Parte 3: A minha primeira vez - O Sabor Amargo do Desejo e a Doce Vingança
Luca mexe com a minha cabeça de uma forma que eu nunca imaginei possível. Acordei pensando nele, e acreditava, com a ingênua fervor de uma adolescente que assistiu a muitos filmes de princesa, que ele era o príncipe. Aquele homem certo, destinado a ser meu primeiro, meu único, o início do meu "felizes para sempre". A tensão sexual que nos unia era a trilha sonora épica do meu romance particular.
Sábado, a ansiedade estava no auge. Mandei uma mensagem para ele, mal conseguindo disfarçar a ânsia na minha voz.
"E aí, vamos sair hoje?"
A resposta veio rápida, seca como um golpe.
"Não vou poder, Fah. Tenho uns assuntos de família pra resolver. Depois a gente se fala."
A mensagem caiu como uma luva de gelo no meu peito em chamas. "Assuntos de família". A desculpa era vaga, inespecífica, e uma pontada de desconfiança começou a corroer minha certeza. Passei o dia inteiro enclausurada no meu quarto, o corpo latejando de frustração, a mente um turbilhão de pensamentos. Estava completamente envolvida, talvez até apaixonada. A ideia de que ele pudesse não estar sentindo o mesmo era insuportável.
No final da tarde, a desesperança tomava conta quando o celular vibrou. Era uma amiga de outro grupo.
"Fah, tem uma festinha na praça do bairro de cima. Vai ter um som, umas bebidas. Tá sem nada pra fazer? Vem dar uma passada!"
Minha primeira reação foi negar. Minha cabeça estava em outra galáxia, orbitando around de Luca. Mas a perspectiva de passar outra noite alimentando expectativas frustradas era pior. Precisava me distrair.
"Tá bem, vou aí rapidinho."
Cheguei na festa já com o coração pesado. Era uma daquelas reuniões informais em uma praça, com um carro de som, gelo e bebidas espalhadas em uma mesa, e grupos de jovens se espalhando pelos bancos e pelo gramado. E então, meu mundo desabou.
A primeira pessoa que meus olhos encontraram, sentado em um banco sob a luz amarela de um poste, foi Luca. E ele não estava sozinho. Tinha uma garota – morena, bonita, de shorts curto – sentada em seu colo. Seus braços estavam envolvidos na cintura dela, e seus lábios estavam colados aos dela em um beijo que era tudo menos platônico. Era profundo, possessivo, o mesmo tipo de beijo que ele havia me dado na areia da praia.
O chão pareceu se abrir sob os meus pés. Uma onda de calor, seguida por um frio gélido, percorreu meu corpo. O coração pareceu parar e, em seguida, disparou como um tambor enlouquecido. A traição não era uma suspeita; era uma realidade vívida, crua e humilhante, iluminada sob a luz pública de um poste. Pensei em chorar, em gritar, em virar e sair correndo. Mas algo dentro de mim, um orgulho ferido e uma fúria recém-nascida, me manteve firme.
Não. Não vou dar esse gosto a ele.
Respirei fundo, endireitei os ombros e caminhei em direção à mesa das bebidas com uma determinação que não sabia que tinha.
— Uma caipirinha — pedi para o amigo que estava misturando, minha voz surpreendentemente estável. — E bota cachaça sem pena, hein?
O amigo olhou para mim, surpreso. — E aí, Fah, tá bem? Se você tá pedindo, então eu faço, mas depois não venha reclamar que tá forte, kkkkkkk.
— Não vou reclamar — afirmei, com um sorriso amargo.
Enquanto ele preparava a bebida com uma dose generosa de Pitu, senti os olhos de Luca sobre mim. Quando me virei, copo na mão, nossos olhares se encontraram através da multidão. Ele deu um pulo, quase empurrando a garota do seu colo. Seu rosto era um quadro de puro pânico. Ele tentou disfarçar, virando o rosto rapidamente, mas era tarde demais. Eu tinha visto. E, ao contrário do que ele podia imaginar, eu não deixaria barato.
Fiz questão de tomar um longo gole da caipirinha, sentindo o álcool queimar minha garganta e minha raiva. O sabor era ácido e forte, combinando perfeitamente com o amargor no meu peito. Me juntei a um grupo de amigos, rindo alto de qualquer coisa, me fazendo de forte, de despreocupada. Mas por dentro, eu estava em frangalhos.
Foi então que meus olhos, vasculhando o grupo de Luca em busca de mais pistas da minha humilhação, encontraram outro par de olhos. Eles pertenciam a Roberto. Eu sabia quem ele era: primo do Luca, um ano mais velho, de um colégio diferente. Mas vê-lo pessoalmente era outra coisa. Ele era… deslumbrante. Mais alto que Luca, com ombros largos, um queixo forte e olhos castanhos profundos que pareciam enxergar através da minha farsa. Era, inegavelmente, mais bonito que Luca.
E ele não desviava o olhar. Enquanto Luca tentava, de forma patética, parecer desinteressado, Roberto me encarava com uma intensidade aberta e calculista. Havia um convite naqueles olhos, um reconhecimento da situação e uma oferta silenciosa.
Minha vontade era dar o troco. Um troco barulhento, suculento e que doesse tanto quanto a minha dor. E sim, eu iria retribuir aquele olhar.
Decidi meu curso de ação. Tomei outro gole da caipirinha, sentindo a coragem artificial do álcool se misturar à minha fúria genuína. Comecei a dançar sozinha, perto do carro de som, meus movimentos fluidos e propositalmente sensuais. Meu vestido, justo e curto, colava ao meu corpo a cada volta. Eu não dançava para a multidão; dançava para um único par de olhos.
Roberto não resistiu. Em poucos minutos, ele se aproximou, um copo de cerveja na mão e um sorriso confiante nos lábios.
— Você é a Fah, né? — ele disse, sua voz era mais grave que a de Luca, mais madura.
— E você é o primo traiçoeiro — retruquei, sem perder o ritmo.
Ele riu, um som baixo e sedutor. — O traiçoeiro é ele. Eu só sou o espectador que está adorando o show.
— O show tá só começando — sussurrei, me aproximando dele.
Ele não perdeu tempo. Colocou a mão na minha cintura, puxando-me para perto, e começamos a dançar juntos. Era uma dança de conquista, de vingança em andamento. Meu corpo se encaixou no dele, e eu podia sentir seus músculos duros contra minha maciez. Meus quadris se moveram contra os dele no ritmo da música, e eu deixei, encorajei. Olhei por cima do ombro dele e vi Luca observando, seu rosto pálido e tenso. Um sorriso de vitória amarga se desenhou nos meus lábios.
A música baixou, mas nós não nos separamos. O rosto de Roberto estava a centímetros do meu.
— Você é muito gostosa pra ficar sofrendo por um babaca — ele sussurrou, seu hálito quente no meu ouvido.
— Quem disse que tô sofrendo? — menti, olhando diretamente para ele. — Tô é com vontade de me divertir.
— Então deixa eu te divertir.
E ele me beijou. Era um beijo diferente de todos os outros que tinha experimentado. Não tinha a doçura fingida de Luca, nem a curiosidade tímida dos outros garotos. Era um beijo puramente carnal, dominador e habilidoso. Sua língua invadiu minha boca com uma confiança que não pedia permissão, e eu respondi com a mesma ferocidade, mordendo seu lábio inferior, puxando seus cabelos curtos. Era o gosto do álcool, do sal e da vingança.
A festa começou a esvaziar, mas nós permanecemos, grudados. Quando ele finalmente se afastou, seus olhos estavam escuros de desejo.
— Vou embora. Vem comigo? — foi uma afirmação, não uma pergunta.
Sem hesitar, concordei com a cabeça. Ele pegou minha mão, e saímos da festa juntos, nossos dedos entrelaçados como um desafio lançado ao mundo e, especificamente, para Luca, que nos observou partir com uma expressão de devastação completa. A vitória nunca tinha sido tão vazia e, ao mesmo tempo, tão doce.
Seu carro era um sedan antigo, mas limpo. Mal a porta se fechou, o mundo exterior desapareceu. O clima dentro do carro era pesado, carregado de tensão sexual e da raiva que ainda fervia em minhas veias. Ele não ligou o motor imediatamente. Virou-se para mim, seu rosto iluminado apenas pelos faróis ocasionais de outros carros.
— Você não é como eu imaginava — ele disse, sua mão acariciando minha face.
— E como era? A virgem inocente? — perguntei, com um riso amargo.
— Algo assim.
— Pois é. A virgem não tá mais a fim de ser inocente.
Foi o convite que ele precisava. Seus lábios encontraram os meus novamente, mas desta vez suas mãos foram mais ousadas. Ele puxou o vestido pelo decote, expondo meus seios, e sua boca foi direto para eles, chupando e mordiscando meus mamilos com uma voracidade que me fez gemer alto. Minhas mãos agarravam seus ombros, depois desciam para suas costas, puxando a camisa para fora da calça.
Eu estava possessa. A imagem daquela garota sentada no colo de Luca queimava atrás das minhas pálpebras, alimentando cada movimento meu. Queria apagar aquela memória com uma nova, mais intensa, mais suja.
— Quero você — ele rosnou, sua mão encontrando a barra do meu vestido e puxando-o para cima, expondo minha calcininha. Seus dedos pressionaram o tecido molhado, e eu gemi, arqueando as costas.
— Então me pega — desafiei, minha voz trêmula, mas firme. — Mas eu quero ser eu em cima.
Um sorriso de surpresa e aprovação surgiu em seu rosto. — Gosto de mulheres que sabem o que querem.
Ajudamos um ao outro a tirar as roupas restantes em um frenesi de mãos trêmulas e respirações ofegantes. Em segundos, estávamos nus no banco do carro, um espaço apertado que de repente parecia o palco perfeito para a minha libertação. O corpo dele era esculpido, seu pau ereto e imponente, mais grosso que o de Luca.
Ele se deitou no banco, e eu, com um coração batendo como um tambor de guerra, me posicionei sobre ele, de joelhos. A luz de um poste próximo entrava pelo para-brisa, iluminando nossos corpos suados.
— É a sua primeira vez? — ele perguntou, seus olhos sérios.
— Sim — respondi, sem vergonha. — Mas não quero que você tenha pena.
Ele assentiu, compreendendo. Suas mãos seguraram meus quadris, guiando-me. Eu olhei para baixo, para onde nossos corpos iriam se unir, a imagem de Luca e a outra garota explodindo em minha mente como um grito de guerra. Era por raiva. Era por tesão. Era para me reconquistar.
E então, eu desci.
A dor foi aguda, cortante, um rasgo íntimo que me fez prender a respiração. Lágrimas surgiram nos meus olhos, mas eu não parava. Continuei descendo, engolindo ele por completo, até que nossos ossos púbicos se encontraram. Um gemo profundo e gutural escapou de ambos. Fiquei parada por um momento, me acostumando com a sensação de estar preenchida, invadida, tomada.
A dor começou a ceder, transformando-se em um desconforto profundo, e então, em algo mais… cheio. Era uma sensação de posse, de poder. Eu estava no controle. Eu estava decidindo.
Comecei a me mover. Lentamente no início, subindo e descendo, sentindo cada centímetro dele dentro de mim. A raiva era meu combustível. Cada impacto dos meus quadris contra as coxas dele era um "toma" dirigido a Luca. Cada gemido meu era um "olha só o que você perdeu". Roberto segurava meus quadris, ajudando no ritmo, seus olhos fixos em mim, admirado com a fúria sensual que eu liberava.
— Caralho, Fah… você é incrível — ele gemeu, suas mãos apertando minha carne.
Eu me inclinei para frente, meus seios roçando no peito dele, e aumentei o ritmo. A dor havia desaparecido completamente, substituída por uma sensação de fricção profunda que acendia fogueiras dentro da minha barriga. Meus próprios gemens se tornaram mais altos, menos contidos. Já não era só sobre vingança; era sobre prazer. Um prazer cru, primal, que nascia do fundo da minha alma.
A imagem de Luca começou a desbotar, substituída pela sensação avassaladora do corpo de Roberto dentro de mim, suas mãos em mim, sua boca em meus seios. Eu estava perdendo a virgindade, mas estava me encontrando. Era uma entrega forçada pela raiva, mas que se transformava em uma descoberta gloriosa do meu próprio desejo.
O orgasmo me atingiu como um trem desgovernado. Foi uma explosão de luzes brancas atrás dos olhos, um tremor incontrolável que percorreu todo o meu corpo, fazendo meus músculos vaginais se contraírem violentamente around dele. Gritei, um som animal e liberador, meu corpo arqueando para trás antes de desabar sobre o seu, ofegante e tremula.
Sentir o corpo dele estremecer sob o meu, ouvindo seu rugido abafado no meu ouvido enquanto ele chegava ao clímax dentro de mim, foi o ponto final na minha antiga vida. Ficamos assim por um tempo, nossos corpos suados e unidos, a respiração aos poucos voltando ao normal.
Quando finalmente me separei dele, uma sensação de vazio e de plenitude me invadiu ao mesmo tempo. Não havia romance. Não havia flores ou juras de amor. Havia o cheiro do sexo, do suor e da cachaça. Havia a verdade crua de um corpo descoberto e de um coração cicatrizado.
Roberto me levou para casa em silêncio. Na frente do meu portão, ele me deu um beijo suave, diferente de todos os outros.
— Tudo bem? — ele perguntou, com uma genuína preocupação.
— Tudo — respondi, e pela primeira vez na noite, era verdade. "Obrigada, Roberto."
Ele sorriu. — Obrigado você, Fah.
Entrei em casa e subi direto para o chuveiro. A água quente lavou o suor, o sêmen e as lágrimas que eu não tinha derramado. Olhei meu reflexo no espelho embaçado. Eu era a mesma, mas completamente diferente. Minha virgindade não havia sido perdida por amor, em um momento de conto de fadas. Fora tomada pela raiva e por muito tesão, em um banco de carro, com um homem que era um instrumento da minha vingança.
E, de alguma forma, aquilo era perfeitamente ok. Tinha sido minha escolha. Meu poder. Minha iniciação. E enquanto a água corria sobre meu corpo, senti não arrependimento, mas uma estranha e poderosa paz. A princesa tinha caído do cavalo, mas a mulher que surgiu das cinzas sabia que sua jornada sexual mal havia começado. E prometia ser muito, muito mais interessante.