam. Uma realidade onde as regras convencionais não se aplicavam. Ela concordou, com um nó de excitação e nervosismo na garganta.

A mesa posta com esmero, o melhor vinho na adega. O clima é de uma tensão cortês e eletrizante. Camilo chega, trazendo flores para Antônia e um aperto de mão firme para Geraldo. Os três estão tensos, mas a educação e uma curiosidade mútua os sustentam.

A conversa flui, inicialmente superficial, sobre política, cinema. Aos poucos, alimentados pelo vinho e pela singularidade da situação, as máscaras começam a cair. Geraldo, com uma sinceridade desarmante, olha para Camilo e diz:

— Deve parecer loucura para você, Camilo. Mas eu preciso agradecer. Você trouxe de volta a mulher que eu amo. Reacendeu nela uma chama que eu, na minha cegueira, deixei apagar.

Camilo, embasbacado, responde com um sorriso torto:

—É a situação mais extraordinária da minha vida, Geraldo. Confesso que fiquei fascinado por um homem que consegue transformar cinzas em diamante.

Antônia observa os dois homens, um seu marido, outro seu amante, conversando sobre ela, por causa dela. E, naquele momento, ela não se sente um objeto, mas o eixo central de um universo que ela mesma ajudou a criar. Há um brilho de cumplicidade entre os três. Eles não são mais um casal e um amante. São três pessoas ligadas por um segredo profundo e um pacto não dito.

O jantar termina com um convite para uma taçade vinho na sala. Camilo, Antônia e Geraldo na sala, em silêncio. A atmosfera está carregada de uma energia nova, ainda mais intensa e perigosa.

Geraldo quebra o silêncio, sussurrando:

—E então? O que você está sentindo? Vendo os dois homens que... te desejam... na mesma sala?

A pergunta não é de ciúme, mas de pura volúpia. Ele se aproxima dela, e o beijo que se segue é dos mais passionais que já tiveram.

Como se tivessem ensaiado, Camilo aproxima-se e Geraldo se afasta, não por repulsa, mas por saber que aquele era o momento em que ele dava o lugar ao amante e passava a expectador.

Antônia sem receios toca o peito de Camilo e abre a boca num convite. Os lábios de Camilo tocam os seus e as alças do vestido caem. O corpo maduro, emoldurado pelas elegantes rendas e finas meias é tomado pelos braços musculosos de Camilo.

A atmosfera na sala pulsava com uma energia densa, quase palpável, como se o ar tivesse se tornado um espelho refletindo os desejos cruzados dos três. Geraldo, sentado na penumbra, observava Antônia e Camilo com uma mistura de fascínio e vertigem. Não era ciúme o que lhe apertava o peito, mas uma excitação febril, um deleite quase metafísico ao ver a mulher que amava ser desejada por outro. Cada gesto de Camilo, o toque firme em Antônia, o deslizar das alças do vestido, acendia em Geraldo uma chama paradoxal: ele se sentia ao mesmo tempo soberano e rendido, como se, ao ceder espaço ao amante, estivesse, de alguma forma, no controle daquele instante. A visão do corpo maduro de Antônia, emoldurado pelas rendas, sendo envolto pelos braços de Camilo, não o diminuía — pelo contrário, fazia-o sentir-se maior, como um arquiteto de um prazer que transcendia as convenções, um homem que, ao compartilhar o desejo, descobria uma nova e intoxicante forma de amar.

Enquanto Antônia se entregava ao beijo de Camilo, Geraldo permanecia imóvel, os olhos brilhando com uma curiosidade voraz. Ele não era apenas um espectador; era um participante silencioso, um guardião daquele segredo que os unia. O que sentia não era humilhação, mas uma estranha plenitude, um orgulho quase sacrílego de ver sua esposa como o epicentro de uma paixão que ele próprio ajudara a reacender. Naquele momento, Geraldo não era apenas o marido; era o homem que, ao abraçar o impensável, encontrava uma versão de si mesmo que jamais conhecera — livre, audacioso e irrevogavelmente vivo.

Antônia, com as mãos trêmulas de desejo, começou a despir Camilo devagar, como se cada botão da camisa fosse um ritual sagrado. A roupa caiu ao chão, revelando o corpo forte e marcado pelos anos, um contraste com a suavidade que Geraldo conhecia tão bem. Ela se ajoelhou diante dele, de cócoras, os joelhos afastados no tapete macio, e com um gesto deliberado, tomou o membro ereto de Camilo em sua boca, sugando com uma volúpia que ecoava anos de anseios reprimidos. Os sons suaves — os suspiros de Camilo, o ritmo úmido e ritmado — preenchiam o ar, e Geraldo, da sua cadeira, absorvia cada detalhe: a calcinha de Antônia, fina e rendada, enterrando-se nas curvas generosas de suas nádegas, moldando-se ao corpo maduro e voluptuoso dela como uma segunda pele, destacando a feminilidade que o tempo só havia aprimorado. Ele via a esposa, de cócoras, saboreando o amante com uma entrega total, os cabelos caindo sobre os ombros, os seios balançando levemente ao movimento, e aquilo não o feria; ao contrário, acendia nele uma admiração profunda, uma excitação que o fazia apertar os braços da cadeira, sentindo-se vivo como nunca.

Eles se moveram para a cama, como se Geraldo fosse apenas uma sombra na parede, invisível em sua presença consentida. Camilo deitou Antônia com gentileza, posicionando-se sobre ela, e a penetrou devagar, num movimento que a fez arquejar. Os corpos se uniram num ritmo crescente, os gemidos de Antônia misturando-se aos de Camilo, que gritava de um prazer visceral, um êxtase cru que Geraldo sabia, no fundo do peito, que ele próprio não poderia proporcionar — não daquela forma selvagem, não com aquela intensidade que vinha de anos separados e reencontrados. Eles agiam como se estivessem sozinhos no mundo, os olhares fixos um no outro, as mãos explorando sem pudor, o suor brilhando na pele madura, os quadris de Camilo impulsionando com força, e Antônia respondendo com unhas cravadas nas costas dele, murmurando palavras ininteligíveis de deleite. "Ah, Camilo, assim... mais fundo", ela sussurrou em um momento, a voz rouca e baixa, ignorando o marido que observava, o coração acelerado, sentindo uma mistura de inveja e gratidão que o elevava.

Após o clímax, quando os corpos se aquietaram em tremores suaves, veio o carinho: Camilo traçou os contornos do rosto de Antônia com os dedos, beijando-lhe a testa, os lábios, o pescoço. "Você é minha musa eterna, Antônia", ele murmurou, a voz carregada de emoção genuína. "Cada instante contigo me faz renascer." Ela sorriu, aninhando-se no peito dele, traçando círculos leves no torso suado. "E você, meu amor perdido e achado... eu te amo, Camilo, com uma força que não cabe em palavras." As juras fluíam como um rio calmo, um pacto de almas que Geraldo ouvia em silêncio, sentindo não exclusão, mas uma inclusão sutil — pois era ele quem havia aberto as portas para aquela beleza inesperada, transformando o casamento em algo maior, mais vivo, um triângulo de desejos que, paradoxalmente, os unia a todos.

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