Jonas: A festa da Luana

Um conto erótico de Jonas
Categoria: Heterossexual
Contém 3939 palavras
Data: 13/10/2025 21:26:35
Última revisão: 13/10/2025 21:42:10

Fala, pessoal… Faz tempo que não apareço por aqui, né?

A vida anda corrida, e vocês já sabem… entre viagens, trabalho e essas histórias que só eu e a Luana nos metemos, não falta assunto.

Mas deixa eu contar o que rolou no sítio.

A festa da Luana tava animada, todo mundo curtindo, e em certo momento eu, o Pedro, a Melissa e a Clara resolvemos dar uma volta pra conhecer o lugar melhor. O sítio era enorme, cheio de trilhas, um riacho cortando o fundo, e aquele ar de fim de tarde batendo na pele.

Melissa logo puxou o Pedro pra um canto mais afastado, rindo e falando baixinho no ouvido dele. Eu e Clara ficamos pra trás, andando devagar, trocando conversa.

Ela era diferente. Tinha um jeito sereno, mas ao mesmo tempo… instigante. Sabe aquelas mulheres que te olham e parece que estão te lendo por dentro? Pois é. Clara tinha isso. A voz dela era calma, mas cada palavra vinha com um toque de malícia disfarçada.

Ela perguntou como eu e a Luana nos conhecemos, se a gente ainda viajava muito, essas coisas de quem tá só sondando o terreno. Eu respondia tranquilo, mas com o olho preso naquele decote e no jeito que ela passava a mão no cabelo.

Quando chegamos perto do riacho, ela tirou os sapatos e entrou na água, rindo.

— Vem, tá uma delícia! — disse.

Eu fiquei só olhando. A luz da tarde batendo na pele dela, a água escorrendo nas pernas, o sutiã branco colado no corpo. A mulher era um pecado andando. Me lembrou até da Marise — aquele mesmo tipo de beleza madura que te desmonta só de olhar.

Ela se jogou de costas na água, ficou flutuando e depois foi se aproximando devagar. Eu sentei na beira, sem jeito, rindo meio nervoso. E ela, toda soltinha, parou bem na minha frente.

— Você é diferente do que eu imaginei, Jonas — ela disse, encostando as mãos no meu joelho. — Entendo porque a Melissa fala tanto de você.

Aquilo me pegou. O toque dela subindo devagar, o olhar fixo, o sorriso sem pressa. O clima ficou pesado, quente.

Por um segundo, pensei em levantar e ir embora. Mas ela se aproximou mais, e eu travei.

Ela me beijou. Devagar, molhado, com gosto de vinho e água fria. E foi um daqueles beijos que te desarma.

O corpo reagiu antes do pensamento.

Mas, no meio daquilo tudo, me veio a imagem da Luana.

O aniversário dela, a festa, a gente. E foi como um freio.

Eu respirei fundo, segurei o rosto da Clara com as duas mãos e disse:

— Clara, não dá. Hoje é aniversário da Luana.

Ela ficou me olhando por um instante, ainda com o sorriso no canto da boca.

— Tudo bem, Jonas. Eu entendo. — E piscou. — Mas se mudar de ideia… meu número tá aqui.

Pegou meu celular, digitou o contato dela e foi embora andando, ainda molhada, o sutiã marcando o corpo, e eu ali… tentando recuperar o fôlego.

No caminho de volta, encontrei o Pedro e a Melissa voltando também. Dava pra ver no rosto deles o que tinha rolado — os dois vinham rindo, desgrenhados, com aquele ar de quem se divertiu mais do que devia.

Voltar pro sítio depois daquele momento no riacho foi… estranho, pra dizer o mínimo.

O céu já tava escurecendo, o som da festa voltava a se misturar com o barulho da água, e eu caminhava devagar, tentando colocar as ideias em ordem.

De um lado, ainda sentia o gosto do beijo da Clara. Do outro, a lembrança da Luana, a dona da festa, minha mulher.

Quando cheguei perto da casa, a primeira coisa que vi foi ela.

A Luana tava sentada perto da piscina, rindo de algo que a Luiza tinha falado. O cabelo solto, o vestido leve, o copo de vinho na mão. Tava linda. Tão linda que me deu um nó na garganta.

Mas tinha algo ali. Um jeito diferente no olhar. Ela disfarçava bem, mas pra mim… não passava despercebido. Parecia pensativa, meio distante. Sabe quando a pessoa tá presente, mas não tá ali de verdade?

Cumprimentei, dei um beijo rápido no rosto dela e me sentei ao lado. Ela sorriu, mas o sorriso veio meio forçado.

— Sumiu, hein — ela disse.

— Fui dar uma volta com o pessoal, ver o riacho. Lugar bonito pra caramba — respondi.

Ela só assentiu.

Por dentro, eu sentia que tinha algo errado, mas o momento não era pra confrontar. Era pra deixar a noite fluir.

Pedro apareceu logo depois com a Melissa, os dois rindo como se tivessem voltado de um parque de diversões. Ela tava com o cabelo bagunçado, o batom meio borrado, mas ninguém parecia ligar. A Clara também veio, mais quieta, com aquele mesmo sorriso de canto que me deixava desconfortável — e ao mesmo tempo… curioso.

Quando ela cruzou o olhar comigo, foi rápido, mas intenso. Aquele tipo de troca muda que diz mais do que qualquer palavra.

Luiza, sempre animada, levantou a taça e gritou:

— Gente! Vamos brindar à aniversariante!

Todo mundo levantou os copos, e ali estávamos: eu, Luana, Pedro, Luiza, Melissa, Clara e até o Maurício, que tinha voltado da casa principal. Todo mundo sorrindo, brindando, rindo alto. Mas por dentro… eu sabia que tinha mais coisa rolando.

Era como se cada um ali tivesse vivido uma história diferente durante aquele dia — e agora todos fingiam que nada tinha acontecido.

A noite foi descendo devagar, o som ficou mais suave, o vinho mais forte. O clima… carregado. Melissa e Pedro sentados juntos, trocando olhares. Clara perto de mim, com o perfume dela invadindo o ar. Luana conversando com Luiza, mas sempre olhando pra mim de vez em quando, como se quisesse entender algo que nem ela sabia.

Eu ficava só observando, com aquele sexto sentido gritando que alguma coisa importante tinha mudado naquele fim de semana.

A noite no sítio foi ficando diferente conforme as horas passavam.

O vinho já tinha rodado, a música ficou mais baixa, e as conversas começaram a mudar de tom.

Sabe quando o riso vai ficando arrastado, o olhar fica mais demorado, e o corpo começa a pedir por algo que as palavras não dizem? Pois é. Tava assim.

Pedro e Melissa estavam no canto da varanda, meio separados, rindo um do outro, trocando toques disfarçados. Eu via de longe, fingindo não notar, mas era impossível não perceber. Luiza, por outro lado, parecia tranquila demais — o tipo de calma de quem não imagina o que tá acontecendo.

Clara ficou perto de mim quase o tempo todo. A mulher tinha um controle absurdo. Nem precisava falar, só o olhar já dizia tudo. E eu, mesmo tentando manter a linha, ainda sentia o corpo lembrando daquele momento no riacho.

De vez em quando ela encostava o ombro no meu, me oferecia vinho, falava baixo.

Eu tentava me distrair, olhar pra Luana, pra manter o foco.

Mas Luana também tava diferente.

Ela ria com Luiza e a Débora, mas o olhar dela… tinha alguma coisa ali. Algo que me deixava inquieto.

De vez em quando nossos olhares se cruzavam, e eu via que ela queria me dizer algo — e, talvez, esconder algo também.

O clima tava carregado, e eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, alguém ia quebrar o silêncio.

Quando a festa foi acalmando, um a um foi sumindo pelos corredores. O som da piscina, as cigarras, e o cheiro de madeira molhada eram tudo que restava.

Eu fui pro quarto que a gente ia dormir. Tirei a camisa, fiquei só de bermuda, sentei na beira da cama e fiquei pensando.

Pouco depois, a porta abriu.

Luana.

Ela entrou devagar, descalça, o cabelo solto e um olhar que misturava cansaço e vontade.

Fechou a porta atrás de si e ficou me olhando por alguns segundos, em silêncio.

— A festa foi boa — ela disse, forçando um sorrisinho.

— Foi. Todo mundo pareceu aproveitar — respondi.

Ela se aproximou devagar, sentou ao meu lado.

Por alguns segundos, nenhum de nós falou nada. Só o som do grilo lá fora e o vento batendo na janela.

— Jonas… — ela começou, a voz meio embargada. — Aconteceu tanta coisa hoje.

Olhei pra ela, tentando decifrar.

— Eu sei — falei baixinho. — Eu também senti isso.

Ela virou o rosto, como se buscasse coragem.

— Promete que não vai me julgar?

— Prometo — respondi, sincero.

Ela respirou fundo, mas não disse. Só encostou a cabeça no meu ombro, e naquele gesto eu entendi que não era a hora de cobrar nada. Tava tudo ali, nas entrelinhas.

A culpa, o desejo, o medo, a confusão.

Passei a mão no cabelo dela e beijei o topo da cabeça.

— A gente conversa quando for a hora, tá?

Ela assentiu, e ficou ali, quietinha, com a respiração se misturando à minha.

Por dentro, eu sabia que o que aconteceu naquele sítio não ia ficar enterrado por muito tempo.

Domingo de manhã no sítio tem um cheiro diferente.

É um misto de café, terra molhada e ressaca moral.

Acordei cedo, o sol já atravessando a cortina fina do quarto. Luana ainda dormia do meu lado, virada pra mim, o lençol cobrindo só até a cintura.

Fiquei ali um tempo só olhando.

Linda, como sempre. Mas dava pra ver que o sono dela não era leve. Mexia-se demais, franzia a testa, suspirava como quem sonhava com coisa pesada.

Saí devagar pra não acordar e fui pra varanda.

O sítio tava em silêncio — só uns passarinhos e o barulho da água lá longe.

Pedro já tava acordado também, sentado perto da piscina com uma garrafa d’água na mão. Parecia meio abatido, cabeça baixa.

— Dormiu? — perguntei.

— Quase nada — ele respondeu.

— Melissa?

Ele deu um meio sorriso torto, mas não respondeu. Aquele silêncio respondeu por ele.

Luiza apareceu pouco depois, com o cabelo preso e aquele jeito tranquilo de sempre, oferecendo café.

Ela não fazia ideia do que tinha rolado.

Dei um gole e tentei disfarçar a tensão.

Aos poucos o resto do pessoal foi surgindo.

Melissa, com o mesmo sorriso debochado de sempre, de óculos escuros, como se a noite anterior tivesse sido apenas mais uma.

Clara, elegante, serena, com uma toalha enrolada no cabelo, segurando uma xícara de café e me cumprimentando com um “bom dia” que soou mais íntimo do que devia.

E o Maurício… o Maurício veio logo atrás. Calmo demais pro meu gosto.

Mas o que me chamou a atenção foi o olhar dele pra Luana quando ela saiu do quarto.

Rápido, mas suficiente. Um olhar de quem compartilha algo.

Luana também hesitou. Foi sutil — uma piscada, uma respiração presa — mas eu vi.

Ali, naquela troca de dois segundos, eu soube.

Não sabia o quê, nem até onde, mas alguma coisa tinha acontecido entre eles.

O café da manhã foi silencioso.

As crianças brincando, a Débora falando sobre imóveis, minha tia Lavínia rindo com a Clara, e cada casal ali carregando um segredo.

Pedro mal olhava pra Luiza.

Melissa fingia normalidade.

Luana evitava cruzar os olhos comigo.

Eu, por dentro, tava em um turbilhão.

O homem que quer acreditar, e o instinto que já sabe.

Quando o relógio bateu onze, começaram a arrumar as coisas pra ir embora.

Cada um no seu carro, despedidas cheias de sorrisos falsos e abraços longos demais.

Clara me abraçou e sussurrou:

— A gente ainda vai se ver, Jonas.

Eu só sorri, de canto, e respondi:

— O mundo é pequeno, Clara.

Luana me observava de longe.

E naquele olhar, os dois sabíamos — a viagem de volta pra casa ia ser longa.

*****

Sabe quando você sente que o ar dentro de casa tá diferente? Foi assim quando a gente chegou do sítio. O clima parecia pesado, um tipo de silêncio que não vem da paz, mas da confusão. Luana tava quieta demais, mexendo nas coisas como quem tenta fingir que tá tudo normal. E eu... tentava não olhar pra ela pra não explodir.

Mas não dava pra segurar por muito tempo.

Ela me olhou rápido, meio tensa, e soltou:

— Tá tudo bem, Jonas?

Dei uma risada seca.

— Tudo bem? Tá, né? Você que me diga.

Ela cruzou os braços, desviando o olhar.

— Não começa, por favor.

— Não começa o quê, Luana? — falei mais firme. — Eu vi o jeito que você tava lá no sítio.

Ela respirou fundo, a voz um pouco trêmula.

— E você acha que eu não percebi você e aquela tal de Clara? A mulher praticamente se jogou em cima de você e você ficou lá, todo bobão, sorrindo.

— Clara? — ri de leve, sem humor. — Engraçado... eu que devia estar com ciúmes aqui, mas parece que é você quem tá se mordendo.

— Não é ciúme — respondeu rápido, mas o tom entregava. — É só que… não gostei.

— Ah, não gostou? — me aproximei devagar. — Engraçado, porque eu também não gostei dos seus olhares para teu chefe.

Ela me encarou, o rosto corando, o olhar firme, mas nervoso.

— Jonas, por favor…

— “Por favor” nada, Luana. Eu tô cansado disso. Cansado de te ver se enrolar com esse emprego, com esse Maurício, com essa Melissa. E cada vez que a gente conversa, você promete que vai resolver, mas nunca muda nada.

Ela baixou o olhar, mexendo as mãos, como quem tenta encontrar uma resposta.

— Eu só quero terminar o mês, pra não sair de qualquer jeito.

Respirei fundo, já sem paciência.

— O mês, Luana? Você tá é enrolando. Eu te conheço. Isso é desculpa pra continuar no mesmo lugar, fingindo que tá tudo sob controle.

— Não é isso, Jonas! — disse mais alto. — Eu só tô tentando fazer as coisas do jeito certo.

— O jeito certo? — soltei, rindo de nervoso. — O jeito certo era você me respeitar e cortar esses joguinhos de uma vez. A gente sempre teve nossas aventuras, sim, mas foi entre nós. Sempre com limite, com acordo. Agora... você tá cruzando uma linha sozinha.

Ela ficou em silêncio, os olhos marejados. Eu podia ver que tava mexida, mas também sabia que ela entendia o que eu queria dizer.

— Jonas...

Olhei pra ela por um tempo, em silêncio. Não sabia mais se o que sentia era raiva, tristeza ou cansaço.

— Eu sei, Luana. E talvez seja por isso que eu preciso dar um tempo.

Ela ficou pálida.

— Como assim?

— Eu vou sair hoje. Passar uns dias fora. Preciso respirar, pensar. — Peguei a chave do carro, a carteira, e finalizei sem encarar muito: — Não dá mais pra fingir que tá tudo bem.

Ela tentou se aproximar, mas eu recuei um passo.

— Eu… eu prometo que na segunda-feira peço demissão. — disse rápido, quase como um pedido de socorro.

Dei um meio sorriso cansado e saí do apartamento sem olhar pra trás. O som da porta se fechando ecoou no corredor, e foi ali, no silêncio do elevador, que a ficha caiu. Eu amava aquela mulher. Mas às vezes, até o amor precisa de um tempo pra se recompor do que a paixão destrói.

A noite tava fria e o quarto do hotel parecia grande demais pra quem só queria se desligar de tudo. Larguei as chaves sobre o criado-mudo, sentei na beira da cama e fiquei ali por um tempo, olhando pro nada.

Abri uma cerveja do frigobar, dei um gole e fiquei encarando o reflexo da cidade pela janela. As luzes lá embaixo piscavam como se o mundo seguisse normalmente — e talvez seguisse mesmo. Só eu que tava travado no mesmo ponto.

Foi aí que o telefone vibrou.

Número desconhecido.

Atendi no automático.

— Alô?

Do outro lado, uma voz suave, quase brincalhona:

— Jonas? É a Clara.

Fiquei mudo por uns segundos. Aquela voz, inconfundível.

— Clara? — perguntei meio sem acreditar. — Como conseguiu meu número?

Ela riu baixinho.

— Digamos que eu sou boa em conseguir o que quero. Tá ocupado?

Dei um gole na cerveja, tentando disfarçar o impacto que a lembrança dela causava.

— Tô… num hotel, pra ser sincero. Precisei sair um pouco de casa.

— Eu imaginei. — A voz dela baixou um tom. — Luana ficou meio diferente depois da festa.

— É… — respirei fundo. — As coisas não tão boas.

— Posso te fazer companhia? — perguntou sem rodeios. — Nada demais, só conversar.

Fechei os olhos por um instante. A imagem dela molhada no riacho me voltou inteira na cabeça. A calcinha grudada na pele, o cabelo bagunçado, o jeito que ela me olhava enquanto descia pra me deixar louco…

Meu corpo reagiu antes do meu pensamento.

— Clara, não acho que seja uma boa ideia. — falei num tom mais baixo. — As coisas já estão confusas demais.

Ela deu uma risadinha curta, mas provocante.

— Eu não tô te chamando pra fazer nada errado, Jonas. Só… pra conversar. Ou será que sua consciência tá te lembrando do que quase aconteceu lá no sítio?

Engoli seco.

— Não foi nada.

— Não foi? — ela rebateu. — Engraçado, porque até agora eu lembro do gosto da água, do vento batendo… e de você tentando se segurar.

Fiquei em silêncio, o coração disparado.

Ela continuou, a voz cada vez mais macia, quente, envolvente.

— Relaxa. Eu não vou te complicar. Só queria saber se você tá bem.

— Tô… tentando ficar.

— Então faz assim. — disse ela. — Fica bem. E se precisar conversar, ou só desabafar… me liga. De verdade.

— Tá certo.

— Boa noite, Jonas. — a voz dela soou doce, mas com aquele toque de malícia que deixava qualquer um sem ar. — E… sonha comigo.

A ligação caiu, e eu fiquei ali, parado, olhando pro teto, tentando entender o que diabos tava acontecendo comigo.

Parte de mim queria ignorar. Outra parte... queria ligar de volta.

Mas o som da chuva batendo na janela me trouxe de volta pra realidade.

Deitei, ainda com o gosto amargo da cerveja e o peso do que deixei pra trás.

Fechei os olhos e só consegui pensar numa coisa:

algumas tentações chegam com tanta suavidade que a gente quase acredita que são inofensivas.

Acordei com o som do despertador do celular vibrando em cima do criado-mudo. Eram quase oito da manhã. A claridade entrava pelas frestas da cortina do hotel e eu ainda tava com a cabeça pesada da noite anterior.

Sabe quando o corpo tá descansado, mas a mente parece que correu uma maratona? Era isso.

O travesseiro ainda tinha o cheiro do shampoo do hotel misturado com o resto da cerveja da madrugada. Me espreguicei, olhei pro teto e deixei o pensamento vir: Será que a Luana realmente vai pedir demissão hoje?

Peguei o celular, meio sem vontade, e a primeira coisa que vi foi uma mensagem.

Era dela.

Clara.

> “Bom dia, Jonas 😏

Espero que tenha dormido bem.

Preciso te ver. Descobri uma coisa sobre a Luana e o Maurício, meu marido… algo que você provavelmente não vai gostar de saber.”

Fiquei parado, encarando a tela. O coração deu uma leve disparada, e não era só por ciúmes. Era o misto de raiva, curiosidade e aquele perigo que vem embutido quando uma mulher como Clara resolve se aproximar.

Respondi com os dedos ainda meio trêmulos:

> “Que tipo de coisa, Clara?”

Ela visualizou quase na hora, mas demorou a digitar. O tempo suficiente pra me deixar inquieto.

Minutos depois, chegou outra mensagem:

> “Prefiro te contar pessoalmente. Hoje à tarde, se puder. No café do shopping, às 16h. Vai por mim, é melhor ouvir isso cara a cara.”

Fiquei ali, olhando pra tela, sem saber se ela tava sendo sincera ou só jogando.

Mas uma coisa eu sabia: a curiosidade me pegou de jeito.

Levantei, fui pro banheiro, liguei o chuveiro e deixei a água cair sobre a cabeça.

A imagem dela — a mesma Clara molhada no riacho, rindo, se aproximando de mim — voltou com força.

Mas junto dela, veio também o rosto da Luana, cansada, confusa, dizendo que ia pedir demissão.

Será mesmo?

Sequei o cabelo, vesti uma camisa leve e sentei na beira da cama de novo, com o celular na mão.

Uma parte de mim dizia pra ignorar Clara, pra deixar isso quieto e resolver com Luana em casa.

Mas a outra… a outra queria entender o que ela sabia — e, no fundo, eu também queria vê-la de novo.

Peguei o celular e mandei:

> “Ok. Estarei lá.”

Ela respondeu com um emoji de sorriso e um coração.

Joguei o celular na cama, respirei fundo e deixei escapar um murmúrio:

— Que merda que eu tô me metendo…

Saí do hotel com a cabeça fervendo.

Entre o barulho dos carros e o vento frio batendo no rosto, só uma coisa ficou clara pra mim:

essa história ainda tava longe de acabar.

Cheguei no lugar que ela mandou — um bar discreto, luz baixa, gente conversando em voz baixa, aquele tipo de ambiente que parece feito pra segredos. Clara já tava lá, sentada num canto, copo na mão, olhar firme. Ela usava um vestido leve, simples, mas o jeito dela… prendia o olhar de qualquer um.

— Então, o que é que você descobriu? — perguntei, me sentando.

Ela respirou fundo antes de responder.

— Eu não tenho certeza de nada, Jonas. Mas depois da festa… o Maurício e eu tivemos uma briga feia. E no meio da confusão, ele deixou escapar umas coisas. Coisas que me fizeram entender que… pode ter rolado algo entre ele e a Luana.

Fiquei em silêncio. Não era como se eu já não tivesse imaginado. Mas ouvir aquilo de outra pessoa… doía diferente.

— Então é isso — falei. — Tava certo o tempo todo.

— Calma — ela respondeu, colocando a mão no meu braço. — Eu disse que pode ter rolado. Eu não vi, mas conheço ele. Conheço o jeito dele. E conheço o olhar da Luana naquele dia.

Respirei fundo, sentindo o sangue ferver.

— Pois é… acho que cheguei no meu limite, Clara. Vou me separar.

Ela me olhou com um misto de pena e raiva.

— Não. Não agora. Ele precisa sentir o gosto do próprio veneno. E ela também precisa entender o que provocou.

— Tá dizendo pra eu…?

— Pra gente dar o troco, Jonas — ela interrompeu, sem desviar o olhar. — Eu nunca traí o Maurício, mas acho que chegou a hora. Eu me cansei de ser a certinha enquanto ele faz o que quer.

Fiquei quieto. A proposta dela me acertou como um soco, mas não pela ousadia — e sim pela lógica.

Era como se tudo dentro de mim gritasse que era errado, mas uma parte mais sombria, ferida, queria dizer sim.

— E a Melissa nisso tudo? — perguntei, ainda tentando ganhar tempo.

Clara soltou um sorriso amargo.

— Ela sempre fez parte do jogo. Era “amiga” do casal, mas no fundo era só mais uma peça. Nós nós divertimos juntos com ela, como trisal… achando que evitaria traições. Me enganei.

Ela bebeu o último gole e se levantou.

— Eu cansei, Jonas. E pelo que eu tô vendo, você também.

E foi aí que tudo mudou.

Sem mais palavras, ela pegou minha mão e me puxou pra fora do bar.

A rua tava quase deserta, vento frio batendo no rosto, e o silêncio só deixava mais alto o som das nossas decisões.

Entramos no carro dela.

O caminho foi mudo, só o barulho da chuva no vidro e nossos pensamentos se atropelando.

Quando parei pra perceber onde estávamos, o letreiro vermelho de um motel brilhava à frente, refletindo no painel do carro.

Ela olhou pra mim, com aquele olhar firme — o mesmo que me desafiou desde o primeiro minuto.

— A gente não vai mudar o passado, Jonas. Mas pode escolher o que fazer com o presente.

Eu encostei a cabeça no banco, respirei fundo e respondi:

— Então vamos deixar o destino cuidar do resto.

O carro entrou no portão.

E ali, entre o som da chuva e o peso das nossas escolhas, eu sabia que a noite não seria só sobre vingança.

Seria sobre tudo o que ficou preso entre o orgulho, o desejo e o que restou de nós dois.

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Comentários

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Esse Jonas fica jugando a Luana, mas ele não tem nada de inocente, poderia curtir a vida de casal liberal de boa, mas fica com frescura, quer fazer as escapadas e cobrar fidelidade. Tomara que Luana encontre um parceiro ideal para um casal liberal feliz, sem frescura.

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Eu acho esse conto bem sem sal desde o começo.

Os dois se comportam como adolescentes, a impressão que dá é que não se amam, apenas estão juntos. No máximo eles tem um relacionamento tóxico.

Essa coisa de um trair e o outro dar o troco já encheu o saco, vai ficar nisso até quando ?

Luana- só pisa na bola, é fraca de cabeça e de espírito, trata o Jonas parecendo que é um ficante sem importância. Até agora não entendi o pq ela quer se manter com ele ? O que ela ganha nesse relacionamento ? O principal que é a cumplicidade é a confiança nenhum deles tem. É algo totalmente vazio, cheio de joguinhos, sem profundidade alguma. A coisa já melou tanto que não é possível se quer de sentir nada com o compartemento da Luana e a descobertas do Jonas. O conto tá ficando totalmente morno.

Se eles terminarem agora, não vai fazer diferença alguma.

E olha que eu até gosto da Luana, mas ela está em um relacionamento sem sentido. Sei lá,ela precisa provar se ama o Jonas e o quanto ama ele.

Jonas- outro que já deu pro saco, o cara não deve gostar dele mesmo, devido a tanta coisa que atura. Na boa, pela descrição dele tá óbvio que ele consegue companheira melhor e opção não falta. Aliás, o que falta no Jonas é firmeza, as vezes é por ser muito mole que as coisas acabam sempre com traições.

O fato dele pedir um tempo e sair foi louvável, mas a conversa que teve com a Luana foi uma bela de uma porcaria, a impressão é que ele já nem gosta mais dela. Em um relacionamento com um certo tempo já não cabe mais diálogos com indiretas, ele tem que dizer de forma direta o que sente, o que pensa e o que quer. Passou da hora.

O fato dele sair com a Clara agora também não faz sentido nenhum, o chifre trocado entre o casal já perdeu o efeito, virou rotina e não resulta em nada. Vai ser mais um baque para Clara e o Maurício do que para Luana.

O correto aí era o Jonas dispensar a Clara, buscar a verdade com a Luana e por fim no relacionamento.

Fazer sexo com a Clara e ficar de joguinhos com a Luana vai ser mais do mesmo.

Tá na hora do Jonas ter mais firmeza, dispensa essa Clara e cobra a Luana, Jonas precisa ser mais direto e decidido. Me os que isso custe o relacionamento. E Luana precisa provar se ama mesmo o Jonas e o quanto ama ele.

Fora que vai ter perdão depois dessa transação com o chefe ?

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Para mulher virar a cabeça e se tornar uma Vagabunda bem puta, fogosa uma fudedeira!

MÀ Rainha Maria Padilha (Pomba Gira); Ao SÃO Cipriano; MÀ Maria Mulambo (Pomba Gira);

Ao Exu Duas Facas Musifim; Ao Exu Caveira; MÀ Arrepiada (Pomba Gira); MÀ Cigana Iris(em nome de todo povo cigano); MÀ Pomba Gira da Calunga (cemitério); MÀ Pomba Gira das Almas; MÀ IemanjÁ¡; MÀ Rosa Caveira(Pomba Gira); Ao Exu Marabó; MÀS DAS Almas. Bençãos e Salve 13

A Irmandade Secreta do Sexo eBook Kindle

Entidades invocadas, quero que (Adriana-m) nesse momento pense em TRANSAR.

Querendo a todo custo TRANSAR, ficar COM OUTROS homens. Que sua boca sinta muita vontade de beijar e que sua mente só tenha DESEJOS DE SEXO! só tenha pensamentos, em SEXO, sinta tesão por OUTROS homens, QUE(nome da esposa completo) TRANSE AINDA hoje e declare seu DESEJO POR OUTROS homens e me diga que quer me fazer de SEU CORNO, PARA resto de sua vida. Que eu seja seu amor eterno. Que (nome da esposa completo) procure SEMPRE amantes com pênis Grosso e grande.

Que hoje e sempre, (nome da esposa completo) venha me lembrar que serei seu eterno corno e me pessa para nunca deixá¡-la. Que (nome da esposa completo) se declare para mim COMO UMA PUTA, VADIA E VAGABUNA DO JEITO QUE ELA SEMPRE DESEJOU. Que todas as Entidades Invocadas

possam visitar ( nome da esposa completo ) agora, soprando no ouvido dela UM DESEJO SEXUAL INCONTROLAVEL, fazendo brotar nela agora muito TESÃO e façam com que (nome da esposa completo) sinta uma VONTADE LOUCA DE TRANSAR. Que (nome da esposa completo) sinta MUITO TESÃO ainda hoje, AGORA. Que (nome da esposa completo) sinta um TESÃO absurdo E VONTADE DE

INCONTROLÁVEL DE TRANSAR e muito DESEJO. Que (nome da esposa completo) a cada hora e até ao anoitecer venha desejar OUTROS HOMENS para transar com ela . Que todos os dias ELA coma, durma, e enquanto SE DIVIRTA, procure POR SEXO. Que passe todos os dias a desejar OUTROS homens que transem com ela. Que o primeiro nome a soar da boca dela sejam das minhas 13 entidades invocadas e amadas, em quem confio e creio totalmente, Peço que TRANSFORMEM (nome da esposa completo ) EM UMA PUTA. Injetem coragem vontade desejo de sexos nas veias dela, que ela me confirme que serei SEU CORNO, o mais rápido possível, que ela se excite com a situação de ter muitos amantes e queira virar PUTA com urgência e transar com diversos homens . Divulgarei esta oração, e publicarei 7

vezes, em 7 sete dias seguidos, e vossos nomes serão também divulgados, e terão sempre minha gratidão, respeito e devoção, eu suplico me deem um sinal, agora. Que Assim seja, assim será, assim já¡ é.

Minhas Amadas 13 Entidades invocadas, tenho muito temor, amor, carinho, devoção e respeito por cada uma de vocês, me atendam vos suplico!! Sei que dominam tudo e a todos transformando qualquer pessoa em PUTA, VAGABUNDA, INFIÉL, FOGOSA e FUDEDEIRA!! Que assim seja, assim será, assim já é, pelo poder das 13 Amadas Entidades invocadas, está selado, está consumado, éstá selado, está consumado, está selado, está consumado.

Laroyê, Exu! Exu é Mojubá! Exu! A Vós, Meus respeitos

Orixá Exú e também entidades Pombagiras e Exús. Ogum yê! Ogunhê!3

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Espero que não se separe… Jonas já traiu Luana com Marize. Aí não tem inocentes. Ele quer tanto quanto Luana trair. Por isso está no motel. Luana errou, mas ele tb e gosta tanto da putaria quanto ela. Já pegou luiza quando ela foi a padaria com Pedro sem Luana saber.

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Kasdo, temos q concordar com o Velhaco a Luana cede muito fácil, se tem q aceitar isso, como o Velhaco disse o Luana qualquer um é sedutor.

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Se vc realmente acompanha a saga, sabe q em todas as vezes q o Jonas traiu a Luana,.foi depois dele descobrir q ela o traiu, inclusive quando ele foi atrás da Marize, Jonas está tão cansado das merdas q a Luana faz q lá atrás ele já quis se separar dela, só não o fez porque Luana disse q mudaria, mas ela continua fazendo merda e continua não dando a mínima pra opinião do marido, tanto q ele pediu pra Luana não se envolver com o Maurício, mas ao invés disso o q ela fez?, deu pro cara na primeira oportunidade q estavam sozinhos, isso é atitude de uma mulher de respeito (independente de ser liberal ou não), traição é traição

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Com q moral e dignidade Jonas vai pedir a separação a Luana?, o cara está na porta de um motel com a esposa do patrão da Luana, se ele realmente entrar e comer a mulher do patrão , perdera totalmente a razão, pois se igualar a Luana, serão dois traíras, dois mau caráter, como dizem, dois errados não fazem um certo, ao menos dessa vez, Jonas deveria pedir a separação primeiro e depois sim pegar com gosto a esposa do Talarico q se acha o comedor, ao menos Jonas deveria se salvar dessa merda toda, afinal Luana já não tem mais salvação, e uma piranha mau caráter e egoísta, não dá mínima pro q o Jonas sente, não merece estar ao lado dele, quem sabe separa do Jonas ela não arruma um trouxa q gosta e quer estar casado com uma piranha, ou quem sabe ela se assuma de vez como uma puta

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Cabeça quente não pensa muito, Jonas não vai esperar separar pra pegar a mulher do Maurício. E se tem razão o cara se acha demais e vai ter q engolir essa e a Luana como vc diz não tem salvação, não consegue se segurar.

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Maurício se acha o bam...bam....bam....,.mas não acho uma boa o Jonas negar a mulher do cara agora, Maurício tem sim q sentir a cabeça pesada, mas o Jonas deveria ou se separar da Luana primeiro, ou ao menos dizer a ela q sabe q ela o traiu com o patrão e q vai pegar a mulher do patrão também, quanto a Luana, essa sem sombra de dúvidas é um caso perdido, a mulher abre as pernas pra qualquer, todo mundo pra ela é sedutor, é galanteador, a mulher não tem a menor capacidade de colocar seu marido, seu casamento como prioridade, deixa se envolver pro qualquer um muito fácil, basta meia dúzia de palavras e mostrar a rola q ela já cai de joelhos mamando, mulher q a promiscuidade e o mau carátismo já dominou

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