Missão

Um conto erótico de Lore <3
Categoria: Lésbicas
Contém 2220 palavras
Data: 28/10/2025 01:35:48
Assuntos: Lésbicas

Alguns meses se passaram desde o encontro com o general e, no dia de encontrar com ele, eu havia passado a madrugada na filial. Pela manhã, recebi um gráfico de redução da taxa de transmissão. Ali comecei a pensar que Júlia e eu já poderíamos nos organizar melhor para a inseminação, porque provavelmente viria uma queda onde seria seguro darmos mais um passo tão importante na nossa vida.

Recebi uma mensagem da gatinha. Era uma foto dela no espelho do nosso banheiro, com um rostinho pensativo. Ela estava enrolada em uma toalha e com outra no cabelo.

"— Amor, o que vestir para entrar em um quartel?" — Juh perguntou.

"— Qualquer coisa que cubra mais do que essa toalha" — brinquei.

Tomei um banho ali mesmo e, enquanto me vestia, fui vendo as diversas opções de looks do meu amor. O problema em escolher era que ela se encontrava belíssima em todos.

"— Como sempre, gatinha, em todos... Mas esse pretinho aí..." — comentei embaixo de um.

"— Então será esse!" — ela respondeu.

Eu me sentia bem cansada, porém com saudade de vê-la. Uma noite longe dessa muié já me fazia ficar olhando para a tela do celular toda besta com qualquer troca de mensagens.

Fui buscá-la em casa e ela estava exalando elegância em um conjunto preto de alfaiataria. Vestia um colete justo ao corpo e uma calça de caimento perfeito, que alongava ainda mais sua silhueta. O tecido tinha um leve brilho acetinado, discreto, mas o suficiente para dar aquele toque diferenciado.

O cabelo estava partido ao meio, agora totalmente seco e finalizado. Simplesmente impecável! Bem volumoso, seus cachos estavam com um brilho diferente, mais intenso. Provavelmente ela havia usado alguma hidratação nova, e logo eu saberia.

Nas mãos, Júlia segurava um óculos de sol triangular que eu pedi para disfarçar meu cansaço, um copo térmico e um vasinho de vidro. Veio sorrindo, com aquele olhar que sempre me desmonta, e antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, me deu um beijinho rápido e entrou pelo outro lado do carro.

— Você está muito linda, amor — ela disse, incrivelmente mais precoce que eu, porque eu ainda babava na beleza dela.

— Você está um espetáculo… Não sei nem o que dizer. Gostosa pra caramba! — soltei, me aproximando para mais um beijinho.

Ela riu baixinho, inclinando o corpo até mim e segurando meu rosto.

— Trouxe um cafezinho pra você, com uns sanduíches — Juh falou em um tom manhoso, enquanto enchia meu rosto de beijos entre uma palavra e outra.

— Eu estava morrendo de saudade, te amo — disse-lhe, observando o sorriso dela se abrir involuntariamente a cada palavra que eu dizia.

— Eu também te amo e senti sua falta a noite inteira… Nunca vou me acostumar a dormir sem você — me respondeu, olhando direto nos meus olhos.

— Obrigada pelo cafezinho, eu realmente estou precisando — agradeci, roubando um último selinho antes de partirmos.

No caminho, fomos conversando. Ela realmente havia usado uma nova hidratação e disse que logo testaria a mesma marca em mim porque adorou o resultado. Juh também confirmou o que eu imaginava: Kaique e Milena estavam dormindo. Se estivessem acordados, certamente eu receberia uns beijinhos a mais vindos deles.

Não era um percurso longo, então logo chegamos.

Eu estava bem normal, usando um macacão social em tom off-white e, por baixo, uma camisa branca de manga. Meu cabelo estava solto e meio bagunçadinho, porque não tive tempo para me dedicar a ele.

Desci do carro com o blazer nas mãos, em dúvida se usava ou não.

— Com ou sem? — perguntei, segurando o blazer e observando meu reflexo no vidro do carro.

Juh ajeitou a gola da minha camisa, os dedos deslizando devagar pelo tecido, e respondeu rindo, com um tom provocante:

— Huuuuum… com, doutora...

— Huuuuum… sua safadinha, fique aí com sua mente fértil — brinquei, rindo junto com ela.

— Estou um pouquinho nervosa — Júlia confessou, enquanto eu terminava de me vestir.

— Não precisa, a gente vai ajudar de qualquer maneira — garanti e segurei sua mão.

Juh nunca havia entrado em um quartel e foi bonitinho observá-la olhando tudo com curiosidade.

Fomos anunciadas e, poucos minutos depois, o general nos recebeu em sua sala. Ele estava de pé, encostado na mesa, com um copo de uísque nas mãos. A cena me fez sorrir, porque ao olhar o relógio percebi que ainda nem eram nove da manhã. O ambiente tinha aquele ar sério, mas o meu amigo parecia alheio a qualquer formalidade. Ele nos cumprimentou com um sorriso largo e pediu que a gente sentasse.

— Me acompanham? Tem uísque, vinho, conhaque... — ele propôs, rindo.

— Não, estou evitando álcool por um tempo, mas aceito um expresso — respondi, rindo.

— Você? — o general questionou, desconfiado, porque me conhecia muito bem.

— Eu aceito um pouco de vinho — Juh disse.

Olhei para ela um pouco assustada, Júlia não é muito de beber, muito menos tão cedo.

— Estou nervosa! — ela se apressou em justificar-se, e nós três rimos.

— Vinho é ótimo para acalmar, Júlia — ele disse, servindo-a.

O general começou a detalhar a situação com a mesma seriedade e sensibilidade que havia demonstrado nos áudios. Falou sobre o projeto que vinha coordenando havia meses, envolvendo o atendimento psicológico de crianças, adolescentes e jovens que haviam passado por experiências traumáticas enquanto estavam sob a responsabilidade de uns escrotos. Explicou que o caso havia sido abafado por questões políticas e institucionais, mas que as marcas deixadas nas vítimas ainda eram profundas.

Mencionou relatórios, descreveu o cenário com precisão e me mostrou algumas fotos que pareciam falar por si. Ele ressaltou que, sem continuidade, todo aquele trabalho seria perdido, e que precisava de alguém de confiança para dar prosseguimento à missão. Ouvi em silêncio, absorvendo cada palavra.

Mexeu muito comigo. Não me parecia uma oportunidade profissional, e sim um chamado ético, humano e quase pessoal.

Era um cenário horroroso e repugnante.

O projeto envolvia 138 pessoas ao total. Os que protagonizaram o horror relatado em ambiente militar eram cinco: sete, treze, dezesseis, dezessete e dezoito anos! O restante, o projeto abraçou para abafar a situação.

Quando meus olhos saíram dos papéis, foram direto para minha esposa, que também tinha cópias nas mãos. Ela chorava silenciosamente, encarando algumas das fotos e enxugando as lágrimas de maneira sutil em um lenço de pano.

Coloquei minha mão sobre sua coxa e acariciei um pouco. De imediato, Juh abraçou um dos meus braços.

— Eu quero mais informações sobre o funcionamento, general. Como exatamente seria esse processo? — pedi, mantendo a voz firme, apesar do nó que se formava na garganta.

— A seleção está prevista para abril, Lore, e para ser sincero, você não precisa se preocupar com isso. O processo envolve avaliação psicológica, análise de perfil e preparo emocional... Mas eu já te conheço o suficiente pra saber que você está acima de qualquer parâmetro que eles possam aplicar. Posso garantir que sua aprovação é certa. É uma exigência formal, parte do protocolo. Assim que o processo for aberto, o seu nome já estará entre os selecionados. O que eu quero é que você esteja pronta pra liderar esse novo ciclo, e isso só poderá começar oficialmente a partir de abril, quando o Comando liberar o início das atividades — ele disse firmemente.

— E o local? — perguntei.

— Você poderá escolher, desde que o espaço pertença ao Exército e esteja apto e livre. O importante é que se sinta segura e tenha liberdade pra montar a equipe do seu jeito — o general explicou.

— Poderia haver voluntários nesse projeto? — Juh perguntou, respirando fundo.

— Voluntários? — ele arqueou uma sobrancelha, curioso.

— Sim... Eu gostaria de participar, quero ajudar de alguma maneira — minha gatinha disse, decidida.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos e parecia refletir sobre a ideia.

— Olha, Júlia... — ele começou, escolhendo bem as palavras. — É algo que eu precisaria averiguar, porque existem protocolos e nem sempre conseguimos incluir civis diretamente nos projetos, mesmo como voluntários. Mas... eu gostei da proposta. Vou estudar essa possibilidade e te dou um retorno mais concreto, tudo bem?

— Está bem, mas vê se não esquece, o senhor parece ser um homem bastante ocupado — Juh falou.

Ele acenou positivamente, achando graça das palavras dela.

Foi o único momento depois de ser imersa naquela situação que me deu vontade de rir. Sem vinho, Júlia não falaria assim com ele.

— E enquanto isso, ela pode te acompanhar sempre que quiser, Lorena — o general completou.

— Com certeza ela estará! — confirmei.

— Então você aceita, não é? — ele questionou.

— Quero trabalhar diretamente com as cinco pessoas mais atingidas e ouvi-las. Li os relatos de cada um, mas me parecem muito técnicos, e dessa maneira não tem como saber e ajudar em nada. Monto uma equipe para auxiliar os outros e vou coordenando, porém, inicialmente, gostaria que fosse separado. Quando eu achar propício, vou inserindo aos poucos. Assim está bom para o senhor? — perguntei.

— Da maneira que você quiser! — o general exclamou, contente.

— Qual a verba? — questionei.

Ele mexeu no computador à sua frente e me entregou um papel que tinha os valores dos repasses, de onde vinham e onde poderiam ser usados.

— É um valor bom porque... — ele ia dizendo.

— Para calar as famílias — completei, friamente.

— Exato... — meu amigo concordou, triste.

— Isso é tão... repugnante... — Juh comentou.

— Foi uma bomba que caiu no meu colo. Em um dia eu estava tomando posse e no outro sendo informado da fatalidade — ele contou.

— Vamos ajudar essas pessoas... — disse-lhes.

— Só tem uma coisa que eu acho que você não vai gostar de saber — Ele disse sério, coçando a sombrancelha.

— O quê? — Questionei.

— Fardamento — O general respondeu, rindo.

— Não tem como me livrar? — perguntei, forçando um riso.

— Infelizmente não — ele respondeu, ainda rindo de mim.

— Ah, com certeza vai ficar linda! — Juh exclamou.

~ ...👀🔥🤣

Nos despedimos dele e saímos da sala em silêncio. O corredor parecia mais comprido do que antes. Nenhuma de nós falou nada até chegarmos perto da saída. Juh caminhava ao meu lado, ainda segurando os papéis, e eu comecei a sentir o nó na garganta apertar ainda mais.

Quando avistei o carro no estacionamento, o enjoo veio de repente, como se meu corpo estivesse esperando o momento exato para reagir. Acelerei o passo e fui direto até uma lixeira próxima, apoiei uma das mãos na borda e vomitei.

Júlia se aproximou rápido, segurando meu cabelo e ficando ali, preocupada. Eu apenas levantava a mão, pedindo um segundo. Quando consegui me recompor, ela tirou uma garrafinha de água da bolsa e virou na minha boca.

— Se sente melhor? — Juh perguntou.

— Já passou — respondi.

Insisti para ir dirigindo porque já me sentia bem, mas minha gatinha não deixou — tomou o volante sem me dar chance de discutir. Fomos direto pra casa, e o resto do dia acabou sendo meio arrastado. Falei com nossos filhos, tentei distrair a cabeça, mas acabei passando boa parte do tempo no quarto, alternando entre cochilos e pensamentos que não me deixavam em paz.

Eu queria adiantar algo, sentir que estava fazendo alguma coisa concreta, então enviei um e-mail para o meu amigo pedindo pelo menos as fichas dos inscritos — precisava ter noção das idades, de como organizaria os grupos e de quantos profissionais seriam necessários. Ele respondeu rápido, mandando os dados e também uma lista dos possíveis locais que eu poderia escolher para usar.

Não era muito material, mas já era um começo.

Peguei o notebook, organizei tudo por faixa etária, montei uma lista de oficinas que considerei essenciais e fiz uma estimativa da equipe necessária. Foi nesse momento que Juh entrou no quarto.

— Dia difícil, não foi? — Júlia perguntou, sentando atrás de mim e me puxando até ficar entre as pernas dela.

— Complicado… — murmurei, deixando a cabeça cair sobre seus ombros e sentindo seus braços me envolverem.

— Você foi incrível hoje. Eu sempre brinco que sei diferenciar com facilidade a Lore minha mulher da Lore psiquiatra, e naquela sala eu vi com clareza como, mesmo em uma situação extremamente delicada, você foi profissional até o fim. E assim que saiu, a pessoa incrível que você também é, sem CRM, tomou conta, porque estava ali lutando pra reagir de outra maneira — Juh disparou.

Deitei ao lado e a puxei para que se juntasse a mim para continuarmos conversando.

— É que foi tudo tão pesado, gatinha... Ver aquelas histórias, sentir o que aquelas pessoas carregam… Tem adolescentes da idade dos nossos filhos... Me subiu uma indignação só de imaginar... Eu queria poder resolver tudo de uma vez, queria que a justiça fosse feita... Mas, infelizmente, sei que não é assim que funciona... — desabafei.

— Pesquisei os nomes dos responsáveis e eles foram somente afastados... Isso é muito injusto... — Júlia concordou.

— E agora os superiores estão calando as famílias com dinheiro. São todos uns filhos da puta — esbravejei.

— Será que seu amigo vai fazer alguma coisa? — ela me questionou.

— Eu não quis perguntar hoje porque o clima pesou e ficou insustentável pra mim, mas em outra oportunidade vou perguntar se haverão outras providências. Não é possível que isso vá ficar assim e os culpados sairão impunes — disse-lhe.

— É, depois a gente vê. Agora chega de pensar nisso, pra nossa cabeça não explodir — Juh falou e me deu um beijo.

Mostrei para ela a minha organização inicial e montamos juntas um esquema referente aos dias da semana e o que haveria neles. O foco era tratar a saúde mental, mas faríamos isso da maneira correta, proporcionando tudo de positivo que a gente pudesse para aquelas crianças, adolescentes e jovens.

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Foto de perfil de Lore Lore Contos: 143Seguidores: 45Seguindo: 4Mensagem Bem-vindos(as) ao meu cantinho especial, onde compartilho minha história de amor real e intensa! ❤️‍🔥 (sou casada e completamente apaixonada por uma mulher ciumenta, mantenha distância ✋🏽💍)

Comentários

Foto de perfil de Forrest_Gump

Já ouvi algumas histórias muito ruins de coisas que acontece no exército e são encobertas, mas sei que geralmente nem metade dessas histórias veem a público e raramente os culpados são punidos, algo que acho muito injusto. Porém essa histórias que ouvi eram sobre jovens acima de 18 anos, não de adolescentes como as que caíram no seu colo 🥺

Eu já imaginava que você irá aceitar e que Juh iria apoiar, mas não imaginei que ela iria se dispor a ajudar, essa parte me surpreendeu de maneira positiva 🤩

Apesar do contexto desse capítulo, ficou muito bom Lore, e não tem como não rir mesmo nesses capítulos tensos, ri sozinho aqui disso "~...👀🔥🤣" 😂😂😂😂😂

Ótimo capítulo Lore 🤩🤗🌹

Parabéns 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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