Eu não sei o que passou pela minha cabeça por eu não ter pensado na possibilidade de engravidar, já que tinha refletido tanto sobre o assunto. Quando Sabrina mencionou isso, fiquei envergonhada por não ter considerado a ideia antes. Quando fui pensar, não sabia exatamente o que fazer. Não havia desculpas que pudesse usar para não seguir em frente, e o meu problema, na verdade, era o medo. No entanto, conforme fui me acostumando com a ideia, esse medo diminuiu. Mesmo assim, ainda não tinha certeza se deveria fazer aquilo. Decidi pensar mais um dia.
Trabalhei normalmente e não tive tempo de refletir muito sobre o assunto, mas conversei com as meninas durante o almoço, e as duas me incentivaram a topar. Já imaginava que todas fariam isso, mas mesmo assim pedi a opinião de Marina e Ingrid. Uma era pediatra e a outra, mãe de dois filhos. Liguei para elas depois do trabalho, do estacionamento da empresa. Conversei uma meia hora com cada uma, e ambas me deram bons conselhos e, assim como Talita e Camila, apoiaram minha decisão de ser mãe. Quando saí para ir para casa, já estava praticamente decidida a aceitar.
Assim que cheguei, Sabrina não estava, pois tinha ido para a boate. Então, fui ver minha mãe e conversar um pouco com Cláudia, que era quase da família. Resolvi falar com ela sobre o assunto, e ela também me disse que eu deveria topar. Não disse nada muito diferente do que as outras, e como as outras, se ofereceu para me ajudar no que eu precisasse.
Tomei meu banho e, durante o banho, decidi que iria sim tentar ser mãe. Eu ainda sentia um pouco de medo, mas acho que toda mulher que decide ser mãe sente isso; porém, não era um medo que me impediria de tentar. Logo, mandei uma mensagem para Sabrina, informando que eu iria tentar engravidar do nosso segundo filho. Ela me ligou em menos de um minuto, estava muito feliz e disse que em meia hora estaria em casa para conversarmos. Desliguei e fiquei esperando a chegada dela. Cláudia apareceu com Sophia e disse que estava indo para casa. Ela me entregou minha filha nos braços, se despediu e se foi. Eu fiquei ali olhando para minha princesa, e isso só me deu mais certeza de que tinha tomado a decisão certa.
Sabrina não demorou a chegar, e conversamos bastante sobre o assunto. Ela parecia estar bem mais entusiasmada do que eu, mas confesso que eu já estava bem animada com minha decisão também. Sabrina prometeu várias vezes que cuidaria de mim, e eu achava muito fofa a preocupação dela.
No dia seguinte, liguei para a clínica de manhã e marquei um horário. Como já sabia de todos os procedimentos, foi apenas para agendar os exames. A partir dali, comecei a viver tudo o que Sabrina tinha vivido durante seu tratamento. Fiz todos os exames e, graças a Deus, tudo deu certo; eu poderia começar o tratamento. O tempo foi passando, e segui rigorosamente cada detalhe que o especialista me passou. Sempre fui muito cuidadosa com as coisas e fiz tudo certinho, sem deixar nada passar.
Porém, geralmente, quando temos pressa para que algo aconteça, as coisas tendem a demorar mais, e foi isso que ocorreu. Na minha primeira tentativa de engravidar, não deu certo. Não vou negar que fiquei triste e decepcionada, mas não desisti. Esperei o tempo necessário e comecei tudo de novo. Sabrina me acompanhou a cada momento e disse que agora entendia melhor por que fiquei tão chateada quando ela fez os exames sem esperar que eu chegasse para acompanhá-la. A coitada ficou se desculpando durante um bom tempo, mesmo eu dizendo que não precisava, que já a havia perdoado há muito tempo.
Graças a Deus, na segunda tentativa, deu tudo certo. Eu estava grávida e extremamente feliz por ter dado certo. Sabrina era só alegria e fez questão de me levar à clínica no mesmo dia para confirmar o resultado. Depois de confirmar, voltamos para casa com um sorriso no rosto de cada uma. Os dias seguintes foram normais para mim, exceto pelos enjoos, que se tornaram mais constantes. Tomei alguns remédios para ajudar e consegui manter minha rotina normalmente. No início do quarto mês, os enjoos passaram, e agradeci a Deus. Afinal, no final do mês, era o casamento da Ingrid, e eu não queria passar mal na cerimônia da minha amiga.
O casamento foi lindo, elas estavam deslumbrantes, e eu chorei como uma criança ao lado delas durante os votos e a troca de alianças. Ingrid já é uma mulher muito bonita, mas naquele dia parecia uma princesa dos contos de fadas. Joyce também estava muito bonita, mas Ingrid foi, sem dúvida, a noiva mais linda que já vi, tirando a minha esposa, claro. Elas optaram por um casamento bem reservado; ao contrário de Sabrina, não quiseram um mega evento. Apenas convidaram as pessoas mais próximas. Não houve uma grande festa, mas a festa simples que fizeram, foi muito divertida, e eu pude ver a mãe da Ingrid novamente. Não me lembrava da última vez que a havia visto. Trocamos um abraço e conversamos durante um bom tempo.
Dois meses depois, foi o aniversário de 2 anos da Sophia. Dessa vez, Sabrina não quis fazer uma festa enorme; ela disse que era melhor fazer uma festa mais íntima para que eu pudesse aproveitar mais. Eu disse a ela que não era problema; embora estivesse no sexto mês de gravidez, me sentia bem, e todos os exames indicavam que tanto eu quanto a criança estávamos bem. Mesmo assim, ela achou melhor não arriscar. Então, fizemos uma festa pequena, mas, na verdade, foi muito boa; gostei mais do que da festa de um ano. Mesmo com a barriga grande, aproveitei mais do que na festa anterior. Acho que não só eu, mas todos os presentes, que eram as pessoas que realmente importavam, se divertiram mais.
Mas não foi a última festa que fui. Um mês depois, algo que eu realmente não esperava aconteceu: Diego e Camila se casaram. Eu e Sabrina éramos madrinhas e, mesmo com minha barriga, fui e me senti totalmente bem, embora Sabrina quisesse colocar uma cadeira no altar da igreja para eu sentar. Foi complicado convencê-la de que não precisava; quase tivemos uma briga, mas, no final, ela desistiu. Acho que percebeu que eu já estava me estressando com a ideia ridícula dela.
A festa foi na boate e havia bastante gente; tanto Diego quanto Camila tinham muitos amigos, ela por ser popular e ele por ser o barman da melhor boate da cidade. Eu fiquei o tempo todo sentada, vendo o pessoal dançar, com Sabrina me vigiando como se fosse a guarda da rainha. Acho que ela estava com medo de sair de perto e alguma doida me arrastar para a pista; a doida, no caso, era a própria noiva, que já tinha tentado fazer isso algumas vezes.
Continuei trabalhando até o início do oitavo mês de gravidez, mesmo contrariando Sabrina; não deixei de ir ao trabalho quase todos os dias. Evitava reuniões estressantes e basicamente só ficava em minha sala, mas continuei cumprindo minhas principais obrigações na empresa. Sinceramente, só parei porque Henrique praticamente me proibiu de ir ao trabalho; ele disse que já tinha sido ameaçado pela irmã, então era melhor atender ao pedido dela. Não fiquei feliz, mas também não briguei com nenhum dos dois, pois sabia que era apenas cuidado e preocupação, e não iria brigar por isso.
Não fiz acompanhamento psicológico específico durante a gravidez; fui todo mês à minha psicóloga, desde a primeira vez que fui, nunca deixei de ir às minhas sessões mensais. Foi minha própria psicóloga que disse que não era necessário, já que eu não apresentava nenhum tipo de problema. Assim como Sabrina, procurei a mesma obstetra que cuidou dela para cuidar de mim. Eu gostei muito dela durante a gravidez da Sabrina e achei melhor que ela fosse a responsável pela minha também.
Passei meus dois últimos mêses de gravidez em casa, sendo tratada como uma rainha, às vezes como um bebê também. Sabrina era tão cuidadosa comigo que, às vezes, até exagerava, mas como excesso de cuidado nunca é demais, eu não reclamava; apenas achava engraçado. Porém, às vezes, sentia pena dela. Cláudia estava dormindo todos os dias em nossa casa; ela praticamente morava conosco. Cláudia se deitava mais cedo porque acordava muito cedo, mas nós não, a gente dormia mais tarde, e nessas horas Sabrina não sabia se corria atrás de Sophia pela casa ou se cuidava de mim. Era muito divertido, e o pior é que parecia que Sophia fazia isso de propósito; assim que Cláudia ia dormir, ela começava a aprontar.
Quando completaram nove meses e onze dias, fui levada para o hospital. A previsão era que eu desse à luz nos próximos dois dias, mas não demorou tanto, pois na noite do primeiro dia minha bolsa estourou. Sabrina ficou desesperada, ligando para a obstetra para ela vir ao hospital. No final, deu tudo certo; ela chegou a tempo, fez meu parto e, como pedi, entregou nossa pequena Ana Júlia nos braços de Sabrina primeiro, só depois a entregou para mim. Eu não sabia quem chorava mais naquele momento: as duas mães ou a filha que acabara de vir ao mundo.
Fiquei no hospital por dois dias e, depois, fui para casa com minha filha nos braços, radiante de tanta felicidade. Sabrina e Cláudia cuidaram muito bem de mim, e claro, minha mãe também ajudou bastante. Ela já estava aposentada e ficou durante um bom tempo na minha casa. As visitas não paravam de chegar, mas uma foi especial para mim. Foi uma visita e uma despedida de uma das pessoas que mais me ajudou. Talita estava de mudança para o interior de Minas; ela e o marido decidiram morar em um lugar mais tranquilo. Um dos filhos iria com eles, o outro já era casado e ficaria na cidade. Foi um momento emocionante para mim, já que Talita foi quem mais me ajudou na empresa. Quando cheguei lá, Camila ainda era novata, e Talita foi quem me ensinou tudo. Sentirei muita falta da minha amiga.
Com o passar do tempo, as visitas diminuíram a frequência, mas não deixaram de vir. No primeiro dia em que consegui tomar um banho sozinha, olhei para a pequena cicatriz que eu tinha da facada que o Hugo me deu. Fiquei passando o dedo sobre ela e pensando que tudo poderia ter acabado naquele dia. Toda a felicidade que eu estava vivendo naquele momento poderia não ter acontecido. Deus decidiu me dar uma chance e colocou as duas garotas ali para me salvar. Fiquei pensando sobre isso por um bom tempo e acabei me distraindo. Quando olhei, Sabrina estava escorada na porta do box me observando com aquele olhar que eu amo.
Dei meu melhor sorriso para ela, e ela retribuiu com o mais lindo ainda. Disse a ela que já estava terminando, e ela respondeu que tudo bem, mas que iria me esperar. Terminei meu banho e ela veio com a toalha para me ajudar a secar. Saímos do banheiro e, quando voltei a deitar na cama, peguei o celular e mandei uma mensagem para Laís, pedindo para ela e Mickaela virem à minha casa assim que pudessem, pois queria vê-las. Laís demorou a responder, provavelmente estava ocupada, mas disse que falaria com Mickaela e que elas viriam o mais rápido possível. Agradeci e guardei meu celular. Logo, Sabrina chegou com Ana Júlia nos braços e me entregou. Sophia veio logo atrás e, com a ajuda da mãe, subiu na cama e se sentou ao meu lado, enquanto eu dava mama para sua irmã. Olhei para Sabrina, e ela soltou um "eu te amo" que só eu ouvi. Aquele momento era um daqueles que eu queria poder pintar em um quadro e guardar para a vida toda.
Laís apareceu um pouco antes do almoço no dia seguinte; ela estava vindo da universidade e pediu para Mickaela levá-la direto para minha casa, em vez de ir para o apartamento dela. Levantei assim que as vi entrar no quarto, abri os braços e pedi um abraço delas. As duas vieram meio que sem entender o que estava acontecendo. Agradeci às duas mais uma vez por terem salvado minha vida e disse que tudo o que estava vivendo era graças a elas. Que eu jamais esqueceria o que fizeram por mim e que seria grata a elas eternamente.
Quando terminei de falar, já sentia as lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Laís foi a primeira a falar e disse que eu não devia nada a elas, que eu já tinha feito muito por elas também. Que eu era como se fosse uma irmã mais velha e que me amava muito. Mickaela, que sempre foi de falar muito, ficou em silêncio, e só ouvi seu choro baixinho. Ficamos ali abraçadas por um tempo. Depois, chamei-as para sentar e me contar tudo o que estava acontecendo na vida delas. Ficamos conversando, e logo Sabrina apareceu. Quando ela me olhou, percebeu na hora que eu tinha chorado e, antes dela se preocupar, expliquei o motivo. Ela disse que eu tinha toda razão e que devíamos muito às meninas. Elas foram as responsáveis por nós duas termos a chance de ser felizes, construir uma família e ter a vida que tínhamos. As meninas se levantaram e foram dar um abraço nela também. Depois, ficamos ali as quatro conversando por um bom tempo, e elas só foram embora depois de almoçar conosco.
À noite, quando Sabrina veio deitar, trouxe Sophia dormindo em seus braços. Com cuidado, ela a deitou perto de mim e depois se sentou ao meu lado. Ana Júlia dormia em meus braços. Sabrina me olhou e disse que era a mulher mais feliz do mundo; eu respondi que ela era a segunda, porque eu era a mais feliz. Ela sorriu e disse que iría deixar por um empate só para não me contrariar. Acabei concordando com ela; eu realmente estava vivendo o momento mais feliz da minha vida, mas via nos olhos dela que ela estava vivendo o mesmo.
Ali, naquela cama, ao lado das nossas filhas, cercadas de amor e felicidade, nos olhamos nos olhos uma da outra. Sabíamos que cada sofrimento, cada dor e cada lágrima valeu a pena. Passamos por muita coisa, mas vencemos tudo com amor, paciência e resiliência. Nossa história de amor não era perfeita; teve muitas turbulências e provavelmente ainda terá, já que ainda tínhamos muito tempo para viver juntas. Mas tínhamos certeza de uma coisa: iríamos passar por tudo que tivesse por vir, juntas.
FIM....
Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper