Insana - Parte 6

Um conto erótico de Lucas (Por Mark da Nanda)
Categoria: Heterossexual
Contém 3517 palavras
Data: 16/10/2025 11:10:00

Ela me disse que até tentou ignorá-los, focando no passeio, mas seu sexto sentido dizia que eles a encaravam. Ela parou em frente de uma vitrine de uma barbearia gourmet. Olhava distraidamente para os artigos quando notou que três outros homens lá de dentro a encaravam, curiosos. Aquela “onde de calor” surgiu novamente e ela voltou a caminhar, mas, disse que sem querer, olhou na direção dos dois negros e viu que eles a encaravam também, como dois lobos prestes a atacar. Seus olhares eram intensos e carregados de interesse. Clara, fiel à nova abordagem que discutimos com a Dra. Mariana, resistiu ao impulso e voltou a caminhar na direção oposta deles. Mas quando ela parou em frente a uma loja de lingerie, eles se aproximaram dela com sorrisos amigáveis e cheios de intenção:

- Desculpa, mas eu não pude evitar de notar você. - Disse Agenor, a voz grave, rouca, causou um arrepio imediato em Clara: - Você tem uma coisa... uma energia única, sabia?

Clara sorriu, um pouco nervosa, mas mantendo a compostura:

- Obrigada, mas eu... sou comprometida. - Disse, rindo e mostrando um anel, como se fosse o de nosso noivado: - Não ficaria bem eu ficar de papo com vocês, entendem?

[CONTINUANDO]

- Ué!? Mas... a gente só está conversando, né não, Centão?

- Sim, claro.

- Ainda assim, gente. Se meu namorado me vê assim, pode pensar mal. Eu prefiro não fazer nada sem a permissão dele.

Os dois trocaram olhares surpresos e ficaram em silêncio por um instante, claramente intrigados. Vicente, com um sorriso levemente malicioso, inclinou-se um pouco mais perto:

- Mas como assim “sem a permissão dele”!? Então, poderia acontecer de ele permitiria algo assim, tipo, a gente conversar, ou sei lá, fazer algo diferente?

As bochechas de Clara ficaram levemente ruborizadas. Ela entendeu a pergunta, sabia onde eles queriam chegar e a ideia já não lhe parecia tão ruim. Clara hesitou em responder, mas pegou o celular querendo ver até onde iria a coragem deles:

- Podemos descobrir. Tem coragem de pagar para ver? - Disse ela, desbloqueando o aparelho, como se fosse me ligar.

- Moça, como dizia meu avô, “a sorte favorece os corajosos”. Liga para ele, o pior que pode acontecer é eu tomar uma surra. - Disse o Agenor, sorrindo, mas ficando sério em seguida: - Ele não é polícia não, né? Anda armado ou coisa assim?

Clara sorriu do medo estampado no rosto dele, não conseguindo imaginar como eu, logo eu, seria capaz de infligir medo naqueles brutamontes:

- Não, nada de armas, mas para me defender, acho que ele seria capaz de surrar vocês dois, juntos.

- Taí uma coisa que eu gostaria de ver... - Disse Vicente, flexionando o braço e fazendo os músculos saltarem à frente de Clara: - No terreiro, eu me garanto. O seu namorado luta o quê?

- Vamos descobrir... - Disse ela, discando o número do meu celular.

Eu seguia vidrado, com a atenção toda voltada para o telão. Bem no momento em que um ataque ameaçava meu time, o celular tocou. Fui xingado de todos os nomes possíveis. Pior é que fizeram um gol no meu Vascão e como a Clara insistia, fui quase expulso do bar a pontapés. Saí para poder falar com ela, já sentindo um aperto no peito.

- Lucas? - A voz dela estava tensa, mas uma tensão controlada, quase boa: - Tô aqui em frente aquela loja de lingerie onde compramos aquele conjuntinho vermelho com cinta liga e espartilho, lembra?

A imagem dela vestida com aquela peça me fez sorrir para o nada com as boas recordações daquela noite:

- Lembro... Ô se lembro! - Deu uma gostosa risada: - Por que me ligou? Está pensando em comprar alguma coisa?

- Então... Não, mas talvez...

- Não tô entendendo, Clara.

- É que... tem dois caras aqui comigo... eles são... eles são gente boa. A gente estava conversando e... papo vai, papo vem... Enfim, eles queriam te conhecer pessoalmente. - Ela fez um instante de silêncio e depois cochichou, certamente para eles não ouvirem: - Desculpa, amor, mas são dois negões de parar o trânsito, altos, fortes, é... acho que são lutadores. Eles estavam me paquerando, e eu tô sentindo aquela coisa de novo. Não fiz nada, juro! Mas, sei lá, fiquei meio curiosa. Acho... O que você acha?

Eu respirei fundo, a mente girando. “Dois!? Ela quer sair com dois?”, pensei, aturdido. A proposta da Dra. Mariana ainda era uma incógnita e eu não sabia se estava preparado, nem hoje, talvez nunca, pior ainda considerando que ela pretendia ficar com dois. Mas a honestidade da Clara, o fato de ela ter ligado na hora, me fez não querer negá-la, não ainda. Ainda assim, resolvi testá-la:

- Clara, eu não posso sair agora, estou no meio do jogo e o meu Vasco já está perdendo. - Respondi, mantendo a voz firme: - Mas se você quiser, marque com eles pra amanhã à noite num bar, pode ser naquele da praça dois do shopping. A gente bate um papo, se conhece, e decidimos a partir daí, tudo bem?

Clara ficou em silêncio por um momento, surpresa com minha resposta:

- Tá bom, Lucas. Eu... Eu faço isso. Qual bar mesmo?

- Aquele, oooo... “Empório”. Fica lá na pracinha dos restaurantes. Marca às oito e me avisa se eles toparem.

Ela nem desligou. Eu a ouvi, ao fundo, conversando com os dois homens, mas não consegui entender o conteúdo. Pouco depois, ela voltou a falar:

- Amor, o Agenor quer falar com você?

- Comigo!?

- É. Peraí que vou colocar no viva-voz...

Instantes depois ouvi um vozeirão grosso e rouco:

- Tu é vascaíno, cara?

Estranhei a pergunta de cara, mas não neguei:

- Sou! E se for começar tirando sarro, a gente não vai se dar bem, porque...

- Carai! Centão, achei mais um da Torcida Jovem. - Ele disse, riu e logo voltou a falar: - Como tá o placar do jogo? Fala que a gente tá ganhando, vaia zero... pro Flamengo. - Falei, chateado.

- Porra!

A ligação caiu, mas logo Clara ligou de volta, rindo:

- Só me envolvo com pé frio mesmo... - Ela gargalhava, provavelmente por eles ainda estarem por perto: - Eles toparam, amor. Amanhã, às oito, no Empório. O nome deles é Agenor e Vicente.

Eu assenti, mesmo sabendo que ela não podia me ver:

- Tá bom, Clara. Agora deixa eu voltar que o jogo ainda não acabou.

Na noite seguinte, cheguei ao Empório antes da hora, escolhendo uma mesa no canto, onde podia observar a entrada. O lugar estava movimentado, com um duetos de violão ao vivo, o cheiro de cerveja e petiscos no ar. Clara chegou logo depois, vinha do cabeleireiro. Havia feito luzes que pareciam resplandecer mais sua presença, ainda mais porque estava usando um vestido preto justo que acentuava ainda mais cada curva do seu corpo, o cabelo solto, com mechas, caindo em ondas sobre os ombros. Ela chegou e me beijou, mas senti que estava nervosa, muito embora seus olhos brilhassem com uma mistura de excitação e apreensão.

Agenor e Vicente chegaram 10 minutos depois e, confesso, a presença deles era ainda mais impactante ao vivo do que através da descrição que Clara havia me dado ontem à noite. Agenor era uma montanha de músculos, a pele preta brilhando sob a luz suave do bar, o sorriso largo revelando dentes brancos perfeitos. Vicente era um pouco mais claro e, com seus dreads e olhos penetrantes, tinha uma energia um pouco mais contida, mas igualmente dominadora. Eles se aproximaram e me cumprimentaram com firmes apertos de mão e sorrisos confiantes. Só depois cumprimentaram Clara, mas apenas com apertos de mão respeitosos. Vi isso com bons olhos. Perguntaram se podiam se sentar e autorizei.

Eles pediram dois chopes e uma porção de calabresa frita. Aproveitei para pedir um suco de abacaxi com hortelã para Clara e outro chope para mim. Também pedi uma porção de fritas com queijo e bacon. Começamos a conversar e, claro, nosso Vasco surgiu antes de tudo na mesa:

- Caralho de jogo, meu! - Começou o tal Vicente: - Eu jurava que a gente ia ensacar o Flamengo. Eu até apostei duzentinhos no Vascão, mas acabei tomando no cu!

Agenor não perdeu a chance:

- Tu é burro demais, cara. Torcer tudo bem, mas gastar com aposta, e ainda mais com o nosso Vasco é pedir para ter prejuízo.

- Mas que bosta de vascaíno tu é, hein, mermão? - Brincou o Vicente.

- Sou só o bosta de vascaíno que não perde dinheiro, mané!

Caímos na risada e a conversa começou a envolver os jogadores, o corpo técnico, mas logo vimos que o sorriso de Clara começou a minguar e foi o Agenor que mudou a tônica da conversa:

- Então, Lucas... - Disse, a voz grave ecoando sobre a música: - A Clara falou bem demais de você. Disse que você é o cara!

Eu sorri, tentando manter a calma, apesar da tensão no meu peito:

- Se ela falou, tá falado!

- Joia!... - Falou Agenor novamente, bebendo um gole de seu chope: - E como é que é? Ela me falou que você tem a palavra, pode permitir ou não... A gente queria entender melhor isso aí.

Bebi um gole do meu chope e senti o olhar dos três me fuzilando: eles, ávidos de respostas e na esperança de algo mais; ela, curiosa para saber como eu iria sair daquela:

- É, algo assim. A gente tem um acordo. Se surge uma oportunidade e ela se interessa, ela me conta e eu decido se rola e o que rola.

Vicente riu, inclinando-se para frente:

- Isso é novo pra mim, cara, mas respeito. Ela disse que você é quem manda, e a gente tá aqui pra conversar, ver no que dá.

- Sabe que eu já conheci um casal que curtia essas parceria aí? Eles saíam com outros casais e rolava uma coisa muito joia entre eles. Tem que ser muito parceiro para dar certo. - Disse o Agenor, olhando para o Vicente: - Mas e vocês... tem muita experiência nisso aí?

- A gente!? - Surpreendeu-se Clara, sorrindo depois: - Que nada! A gente ainda está engatinhando, mas o Lucas é quem decide. Se ele topar, o jogo acontece.

- Tá. Já entendemos que ele decide, mas você também tem que querer, né não? - Perguntou o Vicente.

- Ah sim, claro! Se eu não quiser, não adianta ele querer.

Os dois se entreolharam por rápido instante e a encararam:

- Mas... e você, Clarinha, curtiu a gente? Acha que rola um bem querer aí?

Clara ficou vermelha, quase roxa com a pergunta e me encarou como se eu pudesse responder isso por ela. Ela estava com as mãos no colo, claramente desconfortável, mas seus olhos denunciavam seu interesse. Ela olhava para Agenor e Vicente com uma intensidade que eu reconhecia. Eu já imaginava sua resposta, mas a que saiu me surpreendeu:

- Preciso conhece-los melhor, Agenor.

Eles entenderam a mensagem e passaram a falar deles, e não pouparam nos detalhes. Falaram da vida, sofrida, humilde, mas que, como muito trabalho e dedicação voltada aos esportes, estavam conseguindo mudar a sua realidade e a de crianças numa favela da cidade. Aquilo pareceu ter encantado Clara, afinal, não é qualquer pessoa que se dispõe a fazer pelo próximo. E se via da forma como eles falavam como se orgulhavam da evolução das crianças, adolescentes, adultos e até idosos:

- Mas idosos também podem fazer capoeira? – Perguntei.

- Tudo tem um certo limite, Lucas. Claro que não posso pedir que eles darem certas cambalhotas ou mesmo voltas de 360 graus de forma muito rápida. Alguns deles tem labirintite, então imagine o estrago...

Clara se mostrava bastante à vontade, interagindo com todos, mas sem sair do meu lado. Num momento em que ela se ausentou para ir ao banheiro, Agenor foi mais incisivo:

- Então, Lucas... – Ele se inclinou em minha direção, os antebraços apoiados na mesa, a voz grave reverberando como o prenúncio de um trovão: - Quer dizer... você decide tudo, né? Tipo, se a gente pode ou não... se tu vai ceder a Clara para a gente ou não, certo?

Eu mantive o olhar firme, apesar do aperto no peito. Tomei o restante do meu chope, dando sinal para um garçom e o encarei:

- Não é exatamente ceder, Agenor. – Respondi com a voz calma, mas com uma ponta de firmeza: - Se ela quiser e eu concordar, eu não fico de fora. Eu irei junto. É assim que funciona.

Agenor ergueu uma sobrancelha, o sorriso se alargando, como se a ideia o intrigasse ainda mais. Vicente deu uma risada baixa, balançando a cabeça, os dreads balançando levemente:

- Mano, tu gosta de assistir!? Cara... isso é diferente. - Falou, o tom levemente jocoso, mas não ofensivo e com um brilho de curiosidade nos olhos: - Então, se rolar algo, é tipo... uma festa pra todo mundo, é isso?

- É mais ou menos isso. - Respondi, mantendo o tom neutro, meu olhar fixo neles: - Mas eu só decido depois de conversar com a Clara, sozinho, e se rolar, vocês irão respeitar a vontade e os limites dela, entendido?

- Beleza, cara! Respeito total. - disse Agenor, a voz carregada de uma confiança quase provocadora: - Mas deixa eu te falar uma coisa, Lucas... A Clara, ela tem uma vibe única. Dá pra sentir de longe. E, sem desrespeito, eu sei como lidar com uma mulher assim e o Vicente é de confiança. Pode ficar tranquilo que ninguém aqui irá abusar dela. Se você tá aberto a isso, a gente pode fazer acontecer. Sem pressão, claro. Mas acho que você vai gostar de ver ela brilhando.

Vicente também concordou com movimentos de cabeça e, ainda curioso, insistiu:

- E fala aí... Tu acha que a gente tem chance?

- Cara, eu acho que ela simpatizou com vocês, mas vamos esperar ela voltar. Eu dou uma ida ao banheiro também e vocês conversam com ela. Joguem o seu charme, deixem ela à vontade, mas curiosa. Quando eu voltar, vocês vão e eu converso com ela, certo?

Clara voltou do banheiro e pediu uma caipirinha, apesar de estar tomando seus remédios. Entendi de imediato que ela queria, mas estava lhe faltando a coragem. Falei que iria no banheiro e fiquei lá não mais do que 10 minutos. Quando voltei, vi que ela ria com eles de alguma coisa. Sentei-me ao seu lado e foi a vez deles ir ao banheiro. Clara se mexeu ao meu lado, o rosto corando levemente. Não conseguiu evitar que seus olhos castanhos seguissem os passos deles enquanto se afastavam:

- E aí? Quer continuar com isso? – Perguntei, chamando sua atenção.

Ela ficou vermelha e bebeu um gole de sua caipirinha:

- E você? Quer?

- Clara, não me enrola. Você quer ou não quer? – Insisti.

- Não se trata só de querer, Lucas. Tem muito mais coisa em jogo agora. Eu sei que te magoei quando te traí, mas agora eu tenho medo que você me veja como uma... uma puta qualquer, alguém sem valor.

- Então, você quer, mas não quer que eu vá, é isso?

- Não! Não é isso...– Ela bebeu outro gole: - Eu não quero fazer mais nada pelas suas costas, mas tenho medo de que essa “transparência”... – Ela fez aspas com os dedos para mim: - Possa fazer você perder o encanto que tem por mim, entende?

- Eu não posso decidir por você, Clara... – Falei e bebi um gole do meu chope.

Ela olhou em direção ao banheiro, pensativa, e suspirou fundo. Depois, me encarou:

- Eu sei o que eu quero e eu quero você comigo, sempre, mas bem, de corpo e alma.

- Mas você também quer ficar com eles, não quer?

Ela suspirou e balançou afirmativamente sua cabeça. Num movimento, colocou a minha mão entre suas pernas, encostando em sua calcinha e sentir que ela estava encharcada. Era a prova do que eu já imaginava.

Agenor e Vicente voltaram logo depois e apesar do desconforto evidente, havia uma faísca de desejo que ela não conseguia esconder deles mais. Eu conhecia aquele olhar, era o mesmo que vi na noite com Rafael, meses atrás. Meu estômago doeu, mas, ao mesmo tempo, uma onda de calor subiu pelo meu corpo, uma excitação que eu não queria admitir, mas que era impossível ignorar. A ideia de estar presente, de transformar o que antes era traição em algo compartilhado, era tão intrigante quanto assustadora:

- Bom, Clara, acho que a hora é essa... – Começou Agenor, encarando-a maliciosamente: - Será que eu ou o Centão, ou os dois, quem sabe... Será que teremos a chance de ver essa obra prima que a natureza esculpiu bem peladinha hoje?

As palavras dele eram como um anzol, tentando puxá-la para um território que eu ainda não sabia se queria explorar. Clara apertou meu joelho sob a mesa, um gesto que podia ser de nervosismo, apoio ou ambos. Eu olhei para ela, tentando ler sua expressão. Seus lábios estavam entreabertos, a respiração um pouco mais rápida, e seus olhos traíam o desejo que ela tentava conter. Ela queria isso, mas ela também parecia esperar por mim, por minha decisão, como se realmente estivesse entregando o controle:

- Lucas, posso falar com você um segundo? – Pediu Clara, a voz suave, mas com uma urgência que não passou despercebida.

- Claro. - Respondi, levantando-me da mesa: - Já voltamos, pessoal.

Agenor e Vicente assentiram, pegando seus copos. Peguei a mão de Clara e a levei para um canto mais reservado, fora do bar, perto de uma das entradas do shopping. Ela ficou de frente para mim, os olhos castanhos brilhando sob a luz fraca. Por um momento, eu me perdi na visão dela, a mulher que eu amava, que me machucara, mas que agora parecia tão vulnerável, tão disposta a ser honesta:

- Lucas, eu... eu não sei bem o que dizer... – Desviou o olhar para longe de mim, a voz trêmula, os dedos brincando com a alça do vestido: - Eles parecem ser bem legais. Eles... Não! Eles são um tesão e antes que você me pergunte, sim, eu tô sentindo um vontade enorme de ir, mas não quero fazer nada sem você concordar. Se você não quiser, eu respeito e a gente vai embora, mas você vai ter que me comer a noite inteira, porque estou com um fogo me consumindo hoje.

Eu respirei fundo, sentindo o peso da decisão. Parte de mim queria dizer não, levar Clara para casa e protegê-la, ou me proteger, daquele desejo que parecia consumi-la. Mas outra parte queria ver até onde isso podia ir. A proposta da Dra. Mariana ecoava na minha cabeça: transformar o impulso de Clara em algo nosso, algo que nos conectasse, em vez de nos separar:

- Clara, se eu disser sim, com quem você quer ficar, Agenor ou Vicente?

Ela hesitou, mordendo o lábio inferior, o rosto corando ainda mais. Então, deu uma risada meio triste, mas com uma coragem que me surpreendeu, respondeu:

- Com os dois... – Ela parou abruptamente, como se apenas agora realizasse o absurdo da proposta, tentando melhorá-la: - E com você também, é claro. Acho que é a chance de fazer algo que nunca fiz na minha vida, mas quero você lá comigo se você me prometer que não irá surtar.

As palavras dela foram como um soco, mas não me surpreenderam. Meu coração disparou e meu pau endureceu levemente. Senti um calor subindo pelo meu corpo, misturado com um ciúme que não conseguia ignorar. Dois homens. Dois estranhos. E eu, no meio disso tudo, tentando entender o que sentia:

- Você tá falando sério? Quer os três?

Ela assentiu, os olhos brilhando com uma mistura de vergonha e desejo:

- Eu sei que é loucura, amor, e não vou te forçar a nada. Mas se você deixar, eu quero. Quero que seja com você, que você esteja lá, que a gente faça isso juntos. Mas se você não quiser, juro, vou embora agora e não olho pra trás.

Eu fiquei em silêncio por um momento, a mente girando. Uma imagem de Clara com Agenor e Vicente, de mim ao lado dela, participando, observando, controlando, se formando em minha mente. Era tudo ao mesmo tempo assustador e excitante. Eu não sabia se estava pronto, mas sabia que recusar não me traria as respostas que eu buscava:

- Tá bom, Clara. - Falei finalmente, a voz firme, apesar da tempestade dentro de mim: - Vamos fazer isso. Mas com uma condição: você me mantém dentro. Não quero me sentir um estranho nessa loucura.

Ela sorriu, um sorriso que misturava alívio e excitação, e apertou minha mão com força:

- Eu prometo, Lucas. Você é o centro e será sempre.

Voltamos para a mesa, onde Agenor e Vicente nos esperavam, conversando animadamente. Logo os olhares curiosos nos encararam. Sentamo-nos, mas puxei Clara para mais perto de mim, minha mão possessiva em seus ombros, meus dedos tamborilando sua pele macia:

- Então, pessoal... – Comecei num tom acanhado, temeroso até eu diria: - A Clara e eu conversamos e ela...

- Não estou me sentindo muito bem! – Clara me interrompeu e eu, imaginando que ela queria conduzir a conversa, a encarei e sorri.

Ela também me encarou e sorriu, dando um gostoso selinho, antes de continuar:

- Gente, eu... gostei demais de conhecer vocês, mas eu não tô muito legal hoje.

OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS E OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL SÃO MERA COINCIDÊNCIA.

FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.

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Foto de perfil de Mark da NandaMark da NandaContos: 321Seguidores: 698Seguindo: 28Mensagem Apenas alguém fascinado pela arte literária e apaixonado pela vida, suas possibilidades e surpresas. Liberal ou não, seja bem vindo. Comentários? Tragam! Mas o respeito deverá pautar sempre a conduta de todos, leitores, autores, comentaristas e visitantes. Forte abraço.

Comentários

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Esse Lucas é um Côrno Frouxo e a Clara de doente não tem nada, é vagabunda fácil mesmo.

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Mark pirei com a decisão dela nota mil amigo parabéns.

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Vascaino?

Isso pra mim soa como a confirmação da regra: Todo castigo pra corno é pouco!

Calma aí gente. Foi só pra não perder a piada.

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Perde o amigo, mas não perde a piada

kkkk o ditado fala que futebol, política e religião não se discute, mas nunca ninguém falou que não pode fazer piada de vascaíno kkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkkkkk

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Já pensou?

Ser corno e vascaino?

Isso não é azar, é carma.

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Não que eu seja vascaíno (longe disso), mas até que ganharam ontem. Acho que não caem mais.

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Mark, eu sei que vc leva uma vida de casal liberal, e todos os seus contos levam a isso, de que o marido ou companheiro sempre entenda e acabe aceitando. Com excessáo do Paulinho e Emilinha, mas du no que deu. Aliás espero ansioso a continuação da saga dela. Mas voltando o assunto, eu já saí com casais, mas raramente ou quase nunca um homem que não tenha essa fantasia, pois na maioria das vezes, tudo começa como fantasia do homem, alguém como esse personagem iria aceitar algo como isso da pessoa que ele ama. Gostaria de vez em quando ver nesses contos um texto mais realista, tanto do homem como da mulher. Pois se ela ama de verdade o cara, não faria coisas como ela fez. Aqui a justifica é a doença, mas como já levantaram a lebre em baixo, será que ela é realmente uma ninfomaníaca sem controle! Será que ele aguentaria realmente assistir ela e entregar de forma devassa,na sua frente, com ele aceitando e seguindo em frente. Como já disse, quem não é do meio ou não tem esse fetiche pode ficar traumatizado em ver a pessoa que se gosta virar uma puta na sua frente. Aliás puta não, porque as profissionais do sexo sabem controlar e dosar as coisas. Uma casada que se entrega pra outro, pode, dependendo do caso, ultrapassar todos os limites, além do perigo de se envolver sentimentalmente como o comedor, coisa dificil para uma profissional deixar acontecer. Espero um conto surpreendente sem cair no cliche. Abs, continuo seu fã e da Nanda.

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Então ela é doente e não consegue se controlar, mas hj magicamente conseguiu?

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Considerando que nesse capítulo eu espera ela sendo usada e abusada de todo jeito pelos negões e teve essa reviravolta no final, eu acho que isso é jogada para ela deixar nas mãos do Lucas. Tipo:

"Eu não queria, mas você insistiu, eu vim aqui e agora você está achando ruim?"

A Clara é esperta, po. Tudo é tática para levar o Lucas pra vida liberal.

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Ou ela marcou com eles logo das vistas do Lucas... botando fogo no parquinho😂

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Esse capítulo só serviu pra deixa claro q a clara não tem doença nenhuma, esse papo de desejo incontrolável por sexo é conversa pro boi(namorado), dormir, se realmente ela fosse doente,.Lucas teria ganhado uma galhada dupla dos Negrões já no dia anterior, mas a verdade é q clara está adestrando seu corno de estimação, está testando os seus limites, ela quer continuar sendo puta de outros,.mas sem perder sua muleta sentimental, tanto q ela sentiu q Lucas não estava bem em saber q ela queria ser a puta dos dois Negrões e abortou a missão, ela sentiu q não era o momento certo pra revelar ao Lucas quem de fato ela é, isso tudo de forma muito consciente, deixando claro q de insana ela não tem nada, e o pior é q o trouxa está caindo na lábia da putinha, na minha opinião a Dr e a clara estão de conluio pra adestrar e condicionador o corno manso, na verdade clara só não quer ser vista como uma puta, por isso a nescecidade de ter o Lucas ao lado, assim não será chamada de puta, mas sim de hotwife

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Comentário perfeito.

Pensando pelo lado do Lucas, ele se acha altruísta, que está fazendo uma boa ação, mas não sei como ele não percebe que não há qualquer esperança com a Clara. A doença não tem cura e quer queira quer não sempre vai existir uma desconfiança de que ela está aprontando.

Sinceramente, não dá pra entender porque o Lucas ainda está nessa. A mulher só pode dar um chá de boceta estratosférico mesmo. Ou ele tem problema de autoestima e acha que nunca encontrará alguém do nível da Clara, o que é um vacilo.

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A maioria aceita ser corno manso por problemas de autoestima, acha q se perder a esposa gostosa não vai conseguir conquistar.outra igual ou melhor, aí se apega ao dito popular,.(Melhor comer picanha dividindo do q comer costela sozinho), isso é atitude de homem.fraco e iludido e estou começando a achar q esse é o problema do Lucas, sem contar q ele já está se rendendo ao tesão de corno, na verdade ele é.so mais um corno manso q não saiu do armário, Clara está usando da suposta doença pra se declarar hotwife e Lucas usa do mesmo artifício pra não ter q admitir q na verdade ele gosta de ser corno manso

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Kkkkk #cornomansoquenaosaiudoarmario#

Hilário kkkkkkkkkkkkkkkk eu já tinha dito até, Guilherme fazendo escola kkkkkkkkkkkkkk

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É simples meu caro amigo Carlos, o Lucas tem vergonha de ser cuckold, ele tem todos os fetiches cuckold, só não quer admitir, então dentro da mente em conflito dele, ele encontrou a cara metade dele, pois, no pensamento dele, devidamente ratificado pela terapeuta, ele estaria isento de vergonha em ser um corno manso, (coisa que o excita), pois sua namorada não teria controle sobre suas ações, então dentro desse argumento invesado, ele somente estaria ajudando terapêuticamente a Clara, sendo assim não estaria satisfazendo seus fetiches cuckold. Na minha opinião são um casal que se completam.

"Ela estava tão solta, tão diferente da mulher que eu conhecia, que era ao mesmo tempo hipnótico e doloroso. Eu queria odiar, mas meu corpo me traía, o calor subindo, as mãos tremendo no celular"

Este é um trecho retirado do primeiro capítulo, retratando os pensamentos e sentimentos do Lucas, logo após ter presenciado a traição da Clara com Rafael.

Alguém duvida que o autor deixou claro que o Lucas teria fetiches cuckold?

Ou alguém que não tenha esses fetiches reagiria da mesma forma, duvido muito, a maioria já confrontaria os dois, na mesma hora, não necessariamente com violência, mas externaria sua indignação com xingamentos nada republicanos aos dois traidores, ele não só observou o ato sexual até o final, inclusive se excitando, como os seguiu passivamente até outro local, no qual ouviu todas as confissões até ser descoberto, só aí, a vergonha bateu mais alto e ele os confrontou.

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A parada boa so serve se for pra ela, quero ver ele cobrar a vez dele, ela e a terapeuta de araque vão surtar

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Eu quero ver o Lucas surtar e querer pegar outra mulher. Quero ver a reação da Clara se isso acontecer. Não sei como o Lucas ainda não fez isso. Ele realmente deve amá-la mesmo.

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Então cara. No meu ponto de vista a paixão e o amor que o Lucas tinha por ela meio que diminuiu quando viu a situação do Rafael ( por onde esse anda?)

Meio que ele tá com ela pra tentar entender e se divertir tbm. O relacionamento deles não é algo que está 100% certo. Nem casados eles são.

Nada impede do Lucas terminar ou se envolver com outra pessoa.

No momento ele está querendo ver até aonde a corda estica.

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Ficando cada vez mais interessante

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Tudo charme, tudo jogo, Clara tá doida para ficar com os negões, mas tem medo do Lucas surtar, o Lucas está doido para ver a Clara dando para os negões, mas está com medo de admitir e possivelmente perder o controle, de resto é tudo cena, veja que o comportamento dela já mudou, não tem nada dos gatilhos de uma pessoa com uma síndrome sexual, ela está se comportando como uma hotwife experiente, que sabe conduzir o homem para conseguir o que quer, é um comportamento típico, fazer esse charme de não querer em primeiro momento, exatamente para aguçar o fetiche do companheiro em dúvida, beleza, é um jogo legal, que só cai quem quer, mas não tem nada a ver com a compulsão sexual no qual ela foi diagnosticada.

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Sensatez, você tem toda razão. Muito sensato o seu comentário (rsrsrs).

De onde se conclui que, de insana, ela não tem nem o cheiro.

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Insana mesmo é a terapeuta.

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Já dizia sabiamente a Id@ kkkkkk Acho que a charada foi revelada, a conto é sobre a irracionalidade insana da terapeuta, esse joguinho entre a Clara e o Lucas é só pano de fundo. Kkkkkkk

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Ela tem a faca e o queijo na mão, mas ela vai azedar o jogo.

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Vai entender. Na hora que ela consegue dobrar o corno ela da para trás. Se bem que nem deu para trás ainda. Kkkkk

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Que capítulo insano hahahaha acho que o Lucas estava em choque, querendo ver até onde ela iria e mesmo topando, acho que iria acontecer algo bem ruim dentro dele... E acho que a Clara percebeu isso, ainda bem.

Caramba, que montanha russa de sensações hahahaha, não consigo ver como o Lucas vai conseguir se acostumar com isso, haja coração para ficar ao lado dela

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Eles precisam ir aos poucos, um exibicionismo aqui, um sexo em uma praia ali, mais conversas animadas como essa do bar acolá.

Ir em uma casa de swing, ver como funciona, experimentar a sensações, fazer algo em público somente entre os dois. Depois acharem alguém de confiança e habituado ao meio liberal para começarem a interagir, e depois partir para um situação dessas.

Devagar, com conversa, se conhecendo em com limites quem sabe ?

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Foi completamente surreal o Lucas cogitar e autorizar essa atrocidade, mas foi tão bizarro quanto a Clara, na hora de fazer o gol, vetar tudo se dizendo mal. Fiquei embasbacado, admito.

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