Passei a infância e a adolescência inteiras sem sequer desconfiar dos segredos que meus padrinhos escondiam. Para mim, eles eram o casal mais comum do mundo: sem grandes aventuras, só rotina e contas para pagar. Mas, à medida que eu crescia — corpo e cabeça —, os olhares de Ângela começaram a me perseguir. E a situação ficou insustentável.
Naquela noite, depois que Reginaldo gozou na boca dela, eu a fodi. E a filha da puta ainda não parava de me beijar, língua dentro, como se quisesse engolir o que restava de mim.
Gozei três vezes dentro dela. Quando ela voltou para a cama, o céu já clareava. Entrei no meu quarto com o coração disparado e o pau esfolado de tanto meter. Estávamos ficando cada vez mais ousados. Nosso plano de nos afastar? Um fracasso total.
— Menino, você tem que decidir o que vai fazer da vida. Não vai ficar sendo sustentado pra sempre, né? — disse Reginaldo no café da manhã, a voz carregada daquela arrogância de quem assina contratos milionários antes do almoço.
Ângela lançou-lhe um olhar de reprovação. Ele estava cada vez mais dominador, querendo mostrar quem mandava na casa. Eu ficava quieto. Afinal, o casal me criara; eu devia tudo a eles. Procurava emprego em TI — no escritório do próprio Reginaldo havia vagas —, mas o velho era um babaca e não me dava chance.
Por baixo da mesa, Ângela deslizava o pé descalço pela minha perna. Dedos macios, unhas vermelhas, subindo devagar. Meu pau endurecia só de saber que o arrogante ali na frente estava sendo feito de palhaço por nós dois.
— Tenho uma entrevista na semana que vem — respondi. — Não se preocupe, padrinho. Logo não serei mais um peso.
— Do que você está falando? — Ângela disparou, a voz trêmula, o medo escancarado nos olhos.
Pela primeira vez, eu deixara claro: ia me mudar.
Reginaldo terminou o café com um gole ruidoso, pegou a pasta de couro e saiu batendo a porta como quem marca território. O motor do carro ronronou na garagem e sumiu rua abaixo. A casa ficou em silêncio, só o tique-taque do relógio da cozinha e o zumbido da geladeira.
Eu me levantei devagar, o sangue já correndo quente. Ângela lavava a louça, de costas, o vestido de algodão colado na bunda, o cabelo grisalho preso num coque frouxo. Sem olhar, ela disse:
— Vou tomar banho. Não saia.
Era um convite disfarçado de ordem.
Subi as escadas. No banheiro do corredor, o cesto de roupas sujas estava aberto. A calcinha preta de renda — aquela que ela usara na noite anterior — estava no topo, amassada, com um leve cheiro de perfume e sexo. Peguei. Enfiei no bolso da calça de moletom.
Entrei no meu quarto. Deixei a porta entreaberta uns dez centímetros — o suficiente para a luz do corredor entrar e para quem passasse ver tudo. Deitei na cama, puxei o moletom para baixo. O pau já estava duro, latejando. Enrolei a calcinha na mão direita, levei ao nariz. O cheiro dela me invadiu: salgado, doce, vivo.
Comecei devagar. A mão subindo e descendo, o tecido roçando na cabeça. Fechei os olhos, imaginando a boca dela, a língua, as pintas no rabão. Acelerei. O som molhado da punheta ecoava no quarto.
Ouvi passos leves no corredor. Parei por um segundo. Nada. Continuei. Mais rápido. A calcinha agora na cara inteira, o cheiro me sufocando de tesão.
Ela estava ali. Na porta. Não entrou. Só espiou, o corpo encostado na parede, uma mão no peito, a outra entre as coxas por cima do vestido. Os olhos fixos em mim. Em cada movimento. Em cada gota de pré-gozo que escorria.
Segurei o pau com força. Gozei. Jatos grossos, altos, caindo no peito, na barriga, alguns até na calcinha. O corpo estremeceu.
Quando abri os olhos, ela ainda estava lá. Um sorriso pequeno nos lábios. Depois se afastou, sem barulho. Como se nunca tivesse estado.
Mas eu sabia: ela vira tudo. E queria mais.
No dia seguinte, Reginaldo saiu cedo para uma audiência importante. A casa estava silenciosa de novo, o sol da manhã filtrando pelas persianas. Ângela tomava banho; ouvi o chuveiro desligar, depois o secador de cabelo. Esperei. Quando ela desceu para a cozinha, vestida com um robe curto, fui direto ao quarto deles.
A agenda estava no mesmo lugar: segunda gaveta da mesinha de cabeceira, sob um lenço de seda. Capa de couro vinho. Abri na última página escrita. A caligrafia dela, firme, inclinada, cheia de curvas.
“Ontem à noite não dormi. Fiquei olhando o teto, o corpo inteiro latejando. O Cláudio… meu menino… deitado na cama, a porta entreaberta como quem me chama. A calcinha preta na mão dele, no nariz, na cara. O pau duro, grosso, subindo e descendo com força. Ele gemia meu nome baixinho, eu ouvi. ‘Ângela… Ângela…
Fiquei parada ali, escondida, a mão dentro do robe, os dedos escorregando. Molhei tudo. Molhei a coxa, o chão. Só de ver ele gozar daquele jeito — jatos altos, brancos, caindo no peito — quase gozei junto. Não entrei. Não podia. Mas queria. Queria lamber cada gota, queria sentar na cara dele, queria que ele me fodesse até eu esquecer meu próprio nome.
Reginaldo roncava do meu lado. Nem percebeu que eu me masturbei três vezes, pensando no pau do meu afilhado. Hoje acordei lubrificada de novo. Só de lembrar da calcinha na mão dele, o jeito que ele me olhou quando gozou…”
Sentei na beira da cama com a agenda fechada na mão, o peso dela como um tijolo no colo. O quarto ainda cheirava a sexo da noite anterior: suor, perfume, o leve ranço da calcinha que eu não devolvera. Lá embaixo, ouvi o liquidificador desligar, a faca batendo na tábua, o som normal de uma manhã que não era normal.
Respirei fundo. Pensa, Cláudio. Pensa com a cabeça de cima.
Cada vez que eu olhava para Ângela, era como se uma lâmina de tesão me cortasse ao meio. Ela passava no corredor, o robe roçando na coxa, e eu já imaginava rasgando o tecido. Ela dobrava roupa na sala, e eu via o decote, as pintas, a boca que me chupara no sofá.
A gente não conversava mais; a gente se comia com os olhos. Um segundo de silêncio e já estávamos nos cantos escuros, mãos por baixo da roupa, bocas coladas, gemidos abafados.
E Reginaldo? Ele não era cego. Era advogado. Farejava mentira como cachorro fareja medo. Na semana passada, ele parou no meio do jantar, garfo no ar:
— Vocês dois estão estranhos. O que tá rolando?
Ângela riu, disse que era cansaço. Eu engoli seco. Mas o olhar dele ficou ali, cravado em mim.
Se eu ficasse, ia acontecer. Uma porta esquecida aberta. Um gemido alto demais. Um cheiro que não era de perfume. Um dia ele ia entrar mais cedo e nos pegar — eu dentro dela, ela gritando meu nome. E aí? Processo? Cadeia? Família destruída? Eu criado por eles, traindo o homem que me deu sobrenome. A situação estava difícil, mas o meu tesão por Ângela fazia eu me esquecer de tudo.
