Três meses se passaram desde que Felipe começou a viver com Augusto na casa paroquial. A rotina entre eles se tornou mais sólida, mais natural. A cumplicidade crescia em detalhes simples: o café já pronto quando o outro acordava, os olhares trocados em silêncio durante a missa, os cochilos depois do almoço, os beijos escondidos atrás das portas fechadas.
Elias havia voltado para sua cidade. Na manhã da despedida, Felipe o ajudou a guardar as malas no carro.
— Foi bom te conhecer, Felipe. Você tem... algo especial — disse Elias, com um olhar demorado.
— Obrigado, padre. Boa viagem.
Augusto observava tudo da varanda, braços cruzados, calado. Assim que o carro sumiu pela estrada, ele voltou para dentro e puxou Felipe pela cintura.
— Agora essa casa é só nossa.
E os dias seguintes foram assim: livres, leves... intensos.
Mas aos poucos, Felipe notou algo diferente.
Certa noite, depois de um jantar à luz de velas improvisado na cozinha, os dois subiram para o quarto rindo, meio bêbados, meio cansados. Felipe tirou a roupa e se deitou nu na cama, olhando Augusto com desejo. O mais velho, já sem camisa, parou por um instante.
— Vem — sussurrou Felipe, esticando a mão.
Augusto se aproximou, deitou ao lado, beijou o pescoço do rapaz com carinho, mas... quando suas mãos desceram e tentaram se excitar, nada aconteceu.
Ele respirou fundo e tentou de novo. Mas o membro mole não respondia. Estava quente, vivo, mas inerte.
Felipe notou o desconforto.
— Tá tudo bem?
— Claro. Só... cansado, talvez.
Felipe sentou-se na cama, preocupado.
— Aconteceu ontem também... e semana passada. Você tá evitando, Augusto?
— Não tô evitando. Só... não tá vindo. Não como antes.
Augusto afastou o rosto, como se tivesse vergonha. Mas Felipe se aproximou, encostou sua testa na dele.
— Isso acontece. Não precisa se envergonhar comigo.
Augusto suspirou, deitou de costas e ficou olhando para o teto.
— Eu tenho quase 70, Felipe. Às vezes meu corpo... falha. E você tem vinte e dois, cheio de fogo, de desejo. Às vezes eu fico com medo de não ser mais o homem que você precisa.
— Você é o homem que eu amo — respondeu Felipe, firme.
Augusto o encarou.
— Você me ama?
— Achei que você já soubesse.
Augusto fechou os olhos por um instante. Quando abriu, havia algo diferente neles. Um brilho. Um medo. E uma emoção contida.
Felipe se deitou sobre o peito peludo dele e começou a beijar devagar. Primeiro o pescoço. Depois os mamilos. Desceu pela barriga, acariciou com a ponta dos dedos as laterais, os quadris, a parte interna das coxas.
Beijava o corpo do homem mais velho como quem agradece. Como quem venera.
— Eu não te amo por isso aqui — disse, apontando o membro ainda mole. — Eu te amo por isso aqui — e colocou a mão no peito de Augusto, sobre o coração.
— Mas eu sinto que te frustro.
— Me frustra quem mente. Quem some. Quem engana. Você nunca fez nada disso. Você me acolheu, me protegeu, me ensinou a amar. E se o seu corpo quiser descansar, eu fico aqui... só pra te cuidar.
Augusto puxou Felipe para perto, abraçou-o com força. Ficaram em silêncio por um tempo.
E então, quase sem aviso, ele começou a endurecer.
— Olha só... — murmurou Felipe com um sorriso — às vezes, é só amor o que precisa.
Augusto riu baixo. Puxou Felipe por trás, encaixou-se com calma. Não era como antes: não havia pressa, não havia violência. Era lento. Quente. Uma penetração profunda, com gemidos suaves e beijos no ombro, entre sussurros.
Fizeram amor assim. Como dois homens que se entendem. Que se respeitam. Que vivem o tempo como ele é: passageiro, mas precioso.
Depois, dormiram colados, como sempre.
E pela primeira vez em semanas, Augusto acordou antes do sol — com Felipe entre os braços e o coração leve.
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