ADRIANO 13
Chegamos uns dez minutos atrasados, mas valeu muito a pena por conta da minha primeira — ou melhor da nossa — experiência na sauna. Caio foi o primeiro é o primeiro a nos ver quando entramos, seus olhos afiados como sempre deixam claro que ele sabe de algo que ainda nem tive a chance de contar, como já estou acostumado apenas deixo passar seu olhar inquisidor e me aproximo da mesa de mãos dadas com Nathan.
— Gente esse é o Nathan — estou muito feliz que meus amigos podem enfim conhecê-lo melhor — Nathan esse dois são meus melhores amigos no mundo, Caio e Luan, aqui é o Breno que também é um amigo que mora no meu coração e o Ykaro que mora comigo.
— Oi pessoal, tudo bem, prazer em conhecê-los — Nathan é um príncipe sério, ele é tão educado e simpático mesmo sabendo que com certeza é intimidante conhecer os amigos do seu ficante assim.
De início meus amigos são bem simpáticos também, o assunto vai surgindo e o nervosismo dá espaço a um clima leve e descontraído. Ainda sim estou atento, conheço bem o Caio, ele ganha a confiança de suas vítimas antes de encurralá-las, bancando um bom amigo até uma pergunta comprometedora te pegar de surpresa. Pelo menos o Luan parece mesmo tranquilo em relação ao Nathan, desde que ele começou a namorar parece que vive sempre no mundo da lua e por esses tempos anda cada vez mais pensativo e distraído.
— Cadê a Stella? — Uso a ausência dela como uma distração, quando mais consegui tirar o foco da gente, mas difícil vai ser para o Caio vir com suas perguntas ácidas.
— Ela já tinha outro compromisso.
— Então vocês estão namorando mesmo ou é só um fica? — Caio é esperto, ele previu meu movimento e deu um jeito de puxar o assunto de volta, não esperava que Luan fosse ser tão sucinto em sua resposta.
— A gente está se conhecendo — olho para o Nathan enquanto respondo em busca de sua aprovação e para o meu alívio ele sorrir.
— Que maravilha, é importante ir devagar né — Nathan não percebe, mas conheço muito bem meu melhor amigo gay e seu jogo de palavras venenosas.
— Vocês são um casal? — Meu boy pergunta se referindo ao Breno e o Caio.
— Ele bem que queria — Luan não se seguirá nunca, engraçado que para implicar com Caio ele parece estar normal.
— Acorda querida — responde a piada do Luan, depois se vira para o meu boy e continua — somos só amigos, bons amigos né Bê.
— Sim, você já escolheu?
— Já sim — Breno banca meu amigo não importa onde e nem o momento, se Caio quiser algo Breno faz, sério acho muito vacilo o meu amigo não perceber o quanto está perdendo por não ficar de uma vez com Breno.
— E você Nathan já sabe o que vai pedir? — Indo na onda do Breno quero bancar meu boy também, mas esqueci que Breno não é o único com essa mania de pagar para os amigos.
— Adriano eu pedi o Premium para ti também — meu boy olha para Luan um pouco confuso.
— É que a gente come tanto junto que ele já sabe o que vou pedir e para não perder tempo essa mania — nem sei porque, mas me explico mesmo assim.
O papo se volta para trabalho, quando Nathan mostra um pouco de curiosidade no que meus amigos fazem para viver, Luan só diz que trabalha em um banco — juro não é por mau, é que sempre é tão chato quando ele me explica que não consigo mesmo decorar a função dele no banco, só sei que ele é concursado e que ganha bem — em seguida Ykaro diz o que faz também sendo sucinto.
— Eu não trabalho — meu amigo nem tem tempo direito de terminar quando Breno o corrigi.
— Trabalha sim, o Caio faz drag, ele toca como dj e também já performou em algumas boates da cidade.
— Mas não é trabalho, tipo o que vocês fazem, para mim é mais um hobby.
— Sim, mas está longe de ser minha fonte de renda.
— Ele é modesto, mas a drag dele é até conhecida na cidade — Luan me surpreende falando algo bom sobre o Caio.
— Tenho meus seguidores, é verdade — acho que estou presenciando um milagre, mas logo acaba.
— Talvez se você investisse mais, poderia ter um retorno melhor.
— Ai Luan me erra, já falei que não era essa sua matemática tosca nos meus negócios.
— Tudo bem, se você acha melhor ficar sendo bancado ao invés de melhorar seu próprio negócio — Luan passou um pouco do ponto, eles sempre passam é incrível, água e óleo!
— Madrinha?
— Luan!
— Desculpe, não foi o que eu quis dizer, é só que você realmente tem talento, Caio.
— Gente vocês podem se comportar na frente dos outros pelos menos — pareço a mãe deles.
— Desculpa! — Ambos respondem juntos.
— Só você consegue controlar esse dois mesmo Adriano — Breno está rindo de toda a situação.
— Esse traste só anda comigo por causa da Madrinha.
— Até parece que eu seria seu amigo.
— Então vocês realmente não se gostam? — Deveria ser um encontro para eles conhecerem o Nathan, mas pelo visto é o Nathan quem está conhecendo os loucos que eu chamo de amigos.
— Ele é um hetero preso nos dogmas da igreja, quase não consegue viver por causa disso!
— E ele é alguém que não tem confiança nos próprios talentos e vive se sabotando porque bancar o coitado é mais fácil.
Queria que só uma vez meus amigos não fosse tão eles mesmos, como não quero assustar meu namorado começou o que faço de melhor, mediar a situação de guerra fria entre meus melhores amigos.
— Caio está tentando se sair dos preconceitos crietão e se permitindo viver algo totalmente novo — nesse instante Luan engasga com a própria saliva — cê tá legal.
— Tô sim, é só, foi só a saliva.
— Nem respirar ele sabe tá vendo, aí hetero é tudo igual, sem ofensas Ykaro!
— Estou de boa.
— Caio! — Chamo a atenção dele.
— Luan está namorando uma menina que ele gosta e ela gosta dele, quer um prêmio por isso?
— Liga não gente, é que minha felicidade incomoda ele por ser mal amado.
— Atá, eu sou mau amado? — Caio ensaia abrir a boca para dizer algo que vai se arrepender então entendo.
— Oh Luan, o Caio está solteiro por opção.
— Opção dos outros só se for — ver o Luan e o Caio brigando feito dos moleques é um saco, mas às vezes eu preciso me controlar para não rir.
Breno e Ykaro não contribuem muito para a conversa e se eu deixar o Luan e o Caio falando uma hora eles vão acabar pesando de mais o clima e estragando o passeio, então mais uma vez tento desviar o foco, só que dessa vez jogando a bola para o Breno e torcendo para que ele não seja tão breve quanto os outros.
— E você Breno, trabalha com o que mesmo?
— Sou advogado na empresa da minha família.
— Ele é um gênio — Caio se enche de orgulho elogiando o amigo — o orador da turma e também foi um dos únicos no país que fechou a prova da OAB quando ele fez.
— Eu me preparei muito só isso — além de gato, inteligente ele é ainda é modesto.
— Nada amigo, você passou em primeiro na prova do mestrado também — até Luan reconhece o quanto Breno é zica.
— Isso é incrível, você faz mestrado e trabalha, parece puxado — sinto um pouco de ciúmes por ver Nathan tão animado com Breno, mas não vou pirar né.
— O Luan também trabalha e faz mestrado — Ykaro diz casualmente, mas antes que eu possa perguntar qualquer coisa a moça chama ele e o Luan para pegar o pedido deles.
— Nossa, seus amigos são muito inteligentes, me sinto até meio burro — brincou Nathan.
— Nada, você foi muito espero fisgando o Adriano, ele é um partidão — Breno me elogia, o que me deixa um pouco tímido.
A verdade é que no nosso grupo cada um tem um diferencial, aprendi desde muito cedo que inteligência e sucesso não é algo tão fácil de medir, tipo não estou onde eu gostaria de esta com minha carreira e taus, mas preciso entender que mesmo sendo um artista incrível Caio não tem o meus talento para confeitaria como eu e o Luan coitado, esse não sabe nem fritar um ovo direito, pois a mãe dele acha que um homem na cozinha pode acabar com a masculinidade dele.
Quando a comida chega a conversa finalmente volta a ficar leve, estou um pouco envergonhado, mas não posso fazer nada, mesmo que eles tivessem se comportado uma hora ou outra Nathan veria eles em ação, pelo menos está parecendo que a discussão deles não o intimidou, ainda bem!
— Vocês vão dormir lá em casa? — Pergunto aos meus amigos quando estamos pagando a conta para irmos.
— Eu vou — Luan responde logo seguido de um bocejo.
— Também vou, Madrinha.
— Eu deixo vocês — Quando Breno não sai na intenção de beber ele usa o carro da família dele.
— Vamos só esperar o Uber do Nathan — digo.
— Eu deixo ele também, onde você mora? — Breno como sempre solicito.
— Não precisa gente, eu moro totalmente contra a mão — ele não quer incomodar.
— A gente te deixa amigo relaxa — ele insiste.
— Tá, se vocês não se importam — Nathan acaba cedendo e eu agradeço mentalmente, afinal significa passar mais tempo com ele.
— Eu vou indo para casa, valeu pelo convite Adriano — Ykaro está na moto dele então não precisa da carona.
— Ei Ykaro eu posso ir com você, é que eu trabalhei tanto que eu só quero tomar um banho e deitar minha rede — Luan está visivelmente cansado.
— Dá certo — sorte que o Ykaro costuma andar com dois capacetes.
— Pronto, vamos só deixar o Nathan e depois chegamos em casa — digo animado porque vou conhecer a casa do meu boy, pelo menos o endereço já que eu não vou entrar né.
Nathan mora em um condomínio fechado no caminho para Messejana — ele não brincou quando disse que era um pouco contra mão — agora estou pensando que ele deve gastar muito com Uber nessas vezes em que saímos juntos, vou propor de ajudar ele na próxima vez que a gente, ou pelo menos propor de irmos para mais perto da casa dele assim não vai sair tão caro para ele, se revezar se vai dar certo.
Desço do carro para me despedir dele, nossa noite não acabou do jeito que eu planejei, mas nem tenho motivos para reclamar, foi perfeito transar na sauna com ele, sentir o meu boy no pelo foi o ponto alto do meu dia, sinto que depois disso nossa conexão só vai aumentar, não quero me precipitar, mas acho que com Nathan vou finalmente encontrar o amor que tanto procuro.
— Desculpa a briga dos meus amigos.
— Relaxa, eu gostei.
— Sério?
— Sim, eu não tenho muitos amigos, vocês parecem muito unidos.
— Somos muito, mas tenho certeza que logo logo eles vão ser seus amigos também — é tudo que mais quero agora.
— Eu vou gostar se a gente sair de novo com eles, mas não quero abrir mão das nossas saídas — a esse sorriso safado e meigo me quebram.
— Te vejo amanhã no trabalho — quero beijar ele de boa noite, mas na frente da portaria da casa dele acho que não é bom então apertei sua mão.
Ele se foi para dentro do condomínio e eu voltei para carro, Luan não é o único exausto hoje, foi ótimo transar por quase três horas com ele, mas estou um pouco fora de forma — pelo menos dei meu nome, não arreguei. Na volta para casa percebo que o Breno está morto também, sair numa segunda feira foi meio puxado, a gente devia ter deixado para sábado, mas estou feliz por ter dado certo deles finalmente conhecerem o Nathan melhor, assim meus amigos parem com essa implicância besta.
— Breno se quiser pode dormir lá em casa também.
— Não quero incomodar.
— Incomoda, nada macho, deixa de besteira, você dorme de rede?
— Durmo sim, então pronto, eu armo uma rede para você na sala, é sucesso.
— É Bê, da casa da Madrinha para sua casa tem um chãozinho.
— O Luan acorda cedo sempre para ir para casa, você não vai perder o horário, pode ficar tranquilo — digo.
— Valeu Adriano, então pronto eu vou dormir lá também.
Quem sabe lá em casa dormindo juntos não rola nada finalmente entre meu amigo e o Breno, estou até pensando em deixar o Luan na sala, eu tenho o sono pesado Caio sabe disso, no quarto os dois vão ficar praticamente sozinhos. Vai dar certo, tenho certeza. Meu amigo gosta de fazer cu doce, mas eu sei que ele sente algo pelo Breno, só é muito cabeça dura para admitir que ele também se apaixona e que pode ficar vulnerável.
Finalmente em casa vejo o Luan sentado no sofá vendo televisão, Ykaro deve está no quarto — a moto dele está na garagem — para o meu plano dar certo é preciso tirar o Luan do quarto, mas do jeito que ele é preciso explicar para ele meus motivos, se não é arriscado ele dizer que estou preferindo o Caio ao invés dele — quando eu digo que parecem duas crianças dá até pena das crianças de verdade por fazer essa comparação.
— Mana pega uma toalha limpa para o Breno lá no quarto, eu vou só tomar uma água e já vou.
— Certo, por aqui Bê — Caio o guia pela casa, Breno nunca entrou mais do que até a cozinha aqui em casa.
Assim que os dois somem no corredor corro para perto do Luan, praticamente pulando em cima dele, estou empolgado real com a chance de finalmente esses dois se pegarem.
— Luan preciso de um favor!
— O que? — Ele parece distraído, mas deve ser só cansaço, ou vai ver saudades da namorada.
— Preciso que você durma na sala, eu quero ver se o Caio finalmente dar uma chance ao Breno, por isso chamei ele para dormir aqui hoje.
— Você não devia se meter nisso, o Caio já falou várias vezes que eles são só amigos.
— Ai Luan, desculpa amigo, mas você não enxergaria um romance mesmo que ele acontecesse com você — ele tosse o que só me faz rir, Luan é muito bobo as vezes e eu até gosto, mas realmente acho que ele devia tentar ser menos desligado.
— Tá tá, só não acho que o Breno vai querer ficar com ele com você no quarto também.
— O Caio sabe que eu durmo pesado, isso nem vai ser problema e qualquer coisa eles podem usar o banheiro.
— Isso é bizarro, você querer que outras pessoas transem no seu banheiro.
— Não é assim né Luan, você também sabe que eu não tenho essa besteira, se você quiser pode transar por aqui também — o assunto de sexo sempre foi meio complicado para ele por causa da culpa cristã dele, Luan se coça inteiro ficando incomodado com a ideia.
— Beleza, só vamos parar com esse assunto, falou!
— Tudo bem, olha o caio tem razão mano, você tem que levar essa historia de sexo menos a serio.
— Boa noite Adriano! — Luan fica estressado por nada, mas não quero encher mais o saco dele.
— Vou pegar sua rede.
— Valeu.
Entro no quarto de uma vez falando que o Luan disse que ficaria na sala e me deparo com Breno sem camisa — eu estou namorando, lembre-se disso e o Breno é do Caio — a pele branca com traços e curvas muito bem colocadas, eu sabia que o boy era padrão, mas não esperava que ele fosse tão, tão, tão padrão assim — porra! — Ele está com o cinto aberto o que faz sua calça cair um pouco mostrando um pouco da sua cueca preta, depois de dobrar a camisa Breno coloca seus óculos novamente — deve ter tirado na hora que tirou a camisa — com um rostinho de nerd e um corpo de puto me pergunto como Caio consegue não pegar esse cara.
— Aqui a toalha Bê — Caio ignorando totalmente cada parte definida do macho a sua frente lhe entrega a toalha sem esboçar nenhuma lascívia ou surpresa, já deve ter visto o Breno sem camisa antes é a única explicação.
— Fecha a boca Madrinha — Caio provoca quando ficamos sozinhos e por sinal só para finalizar essa pauta Breno tem as costas mais lindas que já vi, nem o Luan tem as costas largas e bonitas assim.
— Eu estou quase namorando e outra olha não arranca pedaço.
— Se o problema fosse esse!
— Oxé, está com ciúmes mana?
— Nunca né Madrinha, acorda o Breno é livre e desimpedido.
— O Luan vai dormir na sala então estava pensando vou armar a rede aqui no quarto para mim e você dormi com Breno na cama pode ser — Caio é esperto então preciso me esforçar para parecer o mais casual possível.
— Porque o Breno não dormi na rede?
— É que eu não estou com nenhuma rede limpa, e eu só tenho a do Luan e outra, não vou colocar o cara para dormir em uma rede que não lavei né.
— Então não seja por isso eu durmo na rede e ele dormi na cama com você — porra, ele percebeu meu plano.
Não tenho como argumentar, mas pelo menos eles dois ainda estarão no mesmo quarto então vai que né?
