O tempo que se seguiu àquela noite foi um borrão de expectativa e medo. Eu voltei à academia, fingindo normalidade, mas cada treino era uma tortura de antecipação. Nossos olhares se cruzavam no espelho, carregados de uma tensão não dita. Ele não mencionou o encontro, mas havia uma nova camada em seu olhar – um reconhecimento, uma espécie de posse silenciosa, mas também uma sombra de... incerteza? Eu sabia que era apenas questão de tempo.
E então, semanas depois, a necessidade banal de compras de supermercado se tornou o estúpido catalisador. O clique do mouse confirmando o pedido no aplicativo do supermercado do pai dele soou alto demais no silêncio do apartamento. Era uma aposta arriscada, uma provocação silenciosa à dinâmica que ele havia estabelecido, um teste desesperado para ver se eu ainda existia para ele, para sentir aquela atenção novamente. A espera foi uma agonia, a simples possibilidade de *ele* aparecer na minha porta era quase insuportável.
Quando a campainha tocou, pulei. Respirei fundo, tentando controlar o tremor nas mãos enquanto girava a maçaneta. E lá estava ele. Não com um uniforme, mas com a displicência casual que o deixava ainda mais intimidador. Uma camiseta azul de algodão, um pouco larga, caía sobre um short preto da Nike, revelando coxas musculosas e lisas – as mesmas que eu observava na academia. Tênis brancos impecáveis completavam o visual. Parecia um predador avaliando o território, o sol realçando os fios loiros do cabelo cortado rente e a curva forte do maxilar.
Seus olhos claros me varreram, um meio sorriso presunçoso brincou em seus lábios. Ele não disse nada, apenas deu um passo à frente, forçando-me a recuar para que ele pudesse entrar. Jogou as poucas sacolas que trazia no chão do corredor com um descaso calculado.
"Fecha a porta," a voz dele, baixa e rouca, cortou o silêncio. Um comando inquestionável.
Obedeci automaticamente, minhas costas roçando na madeira fria enquanto eu girava a chave. Ele se virou, encostando-se no batente da porta da sala, os braços cruzados sobre o peito largo. A camisa esticou, revelando o contorno dos músculos peitorais e dos bíceps poderosos por baixo do tecido.
"Então," ele começou, o olhar percorrendo meu corpo de cima a baixo, demorando-se em meu rosto corado. "Pedindo coisinhas inúteis só pra ter uma chance de me ver?" Ele riu baixo, um som que não era totalmente de escárnio. "Admito que é... persistente. Ou talvez só carente."
Corei violentamente. "Eu só... precisava de algumas coisas."
"Claro que precisava." Ele desencostou da parede e caminhou lentamente na minha direção. Cada passo dele era uma eternidade. Parei de respirar. Ele parou a centímetros de mim, o cheiro dele – uma mistura de sol, suor leve e um perfume amadeirado caro – me sufocando. "Precisava me ver, não é? Precisava saber se eu ia aparecer pra... brincar um pouco? Ou talvez... pra me testar? Ver até onde eu vou?"
Ele ergueu a mão e segurou meu queixo com força, os dedos apertando minha pele, forçando-me a encará-lo. Seus olhos eram frios, mas havia uma curiosidade genuína ali, uma análise quase distante.
"Sentiu falta disso?" Ele se inclinou e cuspiu na minha cara.
Eu tremia, incapaz de responder. O medo e a excitação formavam um nó na minha garganta. Era degradante, mas era a única forma de atenção que eu recebia dele, a única forma que ele parecia saber oferecer.
"Responde," ele ordenou, apertando meu queixo com mais força, mas seu polegar roçou minha pele quase... distraidamente?
"Sim," sussurrei, a voz embargada.
Ele sorriu, satisfeito, mas o sorriso não atingiu completamente os olhos. "Bom. Pelo menos a memória ainda funciona." Soltou meu queixo e deu um tapa leve no meu rosto, o mesmo gesto condescendente daquela noite no apartamento, mas pareceu menos automático desta vez, mais... performático? "Agora, de joelhos."
Não hesitei. Caí de joelhos no tapete da sala, a cabeça baixa, esperando a próxima ordem, odiando minha própria submissão, mas incapaz de resistir à atração magnética que ele exercia, à necessidade de ver o que aconteceria a seguir.
Ele circulou ao meu redor, seus tênis brancos parando bem na minha linha de visão.
Ele se agachou na minha frente, o rosto próximo ao meu. "Olha pra mim." Ergui os olhos marejados. Ele cuspiu na minha boca. O líquido quente e espesso escorreu pela minha língua. "Engole."
Obedeci, o gosto amargo misturado ao meu medo e à vergonha da minha própria necessidade. Ele sorriu, satisfeito. "Bom garoto."
Ele levantou a barra da camisa abruptamente, expondo o abdômen definido. "Agora cheira." Aproximei meu rosto sentindo o cheiro e o calor puro dele. Minhas mãos queriam tocá-lo, mas eu não ousava.
"Mais baixo," ele ordenou, a voz rouca. Indicou a virilha, por cima do short Nike preto. "Aqui. Cheira."
Obedeci, pressionando meu rosto contra o tecido sintético, sentindo o calor e o volume por baixo, inalando o cheiro forte e masculino que emanava dali. Ele colocou a mão na minha nuca, pressionando meu rosto com mais força contra sua virilha.
"É isso que você quer, não é?" ele murmurou, a voz quase pensativa. "Ficar assim. Fazendo o que eu mando."
Ele se endireitou e, com um movimento rápido, abaixou o shorts e a cueca boxer. Semi-ereto, pesado, rosado, as veias saltando, exatamente como em minhas memórias mais vívidas e humilhantes. Ele o segurou, exibindo-o para mim.
"Olha bem pra ele," comandou. "É isso que te deixa assim." Ele se inclinou novamente, o rosto perto do meu. Cuspiu na minha boca mais uma vez. "Engole. E limpa essa baba."
Obedeci, a humilhação intensificando o desejo, a única emoção que parecia me conectar a ele, a única que ele parecia disposto a provocar. Ele manteve o membro exposto, balançando levemente.
"Cheira primeiro," ordenou. Aproximei meu rosto hesitante, inalando o cheiro forte e íntimo, uma mistura de pele, suor e testosterona pura. "Agora lambe a ponta. Só a ponta."
A ponta da minha língua tocou a cabeça úmida, provando o pré-gozo salgado. Ele grunhiu baixo, um som de satisfação que me fez estremecer, mas seus olhos observavam minha boca com uma fixação quase analítica.
"Agora," ele disse, a voz tensa. "Pode colocar na boca. Mas devagar. E só faz o que eu mandar."
Envolvi-o com meus lábios, minha boca. Comecei a movê-la, mas ele imediatamente agarrou meu cabelo, forçando-me a parar.
"Eu disse devagar," ele rosnou. "E só quando eu mandar." Ele ditou o ritmo, lento, torturante, depois mais rápido, depois parando completamente, apenas me forçando a segurá-lo na boca, sentindo-o pulsar. Minhas mãos queriam tocá-lo, mas eu me lembrava da ordem anterior. Ele me usou, me provocou, levou-me ao limite da minha própria sanidade, mas eu podia sentir que ele também estava chegando lá, talvez surpreso com a própria reação. Seus quadris começaram a se mover involuntariamente, sua respiração ficou mais pesada.
Então, tão abruptamente quanto começou, ele se retirou. Um grunhido de prazer frustrado escapou de seus lábios. Ele me deixou ali, ajoelhado, ofegante, com o gosto dele na boca, mas sem a liberação final.
Ele guardou o membro de volta no short com um movimento rápido e se afastou, recompondo a camisa azul. Caminhou até as sacolas, pegou uma garrafa de água e bebeu quase metade em goles longos, observando-me com uma frieza que parecia um pouco forçada agora, quase defensiva.
"Levanta," ordenou, a voz recuperando o tom de comando habitual, mas com um leve tremor. Levantei-me com dificuldade, as pernas bambas. Me recompus apressadamente, sentindo o olhar dele queimando em minhas costas. Ele terminou a água e jogou a garrafa vazia de volta na sacola.
Caminhou até a porta, abrindo-a. Virou-se para mim uma última vez, o desprezo divertido de volta em seus olhos, mas talvez um pouco menos convincente, mais como uma máscara.
"Eu te ligo. Quando eu quiser. Se eu quiser. Não me procure," ele disse, e bateu a porta, deixando-me sozinho no silêncio vibrante do apartamento, o corpo dolorido, a mente em frangalhos, e a humilhante, inescapável certeza de que eu esperaria ansiosamente por sua ligação, não importava quando viesse, porque essa dinâmica confusa era a única coisa que me fazia sentir alguma coisa real, por mais distorcida que fosse.