Minha esposa se achava esperta, sqn. 1
Dirigi com cuidado pelo trânsito do fim da noite, atravessando a cidade em direção ao hotel. Minha cabeça se encheu de pensamentos sobre assassinato e todo tipo de maldade que eu vinha cogitando como uma resposta adequada à minha situação. Independentemente do que acontecesse nas próximas horas, a vida de pelo menos três pessoas nunca mais seria a mesma. Ainda era discutível quantas teriam algum tipo de vida depois daquela noite.
Meu nome é Salvador. Sou descendente de italianos; meus pais estão no Brasil desde o final da década de 1960. O negócio da família é o imponente restaurante italiano, que tem sido o esteio da minha família e dos muitos primos e outros que a compunham. Somos um grupo muito unido, mas, ao contrário de tempos passados, não convivemos diariamente. Os eventos familiares são sempre bem frequentados e ninguém quer se ausentar e sofrer os olhares da minha avó, a matriarca, aquela que sempre deve ser obedecida. Não importa o que aconteça.
Casei-me com a Carina há sete anos, e estávamos ambos perto dos 30 na época. Parecíamos ter nos atraído um pelo outro depois de relacionamentos que não levavam a lugar nenhum e, de certa forma, embora satisfatórios, não tinham o que um relacionamento de longo prazo exige. Nos conhecemos, festejamos e nos divertimos por quase dois anos antes de nos casarmos. Foi a primeira que deu certo depois de algumas tentativas frustrantes.
Minha avó nunca se afeiçoou à Carina, parecia tolerá-la, só isso. Ela nunca foi totalmente rude nem nada, mas sempre havia um ar de desconfiança enquanto olhava para Carina, como se estivesse esperando que ela saísse da linha de alguma forma, quase como se estivesse com o dedo no gatilho esperando que isso acontecesse. Como as mulheres sabem ou sentem essas coisas? Isso está além da minha compreensão. Às vezes, ela mal conseguia esconder seus sentimentos pela minha esposa, mas nunca expressava sua opinião na frente dos outros. Ela me disse pouco antes de nos casarmos: "Fique de olho naquela sirigaita, ela tem um jeito de mulher vivida demais, tome cuidado e sempre guarde seu coração." Foi tudo o que ela disse. Acho que ela quis dizer rodada, quando disse "vivida", más para mim o passado é passado e por algum motivo suas palavras ecoaram como um pano de fundo na minha mente enquanto eu percorria as ruas congestionadas de São Paulo.
Não havia necessidade de pressa, eu sabia exatamente para onde estava indo e, se houvesse alguma novidade ou mudança na minha noite, eu seria notificado por mensagem de texto ou ligação para o meu celular. Entrei lentamente no trânsito da Paulista, que, como sempre, ainda estava bastante congestionado, embora já passasse das 21h. As luzes da cidade brilhavam nas ruas escuras. Virei em direção ao centro da cidade enquanto meu coração e minha respiração pareciam acelerar.
" Não vai demorar muito", pensei comigo mesmo. " Então essa farsa vai acabar logo ."
Um mês atrás, descobri que minha esposa estava encontrando um cara e fazendo sexo regularmente, pelo menos uma vez a cada duas semanas. Isso já vinha acontecendo há uns seis meses, descobri depois de pesquisar um pouco.
Como descobri? Foi fácil, na verdade, bem mais fácil do que eu imaginava. Ela cometeu um pequeno erro uma noite que me fez pensar que nem tudo estava bem, era tão simples quanto isso. Naquele dia, quando peguei a caneta, era uma daqueles brindes que os hotéis fornecem com seus pacotes de boas-vindas. Eu não conseguia me lembrar de onde ela tinha aparecido, sei que nunca tinha me hospedado naquele hotel em particular antes, sempre uso uma rede conhecida quando tenho que viajar, o que geralmente é uma vez por mês. Eu economizo os pontos de fidelidade, não que isso valha muito. De qualquer forma, perguntei à Carina se ela tinha uma caneta uma noite quando estávamos fora e ela pescou esta caneta esferográfica de sua bolsa. Assim que terminei de usá-la, vi a inscrição e um pequeno alarme disparou na minha cabeça. Eu sabia que não tinha me hospedado lá e também não conseguia pensar em nenhum motivo para minha esposa estar de posse de uma caneta daquele hotel, então fiquei um tanto confuso. Carina guardou a caneta de volta na bolsa sem dizer uma palavra. Eu não disse nada, mas decidi que precisava dar uma olhada e ver se havia algo com que eu precisasse me preocupar. Podia ser algo pequeno e insignificante, mas era a pequena rachadura em nosso casamento que se provaria a fonte de consequências catastróficas.
Não sei explicar por que, mas simplesmente deixei isso de lado na hora e não fiquei pensando muito nisso, pois estávamos nos encontrando com amigos para uma refeição e uns drinques. Era algo comum nos encontrarmos com outros dois casais ocasionalmente para uma refeição e depois tomar uns drinques e dançar um pouco no final da noite. Estávamos sentados no lounge bar do nosso restaurante favorito na época em que a infame caneta apareceu. Era o nosso lugar habitual, confortável, tranquilo e com uma atmosfera relaxante. Não fazia mal que fosse administrado por um dos meus primos também, então, é claro, havia um desconto familiar saudável, ao qual minha própria família retribuía. Os descontos eram suficientes para prestar respeito, mas também não o suficiente para ser um insulto ao proprietário; respeito dado e recebido, era uma coisa de mão dupla que funcionava.
Os outros dois casais eram Carlos e sua esposa Joana, e Philipe e sua esposa Tereza. Carlos e Joana eram uns 10 anos mais velhos que nós. Éramos ligados, claro, de forma distante, mas ainda assim éramos uma família. Carlos era um pouco antiquado em alguns aspectos e levava uma vida interessante, embora nem tudo fosse dentro da lei. Ele era um homem enorme e eu me lembro de quando Carina o conheceu, ele a aterrorizava, mas um homem mais doce, gentil e generoso e amigável. Isso até você o irritar. Um simples não era suficiente. Carlos era como um irmão mais velho para mim, ele estava sempre lá para mim, me mantinha longe de problemas e, uma ou duas vezes, conseguiu lidar com um ou dois problemas com facilidade. Sua esposa Joana era uma mulher adorável, ela amava Carlos e eles eram um par perfeito, onde ele era grande, ela era pequena, bonita, mas também agressiva. Ela era a única pessoa de quem Carlos tinha medo, ele a adorava e não se importava que soubessem disso.
Conheci o Philipe no trabalho e parecíamos nos dar muito bem. Ele tinha a mesma idade que eu e uma visão de vida parecida. Jogávamos golfe juntos de vez em quando e, junto com a esposa dele, Tereza, socializávamos no clube de golfe, então tudo era ótimo. Tereza se dava bem com Carina e elas costumavam passar dias fora, gastando enormes quantias de dinheiro comprando sabe-se lá o quê, e demorando muito para fazer isso. Tudo o que eu via eram sacolas grandes que chegavam pela porta com a Carina depois de uma dessas expedições. Enquanto o Philipe era sempre caloroso e amigável, Tereza parecia distante às vezes, e isso era verdade especialmente recentemente. Então, ela pareceu se recuperar e se tornar parte do grupo. Muitas vezes eu achava que havia algo errado com ela e cheguei a mencionar isso para Carina mais de uma vez, mas ela simplesmente se fechava com os habituais "problemas femininos" que parecem surgir quando uma mulher não quer explicar algo.
Estávamos sentados na sala de estar tomando nossos coquetéis quando Carlos e Joana entraram. Levantei-me e o cumprimentei enquanto todos nos abraçávamos e trocávamos beijos.
O garçom trouxe bebidas frescas à nossa mesa um minuto depois de Carlos e Joana se juntarem a nós. Carina sempre se surpreendia com o cuidado que tínhamos sempre que íamos a algum lugar. Meu primo sabia que éramos um grupo de seis pessoas e indicou que nossa mesa estava pronta. Fomos conduzidos à nossa mesa de canto de sempre, isolada e privativa, mas com vista para a porta, algo que Carlos sempre insistia em ter onde quer que fosse. Não perguntamos o porquê.
_Philipe e Tereza vêm? - Joana perguntou a Carina.
_Falei com ela mais cedo, ela disse que eles definitivamente viriam, mas talvez se atrasassem um pouco, pois Philipe ainda não tinha chegado em casa.
Carlos apenas olhou para as duas mulheres e me encarou. Olhei para ele, que apenas balançou a cabeça imperceptivelmente. Deixei passar, mas perguntaria a Carlos sobre isso mais tarde. Quando terminamos a primeira rodada de bebidas, Philipe e Tere apareceram, ambos um pouco corados, mas havia algo mais. Carlos apenas olhou para eles, seu rosto sem dizer nada, impassível. Vi aquele olhar novamente, o que ele sabia? Definitivamente havia algo ali.
Sentamos e logo começamos a conversar sobre o trabalho, nossos dias e as brincadeiras habituais sobre famílias e filhos. Depois de uma refeição excelente, fomos para a sala de estar novamente e a música tomou conta do ambiente. A essa altura, as meninas estavam todas ansiosas para entrar na pista de dança e queimar algumas das calorias que tínhamos acabado de consumir. Nós três ficamos sentados por um tempo, tomando a próxima rodada de coquetéis e conversando, falando sobre esportes, é claro, e apreciando os colírios que se apresentavam à nossa frente. Nossas esposas estavam rindo e se divertindo, a pista de dança estava movimentada a ponto de ficar lotada. Havia uma multidão animada naquela noite, nada extravagante ou descontrolado, apenas pessoas se divertindo. As meninas voltaram cambaleando para a nossa mesa e bebericaram suas bebidas quando a música mudou para um ritmo mais lento. Esse foi o sinal para cumprirmos nosso dever e acompanhá-las. Senti Carina se aproximar de mim e o movimento de seus quadris causou uma reação que a fez sorrir para mim. Ela continuou seus esforços e eu estava pensando em levá-la para casa para uma boa foda. Carlos levou Joana de volta para a mesa depois do primeiro número e, quando olhei em volta, pude ver Philipe e Tere ainda no parados, mas eles pareciam um pouco tensos juntos.
_Está tudo bem com esses dois? - sussurrei para Carina.
_Sim, acho que sim. Tere não disse nada.
Olhei de novo, algo definitivamente não estava certo ali. Carina me puxou para longe e fez o possível para me distrair, esfregando seu ventre implacavelmente contra meu penis. Voltamos para a mesa, Carlos apenas sorriu para mim e Joana riu baixinho. Philipe e Tere chegaram à mesa, Tere pegou sua bolsa e anunciou que estava indo ao banheiro, o que foi o sinal para um êxodo feminino, deixando nós três sentados, olhando um para o outro.
_Está tudo bem, Phil? - Carlos perguntou friamente.
_Sim, claro, sem problemas, talvez alguns a mais. - Ele ergueu o copo e indicou outra rodada. Um novo conjunto de bebidas chegou antes que as mulheres voltassem do banheiro. Tere deslizou para a cadeira, encostada em Phil, a linguagem corporal delas as traiu. Carina olhou para mim, havia algo em seu olhar que me dizia que nem tudo estava bem ali, e ela desviou o olhar. Olhares se trocaram enquanto fazíamos o possível para não mencionar o elefante branco sobre a mesa. Carlos me cutucou por baixo da mesa com o joelho, olhei em volta e ele piscou para mim.
Ele sabe de alguma coisa!
Mais algumas danças, com a gente trocando de parceiros, como sempre fazíamos, ajudaram a aliviar a tensão até a hora de ir embora. Meu primo chamou os táxis em um horário pré-determinado e nos preparamos para ir embora.
Olhei em volta e vi Carina conversando com Phil do outro lado da sala. Eles pareciam animados, mas, ao mesmo tempo, tentavam conscientemente parecer descolados. Minha mente registrou isso como mais uma estranheza da noite. Pensei em perguntar a ela sobre isso mais tarde, ou talvez não.
Nós nos despedimos e os táxis nos levaram para caminhos diferentes.
_Então, qual é a história entre Phil e Tere? - Perguntei diretamente.
_Nada, eles estão bem. - Ela sorriu e então olhou pela janela para as luzes que passavam.
Fiquei sentado em silêncio, pensando, não pela primeira vez, que havia algo errado ali. Eu não sabia o quê, mas havia algo acontecendo. Decidi que entraria em contato com Carlos pela manhã.
Carina tentou me foder até a morte naquela noite, mesmo com todo o álcool dentro de mim, eu estava com tesão pra caralho e me dei bem. Eu tinha a boca dela primeiro, ela chupou fundo e com força como se sua vida dependesse disso. Ela cavalgou em mim, esfregando sua boceta molhada no meu pau super duro, antes de me fazer gozar e enchê-la com uma carga enorme. Enquanto eu me deitava, respirando pesadamente, ela acariciou meu pau lentamente antes de descer em mim e levantar meu garotinho para outra investida. Ela parecia insaciável.
_Uau! Isso foi incrível, querida. Precisamos fazer isso de novo e logo.
Ela sorriu para mim.
_Espero que você se lembre que eu te amo e quero isso de novo também, eu te amo, não se esqueça disso.
Olhei para ela, ela parecia estranha, havia apenas uma sugestão de algo, mas eu não conseguia identificar o que era.
_Eu também te amo, querida, nunca se esqueça disso. Você é minha esposa, ninguém vai tirar você de mim e eu nunca vou te dar motivos para isso. - Abracei-a com força enquanto beijava seu rosto.
Adormecemos, e antes de eu dormir, fiquei olhando para o teto, as coisas estranhas da noite continuavam voltando à minha mente. Preciso ligar para o Carlos logo de manhã.
Na manhã seguinte, Connie se levantou e saiu para uma sessão matinal na academia. Eu fiquei andando pela casa enquanto bebia copo após copo de suco de laranja para ajudar a clarear a mente. Sentei-me em frente ao meu laptop e pesquisei no Google o hotel que estava inscrito na caneta que eu tinha visto na bolsa dela. A busca retornou e eu verifiquei a localização, era do outro lado de São Paulo, mas de fácil acesso, havia estacionamento no local. Parecia muito elegante, na verdade. Anotei os números de telefone e o endereço de e-mail de qualquer maneira, mas vi que eles também tinham um recurso para reservar online. Eu precisaria verificar o histórico para ver se havia algo lá. Verifiquei, nada. Nada mesmo! O histórico foi apagado! Eu senti outro cheiro de trapaça. Minha paranoia estava ficando fora de controle.
Liguei para o Carlos.
_Carlos, é o Salvador, então o que está acontecendo com o Philipe e a Tere? Tenho a impressão de que você sabe de alguma coisa, preciso me preocupar?
_Sal, meu querido, me encontre no bar do meu irmão por volta do meio-dia. Depois eu te conto o que sei. É melhor não fazer isso por telefone, ok?
_Claro, estarei lá.
_Sal, venha sozinho, ok?
_É, sim, claro que entendo. - A linha ficou muda. Agora eu estava preocupado, precisava mesmo? Que se dane, eu estava preocupado. Fiquei sentado olhando para o telefone enquanto meu estômago começava a revirar lentamente. Eu não gostava da sensação que estava sentindo.
Carina entrou pela porta mais ou menos uma hora depois, ela parecia revigorada, seu cabelo ainda estava úmido do banho e suas bochechas estavam rosadas.
_Foi bom o treino hoje? perguntei.
_Sim, foi ótimo, eu precisava disso, gato. - Ela jogou a bolsa na mesa e jogou a bolsa de ginástica no chão.
_Vou ver o Carlos mais tarde, ele quer conversar sobre umas coisas, mas não deve demorar muito.
_O que ele quer, Sal? Ele ainda me dá arrepios às vezes, mesmo sendo um gatinho. (No sentido fera mansa)
_Sim, ele é um cara legal, mas eu, particularmente, não gostaria de ficar do lado errado numa briga, de forma alguma, e nunca o confunda com um gatinho. Não vou demorar muito, amor, ok?
Carina olhou para mim, outro olhar que não consegui decifrar. Que porra está acontecendo? Todo mundo ao meu redor está emitindo vibrações que estão começando a me preocupar.
Entrei no meu carro e atravessei a cidade lentamente até a casa do irmão do Carlos. Um prédio grande e discreto que abrigava um bar luxuoso e moderno num bairro nobre de São Paulo, bem, não exatamente um bar comum, mas sim um clube de bebidas exclusivo para pessoas abastadas, ou para quem sabe, figurões.
Antes que eu pudesse apertar a campainha, a porta se abriu e o Carlos se afastou, me guiando para dentro. Ao fazer isso, lançou um olhar rápido para fora, como se para ver se eu estava sendo seguido. Observei-o com curiosidade.
_OK, Carlos, que porra está acontecendo? Você me deixou encabulado e, com algumas outras coisas que têm acontecido, estou ficando preocupado e não sei com o que me preocupar, se é que devo me preocupar com alguma coisa.
Ele me olhou nos olhos e disse:
_Siga-me.
Eu o segui pelo bar até os fundos, onde havia um escritório montado como um estúdio. Ele fechou a porta atrás de mim e nos sentamos em lados opostos de uma grande mesa de carvalho.
_Sal, eu me importo muito com você, então quero que me escute com atenção. Prometi ao seu pai que sempre cuidaria de você, não falho com minha palavra. O que eu vou te dizer vai doer, mas você precisa me ouvir, ok?
Estremeci por dentro ao ver a dor em seus olhos, minha mente começou a correr com possibilidades, mas no fundo eu sabia que tinha algo a ver com minha esposa. Meu coração começou a bater forte no peito. Este homem tinha sido próximo de mim durante toda a minha vida, eu sabia que meu pai era tão próximo dele como se fosse seu próprio filho. Ele era um primo, mas morava conosco desde criança. Eu sabia pouco sobre seus pais, mas apenas que foram mortos juntos. Meu pai agiu imediatamente e o acolheu a partir de então. Ele era meu irmão.
Ele abriu uma gaveta na mesa em que estava sentado e tirou um grande envelope pardo, deslizando-o cuidadosamente sobre a mesa em minha direção. Meus olhos estavam fixos nele como se fosse uma cobra venenosa prestes a atacar. Eu sabia instintivamente que, ao abrir o envelope, minha vida mudaria para sempre. Enquanto eu lentamente estendia a mão para a cobra, a mão de Carlos a atingiu com força, segurando meu pulso. Assustado, olhei para cima e vi dor em seus olhos novamente.
_É ruim, não é? - Ele olhou para mim e sustentou meu olhar, apenas assentiu levemente.
_Sal, lembre-se de que estou aqui para você, ok? - Ele levantou sua mão grande e eu puxei a cobra em minha direção. Levantei-a e pude sentir seu peso, parecia tão cheia de veneno.
Carlos me observou enquanto eu retirava o conteúdo do envelope, escondido dentro dele. Uma vez exposto, seu veneno era visível e começava a agir em minha mente e em meu coração. Vi as fotos, grandes e brilhantes imagens de uma mulher e um homem fazendo sexo; eram claramente identificáveis e capturadas em várias posições no que parecia ser um quarto de hotel barato. Havia outras, obviamente tiradas em momentos diferentes e em um ambiente mais normal. Ao olhar através do véu de lágrimas, pude ver minha esposa nua em nossa cama com o homem.
_Sal, Sal, você está bem?
Continuei examinando as fotos, cada uma me ferindo o coração. A dor no peito aumentava enquanto eu observava meu casamento se desintegrar diante dos meus olhos. Olhei para Carlos, com o rosto molhado de lágrimas ardentes.
_O quê? Como? Quando você fez isso? Quem é ele? -Meus olhos se arregalaram de choque, medo e um pouco de raiva crescendo também.
_Sal, ouvi um boato algumas semanas atrás de que a Carina estava tramando algo. Na verdade, eu não tinha provas até alguns dias atrás, pouco antes de sairmos todos juntos na outra noite. Sei de algumas coisas com certeza, mas ainda há coisas em que estou trabalhando, ok? Quanto ao como. Um amigo meu a reconheceu quando a viu em um restaurante nos arredores de São Paulo. Ele achou que o cara com quem ela estava era amigável demais para tratar uma mulher casada daquele jeito em público. Sal, eles pensaram que estavam fora da área e seguros, eu acho. Quem é Tony? Sim, você deveria conhecê-lo, ele é irmão do Phil!
Fiquei paralisado enquanto suas palavras começavam a ser assimiladas. Imagens da nossa noite fora passaram pela minha mente, os olhares entre Phil e Cariba e depois com Tere também, tudo estava se somando.
_Encontrei uma caneta de um dos hotéis da cidade. É lá que eles estão?
_Sim, Sal, sinto muito, amigo, mas meu amigo os seguiu até lá no começo da semana passada. Você estava viajando, pelo que sei. O primeiro encontro também foi quando você estava fora.
Olhei para ele, meu coração estava endurecendo, meu punho estava firmemente fechado.
_Vou matar esse desgraçado! cuspi.
_Calma, Sal, isso pode te meter em encrenca e não vale a pena cumprir pena por ela, nem por ele. Divorcie-se dessa vagabunda, livre-se dela e deixe que eu cuido dele.
_Não, Carlos, por mais que eu te respeite, não posso permitir isso. Preciso resolver isso sozinho, tenho que destruí-lo e ele precisa saber que fui eu também. Ele é casado? Você sabe onde ele mora, trabalha e tudo mais?
_Tenho algumas informações no envelope que responderão a isso, Sal, mas não faça nada precipitado. Precisamos planejar isso com cuidado e também não queremos ser jogados na prisão, não é? Ele não é casado, mas pelo que pude perceber, é divorciado, não tem filhos, mas gosta de mulheres, especialmente as casadas. Talvez não queira compromisso ou algo assim. De qualquer forma, ele não deveria ter se metido em problemas. Disso ele vai se arrepender.
Seus olhos ficaram frios quando ele disse isso. Eu não tinha dúvidas de que isso não acabaria bem para o amante da minha esposa.
_Ok, então o que você tem em mente? - Eu ainda respirava com dificuldade e rapidez, mas aos poucos estava controlando minha raiva, pelo menos até onde eu conseguia.
Continua.