Eu nunca tinha imaginado viver isso com Ângela, a mulher que fora responsável por me criar desde criança. Enganar Reginaldo, um homem que eu considerava como pai... Minha mente estava entrando em colapso. Eu sabia que aquilo estava errado; precisava acabar com tudo.
Após nossa transa no chuveiro, Ângela e eu nos afastamos, ambos tentando evitar que uma grande tragédia acontecesse. Mas, com o decorrer dos dias, comecei a notar o comportamento dela mudando: roupas cada vez mais curtas, coxas à mostra, parte dos seios exposta. Lógico que aquilo me deixava com o pau duro. Eu precisava saber o que ela andava pensando.
Fiquei semanas sem me atrever a entrar no quarto dos meus padrinhos. Mesmo com todas as mudanças de Ângela, eu queria me controlar, me manter longe. Mas o desejo falava mais alto; a necessidade sexual falava mais alto.
Sexta-feira à noite, o casal saiu para jantar com amigos, e lá estava eu, sozinho em casa mais uma vez. Resisti às primeiras horas — não ia ceder à tentação. Mas só de pensar que os pensamentos mais secretos de Ângela estavam ali, disponíveis apenas para mim, não aguentei. Entrei no quarto do casal e lá estava: a agenda de Ângela. Nova, mas no mesmo formato, mesmo tamanho. Ângela era metódica.
“Ultrapassei todos os limites com o Cláudio. Percebo seu afastamento e também tento me afastar, mas confesso que estou usando roupas cada vez mais curtas. Vivo lubrificada quando aquele garoto se aproxima. Tento ganhar a sua atenção de todas as formas.”
Enquanto lia o diário, o desejo tomava conta do meu corpo. Saber que minha madrinha ainda pensava essas coisas — e o pior, que o desejo dela só aumentava — me enlouquecia. Fui para o meu quarto e não resisti: bati uma punheta pensando em Ângela. No formato dos seios dela, nos cabelos grisalhos amarrados em um coque, na boca fina e macia. Mas o que mais me atraía era a personalidade dela, sua forma insaciável de ser. Ela sempre queria pica, sempre estava à procura do prazer.
O casal chegou de madrugada, e eu ainda estava com as palavras da agenda na cabeça. Escutei os dois na sala.
— Não faça barulho, Reginaldo. O menino deve estar dormindo. — Um barulho de batida na parede. — Aqui não. Vamos para o quarto — completou Ângela.
Senti ciúmes, algo que nunca tinha acontecido. Eu estava me apaixonando pela minha madrinha. Pelo menos era isso que a minha mente jovem imaginava.
Eles subiam as escadas devagar, como se cada degrau fosse uma desculpa pra se encostarem mais.
— Caralho, Ângela… você tá gostosa pra cacete hoje — sussurrou Reginaldo, carregada daquela arrogância de quem fecha contratos de seis dígitos antes do almoço. — Esse vestido… parece que foi feito pra ser rasgado.
Ângela não respondeu. Nem um murmúrio. Só o som dos saltos dela batendo de leve no corrimão, como se tivesse tirado os sapatos na sala. Eu me aproximei da porta entreaberta, o suficiente pra espiar pelo vão. A luz do corredor os iluminou quando chegaram ao topo.
Reginaldo com a mão na cintura dela, apertando. Ângela de perfil, o vestido preto justo, decote profundo — quase indecente —, os seios quase escapando a cada respiração.
Brincos de diamante balançando, colar de ouro no pescoço. Os pés descalços, unhas vermelhas, saltos altos pendurados nos dedos da mão direita.
Ela passou na minha frente sem olhar. Mas por um segundo — um segundo só — seus olhos cruzaram com a fresta da porta.
E ela soube.
Não piscou. Não sorriu. Só continuou andando, o quadril balançando devagar, como quem sabe exatamente o que está fazendo.
Reginaldo a puxou pelo braço, beijou o pescoço dela ali mesmo, no corredor.
— Hoje você é toda minha — rosnou.
Ela deixou. Mas os olhos dela ainda estavam na minha porta.
E eu, escondido na sombra, com o pau latejando de novo.
O corredor estava em silêncio, exceto pelo som abafado de risos e roupas roçando. A porta do quarto deles ficou entreaberta — uns bons quinze centímetros, o suficiente para um feixe de luz dourada do abajur escapar e lamber o chão de madeira. Ângela fizera questão. Reginaldo, com o rosto vermelho de vinho e olhos vidrados, nem notou; já entrava no quarto tropeçando, a mão agarrada no braço dela.
Esperei. Três minutos. Cinco. O coração batendo tão alto que eu jurava que eles iam ouvir. Depois me esgueirei pelo corredor, descalço, a camiseta grudada nas costas de suor. Encostei na parede fria, bem ao lado da fresta.
A luz do abajur desenhava Ângela em silhueta perfeita: de joelhos no tapete, o vestido preto subido até a cintura, revelando o rabão empinado. A pele clara, quase luminosa, tinha duas pintas escuras — uma na nádega esquerda, outra na direita, como se alguém tivesse pingado tinta ali de propósito. O cabelo grisalho, preso da maneira que ela gostava de andar pela casa. Os seios, livres do sutiã, balançavam a cada movimento.
Reginaldo estava de pé, calça aberta, a rola dura na mão. Ele segurava a cabeça dela com as duas mãos, como se fosse um objeto. Empurrava. Empurrava forte. A boca fina de Ângela se abria toda, os lábios esticados, saliva escorrendo pelo queixo. Ele gemia rouco, bêbado, arrogante:
— Isso… engole tudo, sua safada… engole…
A cabeça dela ia pra frente e pra trás, ritmado, quase violento. Os olhos dela, porém, não estavam nele. Estavam na porta. Na fresta. Em mim.
Ela sabia.
E, mesmo com a boca cheia, mesmo com as mãos dele apertando seu cabelo, Ângela sorriu. Um sorriso pequeno, quase imperceptível.
Reginaldo grunhiu alto, um som gutural que ecoou pelo quarto. Dois, três empurrões fundos e ele travou, as mãos apertando o cabelo grisalho de Ângela como se quisesse arrancar. Gozou rápido, quase desajeitado, o corpo tremendo. Depois, cambaleou para trás, caiu na cama de costas e, em menos de um minuto, já roncava pesado, o peito subindo e descendo em ritmo de bêbado.
Ângela ficou ali um segundo, limpando a boca com o dorso da mão. Olhou para a porta. Para mim. Depois se levantou, ajeitou o vestido sem pressa, e saiu do quarto como se nada tivesse acontecido.
Fui para a sala antes que ela aparecesse. Sentei no sofá, as mãos suadas, o coração na garganta. A luz da cozinha estava apagada; só o brilho fraco da rua entrava pela janela. Passos leves no corredor. Ela surgiu na penumbra, o mesmo vestido preto, agora amarrotado, o decote ainda mais aberto. Os cabelos soltos, o rosto corado.
Parou na frente do sofá. Olhou para mim.
— Ele gozou em dois minutos — disse, voz baixa, quase rouca. um.pouco embriagada.
Ela se aproximou, sentou ao meu lado, a coxa encostando na minha. Abriu levemente as pernas, o vestido subindo. Sem calcinha. A luz fraca mostrava o brilho entre as coxas.
— Você resolve isso pra mim, Cláudio? — sussurrou, pegando minha mão e levando direto pra lá. — Ele não deu conta. Mas você… você dá.
