AVISO AOS LEITORES: Excepcionalmente neste capítulo, vou tentar uma narrativa diferente. A Carolina está narrando com um distanciamento temporal maior, como se já soubesse o que vai acontecer no futuro. Isto vale apenas neste one-shot. Nos demais, vou voltar ao estilo de narração mais comum.
Meu nome é Carolina. Durante os eventos que vou narrar, tinha 30 anos. Naquela época, já trabalhava como engenheira pra uma multinacional holandesa. Meu trabalho era o tipo que soava elegante quando dito em jantares e exaustivo quando vivido de verdade. De dois em dois meses, eu me via embarcando para a França ou para a Holanda, entre reuniões, plantas industriais e noites de hotel com janelas que davam para cidades turísticas que eu nunca tinha tempo de turistar.
Eu sempre fui vaidosa e sei que chamo atenção. Tenho 1,68m, pele levemente bronzeada e cabelos escuros que caem sobre os ombros com um certo descuido estudado. Meus seios são grandes, cheios, e não há blusa que não precise lidar com isso. Minhas coxas são discretas, mas proporcionais ao meu corpo, e minha bunda é pequena, mas firme.
Eu estava divorciada havia um ano. Um divórcio limpo no papel e devastador por dentro. Foram anos de casamento, de um namoro vindo da faculdade, até descobrir que ele me corneava sempre que podia. Não pensei duas vezes e chutei o cretino.
E foi nesse vazio que encontrei o trisal mais improvável da minha vida: Andréia e seu Geraldo. Ela, 41 anos, trabalha na TI e amiga de meia vizinhança. Loira, corpo cheio, olhos vivos e um sorriso que me desmontava. Andréia tinha um magnetismo que não cabia em palavras. Sensual e carinhosa. Isso para não falar daquela bunda. Uma bela e gigante bunda com nádegas que pareciam duas orbes e um par de coxas robustas pra sustentar aquele monumento.
Seu Geraldo, 62 anos, era porteiro do prédio. Nordestino, barrigudo, feio de um jeito sincero e irresistivelmente humano. Era gentil, discreto e de um calor que não se explicava. Talvez por isso, por ser tão diferente do meu tipo de homem, que acabei de me entregando pra ele. Como se eu quisesse provar que não tinha dedo pobre pra escolher macho (spoiler: eu tenho e meu dedo é podríssimo, mas o seu Geraldo é de boa). Foi ele quem nos uniu, sem querer. E, por um tempo, funcionou. Um segredo entre três corpos que se entendiam melhor na cama que em público.
Mas o que é bom demais costuma acabar cedo. Brigamos e nos afastamos. A culpa foi minha. Não vou fugir de admitir. Falei besteira, fiz besteira. Não tive um pingo de empatia ou bom-senso. E estou pagando o preço pelos meus erros, sem coragem de procurá-los.
A verdade é que eu estava apaixonada por Andréia. E gostava de verdade do seu Geraldo. Não como paixão ou amor, mas gostava dele com carinho. Ele era, sei lá, a coisa mais próxima de um “ex-namorado não escroto” que eu tinha (bem, até comer a minha prima, o que foi muito escroto da parte dele). Eu queria falar com eles, resolver tudo. Mas o medo me travava. O medo de descobrir que, para eles, eu tinha sido só mais uma.
Para mim, isso foi anos atrás. Hoje, eu sei como tudo isso terminou e a retrospectiva me permite entender o que aconteceu. Este não é um conto de amor, mas o conto sobre o começo da queda de um grupo de amigas. Mas não se preocupe, não vou dar spoilers.
O que eu posso dizer é que o principio do fim para a turma da academia começou no domingo, um dia depois do escândalo em que a Rebecca pediu divórcio do Maurício.
Era manhã ainda. O sol de domingo me lambia com aquela preguiça boa que só ele tem. Eu estava deitada na espreguiçadeira, de biquíni preto pequeno demais pra tampar os meus peitões por inteiro. O tecido fino grudava na pele, realçando cada curva, do meu quadril, dos meus seios que quase escapavam pelas laterais. As tiras finas marcavam meu ombro e o elástico da calcinha cavada desenhava as linhas da minha bunda.
O Kindle apoiado no colo tremia de leve toda vez que eu cruzava ou descruzava as pernas, tentando me concentrar no “As Ligações Perigosas”. Aquele livro era um labirinto de manipulação, desejo e vingança. E eu ia ter que apresentar aquilo no clube do livro em três semanas, mas ele parecia complicado de apresentar, dado os temas.
Suspirei, larguei o Kindle de lado e levantei os óculos escuros. Olhei em direção à piscina. A Eliana estava estirada numa espreguiçadeira do outro lado, o corpo perfeito reluzindo no biquíni branco de lacinho. O bronze dourado dela fazia contraste com o branco do tecido e com os olhos verdes que fechavam devagar. Do lado dela, a Lorena ria de alguma coisa, deitada de bruços, com um biquíni azul que realçava o tom de pele morena e as costas lisas, elegantes. As coxas dela, firmes e proporcionais, se contraíam de leve quando ela se ajeitava.
Na água, a Letícia brincava sozinha, mergulhando e subindo com o cabelo castanho colado na testa. O biquíni vermelho destacava a pele clara e as coxas fartas dela, um corpo jovem e cheio de energia. Já a Alessandra estava ao lado da Andréia. E o que eu vi ali fez meu estômago revirar.
A Alessandra estava passando bronzeador nas costas da Andréia, e o jeito como a mão dela deslizava não deixava espaço pra dúvidas. O cabelo loiro cacheado balançava sobre os ombros nus enquanto ela espalhava o creme devagar, e a Andréia fazia pose. A bunda da minha ex-amante, perfeita como sempre, empinada pro lado, coberta por um biquíni verde-água tão fino que deixava o tecido encharcado se moldar à pele. Quando nossos olhos se encontraram, ela Fez questão de me encarar.
O olhar dela dizia: “A fila anda, meu bem.”
Virei o rosto, tentando me concentrar no livro, mas meu coração já tinha acelerado. Eu odiava admitir, mas sentia ciúme. Um ciúme burro. O tipo de coisa que eu fingia estar acima, mas que me corroía. A Andréia sempre soube mexer comigo.
Quando percebi, Lorena estava passando por mim, indo em direção ao hall. O corpo dela brilhava de protetor solar e o biquíni azul parecia ainda mais vivo. Sem pensar, chamei:
— Lorena, espera!
Ela virou, sorrindo com aquele ar de quem sempre está de bem com o mundo.
— Você pode me passar bronzeador?
Ela olhou pro relógio de pulso.
— Eu tava subindo agora... — disse, mas logo sorriu de novo. — Tá, vai, rapidinho.
Agradeci com um sorriso tímido. Virei de bruços na espreguiçadeira, ajeitando o cabelo pro lado. Senti quando ela se aproximou, o cheiro de coco do óleo misturado ao perfume suave dela. A Lorena subiu com leveza sobre mim, sentando-se sobre minhas coxas. A pele dela estava quente, e eu senti o toque frio do bronzeador escorrer antes que suas mãos começassem a espalhar o líquido em movimentos lentos.
— Você tá bem quieta hoje, Carolina — disse ela, com aquele tom brincalhão.
— Tentando não pensar — respondi, a voz meio abafada pelo braço.
— Tem dias que eu sou assim também.
Virei um pouco o rosto, e vi o reflexo dela pelo óculos. As mãos dela desceram mais devagar, espalhando o bronzeador nas minhas costas, com movimentos circulares. O toque era leve, mas firme, do tipo que a pessoa não percebe que provoca até ser tarde demais.
— Eu adoro quebra-cabeças — falei de repente, pra quebrar o clima que começava a me deixar elétrica. — Sempre que tô ansiosa, monto um.
— Jura? — ela respondeu, surpresa. — A Jéssica me chamou pra montar um hoje à noite. Um de cinco mil peças. Quer ir também?
— Cinco mil? — ri. — Adoro esses gigantescos. Claro que vou.
— Vai ser divertido — disse ela. — E pelo menos você tira a cabeça de seja lá o que está te afetando.
— É, talvez eu precise mesmo.
O silêncio que veio depois foi estranho, bom. O tipo de silêncio que faz o som da piscina e das risadas distantes parecerem parte de um sonho. As mãos dela subiram mais uma vez, agora espalhando o resto do bronzeador perto da base do meu pescoço. Eu fechei os olhos.
— Pronto — ela disse baixinho. — Missão cumprida.
Levantei devagar, ainda sentindo o calor nas costas. Ela se levantou também, limpando as mãos com uma toalha.
— Obrigada — falei, virando pra ela.
— Que nada.
Nos despedimos com um toque leve de mãos. Fiquei olhando ela subir, o cabelo balançando e o biquíni azul se perdendo no sol. Pensei em olhar pra Andréia, que ainda estava ali, rindo com a Alessandra, mas hesitei. Não queria ver. Não queria confirmar o que já imaginava.
Suspirei. Me senti vazia. Queria parar com aquele joguinho, mas tinha medo demais de descobrir que eu era só mais uma na fila da Andréia.
Foi naquela noite de domingo que eu e a Lorena fizemos um pacto quase faustiano. No meu desespero em arrumar pessoas pra me ajudar na apresentação do clube do livro, a Lorena ficou com pena de mim e se voluntariou. E aceitamos a ajuda de uma terceira pessoa, o meu ex-professor de faculdade, Jonas.
Na terça de tarde, aconteceu mais um dos sintomas do inevitável racha das mulheres do condomínio. Eu estava quase terminando o relatório quando o celular vibrou mais uma vez. Pelo fuso da Holanda, faltavam uns dez minutos pra eu bater o ponto, então deixei o Excel de lado e peguei o telefone. O grupo da academia, “Turma da Academia”, estava pegando fogo.
[Andréia]: “Moças, segue o babado praquelas que não tão sabendo.”
[Andréia]: “Tem uma rola de 25 cm de puro sexo à solta no nosso prédio. Solteiro, desimpedido e disponível pra quem quiser quicar.”
[Andréia]: “O nome do jegue é Antônio. O ex da Letícia, que escondeu o jogo direitinho da gente enquanto tava com ele.”
Dei uma risada curta. Me peguei pensando se a Andréia já tinha quicado no pau daquele cara. Pelo visto, ela transaria com todos os homens e mulheres antes de aceitar que o ‘’‘marido’’’ dela não se importa com ela há anos.
[Letícia]: “Andréia, pelo amor de Deus! Tu não tinha que contar isso aqui, não!”
[Eliana]: “Hahaha Andréia, você não presta! Mas pera… 25 cm mesmo?”
[Jéssica]: “Gente! Que tipo de conversa é essa?! Isso aqui é grupo da academia, não de putaria!”
[Rebecca]: “Concordo com a Jéssica. Isso não é apropriado, irmãs. Vamos mudar de assunto, por favor.”
[Andréia]: “Ah, Rebecca, deixa de ser quadrada. A gente malha glúteo e posterior todo dia, nada mais justo do que saber o que pode vir pela frente, hahaha.”
[Lorena]: “Eu não acredito que estou lendo isso… Mas confesso que nunca vi uma rola desse tamanho não. Vocês têm certeza de que não é papo da Letícia?”
[Larissa]: “25 cm? Eu pago pra ver. Só acredito vendo. E segurando.”
[Alessandra]: “É verdade, sim.”
[Jéssica]: “Não! Pelo amor de Deus, não mandem nada aqui.”
[Sarah]: “Olha, eu tô meio com a Jéssica nessa, mas... 25 cm? Eu não sei se admiro ou se corro.”
[Tatiana]: “O assunto é polêmico, mas interessante sociologicamente falando. Existe um limite técnico de aproveitamento anatômico. Acima disso é turismo radical.”
[Larissa]: “Hahaha turismo radical foi ótimo! Eu topo a aventura. 25 cm? Vamo ver se é tudo isso mesmo.”
[Natália]: “Ladies, eu não acredito que tô lendo isso no meio de uma tarde de trabalho.”
[Alessandra]: “Natália, para de fingir, tu é curiosa igual. A gente sabe que você vai querer ver por foto também”
[Eliana]: “Gente, calma. Ninguém vai mandar foto por aqui não. Andréia, tu tem uma foto?”
[Andréia]: “Só a Letícia deve ter uma foto do instrumento.”
[Letícia]: “Andréia, eu não tenho não.”
[Andréia]: “Ah, vah, Letícia, você namorou esse jegue por uns dois ou três anos e não tem um nude sequer dele pra compartilhar? Engana quem?”
A discussão continuou assim por um bom tempo. Enquanto eu tava em outro fuso, tinham vindo mais de 100 mensagens. Um festival de emojis de fogo, gargalhadas, suspiros e algumas mensagens apagadas.
[Lorena]: “Gente, mas fala sério... 25 cm não deve ser prazeroso, não.”
[Larissa]: “Depende da técnica, Lorena.”
[Letícia]: “Era sim. Pode confiar. Ele sabe como usar.”
[Alessandra]: “Confirmo.”
[Rebecca]: “Que conversa mais indecente! Eu não sei como vocês conseguem expor o coitado assim.”
[Tatiana]: “Ah, Rebecca, a gente só tá brincando. Relaxa, mulher.”
[Sarah]: “Rebecca, às vezes é bom rir um pouco. A vida já é séria demais. Ninguém aqui vai querer dar pro ex de uma amiga.”
MAS DAR PRO EX DA PRIMA TÁ LIBERADO, NÉ SARAH????
[Alessandra]: “Ai, gente, vou pedir uma foto pra ele. Se a Letícia não quer repassar, eu repasso.”
[Jéssica]: “Não.”
Eu podia quase ver as expressões de cada uma: Andréia digitando rápido, Jéssica de sobrancelhas franzidas, Rebecca com o cenho apertado, e Larissa mandando emojis de foguinho. Demorei um pouco pra terminar de me inteirar na conversa e poder digitar algo.
[Carolina]: “Eu não sei o que me espanta mais: o tamanho da rola ou o tamanho da coragem da Andréia de falar isso aqui.”
Em segundos, vieram as reações.
[Andréia]: “Kkkkk! Eu e a coragem somos irmãs gêmeas, Carolina. E a curiosidade é prima próxima.”
[Larissa]: “Carolina, se espanta não. Se a gente não rir, a gente pira.”
[Andréia]: “Quem nunca teve um nude vazado que atire a primeira pedra.”
Tatiana, Sarah, Rebecca e Jéssica mandaram um emoji de soco em resposta à Tatiana.
[Larissa]: “Falando sério, Letícia, você não quer compartilhar os nudes dele não? A gente confirma se os 25 cm são reais ou fake news.”
[Jéssica]: “Larissa!”
[Eliana]: “Ai, Larissa, hahaha.”
[Rebecca]: “Parem com isso! Vocês vão compartilhar nude de homem agora? Isso é errado! É pecado e crime.”
[Andréia]: “Ah, Rebecca, não vem com sermão agora. Homem faz isso com a gente o tempo todo. Não vai ser o fim do mundo se a gente olhar um pinto em grupo.”
[Tatiana]: “Dois erros não fazem um acerto, Andréia. Mas eu admito que a curiosidade fala alto.”
[Sarah]: “Não sei o que pensar. É errado, sim, mas eu fico curiosa. Nunca vi 25 cm de perto.”
[Lorena]: “Mesma coisa. Eu acho moralmente duvidoso, mas...”
[Natália]: “Vocês têm noção que ele é aluno meu e da Alessandra? Isso é ético e juridicamente problemático. Não contem comigo.”
[Alessandra]: “Ah, Natália, deixa de ser séria por cinco minutos. E eu tecnicamente nunca dei aula pra ele. Só dei outras coisas...”
[Natália]: “Alessandra, sua louca! Isso pode dar um processo administrativo!”
[Letícia]: “Gente, calma. Eu nem sei se ainda tenho as fotos dele. E não sei se é certo mandar.”
[Andréia]: “Então bota pra votação! Democracia é linda.”
[Alessandra]: “Boa. Quem quiser ver as fotos, vota 'SIM'. Quem achar errado, vota 'NÃO'.”
[Letícia]: “Eu me abstenho, mas aceito o resultado.”
Foram dois minutos de silêncio. Depois, as respostas começaram a pipocar.
[Andréia]: “SIM, pelo amor de Deus!”
[Alessandra]: “SIM.”
[Larissa]: “SIM.”
[Eliana]: “SIM, mas só por curiosidade, juro.”
[Lorena]: “SIM, só porque duvido que seja verdade.”
[Sarah]: “NÃO. Gente, desculpa, mas isso passa do limite. Curiosidade não justifica invasão de privacidade.”
[Jéssica]: “SIM.”
[Andréia]: “Jéssica, eu vi certo? Tu votou sim?”
[Jéssica]: “Ah, gente, curiosidade mata. Pronto, confessei.”
[Alessandra]: “Kkkkkkk, Sabia que a santinha tinha um lado devassa.”
[Tatiana]: “SIM. Já tá todo mundo curiosa mesmo.”
[Rebecca]: “NÃO. Isso é indecente.”
[Natália]: “NÃO. Questão de princípio.”
[Carolina]: “NÃO. Eu ri, mas é errado, garotas. Melhor não alimentar esse tipo de coisa.”
Resultado: 7 a 4. As liberais venceram.
[Andréia]: “O bem venceu.”
Letícia demorou uns dez minutos pra responder. A gente imaginou que ela estivesse pensando melhor. Mas, de repente, chegaram as fotos. Parecia quase um ensaio que ele tinha feito em uma cama amarrotada de motel.
O Antônio, deitado, posando, exibindo tudo. Fotos dele flexionando os músculos. Fotos dele de costas, a bunda musculosa. Alguns closes no pau. Tanto mole quanto ereto. Closes na cabeçona vermelha inchada. Um vídeo pequeno dele tocando uma. Era tão grande que sobrava espaço pra mão. Não havia dúvidas: o cara era mesmo um cavalo.
O grupo ficou em silêncio por uns segundos. Depois, o dilúvio.
[Andréia]: “Caraca! Não é fake não, meninas.”
[Sarah]: “Meu Deus... não sei se fico com medo ou tesão.”
[Eliana]: “Caraca, ele não desmaia quando fica de pau duro, não?”
[Tatiana]: “Não é que eram 25 cm mesmo?”
[Rebecca]: “Eu não acredito que vocês estão elogiando um pecado desse.”
[Natália]: “Eu vou sair do grupo por cinco minutos.”
[Larissa]: “Natália, relaxa. Ele é só um aluno, não um planeta com gravidade própria.”
[Lorena]: “Kkkkkkk planeta foi ótimo.”
[Tatiana]: “Letícia, e a performance? Ele entrega o que promete?”
[Letícia]: “Entrega. É bom de cama, sim.”
[Sarah]: “Você não tem ciúmes? Digo, você não fica bolada da gente comentar o pau do seu ex-namorado assim?”
[Letícia]: “Nenhum. Passado é passado. Se alguma de vocês quiser experimentar, por mim, pode ficar à vontade.”
[Sarah]: “Mulher evoluída que fala. Eu teria quebrado o pau.”
[Andréia]: “Literalmente.”
[Alessandra]: “Hahaha Andréia!”
[Tatiana]: “Letícia, ele não tem nenhum defeitinho, não? Por que você dispensou ele então?”
[Letícia]: “Além dele ter me traído com várias mulheres, incluindo a própria Alessandra? Eu diria que, pra mim, é um defeito dele ser todo obcecado por sexo anal. Louco pra enrabar qualquer uma. Mas comigo ele nunca fez. Ele sempre pediu, mas sempre tive medo de liberar. E detalhe: ele sempre quis fazer isso com a Natália.”
[Andréia]: “Compreensível.”
[Letícia]: “Ah, e ele é doido pra enrabar a Natália.”
[Andréia]: “Com aquela bunda, dá pra entender o desejo dele.”
[Natália]: “O QUÊ? Ele é meu aluno! Isso é doentio!”
[Alessandra]: “Eu já fui enrabada por ele. Recomendo, viu? Fiquei uns dias sem andar direito, mas faria de novo.”
[Rebecca]: “Alessandra! Que coisa horrível de se dizer!”
[Sarah]: “Alessandra, você não tinha vergonha nenhuma mesmo, hein?”
[Alessandra]: “Vergonha é fingir que não gosta. Eu gosto e pronto.”
[Andréia]: “Kkkkkk Alessandra é sem filtro, adoro.”
[Eliana]: “Gente, eu não sei o que é maior: o tamanho do Antônio ou do surto coletivo aqui.”
[Tatiana]: “Natália, ele realmente demonstrava interesse em você nas aulas?”
[Natália]: “Não. Gente. Não. Eu juro. Eu nunca dei qualquer condição. Eu não daria pra um aluno meu...”
[Lorena]: “Não leva isso tão a sério. Ele é só um cara com hormônios.”
[Rebecca]: “Não justifica. O corpo é templo do Senhor.”
[Larissa]: “E o do Antônio é uma catedral.”
[Eliana]: “HAHAHA Larissa! Eu não aguento você!”
[Jéssica]: “Eu me arrependi do 'sim'.”
[Andréia]: “Depois que viu o pau é fácil querer pagar de santa, né?”
Eu lia tudo sorrindo, mas não deixava de reparar nas entrelinhas. Jéssica e Rebecca já não estavam confortáveis, Natália claramente irritada, e as demais rindo. Aquele foi o primeiro momento de racha no grupo e o primeiro momento em que a gente meio que parou de alertar as outras sobre as investidas de abutres cercando a gente.
Horas depois, ainda na terça mas de noite, eu saí de casa decidida a descarregar a irritação na esteira. Irritada com problemas no trabalho, com a Andréia toda feliz com a fila andada, com a quantidade de mulheres (que eu tinha certeza, mas não tinha como provar, que eram amantes ou ex-amantes) dando mimos ao seu Geraldo todo final de semana.
Coloquei meu conjunto favorito de academia: top preto colado, sem bojo, que realçava o formato dos meus seios, e uma legging vinho de cintura alta, justa. O tecido brilhante acompanhava cada curva, da minha bunda pequena e empinada até as coxas firmes. Olhei no espelho antes de sair e pensei: “Tá, Carolina, pelo menos por fora, tá tudo no lugar”.
Quando a porta do elevador abriu, encontrei três figuras lá dentro: o síndico Alberto, um cinquentão que só conhecia de vista e a Larissa, que era a ruivinha crossfiteira e a membra mais jovem da turma da academia. Entrei, dei boa noite, e logo percebi o clima pesado de olhares.
O síndico, seu Alberto, estava de calça jeans e camisa polo azul-marinho, o bigode horrendo e impecável como sempre. Ele tinha um corpo quase fora de em forma, mas um olhar de quem achava que mandava em tudo. Ao lado dele, um quarentão ou cinquentão que tinha visto algumas vezes, com um bigode tão cafona quanto o do síndico, mas bem mais charmoso. Tinha cabelo grisalho, ombros largos, sorriso confiante. Ele exalava aquele tipo de energia de homem que pensa que chama atenção. O olhar dele era direto, sem vergonha, pra mim. Dava pra sentir quando ele encarou meus seios.
E com eles, a Larissa, que roubava a cena de um jeito diferente. Usava um top vinho, de alça grossa e decote quadrado, e um short curto, justo, que parecia ter sido costurado sobre as coxas dela. O abdômen definido aparecia entre o top e o cós, e cada movimento fazia os músculos das pernas dela reagirem como se posassem pra foto. Pele clara, cheia de pintinhas, o cabelo ruivo solto só deixava tudo mais provocante. Ela era a mistura perfeita entre força e leveza.
— Oi, Larissa! — cumprimentei, sorrindo. — Tudo bem?
— Oi, Carolina! Tudo, e você? — ela respondeu, simpática como sempre. — Ah, esse aqui é meu pai, o Assis. Pai, essa é a Carolina, ela mora aqui também.
O tal do Assis estendeu a mão. A pegada dele foi firme, o olhar pros meus seios demorando mais do que deveria.
— Prazer, Carolina — disse ele, com aquele tom de voz rouco que denunciava intenções.
Cumprimentei o síndico também, tentando manter a postura neutra. Mas não precisei de muito pra perceber o clima: dois machos de meia-idade me olhando como quem avalia um prato de restaurante caro.
— O prazer é meu, seu Assis — respondi.
Tanto o seu Assis quanto o seu Alberto não tiravam os olhos de mim. Dois homens de meia-idade, cada um com o mesmo brilho de desejo escondido. O Assis, especialmente, me encarava como quem queria despir com o olhar.
— Engraçado. Você é muito parecida com a minha vizinha, Sarah. Aquela moça bonita que mora no apartamento do lado do meu — comentou, ainda com o olhar descaradamente fixo nos meus seios.
Dei um sorrisinho educado, mesmo sentindo o incômodo crescer.
— Sou prima dela. A mãe dela é irmã do meu pai. A gente cresceu praticamente juntas.
— Ah, entendi. — Ele riu, balançando a cabeça. — Agora faz sentido. As duas têm aquele mesmo jeitinho, digamos, inconfundível. Família bonita. Deve ser genético.
O Alberto riu, mas eu continuei calada, olhando pro visor do elevador, torcendo pra descer logo. Sentia o olhar do Assis encarando a minha bunda na legging. O síndico não ficava atrás, revezando entre mim e a bunda da Larissa, como se estivesse comparando qual das duas era mais “apetecível”.
O silêncio tomou conta. A Larissa, aparentemente, não percebia ou fingia não perceber. Eu, por outro lado, sentia cada segundo como um teste de paciência.
Quando chegamos ao térreo, o seu Alberto, a Larissa e eu saímos. O Assis ficou pra descer até o estacionamento. Assim que o elevador começou a fechar, o síndico se virou pra mim com um sorriso enviesado.
— Confesso que tava achando estranho não te ver com seus amiguinhos, a Andréia e o seu Geraldo. Brigaram, é?
Fingi não ouvir. Apenas ajeitei a alça da bolsa no ombro e caminhei em direção à portaria, ao lado da Larissa. Meu corpo ainda pulsava de raiva e desconforto. Seguimos em direção à academia, onde eu iria descontar tudo na esteira.
Quarta à noite. Eu estava no meu apartamento, sentada à mesa de jantar com o notebook aberto. Estava trabalhando na apresentação pro clube do livro. E, por sorte, no domingo de noite, haviam convencido a Lorena e o Jonas a me ajudarem. Três cabeças avançam muito melhor que uma.
Eu usava um shortinho de algodão cinza e uma regata branca sem sutiã. Era confortável, mas talvez indecente demais pra quem tivesse a cabeça no lugar. O tecido leve marcava meus mamilos duros por causa do ar-condicionado. Meus cabelos escuros estavam soltos, e minhas pernas cruzadas, morenas e lisas. O Jonas, claro, notava tudo embora fingisse que não.
Ele estava de bermuda jeans e uma camiseta azul-marinho. Barba por fazer, cabelo bagunçado e ainda no começo do processo de rarear, e aquele tipo de corpo de homem que não é nem gordo nem em forma: uma barriguinha de chope, peito peludo, braços grossos mas meio moles. O Jonas tinha esse ar desleixado e seguro ao mesmo tempo, uma mistura que enganava. Parecia o tipo de homem que não ligava pra aparência, mas a verdade é que tudo nele era calculado.
A Lorena vestia um short de moletom e uma camiseta preta cortada nas laterais, que deixava entrever a pele dourada e o contorno dos seios pequenos e firmes. O cabelo preso em um coque alto deixava o pescoço exposto, e o sorriso fácil dela acendia qualquer ambiente.
O Jonas tinha assumido naturalmente a liderança. Ele havia terminado de ler o livro em dois dias. O que, convenhamos, era um feito pra quem trabalha fora que nem ele. Agora, folheava suas anotações.
— A apresentação precisa ter uma estrutura tripla — disse ele. — Um eixo sobre o poder e a sedução, outro sobre o jogo social e, por fim, o moralismo hipócrita do século XVIII.
— Moralismo hipócrita? — perguntei, encostando o queixo na mão. — Você quer dizer o mesmo que hoje, só com vestidos maiores?
— E cartas em vez de WhatsApp — brincou Lorena.
O Jonas sorriu, satisfeito com o interesse.
— Exatamente. A diferença é que, naquela época, a manipulação era uma arte. Hoje, é uma pressa.
Franzi a testa.
— Então você quer que eu fale disso? Do contraste entre o jogo da sedução de ontem e o de hoje?
— Isso. — Ele inclinou o corpo pra frente. — Pensa: Merteuil e Valmont são arquitetos do desejo. Eles planejam cada movimento, cada palavra, como se fosse uma batalha.
A Lorena digitava alguma coisa no notebook e falou sem levantar os olhos:
— A gente pode projetar uma linha do tempo visual, sabe? Mostrar como a trama se desenrola, quem manipula quem.
— Boa — disse Jonas. — Você cuida disso, Lorena. Carolina, você foca na introdução: explica o contexto histórico e faz o paralelo moderno. Eu monto as conclusões.
Ele se levantou, caminhando devagar ao redor da mesa, e começou a falar enquanto passava a mão pelos meus cabelos, de leve. Fingiu que era distração. Eu não comentei. O cafuné dele era agradável, reconfortante até. Depois, parou atrás da Lorena e fez o mesmo, enroscando os dedos nas pontas soltas do cabelo dela, desfazendo seu coque.
— Isso ajuda a pensar — disse ele, rindo. — Relaxa o cérebro.
Lorena olhou pra mim com um meio sorriso, e eu dei de ombros, fingindo não ligar. O Jonas continuava a falar, sua voz firme, quase hipnótica:
— O livro é sobre controle, entende? Sobre quem domina quem, e por quê. O prazer vem disso. Não é o sexo. É o poder.
— Isso soa bem cínico — comentei, tentando parecer casual.
Ele riu, aquela risada baixa, entre cínica e divertida.
— O Laclos só escreveu o que todo mundo sente e finge que não sente, Carolina.
A Lorena levantou os olhos e arqueou a sobrancelha:
— Você fala como se tivesse praticado o método dele.
— Eu só observo — respondeu Jonas, com um sorriso de canto. — Mas vocês duas dariam ótimas Tourvel.
Eu soltei um riso nervoso e voltei a digitar. Ele se colocou atrás de mim, as mãos firmes sobre meus ombros, massageando com a ponta dos polegares. Era o toque certo, a pressão exata e, por um instante, me esqueci completamente do livro.
— Assim fica mais fácil pensar — disse ele, em tom quase sussurrado.
A Lorena também sentia a mesma atenção dele. Ele alternava entre nós, como se fosse natural. A conversa fluía, as ideias apareciam, e o ar ficava cada vez mais quente.
Naquele momento, eu achava que o Jonas só era um homem gentil, simpático, prestativo. Um ex-professor inofensivo. A Lorena também achava. Mas o que nem eu nem ela sabíamos, naquela época, era que ele era, de fato, um babaca cínico e que aquela gentileza toda era só o começo de um plano pra nos transformar nas suas putinhas particulares.
Eu ainda não sabia, naquela época, mas o Jonas e a Cinthia eram o verdadeiro Visconde de Valmont e a Marquesa de Merteuil do nosso condomínio. E nós (eu, Lorena e tantas outras mulheres da turma da academia) éramos apenas Céciles, ingênuas que se achavam espertas. Quem seria a Madame de Tourvel? Essa dúvida me acompanha até hoje. Talvez a Jéssica, com aquela aura de pureza inabalável. Ou a Natália, com seu jeito idealista. Talvez até a Rebecca, com sua fé. Ainda não sei.
As horas foram passando, e nossa mesa de jantar virou uma trincheira de ideias. O Jonas ditava o ritmo, como se o livro fosse uma partitura e ele o maestro. Lorena digitava freneticamente, montando slides, e eu tentava transformar conceitos soltos em algo coeso e apresentável. Discutíamos tudo. O que incluir, o que deixar de fora, como dar um tom mais provocador à apresentação.
— Acho que a gente devia focar mais na Merteuil — disse Lorena, firme. — Ela é o verdadeiro cérebro da história. Valmont só executa.
— Discordo — retrucou Jonas, sem olhar pra ela. — Ele é o coração da intriga. A Merteuil é a mente, sim, mas o Valmont é o prazer em movimento. Sem ele, a história não respira.
Eu intervim:
— Talvez o equilíbrio seja o ideal. O jogo entre os dois é o que cria a tensão. Um representa o poder racional; o outro, o poder emocional.
O Jonas me olhou com aprovação.
— Boa leitura, Carolina. Essa será a tua fala de abertura.
Ele se levantou e começou a andar de um lado pro outro, falando com as mãos. Enquanto falava, tocava de leve nossos ombros, mexia no cabelo da Lorena, passava os dedos pelas minhas mãos ao nos orientar sobre algo. Tudo de um jeito natural, quase distraído.
Eu não dei importância. Jonas era casado com a Cinthia há anos. E, convenhamos, todos sabiam que eles eram um casal muito sólido. Nunca o imaginei capaz de flertar com ninguém, muito menos comigo. Ele não seria louco de dar em cima justo de uma ex-aluna dele. E a Lorena tinha princípios sólidos. Ela nunca ficaria com homem casado, nem por um segundo. Era o tipo de mulher que acreditava em karma.
Ainda assim, havia algo na forma como ele se movia, uma confiança estudada. Ele falava baixo, pausado, nos olhava com um olhar faminto, parecendo um leão olhando para duas gazelas. Como se sempre estivesse a um pensamento intrusivo de dizer que, a partir de agora, nós duas passaríamos a ser propriedades deles. A Lorena o acompanhava com atenção, e eu, sem perceber, fazia o mesmo.
— E se eu incluísse um trecho de carta? — perguntei. — Pra dramatizar um pouco.
— Perfeito — disse Jonas, sorrindo. — Você tem uma voz ótima pra leitura. Usa isso.
— Olha só, ele é exigente, mas elogia direitinho — brincou Lorena.
Jonas deu uma risada curta, desviando o olhar.
Duas horas depois, já tínhamos metade da apresentação pronta. Os slides estavam alinhados, o roteiro, quase fechado. Eu estava exausta, mas orgulhosa. O Jonas se espreguiçou e disse:
— Acho que já basta por hoje. A Cinthia me mata se eu chegar tarde de novo.
Ele se despediu com um abraço apertado nas duas. Eu juro que senti, por um instante, seus braços me pressionarem pra que os meus seios se esfregassem contra seu peito. E o mesmo com Lorena. Mas descartei a ideia logo. Devia ser impressão minha. O Jonas era expansivo. Nada além disso.
Quando ele saiu, eu fechei o notebook e respirei fundo. A sala parecia mais fria sem a presença dele. A Lorena apoiou o queixo nas mãos e me olhou com aquele olhar curioso dela.
— Posso te perguntar uma coisa? — disse, hesitante.
— Pode — respondi, fingindo distração.
— O que tá rolando entre você e a Andréia? Vocês eram grudadas e agora mal se falam. Parece até uma guerra fria.
Fiz um meio sorriso e dei de ombros.
— Ah, nada demais. A gente só... se afastou um pouco. Coisas de mulher.
Lorena riu baixo.
— Hm. Então tá. — Pausou. — Sabia que ela criou um grupo secreto no WhatsApp? Um só pras solteiras e pras bis da nossa turma da academia.
— É mesmo? Pra quê?
— Pra falar mais abertamente de sexo, putaria e tudo mais. Um grupo só entre amigas, sem julgamentos.
Meu estômago revirou. Não sabia que a Andréia tinha esse talento pra juntar pessoas e me provocar sem nem perceber.
— Quem tá nesse grupo? — perguntei, tentando manter o tom leve.
— Eu não tô — respondeu Lorena, rindo. — Mas sei que a Alessandra, a Letícia e a Larissa entraram.
Por dentro, senti um incômodo estranho. Não era ciúme, exatamente. Era orgulho ferido. A Andréia sabia como cutucar, sabia onde doía.
— É a cara dela — comentei. — Sempre gostou de comandar as conversas mais picantes.
A Lorena me olhou divertida.
— Você fala como se não gostasse.
Sorri, sem entregar nada.
— Eu gosto de bons debates. Só prefiro os que têm argumento — disse, brincando.
Ela riu, e o clima voltou a ser leve. Mas por dentro, eu ainda sentia ciúmes demais da Andréia.
O dia passou e já estávamos na tardinha da quinta-feira. Depois de bater o ponto, estava descendo pro térreo. O dia tinha sido pesado, daqueles de planilhas sem fim e reuniões que podiam ter sido e-mails. O sol já se escondia atrás dos prédios. Eu só queria pegar minhas encomendas da Amazon e voltar pro meu canto. Mas, quando vi quem estava lá, meu corpo travou.
Seu Geraldo. De braços cruzados, encostado no balcão, com aquele uniforme verde-oliva meio gasto, camisa justa demais pro tamanho da barriga e calça presa por um cinto de couro que já devia ter uns dez anos. O crachá balançava sobre o peito largo e o boné encobria parte da careca brilhante. Aquele sorriso manso, que antes me fazia rir, agora só me embrulhava o estômago.
Meu coração bateu rápido. Lembrar que ele tinha comido justo a Sarah, minha prima, me deixava com vontade de cuspir no chão. Se ele não tivesse feito aquilo, talvez eu já tivesse descido pra pedir desculpa pelas coisas idiotas que disse naquela briga. Talvez a gente tivesse voltado a se falar, a rir, a se provocar. Talvez até retomado o nosso acordo de sexo casual. Mas agora não. Agora eu queria ver ele pagar. Não sabia como, mas queria.
Respirei fundo, botei o rosto de profissional fria e controlada, e entrei.
Ele não era meu ex-namorado. Era só sexo casual. Bastava repetir isso até acreditar.
— Boa tarde, seu Geraldo — falei seca, sem olhar muito.
Ele se ajeitou, endireitando o boné.
— Ô, dona Carolina! Boa tarde! Trabalhando demais, né?
— Só vim pegar umas encomendas — respondi, firme. — Chegaram duas caixas da Amazon, certo?
— Chegaram sim. Tão aqui, ó. — Ele se abaixou pra pegar as caixas. O movimento fez a camisa subir um pouco, revelando aquele pedaço da barriga gordurosa e peluda que eu conhecia bem. Desviei o olhar.
— Obrigada — mantive o tom neutro.
— E como é que tá a senhora? — ele perguntou, ainda com aquele sorriso calmo.
— Trabalhando. — Dei de ombros. — O de sempre.
— Ah, eu imagino. Vida corrida, né? — Ele colocou as caixas no balcão e me olhou com um ar quase carinhoso. — A senhora sempre foi muito dedicada.
Assenti, peguei as caixas, e quando me virei pra sair, ele soltou a bomba:
— A senhora sabe que é importante pra mim, né? Especial. Sempre foi.
Minhas pernas pararam sozinhas. O ar pareceu pesar. Uma parte de mim quis chorar, outra quis surtar aos berros. Que audácia. Dizer isso pra mim depois de comer a minha prima?
— É mesmo? — virei levemente o rosto, sem encará-lo direito. — É porque a calcinha de uma mulher de trinta é especial perto das cinquentonas?
Ele deu um risinho baixo, coçando a nuca.
— Ô, dona Carolina... A senhora sabe que não é isso. Cada mulher tem seu jeitinho, seu tempero. A senhora sempre foi especial pra mim do seu jeitinho.
Como todas as outras.
— Diferente como? — perguntei. — Mais burra, talvez, de ter sugerido aquele acordo?
— Não diga isso, mulher. A senhora sabe que eu nunca prometi o que não podia dar. Mas o que a gente teve foi bom, foi de verdade.
— Foi conveniente — rebati. — E acabou.
Ele suspirou fundo, olhando pro chão por um instante antes de levantar o olhar.
— E a dona Andréia? A senhora voltou a falar com ela?
Senti o ciúme me morder a garganta.
— A Andréia? — ri com desdém. — Ela já esqueceu de mim. Tá cheia de amiguinhas novas. Deve ter arrumado outra pra brincar de casalzinho.
Ele coçou o bigode, com um olhar que misturava pena e tristeza.
— Cês eram bonitas juntas. Um paixão boa de ver.
— Pois é — falei, segurando firme as caixas. — Bonita. Igual um acidente de carro: ninguém consegue parar de olhar, mas no fim sobra só destroço.
O silêncio se instalou por um instante. Eu me virei e comecei a caminhar até a porta de vidro.
— Dona Carolina... — chamou, com a voz mais baixa, rouca. — Eu sinto falta da senhora.
Fingi que não ouvi. Segurei as caixas com mais força e atravessei o hall, tentando parecer imune. Por dentro, era mentira. A raiva ainda era menor que a saudade. Mas um dia, iria me vingar dele. Só então, poderia perdoa-lo.
Quando a porta do elevador abriu, dei de cara com o Carlos vindo do estacionamento. Estava diferente. A barriga dele, que antes empurrava o cinto, agora estava desaparecendo. O rosto parecia mais vivo, o olhar mais desperto. Tinha o sorriso de quem finalmente se sentia confortável no próprio corpo. Vestia uma camisa azul-marinho, jeans escuro e sapatos que eram muito boas, por sinal.
— Carolina! — disse, abrindo o sorriso como quem reencontra uma velha amiga. — Tudo bem?
— Oi, Carlos. — respondi com polidez, inclinando levemente a cabeça. — Tudo certo.
Entrei no elevador e pressionei o botão do meu andar. Ele ficou um passo atrás de mim.
— Soube pela Eliana que você tá procurando voluntários pra te ajudar numa apresentação sobre um livro francês — ele disse, com o tom leve demais pra ser casual.
Olhei pra ele por alguns segundos, em silêncio. Claro que ele tinha ouvido isso. Carlos nunca perdia uma chance de se aproximar. Desde aquele dia em que ele me viu nua. Ele me flagrou me masturbando no quarto, meses atrás, quando entrou de surpresa no meu quarto porque cheguei um dia antes da viagem. Ele devia ter saído correndo, mas ficou olhando. Encarando a minha buceta. Decorando cada detalhe, vidrado. Aquilo foi nojento. Eu era mais de 22 anos mais nova que ele. Tinha sido aluna dele!
Depois, ainda teve aquela noite no cinema, quando ele passou dos limites e apalpou o meu seio. Eu estava distraída cometendo a besteira de retribuir os beijos do Enéias e ele aproveitou a distração e o clima de pegação pra encher as mão nos meus seios. Fez fom-fom e tudo, o tarado.
— É verdade — disse, mantendo o tom neutro. — O pessoal do clube do livro me escalou pra fazer uma apresentação temática.
— Que livro é? — perguntou, com curiosidade.
— As Ligações Perigosas. Choderlos de Laclos. — respondi, observando o reflexo dele na parede de aço do elevador.
— Ah, sim... — ele disse, balançando a cabeça, os olhos meio acesos. — Li faz uns seis anos, eu acho. E assisti algumas adaptações também. É uma obra fascinante. Não custava reler, né? Se quiser, posso te ajudar com isso.
Fiquei olhando pra ele em silêncio, avaliando. Aceitar a ajuda de Carlos era, em partes, conveniente. Ele entendia de literatura, sabia analisar, poderia de fato contribuir. Mas também era abrir uma brecha. E eu temia o que ele poderia aprontar com uma brecha.
— Talvez — disse por fim, com um sorriso leve. — Pode ser útil ouvir uma perspectiva diferente.
— Ótimo — respondeu, animado demais. — Amanhã à noite, posso passar no seu apartamento, e a gente conversa sobre o livro, sobre a apresentação...
— Melhor na piscina — interrompi, antes que ele terminasse. — O ar fresco da noite lá é bem melhor pra pensar. E a iluminação é boa.
— A piscina, é? Gostei da ideia. Amanhã, então?
Assenti.
O elevador chegou ao meu andar e as portas se abriram. Dei um passo pra fora.
— Até amanhã, Carolina — ele disse, ainda sorrindo.
— Até, Carlos. — respondi, sem virar o rosto.
Enquanto caminhava até meu apartamento, ainda sentia o olhar dele queimando minhas costas. Secando o rebolar da minha bundinha. O Carlos podia estar mais magro, mais confiante, mais interessante até. Mas no fundo, continuava o mesmo cafajeste dos boatos da época em que era aluna dele. O que tinha um harém inteiro pra si.
Horas depois, ainda na quinta, eu tinha ido pra academia. Ela estava quase vazia. Estávamos ali apenas eu, Letícia, Eliana e Rebecca.
Suava ainda da última série. O espelho à frente mostrava meu corpo. Os cabelos escuros presos num rabo de cavalo, a pele levemente dourada pelo sol do fim de semana e o top preto colado aos seios, que mal se continham dentro do tecido justo. A calça legging azul-marinho, dessas que desenham cada curva, moldava minha bunda pequena, mas firme, e deixava as coxas marcadas, brilhando de suor. Gostava de ver o reflexo, o contraste entre o cansaço e a sensualidade.
A Letícia, por outro lado, era o retrato da juventude inquieta. As coxas dela pareciam de atleta, grossas, tensas, sempre com aquele brilho de esforço. O short lilás subia demais, deixando o limite da bunda quase à mostra. O top branco, pequeno demais pro tamanho dos seios, fazia qualquer olhar se perder. Era difícil ignorar aquela mistura de inocência e perigo.
A Eliana estava de top cinza e legging vinho. O corpo dela era mais maduro, com curvas que pareciam divinas. A barriga trincada e sexy. Os seios grandes se moviam a cada respiração funda, e o suor escorria entre eles.
A Rebecca destoava das três. Usava uma camiseta branca amarrada na cintura e uma legging preta. Mesmo coberta, chamava atenção. O corpo dela era uma contradição entre rigidez e delicadeza. As curvas eram discretas, mas a postura reta, quase altiva. O olhar sereno escondia um turbilhão. Desde o divórcio, havia algo novo nela, uma liberdade incômoda, talvez.
Depois da última rodada de exercícios, todas nós paramos para respirar, bebendo água perto do espelho.
— E aí, Rebecca — perguntei, enxugando o suor do colo com a toalha —, como tá sendo essa semana?
— Está tudo bem, dentro do possível — respondeu com aquele tom sereno dela. — O Jonas e a Cinthia têm sido incríveis. Estão me apoiando em tudo o que preciso.
Eliana fez um som de assentimento, ajeitando o cabelo com a mão.
— É, o Jonas também tem me ajudado bastante com uns problemas pessoais. Tem sido bem solícito ultimamente.
A Letícia riu de leve, apoiando as mãos nos joelhos.
— O Jonas é meio complicado. Parece um babaca olhando rapidamente, mas não posso negar que é um ótimo conselheiro — respondeu Rebecca. — Eu queria poder retribuir tudo que ele tem feito nos últimos meses.
— Eu também — respondeu Eliana. — No que ele tá me ajudando, eu já estava sem esperanças. Faria qualquer coisa pra retribuir a ajuda.
— Eu também — admitiu Rebecca.
A Letícia soltou outra risadinha, olhando pra fora.
— Pois é — comentei. — Ele anda simpático mesmo. Engraçado, né? Na época em que ele era meu professor, era todo fechado, cheio de tiradas sarcásticas. Quer dizer, até um dia desses, ele parecia meio cínico e nem aí pra nada. Às vezes, eu ouvia à boca pequena ele só fazia as coisas se tivesse algo a ganhar com isso.
— Dizer que ele sabe reconhecer o esforço alheio não seria uma mentira — disse Letícia, quase sussurrando.
Rebecca deu uma risadinha curta.
— Aquilo era fachada. Por dentro, ele e a Cinthia são duas manteigas derretidas.
A Letícia pigarreou, o olhar perdido pra uma parede.
— Acho que foi a briga do Maurício que mudou ele — comentou Eliana. — Acho que ele se sente culpado por não ter ajudado o seu Raimundo e a Rebecca contra o Maurício. Ele só filmou, enquanto a Rebecca e o Rogério fizeram tudo. Talvez, ele tenha se sentido culpado. Talvez esteja querendo compensar aquela omissão.
— E o que ele ia pode fazer ali? — perguntou Letícia. — Apanhar junto?
— Tentar alguma coisa — respondeu Eliana.
— Não sei — respondi. — O Jonas sempre foi meio estranho. Mas admito que ele nunca quebrou a palavra. Mesmo que o detestava na faculdade, admite isso.
Rebecca balançou a cabeça, firme.
— Ele já fez muito naquela tarde ao filmar e enviar pra todo mundo. Sem aquilo, o Rogério teria um pouco mais de dor de cabeça pra provar sua inocência. O vídeo eliminou a necessidade do corpo de delito.
A Letícia respirou fundo antes de entrar na conversa:
— Olha, sinceramente? Não tinha o que fazer ali. Se ele tivesse entrado no meio, ia só apanhar. Os únicos que poderiam parar o Maurício ali eram mesmo o Rogério, a Lorena ou o Enéias.
A Rebecca suspirou, mas o olhar dela ficou distante. A Eliana apoiou o cotovelo no banco, pensativa.
— Sabe o que eu tava pensando? A gente devia fazer alguma coisa pro Jonas. Ele tem ajudado todo mundo aqui, de um jeito ou de outro. A gente devia retribuir de alguma forma. Dar algo que ele queira muito.
A Letícia pigarreou de novo e desviou o olhar pro espelho, fingindo ajeitar o cabelo.
Rebecca, Eliana e eu ficamos ali trocando ideias sobre o que poderia ser um bom presente pra ele.
— Ele não pega sol nunca — interveio Letícia, mexendo no elástico do top. — Nem na piscina do prédio. A gente podia juntar parte da turma e levar ele e a Cinthia pra um final de semana numa casa de praia. Churrasco, piscina, mar… Ia ser divertido.
A Rebecca mordeu o lábio, pensativa.
— Eu não sei se ele iria aceitar… O Jonas é bem reservado e nunca vi ele de sunga de banho. E a Cinthia é tão certinha — disse ela.
— Eu tenho quase certeza de que ele é louco pra ir numa casa de praia — brincou Letícia.
— Uma casa de praia ia ser ótimo pra relaxar — falei, passando a toalha na nuca. — Uns dias de praia iam fazer milagre.
— Eu topo. Ele merece um descanso, e a Cinthia também. Mas como o semestre letivo começou há pouco, duvido que ele queira ir tão cedo — disse Eliana.
Olhei pra Letícia. Ela sorria daquele jeito misterioso que eu só viria entender muito depois.
Naquela época, nenhuma de nós sabia que a Letícia e a Alessandra eram as únicas da turma da academia que conheciam a verdadeira natureza do Jonas.
Mesmo hoje, com o privilégio da retrospectiva, não sei afirmar categoricamente se a Letícia era cúmplice dele, se ela estava tentando nos alertar de forma disfarçada, ou se ela apenas se divertia vendo a confusão como quem assiste um incêndio bonito demais pra apagar.
Quando perguntada tempos depois, ela disse que estava sendo neutra. Porque todas nós tínhamos dito que “faríamos qualquer coisa” em troca de algo e todas nós concordamos com os acordos individuais com o Jonas. E o Jonas estava realmente cumprindo suas partes do acordo. Se a gente tinha feito um pacto com o capeta de livre vontade, por que ela deveria intervir?
— Outra ideia — disse Letícia, apoiando-se no banco. — Já que o condomínio vai ter eleição pra síndico esse ano, a gente podia colocar o nome do Jonas pra concorrer e fazer campanha pra ele.
A Eliana estranhou na hora.
— Olha só... Não é a primeira vez que você fala isso, Letícia.
— Mas a turma da academia já tinha combinado de apoiar a Tatiana na próxima eleição pra síndico, lembra? — respondeu Rebecca.
Peguei minha garrafinha e dei um gole demorado, antes de comentar.
— Pensando bem, não é tão absurdo. O Jonas tem esse jeitão autoritário, mas ele detesta gente relapsa. Dá pra imaginar ele de crachá e prancheta mandando no prédio inteiro, mas apoiando as causas justas.
A Letícia inclinou o corpo pra frente, empolgada.
— A prioridade da turma da academia não é colocar a Tatiana no topo. A nossa prioridade é tirar o seu Alberto e impedir a Marieta de colocar um testa de ferro no lugar. A Tatiana ainda pode ser síndica depois. Ela é bem nova que o Jonas. E, pra agora, o Jonas tem o perfil certo. Ele entende as regras, as jogadas, os bastidores. O prédio todo ia respeitar ele enquanto ele se livrava da Marieta pra gente.
A Rebecca respirou fundo, ponderando.
— Entendo o raciocínio. Mas acho... Não sei. Não sei se quer ou precisa desse tipo de poder.
— Poder é o que move ele — respondeu Letícia. — Mas, de um jeito estranho, esse poder é amarrado pela sua palavra. A gente só precisa dar o poder pra ele com a condição dele passar os dois próximos anos barrando a Marieta e aprovando as nossas pautas.
A Eliana deu uma risadinha curta.
— Eu só quero ver a cara do seu Alberto se isso acontecer. Ia ser impagável.
Naquela época, a gente ainda não tinha entendido o plano da Letícia. O Jonas era um babaca que gostava de poder e controle pelo poder. Ele sentia prazer em corromper e subjugar as mulheres que julgava como certinhas ao seu redor. Mas ao mesmo tempo tinha aquele código de honra em nunca quebrar a palavra dada e ser profissional quando que se propõe a sê-lo.
Ser “entronizado” como síndico pelas mulheres que ele manipulou, comeu ou transformou em suas putinhas particulares seria, ao mesmo tempo, uma honra e uma maldição pra ele. Porque, por um lado, nós daríamos mais poder e controle pra ele. Mas por outro, o Jonas se sentiria obrigado a ser um bom e profissional síndico em todos os temas que não lhe dissessem respeito diretamente, além de passar dois anos obrigado a cumprir qualquer acordo feito com as mulheres que comeu e o que elegeram. De alguma forma torta, isso parecia genial.
— A gente pode pensar nisso — disse Rebecca. — Mas duvido que ele aceite. Ele não parece o tipo que gosta de exposição.
— É — concordei. — Ele vai dizer que não tem tempo, que é coisa de ego. Mas vai ficar pensando nisso por semanas.
— Eu também duvido que ele aceite — completou Eliana. — Mas não custa tentar. Se ele topar, a gente sai ganhando. Digo, o prédio inteiro sai ganhando.
Nesse momento, o celular da Letícia vibrou na beira do banco. Ela pegou, olhou e deu um sorrisinho.
— Mensagem da Andréia. No grupo das solteiras e bis. — Ela mostrou a tela de relance, antes de digitar algo rápido.
Aquela simples menção me deu um aperto no peito. Saudade e ciúmes misturados, um nó familiar. A Andréia fazia falta. E doía perceber que ela ainda se lembrava de mim, mas não o suficiente pra mandar mensagem direta.
A Eliana percebeu o meu olhar distante e perguntou:
— Tá tudo bem, Carolina?
Forcei um sorriso e balancei a cabeça.
— Tudo, sim. Só pensando no treino de amanhã — menti, pegando a toalha pra enxugar o rosto.
Ela assentiu, mas o olhar dela dizia que não acreditava totalmente.
No começo, a criação desse grupo paralelo com as bis, solteiras e putaria free pareceu inofensivo. Mas logo foi tomando outras proporções. O primeiro sinal de racha foi quando isso se transformou numa minicompetição para ver qual delas conseguiria chegar primeiro na buceta das certinhas hétero da turma: Jéssica, Rebecca, Sarah, Natália, Eliana, Larissa, Tatiana. Quando demos por nós, mesmo que sem querer, parecia que aquilo iria evoluir pra uma situação em que todo mundo ia se comer e ninguém seria mais de ninguém.
Isso nos distraiu da verdadeira ameaça. Aquela pra qual nós deveríamos ter prestado atenção e nos unido pra repelir.
Jonas. Antônio. Carlos. Seu Geraldo. Assis. Seu Alberto. Seu Raimundo.
Tínhamos muito predadores de meia-idade nos cercando, doidos pra nos comer e nos tornar suas putinhas.
O problema não era ter uns homens querendo nos comer. Até aí, tudo bem. Caras como o Antônio ou o Enéias, que tinham a nossa faixa etária e eram gostosos e pausudos, eu não via problema pra sexo casual.
Mas, tirando o Antônio, só tinha caras em crise de meia-idade e a velharada cínica. E que não apenas queriam nos comer, mas nos subjugar. Nos tornar putinhas submissas deles. Seja por lábia, camaradagem, manipulação, algum acordo de troca de favor ou mesmo chantagem. Cada um deles, usava uma carta diferente pra nos levar pra cama.
Isso pra não mencionar o time das quarentonas/cinquentonas que queriam colar velcro com a gente: Cinthia, Odete, dona Ângela.
Se tivéssemos permanecido unidas e contando a real umas pras outras, como foi quando todas alertaram no grupo que o Enéias dava em cima de todas nós ao mesmo tempo, esses coroas não seria o menor problema. Mas o fato de cada uma preferir o silêncio desta vez prenunciou a nossa queda e facilitou a vida dos piores entre eles.
Uma a uma, todas nós fomos caindo na rola de (mais) um deles. Uma a uma, fomos entregando nossas calcinhas ou fazendo ensaios de nudes, conforme o tipo de coleção que eles faziam. Uma a uma, fomos cedendo cada vez mais, nos permitindo cada vez. Nos tornamos putinhas (temporárias ou não) de alguns deles ou membras de um harém de outros. Participamos de surubas e recebemos DPs daqueles coroas, mais unidos que nós. Uma a uma, todas nós fomos permitindo que eles colocassem coleiras com seus nomes em nossos pescoços e aceitávamos ir pra casas de praia onde serviríamos a eles em surubas prolongadas.
Nenhuma de nós teve seu cuzinho perdoado. Apenas dois casamentos resistiram ao final. E apenas uma de nós escapou de todos eles, mantendo seus princípios. Justo aquela que muitas de nós ostracizaram por motivos que hoje todas nos envergonhamos.
Os meses seguintes foram os da nossa queda. Desunidas e comidas. Algumas de nós conseguiram sair dessa rapidamente. Outras chegaram a se casar com um deles, o que eu não concordo mas entendo que realmente havia amor ali. Agora, se você quer saber se todas conseguimos nos recuperar e nos vingarmos desses crápulas em crise de meia-idade, terão que aguardar as cenas dos próximos capítulos.
Mas posso garantir que dois deles se redimiram aos meus olhos e dois deles se foderam muito e achei bem-feito.
Pois bem, leitor. Este foi o meu one-shot e ele não terá uma continuação. Não aqui, com este título, claro.
Para acompanhar minhas próximas desventuras sexuais, a minha narração PoV ocasionalmente vai rolar na série “Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas”.
Caso você se interesse pela narração PoV da Lorena, ela vai rolar na série “Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela”.
Caso você prefira as narrações PoV da Eliana ou Rebecca, procure a série “Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não.”.
Antes de encerrar, tenho algumas perguntas pra vocês:
A) O que acharam da amizade Carolina-Lorena?
B) O plano da Letícia de amarrar o Jonas em uma grande responsabilidade como síndico faz sentido enquanto vingança?
Agora, e pelos próximos capítulos das séries, vou deixar as opções em aberto pra votação sobre o que deve acontecer.
Coloquem nos comentários o que vocês torcem que aconteça no lance Jonas/Carolina/Lorena e POR QUE torcem pra isso:
1) Vitória completa do Jonas: Jonas come Carolina e Lorena e transforma as duas em suas putinhas particulares por um tempo.
2) Vitória parcial do Jonas: Jonas come Carolina e Lorena ao mesmo tempo, mas apenas uma vez.
3) Vitória parcial do Jonas: Jonas come apenas a Carolina, enquanto a Lorena escapa dele.
4) Vitória parcial do Jonas: Jonas come apenas a Lorena, enquanto a Carolina escapa dele.
5) Vitória das duas mulheres: Tanto Lorena quanto Carolina escapam do Jonas.
Ou a opção mais votada ou a que tiver o melhor argumento a favor será a vencedora e vai rolar na série do Jonas.
Coloquem nos comentários para o que vocês torcem que aconteçam nos próximos capítulos. Em breve, teremos a continuação.
Os próximos capítulos serão:
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 13
* Eu e Minha Esposa Pulamos a Cerca... E o Caos Explodiu - Parte 10
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 02
* Queria Ser Síndica, mas Porteiros e Zeladores Me Viram Pelada (One-shot da Tatiana)
* Neste Condomínio em que Ninguém é de Ninguém, Exijo o Meu Vintém - Parte 01
* Passando a Vara nas Vizinhas. Ou Não. - Capítulo 14
* Minhas coleções de calcinhas, amantes e putinhas - Parte 10
* Louco para enrabar a professora ruivinha, enrabei a <SPOILER> primeiro
* Quem Vai Comer a Advogada Evangélica? - Capítulo 11
* Eu, minha amiga gostosa e os vizinhos dela - Parte 03
* Eu, minha esposa e nossos vizinhos – Parte 17.5
* Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha - Parte 04
NOTA DO AUTOR: Pelo meu planejamento até o final da novela, entre manipulações e acordos, o Jonas deve comer umas oito das doze mulheres da turma da academia (já substituindo a Jéssica pela Anacleta pelo fato da Jéssica ser 100% de cogitação).
Algumas já estão definidas, outras já estão descartadas. Não vou dizer quem, quando ou como. Mas achei interessante deixar criar esse método interativo com os leitores em que eles podem influenciar na decisão sobre se ele vai comer algumas das protagonistas PoV ou mesmo torna-las suas putinhas particulares (com coleira e tudo) por alguns capítulos. Ou influenciar a impedir essas personagens de cair nesse destino.