Há momentos em que o pensamento tem temperatura — e o meu, quando pensa em você, arde.
Tento me ocupar, fingir que sigo no controle, mas há algo em mim que pulsa só de lembrar do seu nome. Você se infiltra nos meus pensamentos como perfume: invisível, inevitável, dominando o ar e o tempo.
Não sei o que é isso.
Não sei se é paixão, curiosidade ou pura química — mas há algo no modo como você me olha que me desarma. Parece me ler por dentro, como se compreendesse o que escondo até de mim mesma.
Quando penso em você, o corpo desperta.
A pele percebe o ar, o tecido, o toque do próprio cabelo. Tudo se torna mais vivo.
Fecho os olhos e vejo seu rosto — tão próximo que ainda sinto o calor da sua respiração, o gosto dos beijos que ficaram na memória, aquele toque que começa na boca e termina em todo o resto.
E é então que percebo: desejar também é poder.
Porque, mesmo distante, é você quem me atravessa — e sou eu quem decide o quanto deixo isso acontecer.
Às vezes, fecho as cortinas e deixo a penumbra tomar conta, como se o quarto me protegesse da intensidade que sinto.
Fico quieta, ouvindo minha própria respiração, e penso em você.
Há um silêncio denso, quase físico, que me envolve.
A lembrança do seu olhar percorre minha pele como um arrepio que não pede permissão.
Sussurro seu nome, baixinho, e ele paira no ar — vivo, elétrico.
Não há toque, mas há presença.
Você está em cada pensamento, em cada curva de silêncio que me cerca.
O corpo reage ao que a mente cria, e o desejo se alimenta da ausência.
E, no meio disso tudo, percebo que algo mudou em mim.
Sou a mesma mulher de sempre — forte, segura, acostumada ao controle — mas há algo novo, algo que escapa à razão.
Talvez seja o medo de sentir demais.
Talvez seja o prazer de finalmente não conter o que sinto.
Penso em você e me pergunto:
é paixão avassaladora?
é amor sincero?
ou é aquele amor quase adolescente, inconsequente, doce e perigoso, que faz tudo em mim vibrar?
Não sei.
E, de algum modo, prefiro não saber.
Só sei do agora:
do desejo que cresce em silêncio,
do seu nome que insiste em se repetir dentro de mim,
e desse espaço que parece existir só para te acolher — mesmo que seja apenas na imaginação.
Respiro fundo e deixo o pensamento escapar, nu e sem defesa:
“Quero você. Desejo você. Me deixa ter você?”
Não sei se você ouviria essas palavras se eu as dissesse em voz alta.
Mas aqui, escritas, elas são verdade.
E, por ora, bastam.