O capítulo 1 está disponível no feed do Instagram: @contosdamylla! Infelizmente não consegui postar aqui por um erro técnico. Boa leitura <3
GUSTAVO (MIRANTE)
A tarde caiu morna sobre o morro. O sol já não batia com tanta força, e a fumaça que subia da boca de fumo carregava aquele cheiro pesado de maconha misturada com poeira. Eu tava sentado no caixote de madeira, cigarro apagado entre os dedos, só ouvindo o vai-e-vem da rapaziada. Foi quando ouvi a voz da Vera me chamando pelo nome, ou melhor, pelo apelido.
— Mirante… ô Mirante!
Levantei os olhos e vi a mãe da Bianca vindo com a bolsa atravessada no ombro, passo apressado e rosto preocupado. Vera era daquelas mulheres firmes, que seguravam a casa sozinha, e raramente pedia favor pra alguém. Quando veio direto até mim, eu soube que vinha coisa.
— Posso falar contigo rapidinho? — ela pediu, ajeitando o cabelo preso.
— Claro. — Levantei devagar, limpei as mãos na bermuda e fui com ela até a esquina mais tranquila.
— Eu, Humberto e o Clóvis vamos ter que viajar amanhã cedo… minha mãe tá ruim lá em Minas. A Bianca vai ficar sozinha. — A voz dela tremia um pouco, mesmo que tentasse disfarçar. — Tu sabe como ela é, né? Eu confio em você. Se puder dar uma olhada, ficar de olho, só até a gente voltar…
Aquele “eu confio em você” me atravessou de um jeito sujo. Eu dei um aceno leve, mantendo a cara neutra. Mas por dentro… por dentro já tinha imaginado a cena inteira.
— Fica tranquila, Vera. — Falei firme. — Eu cuido.
Ela me agradeceu com aquele sorriso cansado de mãe, passou a mão no braço e foi embora. Eu fiquei parado, olhando as costas dela sumirem no beco, enquanto o pensamento se ajeitava devagar na minha cabeça: ela ia ficar sozinha em casa. A loirinha. A mesma que eu olhei da laje semana passada, de biquíni branco e bati punheta olhando pra ela. A mesma que eu vi crescer e desejei por tanto tempo.
Naquela hora, deu vontade de rir sozinho. Se o inferno existia, eu já tava com um lugar reservado lá fazia tempo.
***
A noite caiu quente, pesada. A boca de fumo ficou mais movimentada e eu passei umas horas resolvendo coisa com os moleques, mas a cabeça… a cabeça não tava ali. Eu pensava nela. Na casa ao lado da minha. Na pele clara. No biquíni branco. No sorriso de quem não tem ideia do que provoca.
Quando encerrei a noite, subi devagar pelo beco. Os sons da rua eram os de sempre: moto subindo ladeira, criança rindo ao longe, algum funk vazando de uma janela aberta. Cheguei perto de casa e vi a luz da varanda da casa dela acesa.
Foi quando parei.
Ela tava lá escondida entre as plantas da mãe dela.
Sentada na cadeira de ferro da varanda coberta, toda gradeada, de short curto e camiseta frouxa, o celular apoiado no colo. Mas o detalhe que me fez ficar ali, parado na sombra, foi o jeito como a perna dela balançava devagar e como a mão se mexia entre as coxas. Discreta. Pequenos movimentos. Não parecia que ela tava só lendo mensagem.
Eu conhecia esse ritmo. Era ritmo de quem tava se masturbando.
Fiquei alguns segundos só observando. A respiração dela subia e descia rápido. O cabelo solto caía sobre o rosto, escondendo metade da expressão. E mesmo assim, eu sabia. Aquela garota… tava se tocando ali, do lado da rua, na varanda da casa da mãe.
Porra.
Me aproximei em silêncio, abri o portão de ferro e entrei. Pisei devagar no piso da varanda até ela me notar. Quando me viu, deu um salto pequeno, arregalando os olhos.
— Tá fazendo o quê aí, loirinha? — perguntei, a voz rouca, carregada de algo que ela entendeu na hora.
— Eu… — ela ajeitou a camiseta, empurrando as pernas pra frente como quem tenta esconder. — Eu tava… lendo.
— Lendo? — Dei um passo a mais, encostando no batente. — Lendo o quê?
Ela engoliu seco, e o sorriso safado escapou no canto da boca antes mesmo de ela conseguir disfarçar.
— Contos.
— Contos? — repeti, erguendo o queixo. — Que tipo de conto te deixa assim… tão molhadinha na varanda?
Ela abaixou o olhar, mas não respondeu de imediato. Eu dei mais um passo, ficando perto o bastante pra sentir o perfume doce que ela usava, misturado com o cheiro morno da pele.
— Eróticos… — respondeu finalmente, baixinho, quase num sussurro. — Eu gosto de ler antes de dormir.
— Aqui na frente da vizinhança?
— É que mais é gostoso… Dá mais tesão.
— Que tipo de contos eróticos tu gosta? — perguntei, me inclinando um pouco pra frente.
Ela levantou os olhos, e aquele olhar não era inocente. Nunca foi. Desde que ficou mais velha, aprendeu a provocar só com um levantar de sobrancelha.
— Homem mais velho. Garota nova. — Falou devagar, saboreando cada palavra. — Coisa que não pode.
Porra. Ela sabia exatamente o que dizia.
— E tu lê isso toda noite? — perguntei, encostando no corrimão de ferro da varanda.
— Toda noite. — Ela deu um risinho nervoso, mas não desfez o contato visual. — É o jeito que eu gozo mais fácil.
Aquilo bateu no meu peito como gasolina no fogo.
Eu podia ter mandado ela parar.
Mas eu não queria.
— Continua — falei, a voz baixa, arrastada. — Quero ouvir.
Ela me olhou por um segundo, como se estivesse tentando entender se eu tava falando sério. E então voltou os olhos pro celular, respirou fundo e abriu o aplicativo. A ponta dos dedos tremia levemente quando rolou a tela até achar algum trecho.
— “Ele encostou a garota na parede… e perguntou se ela sabia o que tava fazendo com ele. Ela riu, baixinho, e respondeu que sim… que adorava ver um homem mais velho perder o controle.” — A voz dela saiu embargada, lenta, como se cada palavra esfregasse no meu pau sem tocar.
A outra mão dela, a que não segurava o celular, voltou pro meio das coxas. Devagar. Sem pressa. Ela começou a se tocar outra vez, os dedos deslizando por baixo do shortinho.
Eu fiquei ali, de pé, só olhando. A respiração dela ficando mais curta. Os lábios abertos num gemido contido.
— “Ele segurou a cintura dela com força, tão forte que deixou marca. Disse que ela não fazia ideia de quantas vezes ele tinha imaginado aquilo, de quantas vezes quis meter nela até ouvir ela implorar.”
Eu soltei um palavrão baixinho e levei a mão à bermuda. Meu pau já tava duro, latejando, preso contra o tecido. Desabotoei devagar, puxando pra fora, e comecei a me tocar olhando pra ela. Não tinha pressa. Era sujo, proibido, exatamente do jeito que eu sempre imaginei que seria.
Ela levantou os olhos no meio da leitura e me viu. Me viu punhetando na frente dela. O susto virou um sorrisinho torto, safado, e ela não parou. Continuou lendo.
— “Ele meteu os dedos nela, devagar, até sentir ela tremendo toda. Disse no ouvido que ia foder como homem de verdade, e que a partir dali ela ia ser só dele.”
A voz dela falhou no “dele”, porque os próprios dedos pareceram encontrar o clitóris e ela gemeu baixinho, mordendo o lábio. A cadeira balançou de leve com o movimento das pernas.
Eu passei a língua nos lábios, a mão apertando o pau com força.
— Continua, porra — murmurei. — Lê mais.
Ela riu, sem parar de se tocar. Voltou os olhos pro celular, a voz saindo mais trêmula.
— “Ela abriu as pernas pra ele, olhando direto nos olhos, e pediu pra ele meter. Disse que não queria homem da idade dela, queria ele. Queria sentir um homem de verdade, mais velho, meter nela até esquecer o próprio nome.”
O som da respiração dela começou a preencher a varanda. Cada palavra era um convite que a gente já tinha aceitado sem falar. A minha mão acelerou no pau, a dela se apertava entre as pernas, o celular tremendo levemente com o ritmo.
Ela fechou os olhos, jogou a cabeça pra trás e gemeu mais alto quando passou a ponta dos dedos sobre a calcinha que deveria estar molhada.
— Lê mais, loirinha — falei, com a voz rouca, baixa, mandando como quem manda na própria perdição. — Me mostra o que tu gosta de ouvir antes de dormir.
Ela riu com o canto da boca, abriu mais as pernas, deixando a calcinha desaparecer entre os dedos.
— “Ele puxou o cabelo dela e perguntou se ela tinha certeza… porque depois dali, não ia mais voltar atrás. E ela disse sim. Disse que esperou por aquilo a vida inteira.”
Os gemidos dela começaram a misturar com a história, com as minhas punhetadas lentas, ritmadas. Eu sabia que a partir dali já não tinha volta. Ela sabia também. E foi justamente isso que deixou tudo ainda mais excitante.
Na varanda da casa da mãe, no meio da noite quente do morro, nós dois, um homem que a viu crescer e uma garota que sabia exatamente o que queria, nos tocávamos em silêncio, deixando as palavras de um conto qualquer virarem nosso próprio roteiro.
A mão dela descia cada vez mais ousada por dentro do short, os olhos brilhando, as pernas abertas sem vergonha nenhuma de mim. Ela respirava rápido, a voz tremia, mas não parava de ler, as palavras do conto se misturando com o ar quente da noite. Eu sentia meu pau latejando na mão, cada frase dela me puxando mais pro fundo desse abismo sujo que a gente mesmo cavou.
— “Ele não tirava os olhos dela nem por um segundo… Queria ver cada reação, cada arrepio, cada gemido. Quando ela pediu, ele não esperou, meteu devagar, fundo, fazendo ela esquecer tudo o que existia fora daquele quarto…”
Ela gemeu abafado na própria mão, o corpo se mexendo na cadeira, a camiseta subindo no peito. A ponta dos dedos devia estar encharcada, dava pra ver o movimento sob o tecido do short. Meu pau escorregava na palma, quente, tão duro que chegava a doer. Aquilo tudo era tão proibido, tão doente, tão real que o ar parecia faltar.
— “Ela gemeu alto, pediu mais, pediu pra ele não parar… Ele disse que só ia parar quando ela gozasse pra ele. Quando soubesse o gosto de ser fodida por alguém que sempre quis…”
A voz dela falhou de novo, engolindo o gemido. Eu vi o quadril dela se mover, os dedos apertando e soltando no ritmo, a cabeça tombada pra trás, a boca aberta.
— “E ela gozou. Gozou forte, dizendo o nome dele, deixando ele saber que era só dele dali pra frente…”
Ela já não lia mais, só murmurava, os olhos fechados, a respiração completamente descompassada.
Eu acelerei a punheta, sentindo o corpo inteiro esquentar. O cheiro de sexo, o som dos nossos gemidos misturados com as frases do conto, a cena toda girando na cabeça como um filme maldito.
— Isso, loirinha… — murmurei, a voz sumida, — goza pra mim. Mostra o quanto tu gosta de ser olhada, de ser escutada, de ser desejada desse jeito sujo…
Ela abriu os olhos só pra me encarar, mordendo o lábio, as pernas tremendo.
— Eu gosto, Mirante… — gemeu. — Eu gosto tanto… não paro de pensar em ti nem quando tô sozinha.
Ouvir aquilo me tirou do chão. Eu não queria mais fingir nada.
— Então goza olhando pra mim — ordenei, a mão apertando o pau com força, o corpo todo em brasa. — Goza agora, do jeito que tu sempre quis.
Ela gemeu alto, o corpo se arqueou na cadeira, a mão apertada entre as pernas.
— Porra… eu vou gozar… — sussurrou, perdida, sem controle nenhum.
— Eu também — confessei, sem vergonha, acelerando a punheta, vendo ela se despedaçar na minha frente.
Ela gozou primeiro, o corpo inteiro tremendo, os olhos fechados, a boca aberta num gemido rouco que me deixou doente de tesão. Eu não consegui esperar. Soltei um gemido baixo, senti o gozo quente escapar na mão, a visão dela se retorcendo ali, suja, perdida, só minha.
Ficamos alguns segundos assim, respirando forte, os corpos relaxando, os olhos se encontrando no meio da noite abafada.
Ela ainda sorria, satisfeita, o brilho do suor e do desejo grudado na pele.
Eu limpei a mão no pano da bermuda, o peito subindo e descendo devagar.
Por um instante, o silêncio foi mais alto do que tudo. Só o som das nossas respirações, o cheiro de sexo e de noite quente no ar.
Ela ainda tava ali, as pernas abertas, a camiseta amarrotada, o sorriso sujo no rosto, e eu soube, sem nenhuma dúvida, que dali pra frente, nada entre a gente seria como antes.