A Admissão

Da série Soninha e Felipe
Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 1367 palavras
Data: 15/10/2025 09:45:18

Soninha carregava os dias como quem arrasta correntes invisíveis, leves o suficiente para não machucar a pele, mas pesadas o bastante para sufocar a alma. A rotina era uma velha companheira.

Nas salas de bate-papo da internet, aquelas cavernas digitais onde identidades se dissolviam como fumaça, era outra. Ousada, fácil, permissiva. Não era novata; tinha contatos salvos. Nada demais, pensava ela, só um flerte inofensivo, um roubo de vida à monotonia.

Mas há algum tempo, um novo contato invadira seus pensamentos como uma sombra insistente. Ele se chamava simplesmente "Mestre".

Falava com uma autoridade baixa, rouca, que ecoava na mente dela como se estivesse ali, ao lado, sussurrando ordens no ouvido. "Tire a blusa agora", digitava ele, e Soninha sentia um frio na espinha, os dedos tremendo sobre o teclado. Ela obedecia, é claro; como resistir àquela voz que não era voz, mas que a obrigava a se curvar? Despia-se devagar, tirava fotos tímidas no banheiro, enviava, o coração acelerado.

Se hesitasse, se o dia corrido a fizesse falhar, confessava o delito em mensagens longas, detalhadas, como uma pecadora no confessionário: "Não consegui, Mestre, as tarefas não me deixaram... perdoe-me". E ele, impiedoso e magnético, ordenava o castigo: "Toque-se agora, devagar, pensando em mim, e me conte cada sensação". Ela se submetia, o corpo respondendo antes da mente, um calor úmido se espalhando, misturando culpa e êxtase.

Era um jogo perigoso, confessava a si mesma nas noites insonnes, mas um jogo que a fazia sentir viva, dona de um segredo que ninguém — nem o marido, nem as amigas — poderia imaginar. E naquela tarde, enquanto a casa mergulhava num silêncio raro, uma nova mensagem piscou na tela do telefone. Não era a primeira, nem deveria causar-lhe aquela ansiedade que subia pelo peito como uma onda. Mas causava. Sempre causava. Soninha abriu, os olhos fixos nas palavras que viriam, sabendo que, mais uma vez, se renderia.

"Quantos anos tem o Felipe?". Ela congelou, o dedo pairando sobre o teclado, um pudor antigo lutando contra aquela corrente que a arrastava.

Hesitou, sim, por um segundo que pareceu eterno, mas a obediência era mais forte, uma corda que apertava o peito. "Vinte, por quê?", digitou, a curiosidade traindo-a como uma velha amiga traidora.

"Então, ele já é um homem. Aposto que você o deseja."

As palavras bateram como um sino fúnebre no quarto silencioso. "Não, Mestre, nunca, eu não penso assim nele." A negação saiu rápida, mas ecoou falsa até pra ela mesma, um eco de culpa que ela não sabia nomear.

"Não minta, eu sei que você se toca por ele, e ele deve fazer o mesmo por você."

Soninha mordeu o lábio, o coração em descompasso, olhando para a porta fechada do quarto. Felipe estava lá fora, talvez estudando, talvez sonhando com garotas da faculdade. "Mestre, ele é um homem, mas é muito respeitador."

"Claro que sim, tenho certeza que ele é um gentleman, mas ele sabe que você é uma vagabunda, tenho certeza que ele te quer, todos querem, é o Complexo de Édipo."

E então o estranho desfiou a teoria como um padre profano, citando Freud com uma intimidade que arrepiava: o menino que vê na mãe o primeiro amor, o desejo reprimido que borbulha no inconsciente, a tentação edípica que faz do lar um ninho de pecados velados. "É natural, Soninha, o filho quer possuir a mãe, matando o pai no sonho, e você, ah, você é o fruto proibido que ele cheira todas as noites. Normais somos nós, que admitimos."

As palavras infiltravam-se como fumaça, confundindo o certo e o errado, transformando o tabu em algo quase científico, quase inevitável. Soninha lia, o rubor subindo às faces, uma umidade traidora se instalando entre as pernas. Seria mesmo?

Felipe, com seus olhares rápidos, seus abraços que duravam um segundo a mais? Ou era o Mestre plantando sementes no solo fértil da sua solidão?

Quando terminou a preleção, veio a ordem suave, como uma carícia disfarçada de comando: "Como é a calcinha que usa agora?". "Rosa, Mestre, de rendas, totalmente transparente, como o senhor gosta", confessou ela, a voz interna tremendo.

"Sua buceta está molhada?"

"Sim, Mestre, cada vez mais." A admissão saiu como um suspiro, o corpo já rendido.

"Quero que se toque, pensando no seu filho."

O choque foi um raio, percorrendo veias e nervos, mas a resistência durou o quê? Um piscar de olhos. Sentada na cadeira do quarto, pernas arreganhadas para a webcam que capturava só o essencial — a gruta úmida, pulsante, um segredo exposto ao vazio digital —, os dedos deslizaram, obedientes. O Mestre via apenas aquilo, a carne engolindo a si mesma em movimentos ritmados, enquanto ela gemia baixinho, o nome escapando como uma prece profana: "Felipe... Felipe...". O prazer subia, uma onda que ameaçava quebrar, o rosto do filho misturando-se ao fantasma do estranho, um autoconhecimento cruel brotando ali, no meio do êxtase: sim, havia algo podre e doce no fundo da alma, um desejo que ela nunca nomeara.

"Pare, não goze."

Ela parou no ato, os dedos congelados, o corpo em sofreguidão, arfando como uma condenada à beira do abismo.

"Passe seus dedos na boca, umedeça seus lábios com seu suco de puta, e depois vá dar um beijo de boa noite no seu filho."

"Mas, Mestre..." O protesto morreu na garganta, fraco como uma folha ao vento.

"AGORA!"

"Pode entrar", veio a voz dele, abafada pelo sono, como um convite que ecoava de um sonho alheio. Soninha empurrou a porta devagar, o coração um tambor descompassado no peito, os lábios ainda úmidos daquele sabor proibido que ela mesma colocara ali — o suco da sua própria rendição, um batom invisível de pecado.

O cheiro de colônia misturado a livros espalhados, e ele, sob o lençol fino, sonolento, o corpo delineado à meia-luz como uma escultura que ela ajudara a moldar, mas que agora via com olhos novos, culpados.

"Vim te dar um beijo de boa noite", murmurou ela, a mentira saindo suave, quase natural, como se fosse só isso — uma mãe carinhosa, nada mais. Mas dentro, ah, dentro fervia o caos: a calcinha rosa de renda colada à pele, encharcada, um testemunho molhado da obediência ao Mestre, do toque que ainda latejava entre as pernas.

"O que é isso, mãe? Já sou grandinho", gracejou Felipe, com um sorriso preguiçoso, os olhos semicerrados.

Ele se mexeu um pouco, o lençol deslizando, revelando o contorno másculo do peito, dos ombros largos que o tempo esculpira num rapaz de vinte anos — forte, inocente, ou assim ela se agarrava a crer.

Sem se importar com a graça, sem ouvir o pudor que gritava no fundo da alma, Soninha inclinou-se, os olhos fechados como quem mergulha num abismo. Os lábios tocaram os dele num beijo leve, rápido demais para ser maternal, demorado o bastante para ser traição. Um tremor a percorreu inteira, da nuca aos pés, a excitação explodindo como fogos mudos: o calor dele, o hálito morno, o Mestre rindo na sua mente, transformando o gesto em algo profano. A calcinha pareceu derreter mais, um rio traidor que ela sentia escorrer, e por um segundo eterno, imaginou mais — as mãos dele, o lençol caindo, o Édipo virando carne.

"Boa noite", sussurrou ela enfim, abrindo os olhos, o rosto corado, e saiu do quarto como uma sonâmbula, a porta se fechando atrás com um clique que soava a sentença. No corredor, encostou na parede, as pernas fracas, o peito arfando. O que era aquilo? Um beijo de mãe ou o primeiro passo no escuro?

Do outro lado da parede fina, no quarto ao lado, a tela do aparelho de Felipe brilhou de repente, cortando a penumbra com uma luz azulada, fria como um flash de consciência. Ele pegou o celular, os olhos ainda pesados de sono, mas o sorriso vindo devagar, malicioso, ao ler a mensagem que ela enviara.

"Pronto, Mestre, fiz como o senhor ordenou", era o que Soninha digitara, achando que falava com um estranho qualquer das sombras da web. E Felipe riu da própria malícia, um riso baixo, gutural, que ecoou só pra ele, o coração acelerando com o triunfo podre e doce.

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