Ter organizado aquele encontro estava deixando Heitor ansioso. Aquilo tudo era uma novidade para ele, e seu objetivo era que tudo fosse perfeito. A comida estava pronta, a mesa estava posta e até a luz era ideal para aquela noite. O que faltava agora era a sua acompanhante.
Heitor era um homem distinto e de traços bonitos. O corpo se mantinha em forma por conta da atividade física. Os cabelos escuros que ele geralmente mantinha curto havia sido cortados no dia. As roupas foram escolhidas a dedo; uma camisa social preta com dois botões abertos e sem gravata, calça jeans de cor escura e sapatos marrons.
Trabalhava em uma grande empresa em um cargo de diretoria. Ganhava bem, era casado e tinha duas filhas pequenas. Era fiel e apaixonado por Thaís, sua esposa, mas um certo dia, começou a ter pensamentos com uma estagiária.
Angélica, a garota em questão, chegou na empresa um certo dia e virou cabeças por onde passava. A garota chamava a atenção pela aparência exótica. Altura média, com um rosto delicado de boneca, longos cabelos negros, compridos e lisos, olhos verdes e uma pele branca e pálida. Os lábios carnudos sempre exibiam batons metalizados, geralmente em tons de vermelho ou cobre. Sempre em trajes sociais, era muito elegante e cobiçada.
A interação entre Heitor e Angélica começou de forma profissional, por meio de conversas rápidas no trabalho. Logo, ela começou a ter mais responsabilidades que acarretavam em mais proximidade até Heitor não conseguir tirar a garota da cabeça. Angélica percebeu a atitude do chefe e provocava, fosse exibindo as pernas ou o decote, ou então deixando algo no ar durante uma conversa.
A oportunidade surgiu com as férias da esposa. Os dois fariam uma viagem, mas ela sairia uma semana antes com as filhas. A semana sozinho seria perfeita para uma noite com Angélica.
Após sugerir uma “reunião particular” em seu apartamento, ele se pegava pensando na jovem constantemente. Estava muito animado, mas por outro lado, não se reconhecia, e tinha dificuldades para entender o porquê de estar tão animado para trair a esposa.
O toque do interfone tirou Heitor de seus pensamentos. A portaria anunciou Angélica, que foi autorizada a subir imediatamente. Em pouco tempo, a campainha tocou e Heitor correu para abrir a porta.
Angélica entrou, trajando um vestido preto com mangas, indo até os joelhos. Embora fosse comportado por conta do comprimento e por não ter um decote chamativo, o vestido era muito justo, dando a impressão de que a jovem não usava lingerie por baixo. A bolsa, as meias compridas e os sapatos também pretos lhe davam um visual meio “Morticia Addams”. O vestido também mostrava como era gostosa. Cheinha nos lugares certos.
— Boa noite, senhor! — Ela disse com animação.
— “Senhor” é lá no trabalho. Aqui é só Heitor.
Angélica concordou com um sorriso e seguiu até uma mesa em um canto discreto, onde depositou a bolsa. Em seguida, tirou uma garrafa verde com um líquido escuro de dentro, exibindo-a para Heitor.
— Como eu disse… Heitor, eu trouxe o vinho. Peço desculpas por não ter um rótulo, mas é um presente dos meus avós. Eles tem uma vinícola no interior do estado, e eu trouxe uma garrafa para essa ocasião.
— Não é problema nenhum. Vou pôr para gelar um pouco. — Enquanto Heitor pegava a garrafa e ia para geladeira, ele arriscou um elogio. — Você está linda!
— Obrigada! — Ela respondeu ficando levemente encabulada. — Achei que poderia fazer algo temático. Sabe, é noite de Halloween, então…
— Você gosta da data?
— Sim! Eu gosto bastante. Sempre pego essa noite para ver um filme de terror com bastante junk food.
— Bom, hoje vai ser um pouco diferente, mas garanto que você vai gostar.
Os dois sorriram um para o outro. Enquanto Heitor trazia a comida, Angélica prestava atenção nos detalhes do apartamento. Vez ou outra ele prestava atenção na garota e no seu corpo. O vestido justo valorizava suas formas, principalmente os quadris largos e os seios fartos. Os mamilos já marcavam o tecido escuro do vestido. Heitor teve que admitir; Angélica veio para matar.
Com a comida na mesa, os dois se sentaram. A pizza ia combinar muito bem com o vinho:
— Doce e forte na medida. — Heitor comentou após tomar um gole. — Para uma comida pesada dessas, vai combinar muito bem.
— Fico feliz que gostou! — A resposta de Angélica veio de forma animada.
A conversa começou leve com Heitor contando casos e histórias do passado, indo logo para temas mais sugestivos. Angélica ouvia tudo com atenção, expondo suas intenções de forma sutil.
Ao fim do jantar, Angélica pediu para Heitor acompanhá-la no sofá. O móvel estava posicionado de forma a ter uma vista da cidade totalmente desobstruída por prédios. Os dois se sentaram juntos, cada um com sua taça e a garrafa. O silêncio fazia a tensão entre os dois crescer, até Angélica se aproximar do chefe. O avanço, porém foi rejeitado:
— Não posso!
— Como assim? O que houve?
Houve uma pausa onde Heitor ofegava e olhava para o chão. Ele então olhou para Angélica e disse enquanto tentava encontrar as palavras:
— Olha, eu não posso. Não consigo, não é quem eu sou. — Heitor disse olhando fixamente para a jovem. — Angélica, você é encantadora, mas não dá. Eu sou casado, sou fiel, e eu sou feliz com a minha esposa. E desde que você apareceu, não me reconheço mais. Por um lado, eu quero você, mas tem uma voz aqui dentro gritando “Não”.
Angélica olhou para o seu chefe. Parecia assustada mas depois se acalmou e tomou a dianteira para resolver.
— Heitor, acho que você está certo. Eu não devia me aproveitar de um homem bom como você. Só por favor, se acalmar. — Ela disse pondo um pouco mais de vinho para o chefe. — Toma um pouco.
Alguma coisa dizia que não, mas Heitor tomou um gole mesmo assim. Ele pôs a taça de volta na mesa olhando para Angélica, trazendo ela para um beijo. Havia tesão entre eles, reprimido por conta de trabalho, ética e fidelidade:
— Mudou de ideia? — Angélica perguntou com um sorriso devasso no rosto.
Heitor nem respondeu. Ele apenas abriu as calças e botou o pau pra fora. Angélica ficou animada com o amante, mas pediu para ele esperar:
— Calma. Garanto que você vai gostar. — Ela disse ao pé do ouvido, terminando com uma frase sussurrada. — Adoro homem casado.
Ela foi para o meio da sala com um rebolado poderoso e decidido enquanto mexia no celular. Ela enfim parou e deixou a música perfeita tocando; Why Don't You Do Right?
Angélica começou uma dança lenta e sensual, abrindo o zíper do vestido e deixando a parte de cima cair. Como Heitor pensou, ela não usava sutiã, cobrindo os seios com os braços. Conforme a música avançava, ela se virou novamente para remover o resto do destino. Angélica usava apenas uma cinta-liga preta com as meias. Assim que o vestido caiu, ela se virou para Heitor. Não escondia mais nada. Os seios eram fartos e lindos como ele imaginou, com as auréolas e os mamilos rosados e salientes. Um montinho de pelos escuros cobria a buceta.
Ela veio até o chefe, lhe dando mais uma taça de vinho e se agachou. Angélica deu ao chefe um boquete como nunca havia ganhado. Molhado, quente, e muito dedicado. Ela chupava e agarrava as bolas com cuidado e carinho:
— Gostando?
Heitor não disse uma palavra desde que tentou se afastar de Angélica. Ele apenas respondeu com um aceno de cabeça. Ela deu um sorriso safado e sentou-se nua ao lado do chefe, enchendo as duas taças com o restante do vinho. Ela tomou sua dose e deu a outra para Heitor em sua boca, como se ela fosse servil ao amante. Com as taças vazias, Angélica sentou no colo de Heitor. A buceta quente e úmida roçava no pau duro:
— Quer me fuder?
Heitor não conseguiu responder. Só conseguia acenar positivamente. Angélica beijou ele com vontade e disse olhando fixamente em seus olhos:
— Eu quero na sua cama.
Os dois se levantaram em silêncio. Heitor seguiu na frente trazendo Angélica pela mão. O cômodo era espaçoso, muito bonito e com várias fotos do casal.
Angélica deu uma boa olhada ao redor. Primeiro ligou a iluminação indireta do, e depois foi até a cama, se deitando com as pernas abertas. A única coisa que aquela cena gritava era SEXO:
— Vem me fuder. — Angélica disse em uma voz doce. — Trai a sua esposa comigo.
Heitor foi sem hesitar. Angélica o ajudou a tirar as roupas e ia dois foram para a cama. Angélica teve a buceta chupada com vontade. O gozo dela foi forte e alto.
Os dois se beijaram. Heitor continuava sem dizer uma palavra. Angélica ficou de quatro, deixando Heitor vir por trás. O pau ainda duro entrou com facilidade, arrancando um gemido forte de Angélica.
Enquanto se acostumava, Angélica ria de um jeito devasso. O rebolado começou devagar e se intensificou rapidamente. Ela ria descontrolada e gemia, enquanto Heitor metia com força:
— Aí caralho! — Angélica não fez questão de se controlar. — Me fode seu gostoso!
O sexo bruto continuou até Angélica gozar de quatro. Ela ria descontrolada do orgasmo forte que teve. Então a garota se virou para Heitor comer ela de frango assado.
— Goza dentro! Me dá a sua porra!
O sexo bruto voltou. Heitor metia com força na buceta de Angélica, fazendo os seios sacudirem. Os gemidos se misturavam com gritos de dor. Por fim, Angélica foi preenchida com porra.
Enquanto ele próprio gozava. Heitor apenas assistia, totalmente fora do comando do próprio corpo. Após o primeiro beijo com Angélica e o gole de vinho que veio em seguida, ele era só um espectador. Assistiu o strip tease de Angélica, recebeu e fez sexo oral, e agora fudia a buceta dela, tudo contra sua vontade. Ele já não sabia mais se era um pesadelo ou não. Até o prazer do orgasmo doía no orgulho e na alma. Só queria que acabasse.
E acabou. O orgasmo veio forte e dolorido. A dor que veio a seguir veio justamente de algo cravado em seu abdômen. Ele só conseguia olhar para Angélica, sem ter o controle do corpo.
Angélica, por sua vez, estava ofegante, suada e sorria de orelha a orelha. Ela então puxou o objeto que havia cravado em Heitor, um punhal antigo com cabo de madeira. Lambeu um pouco do sangue que veio junto e resolveu contar tudo que aconteceu.
— Então, é justo que você saiba o que aconteceu e o que vai acontecer. Primeiro, pode me chamar de bruxa, vampira, entidade demônio, capeta, ou qualquer merda dessas. O caso é, eu já ando por esse mundo a muito tempo, e sempre procurando pessoas como você.
Enquanto falava Angélica, ou seja lá qual fosse o nome dela, começou a “mudar de forma”. Os cabelos pretos e lisos viraram uma massa desgrenhada e branca, enquanto a pele perdia o tom branco e lentamente se transformava cinza. Os olhos ficaram opacos, como os de um cadáver e os dentes se tornaram amarelados. Fosse o que fosse , aquilo não era deste mundo:
— Por isso adoro homens casados. Desvirtuar eles costuma ser divertido, e eles costumam ser ótimos… alimentos, digamos assim. E você vai ser o melhor de todos. Esse senso de fidelidade só deixa tudo mais saboroso. Fora que a sua porra é deliciosa!— A criatura disse com um sorriso maníaco no rosto.
Enquanto por fora, Heitor mantinha a expressão de prazer do orgasmo, por dentro ele estava em profunda dor e agonia. Então era assim ia acabar? Ele ia morrer e servir de alimento para uma criatura horrível que ele nem sabia se era desse mundo ou não? E para completar, havia sido infiel. Uma coisa que ele abominava.
— Olha, eu sinto o que acontece aqui dentro. — Um dedo tocou a testa de Heitor. — E, se te servir de consolo, eu vou dizer uma coisa. Tudo que aconteceu entre nós dois foi porquê eu forcei você. Uma troca de olhares, uma palavra mais doce aqui e ali, e pronto. Geralmente os homens caem por conta própria, mas você não. Você era fiel mesmo e lutou até o fim! Mas, um pouco de magia negra faz maravilhas. Aquele vinho tinha algo a mais. — A criatura fez uma pausa. — E olha, sua esposa era uma mulher de sorte. Uma pena que você cruzou o caminho da pessoa errada na hora errada.
O corpo de Heitor foi encontrado dois dias depois. Após Thaís não conseguir contato com o marido, e de reclamações sobre mau cheiro, familiares entraram no apartamento com uma chave reserva. O que encontraram foi uma cena que ia muito além de qualquer ficção de terror. O corpo foi aberto com violência e os órgãos arrancados, assim como os olhos. Uma casca vazia e brutalizada.
A segurança do prédio não encontrou nada. Não havia registros de entrada ou saída de visitantes. Os funcionários do prédio não viram nada nem ninguém de anormal. As câmeras não mostravam nada.
Os exames no cadáver mostravam marcas e sinais de atividade sexual, mas nada de conclusivo foi encontrado. No fim, foi enterrado em um caixão fechado. Thaís, as duas filhas e amigos e colegas de trabalho se despediram sem conseguir explicar o que aconteceu. Mesmo com a brutalidade do caso, a história acabou escoando pelo tempo.
Depois da noite brutal com Heitor, Angélica sumiu. Nunca mais foi vista no trabalho. Mesmo sendo uma bela jovem na sua forma humana, havia entrado como estagiária. Ninguém sentiu sua falta. Bem longe de tudo aquilo, viu de relance a história do diretor assassinado e brutalizado.
Em sua forma humana, sem chamar atenção de ninguém, a criatura que uma vez se apresentou como Angélica observava as notícias do caso por meio de uma televisão. As roupas largas e sem graça ajudavam ela a se disfarçar na multidão.
Quando começaram a falar da próxima notícia, ela foi embora, caminhando sem rumo. Lembrou com uma certa saudade daquela noite onde foi bem fodida. Também pensou consigo mesma algo que a desanimou:
“É uma pena que eu prometi só matar uma vez por ano. O Halloween deveria durar por mais dias”.
