A conversa se estendeu como café requentado que, mesmo amargo, a gente insiste em beber. Falamos, rimos nervosamente, voltamos ao assunto, demos voltas… e de alguma forma, quando percebi, o céu do lado de fora já estava tingido de laranja, depois roxo, depois azul-escuro. A cozinha, antes iluminada pela luz dourada da tarde, agora dependia das lâmpadas frias, que deixavam tudo com um ar de confissão noturna — como se o mundo lá fora estivesse distante e só existíssemos nós duas e o segredo entre nós.
Márcia finalmente olhou o relógio e fez uma careta.
— Merda… já tá tarde. Eu preciso ir antes que a Marcela comece a me mandar mensagem histérica.
Ela se levantou, ajeitando a bolsa no ombro, como quem sai de uma conversa leve, não de um terremoto íntimo. Acompanhei até a porta, mais por reflexo do que por educação — ainda atordoada com tudo que havia confessado.
Ela já estava com a mão na maçaneta quando soltou, em tom quase brincalhão, mas com aquele brilho malicioso nos olhos:
— Depois você me conta os detalhes, hein.
Franzi a testa.
— Que detalhes?
Ela deu aquele sorrisinho torto de quem já está se divertindo com a própria provocação.
— Todos.
— Todos… o quê? — perguntei, desconfiada.
— Quero saber se é tão grande quanto parece.
Meu corpo travou por um segundo.
— O quê?
Ela riu, jogando o cabelo pro lado, como se fosse óbvio:
— Ah, não se faça de desentendida, Marta. Vai me dizer que nunca reparou?
Senti o sangue subir ao rosto instantaneamente.
— Eu não! Sou a mãe dele.
— Pois eu reparei — disse ela, sem um pingo de vergonha, cruzando os braços. — Na casa da mãe, aquele dia, na piscina.
Tentei lembrar… e imediatamente a imagem surgiu, vívida: Miguel deitado de costas no sol, sunga colada ao corpo, água escorrendo pela pele. E sim — havia algo ali que chamava atenção mesmo sem querer. Eu desviei o olhar na época, fingindo não ver. Mas vi.
Márcia continuou, divertida, vendo minha reação silenciosa entregar mais do que eu queria:
— O negócio parecia querer saltar da sunga. Eu quase cuspi o refrigerante.
— Márcia! — protestei, mais por reflexo do que por moral real.
— Ah, para, Marta… — ela disse, rindo — você acha que eu sou cega? E outra, se eu reparei de longe, imagina você convivendo com ele todo dia.
Revirei os olhos, tentando manter a pose de irmã mais velha sensata.
— Você é impossível.
— E você é péssima atriz — devolveu ela, já abrindo a porta. — Eu sei ler sua cara, tá?
— Vai embora, vai — falei, empurrando de leve a porta, mas sorrindo de canto.
— Eu vou… mas quero atualização depois. Completa. Caprichada.
— Márcia! — reclamei, mas ela já estava descendo os degraus, rindo, satisfeita com o efeito que tinha causado.
Fiquei parada na soleira, observando-a afastar-se pela calçada, com aquele andar leve de quem nunca carrega culpa. Fechei a porta lentamente, sentindo o silêncio da casa se instalar de novo, denso, íntimo. Era como se as paredes guardassem o eco de tudo que fora dito.
Encostei as costas na madeira da porta e respirei fundo. As palavras dela ainda martelavam na minha cabeça — “tão grande quanto parece”. A imagem da piscina surgiu outra vez, mais nítida, mais lenta. Meu corpo respondeu antes da minha mente ordenar que parasse.
Engoli em seco.
As palavras da minha irmã giravam na minha cabeça como uma ventania descontrolada: “Você precisa ajudar ele… guiando.” “Ninguém precisa saber.” “Quero os detalhes.”
Meu corpo estava em alerta, como se cada célula tivesse despertado ao mesmo tempo. Senti o peso do próprio coração batendo contra as costelas. Era culpa, claro que era — mas misturada a algo que eu não queria nomear. Algo quente, pulsante, que subia feito maré.
Fechei os olhos. A cena dela, rindo com malícia e me cutucando sobre “o tamanho” de Miguel, reapareceu com nitidez desconfortável. Eu deveria ter cortado a conversa. Deveria. Em vez disso, fiquei calada, sentindo um calor estranho se espalhar pelo abdômen, descendo, acendendo um lugar que eu fingia não ter notado até então.
Abri a torneira sem pensar, deixando a água correr só para ter um som de fundo que me ancorasse. Passei a mão molhada na nuca, tentando esfriar a pele quente. A casa já estava mergulhada no silêncio do fim de tarde, aquela luz alaranjada entrando pelas janelas e transformando tudo em um palco de sombras longas e suaves.
Foi nesse estado — meio ausente, meio alerta — que ouvi passos atrás de mim. Antes que pudesse me virar, senti a presença dele.
— Mãe… — a voz de Miguel veio baixa, próxima demais.
Ele parou tão perto que o calor do corpo dele atravessou o tecido da minha roupa como uma onda sutil e opressora. Por um instante, meu instinto foi me afastar, mas fiquei paralisada, minhas pernas pareciam ter raízes. Meu corpo inteiro percebeu a aproximação antes da minha mente: o ar mudou, minha respiração encurtou, os pelos dos braços se arrepiaram.
Então, veio o primeiro contato. Senti quando ele se pressionou contra mim — uma imposição íntima e inegável. O membro rígido, inconfundível, encaixou-se na curva das minhas costas. Através do tecido fino da minha roupa, a dureza dele era um fato absoluto, uma pressão insistente que moldava-se contra mim. Um movimento deliberado disfarçado de acaso, um roçar de pélvis que era forte o bastante para eu perceber a intenção, mas leve o suficiente para que ele pudesse fingir inocência.
Ele começou a se mover, um vai e vem quase imperceptível, e meu corpo reagiu com uma traição visceral. Meu Deus, ele é grande... O pensamento invadiu minha mente como um intruso, trazendo consigo o comentário casual da minha irmã: “tão grande quanto parece”. Agora, eu não precisava imaginar. Eu sentia — o comprimento, a espessura — cada centímetro rígido esfregando-se no meu cóccix, uma promessa obscena que me fez umedecer contra a minha vontade. Um calor úmido e vergonhoso brotou entre minhas pernas, uma resposta automática e humilhante que nada tinha a ver com a minha mente.
O cheiro limpo dele, misturado com o suor leve do fim do dia, invadiu meu nariz, tornando-se o aroma do meu próprio conflito. Meus quadris, traidores, arquearam-se ligeiramente, buscando uma pressão mais profunda. Foi um micro movimento, involuntário, mas ele percebeu. Sua respiração, quente perto do meu pescoço, tornou-se mais ofegante. Ele sabia. Sabia que meu corpo o traía, que aquela dureza que ele esfregava em mim encontrava um eco molhado e quente em meu centro. A vergonha e o desejo se fundiram em um nó de fogo na minha barriga.
Meu impulso racional era empurrá-lo, impor distância, restabelecer a linha invisível que vinha se desfazendo desde aquela manhã. Gritar que eu não era esse tipo de mulher, que isso era um erro, um perigo. Mas a verdade, nua e crua, é que por um instante, eu simplesmente… não consegui. Meu corpo congelou no espaço entre o “deveria” e o “queria não sentir”. Ele se derreteu no espaço proibido entre o “não devo” e o “meu Deus, como é gostoso”. E aquele silêncio meu, pesado e cúmplice, era a confissão mais barulhenta de todas.
E num turbilhão de calor e confusão, a pergunta ecoou na minha mente: Por que agora? Por que tão explícito?
O que eu teria feito para dar a ele um sinal verde tão claro? Meu comportamento naquela manhã … teria sido um olhar mantido por um segundo a mais? Teria minha postura, relaxada no sofá, sido interpretada como um convite? Revirei cada gesto, cada palavra, tentando encontrar o momento em que a linha foi cruzada na cabeça dele, onde a cortesia virou convite para essa invasão íntima.
Até que um calafrio percorreu minha espinha, não de prazer, mas de puro pânico.
Minha irmã.
A conversa. A conversa na cozinha, minutos antes. As portas estavam entreabertas. Meu sangue pareceu congelar nas veias. Ele podia ter ouvido. Deve ter ouvido. Aquele elogio involuntário, aquela curiosidade flagrante na minha voz. Para um homem como ele, aquilo não foi uma simples fofoca entre irmãs. Foi um convite. Foi o sinal de que eu estava ciente, avaliando… e interessada.
A percepção foi como um balde de água gelada. O desejo que momentos antes aquecia meu centro deu lugar a um frio repentino. Este não era um jogo de sedução mútua. Era uma armadilha que eu, sem saber, havia ajudado a armar. Eu não estava pronta. Não para isso, não assim, não daquele jeito.
A paralisia se quebrou. A lucidez voltou como um socorro.
“Preciso… preciso de um copo d’água”, ouvi minha própria voz sair estridente, quebrada, enquanto me virava de repente, forçando um espaço entre nossos corpos.
Meu movimento foi brusco, desengonçado, mas eficaz. A magia pesada e opressiva do momento se desfez. Foi só então, com a distância de alguns centímetros, que eu pude vê-lo por completo.
Ele estava apenas de cueca.
A pele morena levemente úmida, o cabelo desgrenhado como se tivesse acabado de sair do banho. O olhar — meio envergonhado, meio provocador — me acertou como um soco no estômago.
Fiquei em silêncio. Era o único jeito de não tropeçar nas palavras. O silêncio esticou, denso, cortável.
Me dei conta de que estava ofegante. Não de susto.
Dei um passo para o lado, abrindo espaço para ele passar, mas sem olhar para trás. A sensação da aproximação ainda latejava na minha pele, como uma marca invisível.
Fiquei parada ali na cozinha, encostada na pia, sem conseguir me mexer por alguns minutos. O silêncio da casa parecia mais denso do que o normal, como se até os azulejos estivessem escutando meus pensamentos.
Eu tentava racionalizar, colocar cada coisa no seu lugar, mas era inútil. Culpa, vergonha, curiosidade e um calor incômodo se misturavam dentro de mim de um jeito que eu não sabia como decifrar. Meus dedos tamborilavam na pia, nervosos.
— Mãe? — a voz dele cortou o ar, casual, como se nada estivesse acontecendo.
Gelei por dentro. Tentei parecer natural, mas minha mão apertava a borda da pia com força desnecessária.
— Que foi, Miguel? — perguntei, forçando uma leveza que não sentia.
Fiz força para manter os olhos cravados na parede à frente, numa tentativa desesperada de me ancorar ali. Era um exercício de força bruta contra um impulso mais forte que a razão. Mas quando ele passou rente a mim para abrir o armário, foi como se um fio invisível puxasse meu queixo. O olhar escorregou para baixo, traiçoeiro, antes que meu cérebro conseguisse dar a ordem de "não olhe!".
Não foi um acidente. Foi uma capitulação.
Por uma fração de segundo, meus olhos buscaram conscientemente o volume sob o tecido fino da cueca, aquele formato que havia sido tão vividamente desenhado nas minhas costas. A curiosidade proibida — aquela que a minha irmã plantou e que o corpo dele regou — venceu a vigilância. A visão foi rápida, mas suficiente para confirmar o que meu tato já sabia: ele era, de fato, impressionante.
Voltei os olhos para a parede rápido demais, com uma vergonha que queimava meus ouvidos. "Pare com isso, Marta", sussurrei internamente, enojada da minha própria falta de controle. Mas o estrago estava feito. A imagem já estava queimada na minha retina, e o coração acelerado batia não só de culpa, mas do ímpio desejo de olhar de novo.
— O que vai ter de comida? — ele perguntou, abrindo a geladeira.
Foi nesse momento que percebi: eu tinha esquecido completamente de tirar qualquer coisa do congelador. A bandeja de carne ainda estava lá, dura como pedra.
— Ah… — tentei disfarçar, — esqueci de descongelar a mistura.
Ele deu de ombros, tranquilo, como se não fosse grande coisa.
— A gente pode fazer pipoca mesmo… — sugeriu. — Ver um filme na sala.
A proposta foi tão banal quanto perigosa. Uma parte de mim queria dizer “não” na hora, fugir da convivência, me esconder no quarto e tentar colocar a cabeça no lugar. Outra parte, mais silenciosa e confusa, hesitou.
— Pode ser… — respondi, sem muita convicção.
— Então beleza — disse ele, animado.
Ficou mais alguns segundos na cozinha, pegando refrigerante e mexendo nos armários. Eu, imóvel, observava de canto de olho e odiava cada instante da minha própria fraqueza. Não era só a presença dele, era o que Márcia tinha acendido em mim: um olhar diferente, enviesado, que eu não reconhecia e que, no fundo, me apavorava.
— Eu só vou tomar um banho antes — falei, tentando recuperar alguma autoridade no tom de voz.
— Tá bom — respondeu, já saindo da cozinha com passos leves.
Assim que ele desapareceu pelo corredor, soltei o ar que estava prendendo. Minhas mãos estavam frias, apesar do calor no peito. Apoiei-me de novo na pia, tentando me recompor.
Eu precisava daquele banho — mais do que por higiene, por sobrevivência mental.
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