Amor Surrealista #15

Da série Amor Surrealista
Um conto erótico de Leonora
Categoria: Lésbicas
Contém 2267 palavras
Data: 27/10/2025 18:01:37
Última revisão: 27/10/2025 18:22:05

Eu não estava entendendo nada e não sabia o que fazer. Valentina parecia ter perdido totalmente o controle emocional; seu choro era forte, daqueles que vem do fundo da alma. Era de partir o coração vê-la daquele jeito, mas eu não sabia o que dizer ou fazer para ajudá-la. Então, permaneci em silêncio, apenas a abraçando.

O tempo foi passando, e eu me sentia desconfortável naquela situação. Não por estar abraçada a alguém, mas por estar abraçada a alguém que havia dormido com minha ex e que ainda era minha ex-patroa. Era uma situação no mínimo estranha, mas eu não a soltei; não iria deixá-la desamparada.

Aos poucos, o choro foi perdendo força e ela foi voltando ao seu estado normal. Era estanho aquele nosso abraço, e parece que ela notou isso, pois se afastou de mim rapidamente. Ela tentava secar o rosto com as mãos e não olhava nos meus olhos. Provavelmente estava com muita vergonha de mim naquele momento. Levantei-me, disse que iria buscar um copo de água e já voltava. Ela só balançou a cabeça e disse um "tudo bem", quase inaudível.

Fui até a cozinha, peguei um copo de água e passei pelo meu quarto para pegar uma caixinha de lenços. Quando voltei ao sótão, Valentina já estava de pé novamente, mas continuava tentando secar as lágrimas com as mãos. Aproximei-me devagar e sorri. Entreguei os lenços e sugeri que se sentasse em um sofá no canto do sótão. Ela me acompanhou e, assim que nos sentamos, limpou o rosto com os lenços. Eu entreguei o copo de água e ela bebeu de uma vez só. Perguntei se queria mais, mencionando que poderia trazer uma jarra, mas ela agradeceu e disse que já estava bem.

Val— Me perdoe pelo meu comportamento e obrigado por me ajudar, Nora.

Nora— Sem problemas, não precisa agradecer. Quer conversar sobre o que houve?

Val— Até queria e tenho certeza de que você seria uma boa ouvinte. Mas não posso, me desculpe.

Nora— Tudo bem, eu entendo. Todos temos nossos segredos.

Val— Até você?

Nora— Até eu, mas o meu já não faz sentido. É algo que não preciso mais esconder.

Val— Acho que seria hipocrisia da minha parte se eu te pedisse para contar, já que acabei de negar compartilhar o meu.

Nora— Provavelmente você tem seus motivos, como eu tinha os meus. Porém, esses motivos já não existem mais, e posso te contar. Mas não é nada demais. É que sou mais rica do que revelei a vocês; minha mãe e eu somos donas de uma grande empresa em Santos.

Val— Posso saber o motivo de você ter omitido isso?

Nora— Eu estava indo morar em São Paulo com alguém em quem eu ainda não confiava. Achei melhor omitir isso, até conhecer a pessoa melhor. Era uma proteção, algo que minha mãe sempre me aconselhou, principalmente com pessoas que não conheço direito.

Val— É compreensível, cuidado nunca é demais em algumas situações. O que eu não entendi é porque mesmo você sendo rica, você quis ir morar com a Donna e trabalhar na galeria.

Nora— Na verdade, foi ela quem fez a proposta. Eu aceitei porque gostei do que estávamos construindo e iria trabalhar na galeria. Isso pesou muito na hora de decidir. Estudar e conseguir meu diploma era apenas um bônus.

Val— Por que trabalhar na galeria pesou tanto para você?

Nora— Porque eu sabia que trabalharia onde havia quadros da minha pintora preferida, além de ser o local onde seus novos quadros são expostos primeiro.

Val— Pelo seu comentário na foto do quadro dela e pelo que você acabou de dizer, você realmente é uma grande fã dela.

Nora— Sou sim. Quero muito conhecê-la um dia. Sei que é quase impossível, mas ainda tenho esperança. Seria a realização de um sonho.

Val— Tenho certeza de que ela ficaria muito feliz em te conhecer. Todo artista sonha em ter fãs como você. Acho que descobri porque você tenta imitá-la.

Nora— Não estou tentando imitá-la, mas nossos estilos são parecidos. Os traços em algumas pinturas são iguais, mas juro que não faço isso propositalmente; é só meu jeito de pintar.

Val— Sério? Achei que fosse de propósito.

Nora— Posso te mostrar algumas pinturas minhas bem antigas. Elas são bem ruins, mas os traços estão lá. Evoluí muito, mas algumas coisas ainda permanecem as mesmas.

Val— Acredito em você, não precisa me mostrar por isso não, mas quero ver todos os seus quadros.

Nora— Acho que não vou conseguir te mostrar todos, são muitos. Mas o que der tempo, eu te mostro, sim.

Val— Eu realmente queria ver todos, se possível. Você tem muito talento, Nora. Por que não expõe seus quadros?

Nora— Falta de oportunidade, por minha culpa claro. Nunca os tirei do sótão. Essa é a primeira vez que mostro meus quadros bons a alguém que não mora aqui.

Val— Então sou a primeira pessoa que vê seus quadros e que não mora aqui?

Nora— Sim. Já mostrei alguns sem importância para outras pessoas, como a Donna. Mas você é a primeira que vê as obras que realmente considero boas. Olha, estou te mostrando porque você quis ver e me senti à vontade em lhe mostrar. Não tive e nem tenho segundas intenções com essa decisão, ok.

Val— Mesmo se tivesse, isso não seria um problema, mas acredito em você. Será que consigo um lugar em um hotel aqui?

Nora— Acho que sim. Mas por quê?

Val— Quero ver todos os seus quadros com calma. Talvez possamos entrar em um acordo para eu levar uns dois ou três para expor na galeria.

Nora— Não tenho problema em te mostrar, mas não sei se quero que eles sejam expostos na galeria. Me desculpe, mas preciso pensar sobre isso.

Val— Claro, eu entendo. Bom, então acho que perdi mesmo minha funcionária?

Nora— Eu amava trabalhar na galeria e poderia trabalhar lá de graça; só de estar ali já seria suficiente. Porém, não posso voltar depois de tudo o que aconteceu. Não quero ver a cara da Donna nunca mais, se possível. Trabalhar com ela é algo que não consigo nem imaginar.

Val— Entendo. O pior é que não posso demiti-la, seria errado demitir alguém por motivos pessoais. Da última vez, envolvia um funcionários da galeria, mas agora o que aconteceu foi fora do trabalho. Não posso misturar as coisas.

Nora— Posso ser totalmente sincera com você?

Val— Claro, faça questão de ser sempre sincera e fale o que precisar. Não precisa medir palavras comigo, Nora.

Nora— Combinado. Então, motivos para demiti-la você tem sim; ela mentiu e enganou você dizendo que eu não voltaria ao trabalho. Isso não é pessoal, envolve meu nome, meu trabalho e a galeria. Contudo, acho que você, por algum motivo, tem pena dela ou algo assim. Não precisa me contar, não é da minha conta; de qualquer forma, não vou voltar ao trabalho. Só espero que, quando ela aprontar de novo, eu não esteja por perto.

Val— Talvez você tenha razão. Vou refletir sobre o que você disse. Mas não tenho nada com a Donna; tudo que falei é verdade. Não é esse o motivo de eu passar a mão na cabeça dela.

Nora— Não sei, Val. Sinceramente, eu estou tentando acreditar em você, mas ainda tenho minhas dúvidas. Desculpe dizer isso, mas é a verdade. Você fala uma coisa, mas suas atitudes às vezes não condizem com o que diz. Contudo, a galeria é sua, a amiga é sua e a vida é sua também. Só tome cuidado.

Val— Algumas coisas só falar não adianta. Você não me conhece e foi traída por alguém que achava que conhecia. Sua desconfiança é normal. Porém, eu disse que podia provar o que falei, e vou fazer isso.

Nora— Não precisa; está tudo bem.

Val— Precisa sim, e não está tudo bem.

Valentina pegou sua bolsa e seu celular. Ela mexeu no aparelho e fez sinal de silêncio. Colocou ele entre nós duas, olhei para a tela e vi que ela estava ligando para Geovanna. Ouvi o som da chamada; ela o tinha colocado no viva-voz. No terceiro toque, Geovanna atendeu.

Geovanna— Oi, Val, tudo bem?

Val— Tudo ótimo, princesa. Estou ligando porque vou ficar fora o final de semana e talvez eu fique sem sinal. Queria avisar que não vou divulgar nada da galeria esse final de semana.

Geovanna— Tudo bem, Val. Mas onde você está? Não sabia que ia viajar.

Val— Resolvi isso meio às pressas, vim passar uns dias no litoral. Estou em Santos. Não te convidei porque sei que seu branquelo vai estar trabalhando e você não desgruda dele, então com certeza não aceitaria o convite.

Geovanna— Ele vai estar de serviço amanhã, então não seria possível mesmo. E não implica com meu branquelo, porque você sabe que eu o amo! Kkkkkk.

Val— Eu sei sim, são três anos assim. Quando vocês se casarem, isso passa. Kkkk.

Geovanna— Credo, Val. Não joga praga. Vamos nos casar e vamos nos grudar ainda mais; você vai ser madrinha! Kkkkk.

Val— É brincadeira, princesa. Você sabe que gosto muito de vocês e desejo que sejam muito felizes juntos.

Geovanna— Sei que é brincadeira, Val. Mas é sério que você vai ser madrinha; faço questão.

Val— Vai ser um prazer, princesa. Bom, preciso desligar. Se cuida e fica bem.

Geovanna— Se cuida também, Val. Beijos!

Valentina encerrou a ligação, mas não falou nada. Ela parecia pensativa. Quando eu ia falar algo, ela pegou o celular e fez outra chamada. Sinalizou novamente para eu ficar em silêncio e colocou no viva-voz. Quando olhei para a tela, vi que ela estava ligando para Alexia. Essa não demorou a atender.

Alexia— Boa tarde, Valentina.

Val— Boa tarde, Alexia. Você ainda está no escritório?

Alexia— Estou sim, precisa de algo?

Val— Na verdade, queria saber se você conhece alguma boa academia para me indicar alguma academia.

Alexia— Academia? Não, mas posso ver isso para você.

Val— Gostaria, mas deixa para conversarmos na segunda, que eu dou mais detalhes. Já estou em Santos, não adianta agora.

Alexia— Tudo bem, a gente conversa segunda e vejo isso para você. Mas como estão as coisas por aí? Fez boa viagem?

Val— Fiz sim, correu tudo bem. As coisas estavam boas, até eu colocar o biquíni que comprei, aí deu errado.

Alexia— Como assim deu errado? Não te serviu?

Val— Ficou meio pequeno; acho que engordei. Mas isso não é o pior; acho que estou com muita celulite. Alexia, seja sincera comigo, você acha que tenho muita celulite na bunda?

Alexia— Valentina, que pergunta maluca é essa? Como vou saber se nunca te vi de biquíni?

Val— Mas a gente não namorou? Você provavelmente já me viu nua. Kkkkk.

Alexia— A gente só namorou na cabeça da Donna! Nunca te vi nem de biquíni, imagina nua! Kkkkk.

Val— Eu que me confundi, achava que você já tinha me visto de biquíni, mas você tem razão. Mas um dia vou te levar à praia para nos divertirmos. Nas suas férias, a gente faz isso.

Alexia— Você se confundiu mesmo. Mas a gente pode fazer isso sim; eu adoraria.

Val— Vamos combinar, sim. Alexia, você contou a alguém onde estou?

Alexia— Não, só para o Orlando, como você pediu. Para os outros que perguntaram, disse que você estava em casa descansando.

Val— Obrigada, você fez bem. Vou desligar, mas qualquer coisa pode me chamar, ok?

Alexia— Está bem, Valentina. Qualquer emergência eu te ligo. Tchau.

Valentina desligou e fez outra ligação. Eu olhei e vi que estava ligando para Donna. Por impulso, estiquei meu braço e desliguei a chamada antes do primeiro toque.

Nora— Não precisa ligar para ela. Você já me deu provas o suficiente. Não quero ouvir a voz dela.

Val— Tudo bem, não vou ligar. Só quero te provar que não sou uma mentirosa.

Nora— Acredito em você; na verdade, já acreditava antes. Não fazia sentido você ter vindo atrás de mim se não fosse verdade.

Val— Obrigada por dizer isso; pode não parecer muito, mas trouxe um alívio enorme para mim. Nora, você poderia ir comigo até algum hotel que considere bom e que possa ter vaga?

Nora— Posso ir, mas por que você não fica aqui? Tem quartos de sobra na casa. Você já conhece minha família, e embora não sejamos amigas, acho que estamos nos dando bem. Não há necessidade de você ficar em um hotel. Assim, até facilita para eu te mostrar os quadros.

Val— Se você não se importar, eu fico; mas não me importo de ir para um hotel.

Nora— Não tenho problema algum, pode ficar.

Val: Está bem então, eu fico.

Nora: Val, o que a Geovanna divulga para a galeria?

Val: Ela divulga quase de tudo. A mãe dela é a dona da página do espaço cultural, mas já tem um tempo, que é ela que administra a página.

Nora: Agora entendi. Obrigado por exclarecer minhas dúvidas.

Val: Por nada.

Eu não sei direito por que a convidei, mas achei que era o certo a fazer. Talvez eu me arrependesse depois, mas até aquele momento, Valentina mostrou que merecia aquele convite.

Eu também estava curiosa sobre algumas coisas, principalmente, de quem ela estava falando quando disse a frase no meu ouvido durante o choro. Ela tinha um segredo, confirmou isso e eu tinha quase certeza de que esse segredo estava ligado à Libélula. Sabia que seria quase impossível que ela revelasse algo sobre isso, mas, de qualquer forma, tê-la por perto aumentava as possibilidades, que eram mínimas.

Continua…

Criação; Forrest_Gump

Revisão; Whisper

( Qualquer erro, incoerência, dica, crítica ou elogio, podem deixar nos comentários 🤝🏻)

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Foto de perfil de Forrest_GumpForrest_GumpContos: 452Seguidores: 99Seguindo: 61Mensagem Sou um homem simples que escreve história simples. Estou longe de ser um escritor, escrevo por passa tempo, mas amo isso e faço de coração. ❤️Amo você Juh! ❤️

Comentários

Foto de perfil de Paulo Taxista MG

Bom Dia Beto e Juh! 🤗

Val provou que e uma pessoa de confiança pois sem precisar provou que estava falando a verdade para Nora, mas que ainda carrega um grande fardo algo do passado dela, e que talvez seja relacionado a Libélula aos poucos vamos ficar sabendo.

Mas não ser muito boa para as duas a Val ver de perto os quadros da Nora, quem sabe com olhar de profissional de galeria a Nora se sente melhor com o que pinta.

Agora sabemos que Donna e daquele tipo de pessoa mentirosa e pocessiva e que temos que ficar bem distantes de pessoas assim.

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Que perfil de personalidade complexo tem a personagem Donna... 🤔💭

Pelo que deu pra perceber, ela é daquelas pessoas que orbitam entre o controle e o caos. Tem um jeito persuasivo, sabe usar as palavras e as emoções a favor dela, mas na minha visão tem algo por trás ainda... Ela parece agir mais com medo de perder espaço do que por pura maldade. É o tipo de personalidade que confunde, porque mistura carência, poder, forte necessidade de controle e manipulação no mesmo pacote.

Eu achei bem interessante o jeito como Valentina e Nora falaram sobre a dita cuja. Interessante observar como duas fontes distintas montaram um quebra-cabeça que mostra facetas diferentes da mesma pessoa.

Eu me senti partilhando uma fofoca com meu amô e ela me trazendo as informações que faltavam para a gente entender o caso 😂😂😂😂

Parabéns, amigo! Mais um capítulo muito bem construído!!! ❤️😘

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Donna tem a cabeça um pouco bagunçada, eu acho 😵‍💫

Eu acho que ela tenta ser uma pessoa normal, mas parece que ela tem um amor meio obsessivo pela Valentina, parece que é o que faz ela perder o controle. Já te adianto que tem algo sim, não é algo que vai ser muito desenvolvido na história, já que teremos problemas maiores daqui para frente, mas vai ser explicado 🤭

As duas sem saber foram envolvidas nas últimas mentiras da Donna e elas sentarem e conversarem sobre isso abertamente, foi exclarecedor, claro que ainda ficou pequenas lacunas, mas deu para entender como a cabeça da Donna funciona 🤷🏻‍♂️

Sim, parece isso mesmo, é como você contar uma história pela metade para alguém e esse alguém contar as partes que você não sabia e a história ficar completa 🤭

Muito obrigado Lore 🤗🌹

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Bom dia amore! 🤗❤️😘

Vou tentar ler o capítulo novo da sua história no trabalho. Se eu não conseguir, leio quando votar para casa, mas já dei uma olhada rápida nele. rsrs

😘😘😘😘😘😘😘😘😘

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Eu achei bonito ver a forma como Valentina se esforçou pra mostrar que é confiável. Dá pra perceber q ela realmente se importa com o q Nora pensa dela, e fez questão de provar isso de um jeito sincero, sem ficar se vitimizando. E Nora, mesmo com o pé atrás, foi muito acolhedora, escutou e deixou a porta aberta para essa aproximação q está acontecendo naturalmente. Eu gostei muito disso, a forma como elas conversaram, sem máscaras, com suas vulnerabilidades expostas e respeitando os limites dos segredos 🙃

Amei o capítulo. Parabéns por mais um! 🥰❤️😘

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Boa noite Famozinha! 📸🤗😘

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Acho que Valentina queria provar para Nora que ela realmente falou a verdade, depois de tudo que aconteceu, acho que ela quis provar sem deixar dúvidas que ela era diferente da Donna 🤷🏻‍♂️

Nora tem um bom coração e viu que Valentina foi sincera com ela, no fim eu acho que as duas resolveram ser sinceras uma com a outra para evitar que o que houve com Donna se repita e isso provavelmente vai unir bastante as duas 🤭

Muito obrigado Juh 🤗🌹

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Bora ler mais um 📖

👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻

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