O Calor da Primeira Noite
Eu sou Valdecir, 25 anos e, modéstia à parte, até que sou interessante. Um moreno claro, com olhos e cabelos castanhos, estava deitado ao lado de Amanda, minha namorada de 22 anos, numa noite abafada em São Paulo. O quarto cheirava a suor e ao perfume cítrico dela, que ainda pairava como uma névoa. Amanda era a perfeição em carne e osso: loira natural, olhos azuis como um lago cristalino, corpo esculpido na academia, com curvas que pareciam desafiar a gravidade. Sua pele, quente e macia, ainda pulsava contra a minha, enquanto o silêncio pós-sexo nos abraçava.
Horas antes, tínhamos nos perdido em uma transa boa demais. Eu a puxei para mim, nossas bocas coladas, os beijos famintos enquanto minhas mãos exploravam sua cintura, seus seios, o contorno firme de suas coxas. Ela gemia baixo, os olhos semicerrados, o corpo arqueando contra o meu na posição de conchinha. Cada estocada era um choque elétrico, nossos corpos tão encaixados que pareciam um só. A cama rangeu sob nossos movimentos, e o calor entre nós incendiava o ar. Quando chegamos ao clímax, foi como se o mundo parasse, nossos gemidos abafados se misturando ao som da respiração acelerada.
Agora, com o peito subindo e descendo lentamente, Amanda traçava círculos no meu braço com a ponta dos dedos. “Valdinho, está na hora de conhecer minha família. O que acha?” disse, a voz doce, mas com um tom de quem já tinha tudo planejado. “Mas antes, deixa eu te contar como eles são.”
Atento, eu ouvia. O pai era tranquilo, um homem que não se metia na vida dos outros. A mãe, mais cautelosa, sempre atenta aos pretendentes da filha. E havia Camila, a irmã de 20 anos, com síndrome de Down. “Ela é quase um espelho meu, mas especial,” explicou Amanda, com um sorriso carinhoso. “Às vezes, age como se fosse mais nova. Você vai precisar ter paciência.”
Assenti, mas por dentro a informação girava como um redemoinho. Imaginava Camila como alguém frágil, talvez infantil, mas não tinha certeza. Amanda parecia tão à vontade que deixei o assunto de lado, ainda sentindo o calor do corpo dela contra o meu.
O Primeiro Olhar
Viajar da capital para o interior foi como trocar o caos por um abraço silencioso. A cidade pequena, com suas ruas arborizadas e noites estreladas, me conquistou. E Amanda, mais ainda. Três meses depois daquela conversa, fui convidado para um almoço na casa da família dela. Seu Jorge, o pai, era como ela descreveu: calmo, com um aperto de mão firme e um sorriso acolhedor. Dona Clara, a mãe, me mediu com olhos desconfiados, mas logo riu quando contei sobre minha adaptação atrapalhada ao ritmo do interior.
Então, a surpresa: Camila entrou na sala. Meu coração parou. Ela era, de fato, um reflexo de Amanda, mas com algo único. Seus olhos, com aquele traço característico da síndrome de Down, brilhavam com uma curiosidade viva. O sorriso era magnético, quase hipnótico, e o corpo… Meu Deus, o corpo. Me culpei por a ver assim, com esses olhos. Ela era mais cheia de corpo que Amanda, com curvas que pareciam esculpidas para seduzir. O vestido leve que ela usava abraçava a cintura, realçava os seios fartos, e a saia subia um pouco ao sentar, revelando coxas que me fizeram engolir em seco. Tentei manter o olhar no rosto dela, mas era difícil.
“Oi, Valdecir! A Amanda fala muito de você!” disse ela, com uma voz clara e uma animação que me pegou desprevenido. Ela me abraçou, um abraço apertado, e o perfume de jasmim que vinha dela invadiu meus sentidos. Tentei focar na conversa, mas algo nela me desarmava.
Os meses seguintes foram uma mistura de conforto e tensão. Eu me sentia em casa com a família, e até comecei a dormir lá de vez em quando. Amanda e eu aproveitávamos cada chance de estarmos juntos, mas uma noite mudou tudo.
O Risco da Madrugada
Era uma madrugada silenciosa, e Amanda estava comigo no quarto de hóspedes. A casa dormia, mas o desejo entre nós estava bem acordado. “Sem barulho, Val,” ela sussurrou, mordendo o lábio enquanto me puxava para ela. Na posição missionária, nossos corpos se moviam com cuidado, o ritmo lento para evitar qualquer som. O calor da pele dela, o roçar dos seios contra meu peito, os gemidos abafados que ela soltava enquanto eu a penetrava com precisão… tudo era elétrico. A furtividade tornava cada toque mais intenso, cada movimento um risco calculado que aumentava o prazer. Meus dedos apertavam suas coxas, e ela cravava as unhas nas minhas costas, nossos corpos dançando em segredo.
Então, vi. Na fresta da porta entreaberta, um par de olhos curiosos. Camila. Ela nos observava, o rosto iluminado pela luz fraca do corredor. Meu coração disparou, mas o tesão era mais forte. Continuei, mantendo o ritmo, enquanto Amanda, alheia, se entregava completamente. O olhar de Camila não era de confusão. Era de desejo, um brilho que parecia me desafiar. Quando ela percebeu que eu a vi, sumiu como uma sombra.
No café da manhã, joguei um verde. “Amanda, acho que vi alguém na porta ontem.” Ela riu, despreocupada. “Deve ter sido a Camila. Ela é curiosa, Val. Ignora, ela nem entende o que estava rolando.”
Mas eu sabia que não era tão simples. Aquele olhar não mentia, e mais tarde eu entenderia o que Amanda chamava de mosaicismo, uma espécie de grau mais leve, onde a pessoa especial age de forma mais racional.
A Tentação Incontrolável
Depois daquela noite, Camila mudou. Ela começou a se aproximar de mim de uma forma que me deixava em alerta. Na sala, enquanto víamos TV, ela se sentava tão perto que nossos joelhos se tocavam, o calor da coxa dela se transferindo para a minha. Em churrascos, ela me abraçava pelo pescoço, às vezes subindo no meu colo, as pernas abertas, o corpo colado ao meu. O tecido fino do vestido ou do short que ela usava roçava contra mim, e eu sentia a umidade do suor dela, o perfume de jasmim misturado ao calor do corpo. A ereção vinha, forte e inevitável, e eu tentava afastá-la com cuidado, mas ela voltava, sempre com aquele sorriso que parecia saber exatamente o que fazia.
Uma vez, no sofá, ela se sentou no meu colo, o quadril pressionando contra mim, o decote do vestido revelando a curva dos seios. Seus olhos me encararam, brilhando com uma mistura de inocência e provocação. “Você é tão legal, Valdecir,” disse, a voz doce, mas com um tom que me fez questionar se ela realmente não entendia o que fazia. Tentei empurrá-la suavemente, mas ela segurou meus ombros, o corpo se movendo de leve, como se testasse minha resistência.
“Val, para de ser tão duro com ela,” Amanda me repreendeu, após me ver afastar Camila. “Ela só quer carinho. Você precisa entender.” Tentei falar de novo, explicar que algo parecia errado, mas Amanda insistiu: “É só o jeito dela. Relaxa.”
Por dentro, eu estava em guerra. Camila era especial, sim, mas também era uma mulher, com curvas que me tiravam o sono e um olhar que parecia me chamar. Eu sabia que era errado, que ia contra tudo o que eu acreditava, mas o desejo era uma força que eu não conseguia apagar. Cada toque, cada risada, cada vez que ela se esfregava em mim, era como acender uma fogueira que eu não podia controlar.
O Fogo Inevitável
Era uma manhã caótica. Amanda e os pais saíram às pressas para resolver um problema familiar, me deixando na casa com Camila. “Cuida dela, Val,” disse Amanda, já entrando no carro. Assenti, mas o silêncio que ficou na casa era pesado, quase palpável.
Camila estava na sala, de roupão leve, o cabelo solto caindo sobre os ombros. Ela me olhou, os olhos brilhando com uma intensidade que me prendeu. “Valdecir,” disse, a voz firme, “queria que você fosse meu namorado.” Antes que eu pudesse responder, ela deixou o roupão deslizar até o chão. O corpo nu dela era uma visão que me paralisou: pele clara, seios fartos, cintura marcada, coxas que pareciam esculpidas. Minha ereção foi instantânea, incontrolável.
“Camila, não…” comecei, mas ela pulou no meu colo, as pernas envolvendo minha cintura, o calor do corpo dela contra o meu. “Por favor, Val. Eu sei o que quero. Só uma vez. Me deixa sentir o que a Amanda sente.” Sua voz tremia de desejo, os olhos suplicando. Tentei empurrá-la, mas ela segurou meu rosto, o olhar firme. “Eu não sou uma criança. Eu sou mulher.”
Cedi. Não sei por quê, mas cedi. A culpa e o desejo se misturavam enquanto eu a deitava no sofá. Beijei-a, primeiro hesitante, depois com uma fome que me consumia. Meus lábios percorreram seu pescoço, o gosto salgado da pele misturado ao jasmim. Ela gemia alto, os dedos cravados nos meus ombros, as unhas marcando minha pele. Tirei minha roupa com pressa, e quando a penetrei, o mundo explodiu. O ritmo era selvagem, o som da pele colidindo, o ranger do sofá ecoando na sala. O calor do corpo dela, a umidade entre suas coxas, a forma como ela se movia comigo, respondendo a cada estocada com uma entrega total… era avassalador. Seus gemidos eram altos, quase desafiadores, como se quisesse que o mundo soubesse. O risco de sermos pegos, mesmo estando sozinhos, tornava tudo mais intenso, cada movimento uma explosão de prazer.
“Mais, Val, mais,” ela sussurrou, a voz rouca, os olhos brilhando com um desejo que me incendiava. Meus dedos apertavam sua cintura, sentindo a carne macia ceder, enquanto o calor do corpo dela parecia me engolir. Quando senti o clímax chegando, me levantei rápido e gozei na pia do banheiro, o coração disparado, o corpo tremendo. Voltei para ela, que estava deitada, ofegante, com um sorriso que misturava satisfação e triunfo. “Você não sabe como é ser vista como uma criança,” disse, a voz clara, firme. “Quero viver, Valdecir. Quero sentir.”
Naquele momento, percebi que Camila não era só “especial”. Ela era uma mulher, com desejos, sonhos e uma racionalidade que a família parecia ignorar. “Isso fica entre nós,” eu disse, sério. Ela assentiu, os olhos brilhando com cumplicidade.
Dois Anos de Silêncio
Dois anos se passaram, e o segredo nunca foi quebrado. Camila nunca falou, eu tinha medo, mas depois vi que ela realmente tinha o grau mosaicismo, e eu nunca dei margem para que alguém suspeitasse. Minha relação com Amanda só cresceu, e no último mês, a pedi em casamento. Ela disse sim, com lágrimas nos olhos, e a família celebrou como se fosse um feriado.
Não carrego culpa. O que aconteceu com Camila foi um momento de humanidade, um instante em que ela foi vista como a mulher que é. Podem até me condenar com julgamentos e eu entenderei. O segredo, guardado no fundo do peito, ainda me faz sentir o calor daquele dia, a adrenalina do proibido. Sob o céu estrelado do interior, sigo minha vida com Amanda, mas com a lembrança de um ato que nunca se apaga.